Capítulo 34: Vampiros
“Capitão! Aconteceu alguma coisa?”
Os membros da tripulação do Narval seguiram os ratos e se reuniram. A maioria vestiu suas roupas às pressas, o hálito carregado com um leve cheiro de álcool. As golas de suas camisas estavam marcadas com várias manchas de batom.
“Alguém sabe para onde o Dipp foi ontem à noite?” perguntou Charles.
O magro cozinheiro, Frey, respondeu imediatamente: “Eu sei, Capitão. O Segundo Imediato levou o garoto com ele ontem. Disse que queria levá-lo a um lugar mais chique e dar a ele um gostinho do que é ser homem. Não é longe, é só seguir em frente.”
“Peguem suas armas e me sigam!” ordenou Charles sem hesitação.
Será que se meteram em encrenca com uma gangue local? Esse foi o primeiro pensamento que passou pela cabeça de Charles. Afinal, esse tipo de negócio geralmente estava sob o controle de grupos específicos. Mas isso não fazia muito sentido. Uma gangue não sequestraria alguém e ainda teria o trabalho de enviar cartas de demissão. Isso parecia uma tentativa deliberada de manter os outros desinformados sobre o desaparecimento.
Logo, chegaram a uma taverna coberta por cortinas vermelhas. Mesmo a alguns metros da entrada, o aroma sedutor que atiçava a luxúria dos homens pairava no ar.
BAM!
Charles chutou a porta e entrou com tudo. Os casais que estavam entrelaçados na sala viraram seus olhares para o invasor inesperado.
Uma figura musculosa, com quase dois metros de altura, levantou-se com uma expressão sombria. Atrás dele, estavam dezenas de subordinados.
“Seu bastardo! Como ousa causar confusão em nosso terri—!” Um homem baixinho gritou, mas o brutamontes o fez voar contra a parede com um único tapa.
Com seu rosto largo e musculoso, o homem corpulento se aproximou de Charles e olhou para baixo, encarando-o.
“Disseram que meus tripulantes estão aqui,” disse Charles, sem demonstrar um pingo de medo, encarando os olhos do homem.
Diante da atitude provocadora de Charles, o brutamontes manteve a compostura. “Seus dois tripulantes não estão aqui comigo. Talvez tenham ido para outro lugar.”
Um sorriso frio surgiu no rosto de Charles, e seus olhos se estreitaram. “Eu mencionei que eram dois?”
A expressão do brutamontes se contorceu em embaraço e frustração. Ele nunca pensou que um humano poderia enganá-lo. Percebendo que não conseguiria mais esconder a verdade, fez um gesto com a mão.
Os capangas ao redor começaram a expulsar os clientes da taverna. Em poucos minutos, o lugar antes agitado tornou-se sinistramente silencioso.
“Eu sei que aqueles que vêm do mar não devem ser subestimados. Mas já que vieram até aqui, por que não… permanecem aqui?”
Com essas palavras, o brutamontes esticou sua língua escarlate e lambeu os lábios, soltando uma risada sombria. “Bendita seja a Mãe, a sorte sorriu para o pequeno Durant ao colocar esse lote de humanos em suas mãos.”
Ouvindo as palavras sinistras de Durant, Charles não hesitou nem por um segundo.
SWOOSH!
Ele sacou seu revólver e apontou para a figura gigantesca. Os outros membros da tripulação também desembainharam suas armas rapidamente.
No instante seguinte, uma gargalhada ecoou do outro lado, como se Charles tivesse contado a piada mais ridícula do mundo.
BANG! BANG! BANG! BANG!
As balas atingiram Durant, fazendo o sangue espirrar.
Mas, para a surpresa de todos, as feridas se fecharam rapidamente e, em poucos segundos, não havia mais nenhum sinal de dano.
“Parece que… vocês ainda não entenderam com o que estão lidando… humanos.” Os lábios de Durant se curvaram em um sorriso aterrador.
SNICK!
Duas presas afiadas surgiram de seu lábio superior. O branco de seus olhos foi lentamente substituído por um vermelho profundo, semelhante a sangue fresco.
“Um vampiro,” murmurou Charles, sentindo suas pupilas contraírem.
