Capítulo 235: O Arranho do Consyegas (I)
O ataque iria acertá-lo em cheio, era o que o rosto de Dinamite emitia para Dante. Ele estava mostrando um sorriso, mesmo que quebrado, doído. Um homem que sorria para os problemas era bem mais forte do que qualquer rosto sério para a desavença.
O golpe veio de cima pra baixo. Dante estava no meio do ar. Era impossível desviar daquela distância. Eles viam a vitória se moldar a medida que a esfera chegava mais perto.
— É uma pena, rapaz.
Os dedos da mão de Dante vieram adiante. O dedo indicador pressionando o dedão. E então, ele liberou.
A rajada de ar exprimiu tudo na frente, pegando Dinamite bem no peito e fazendo tudo voltar. Dante rotacionou voltando na direção de Secure, e Dinamite para a parede. No entanto, viu o Comandante da Zona Cega bater a palma.
Dante mudou de lugar novamente, sendo jogado no lugar de Dinamite e bateu contra a parede. Não foi forte porque a rajada já tinha sido perdido o impacto, mas foi suficiente para colocar Dante contra a parede.
O concreto tinha sido quebrado pelo impacto. Dante sentiu o impacto em suas costas. Ele tateou a parede e se levantou, sorrindo. Escondeu o rosto, o sorriso, toda a alegria que sentia. Quando tinha sido a última vez que alguém tinha feito isso?
Mesmo que errando, nem o tocando, eles conseguiram tirá-lo do ataque.
— Isso não muda nada — disse Secure para Dinamite. — Precisamos coordenar para que enfrentá-lo. Entendeu, garoto?
— Deixa comigo, chefe. — As pequenas explosões começaram a estalar entre seus dedos. — Se você trocar de lugar comigo na hora certa, ele não vai ter chance.
Dinamite encarou Fred e Jodrick. Os dois soldados tinham sido derrotados pelo velhote, mas foram destroçados sem ao menos poderem fazer nada. Essa era a diferença. Dinamite tinha ao menos trocar golpes com ele.
— Parece que vocês não estão mais no auge para cuidarem do Soberano.
— O que acha que vai acontecer agora? — Fred perguntou, atraindo os demais para si. — Seus ataques não o acertaram. Você sequer tocou na roupa dele. Está em uma pequena vantagem porque Sir Secure está te ajudando.
— Ainda é uma vitória.
Secure rapidamente bateu as palmas, e Dinamite sumiu. A lança de Dante foi para seu lugar. Eles ficaram atônitos. Dante apareceu como uma bala disparada, pegando a arma e saltando em um mortal para trás, fugindo da explosão repentina de Dinamite.
No meio do ar, Dante jogou a arma para baixo. A Energia Cósmica dilacerou as chamas, penetrando as explosões. E novamente, o estalo da palma.
Ainda descendo no ar, Dante observou Secure. O Comandante de Consyegas era realmente irritante com uma habilidade que fazia a troca de objetos e corpos, mas cada vez que ele realiza, sua velocidade parecia diminuir.
Ele deve gastar muita Energia Cósmica, pensou ao tocar a sola no concreto duro e frio. Ele tocou a mão no chão, numa posição diferente, como um gato prestes a atacar, e sumiu novamente. O ar foi retorcido para a lateral, e Dinamite previu o trajeto com seus olhos.
Não era de todo mal. Sua força e concentração, misturados com seu desempenho de querer ir além, fazia sua verdadeira existência vir a tona. Ele era um guerreiro, um guerreiro que queria entender as batalhas.
E seu Comandante o travava. Uma amarra mental, não física.
O punho de Dante se abriu quando ele entrou em contato com Dinamite. Os dois trocaram golpes cerrados, velozes, precisos. O garoto saltava e tentava usar sua habilidade, explodindo pela sola dos pés ou pelos dedos das mãos.
Tocou o chão e saltou girando, criando uma explosão concentrada e furiosa, fazendo o ambiente se acender em um vermelho. Uma explosão fenomenal. E sorrindo, sua expressão era o mais perto de estar dando tudo de si.
Dante não o faria parar ali, não pararia a evolução do rapaz.
Ele ergueu as duas mãos, bloqueando os braços giratórios. Expeliu ambos para o lado, fazendo o sorriso dele se alongar. E Dante entrou com uma cabeçada. Testa com testa se chocou, criando um estalo.
— Fugah.