“O seu sangue é meu!”
Num piscar de olhos, Durant avançou contra Charles com uma força brutal, derrubando-o no chão. Suas presas perfuraram o pescoço de Charles.
Assim que Durant atacou, os outros vampiros também revelaram suas presas e se lançaram sobre os membros da tripulação.
Enquanto Durant se alimentava, algo parecia estranho. O humano de olhos negros diante dele não estava resistindo—um comportamento anormal para qualquer vítima.
Huh. Será que assustei esse cara ao ponto de ele congelar?
No momento em que esse pensamento passou por sua mente, uma máscara branca, estampada com um sorriso eufórico, cobriu o rosto de Charles.
SWISH!
Um brilho reluziu e a lâmina negra cravou-se firmemente no peito de Durant, obrigando-o a recuar.
“Tsk, eu ainda estava esperando algo mais interessante. Mas vampiros? Que existência patética, um verdadeiro desperdício!”
“AHHHHH!”
Atrás deles, James cresceu até atingir quatro metros de altura. Ele rugiu e agarrou um vampiro, rasgando-o ao meio com pura força bruta.
Os ratos invadiram um vampiro, e seus guinchos ecoaram pelo espaço fechado. Os gritos agonizantes da criatura podiam ser vagamente ouvidos sob o massacre peludo.
Os outros tripulantes também se juntaram à luta. Eles podem ter sentido medo diante da colossal borboleta, mas criaturas sobrenaturais como vampiros não tinham poder para intimidar aqueles que já haviam enfrentado uma “divindade”.
“Você!” Durant olhou furioso para Charles. As coisas estavam saindo do controle.
Suas garras afiadas cortaram o ar, deixando rastros enquanto miravam o rosto de Charles.
Com os músculos do pescoço tensionados, Charles inclinou a cabeça para trás, evitando por pouco o ataque que roçou sua máscara.
“Você gosta de morder, né? Então experimente isso!”
Levantando sua lâmina negra ensanguentada, Charles a enfiou à força na boca de Durant. A ponta emergiu pela parte de trás do crânio da criatura.
Durant tentou resistir, mas Charles torceu o cabo da arma e empurrou ainda mais fundo, partindo o rosto do vampiro com precisão cirúrgica. Em seguida, retirou a lâmina e a cravou diretamente no coração do monstro.
A criatura que, momentos antes, exibia uma arrogância desmedida, se contorceu e caiu no chão, imóvel.
Com uma expressão sombria, Charles reuniu os pedaços da cabeça ensanguentada e os jogou de lado. Em um salto perfeito, voltou para a batalha que acontecia atrás dele.
Vendo Charles exterminar um vampiro como se estivesse cortando vegetais, os restantes entraram em pânico e correram em direção às janelas, desesperados para fugir.
“Que piada… Criaturas patéticas,” Charles zombou ao vê-los escapar.
Suas orelhas captaram um som. Ele liderou os tripulantes pelo salão destruído até uma porta de madeira.
Ao empurrá-la, encontrou Dipp e Conor pendurados em cruzes invertidas como pedaços de carne seca. Seus pulsos estavam cobertos de cortes profundos, e gotas de sangue caíam em uma bacia de madeira abaixo deles.
Seus rostos estavam pálidos como papel. Se Charles tivesse chegado um pouco mais tarde, ambos teriam sangrado até a morte.
Ao avistar Charles, os dois homens se debateram freneticamente.
Sem pressa, Charles se aproximou de Dipp e cutucou seu rosto com a lâmina negra. “E aí? Gostou do gostinho de uma vampira?”
Os olhos do jovem imploravam por misericórdia enquanto ele soltava gemidos abafados.
Com um golpe ágil, Charles cortou as correntes que os prendiam.
Ignorando os dois, ele observou os equipamentos de extração de sangue ao redor. Era evidente que Dipp e Conor não foram as únicas vítimas. Os outros tripulantes desaparecidos também poderiam estar em outro lugar.
“Sr. Charles, o que faremos agora?” Lily perguntou curiosa.
“Não é óbvio? Matamos tantos vampiros… Agora precisamos reportar isso às autoridades.”
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.