As palavras soaram da boca dele como uma maldição. Dante se surpreendeu. As chamas ao redor deles foram do vermelho para o azul, como se o próprio Magrot houvesse presente na sua frente. Labaredas que corriam em um mar azulado feito fumaça, e direcionando para cima de sua cabeça.
Esse era um golpe final, Dante sentiu. As chamas iam se fechar ao redor dele, e claro. O estalar de palma de Secure do lado de fora.
O sorriso de Dinamite sumiu quando uma pedra foi deixada em seu lugar. O mar azul simplesmente desceu.
A explosão foi grande. As chamas azuis foram golpeadas de todos os lados possíveis, numa onda interminável de silêncio. Quanto mais tempo se passava, mais as chamas golpeavam o lugar onde Dante estava.
Kalish não se moveu, mas Virgo ficou bastante ansiosa. Sentada, ela tinha aceitado um pouco de chá. Agora, segurava a porcelana com um pouco de destemor.
— Kalish, seu Comandante está perdendo contra dois soldados seus. Tem certeza de que você pensou direito em Consyegas?
— Por que acha que ele está fazendo tudo isso, Virgo? Algumas pessoas precisam ver para entender, outras precisam entender para ver. Dante é uma montanha que as pessoas não podem escalar. Dinamite achou um lugar para apoiar as mãos, para respirar, e achou que está no topo.
— Topo da montanha? Sua confiança em um homem de fora da Zona Cega é maior do que nos que são subordinados faz anos. — Ela inclinou-se, olhando em seus olhos. — Não estou gostando do andamento disso, Soberano.
— A decisão de patrocinar ele foi minha. — Kalish não mudou sua expressão. Astuto, sempre cordial. — Se quer voltar atrás, irei entender. Como eu disse, algumas pessoas precisam ver para entender. No entanto, eu entendi antes mesmo de ver. É como um verdadeiro comerciante deve agir.
Ainda desconfortável, Virgo tomou um pouco do chá, molhando os lábios.
— Seu Comandante perdeu, sabe disso.
— Perdeu? — Kalish olhou com um pouco de deboche. — Não estou vendo ele pedir misericórdia ou caído.
No meio do pátio, Dinamite e Secure ficaram lado a lado. Ambos arfando, com um pouco de dor no corpo, mas com orgulho. As chamas não paravam de descer, acertando a posição de Dante.
— Eu disse que ia conseguir vencer. — Dinamite respirou fundo e ajeitou a postura. No entanto, assim que esticou as costas, sentindo a espinha estalar. — Merda, fiz muita força no giro.
Secure massageava o próprio pulso, sentindo a dor das trocas feitas naquele pequeno espaço de tempo. Quanto mais ele utilizava a ‘Troca’ mais sua pele se enrijecia pela Energia Cósmica e mais sensível ficava.
Era controversa os efeitos colaterais. Tanta dor por uma pele dura.
— Fred. — Dinamite mostrou novamente o sorriso. — Eu disse, não disse?
O soldado não respondeu. Ele permaneceu de braços cruzados, na mesma posição, e balançou a cabeça, decepcionado.
— Desde que te conheço como gente, Dinamite, pensei que você fosse só burro mesmo. Mas, o adjetivo que eu procurava era outro.
— Do que está falando?
— Cego, é o que você é.
As chamas foram diminuindo. Secure esperava para chamar por Reine. Quando o corpo de Dante aparecesse, ela poderia curar das queimaduras. Esperava, mais e mais, segundo atrás de segundo, mas nada.
As labaredas não se encerravam. Ele afiou seus sentidos, um pouco mais. Não. As chamas estavam paradas no mesmo lugar. Secure arqueou as sobrancelhas, e levou uma mão para perto da outra.
Algo estava errado, muito errado.
— Não vai fazer isso de novo. — Não foi um sussurro pois todos puderam ouvir. — Não comigo.
A explosão de ar culminou em seu peito, o jogando para trás. Ele levantou o rosto, e outro acertou sua mão, depois o braço, depois a perna, depois o rosto. Cada segundo, ele era jogado para trás, metralhado por balas invisíveis.
Secure foi sendo enviado até a parede com os dois braços esticados. Arfando. Seu corpo doía, bastante, mas ele não estava ferido de verdade. As disparadas no ar foram simplesmente para imobilizá-lo.
As chamas começaram a balançar violentamente para todos os lados. E então, o braço de Dante rasgou as chamas, e ele saiu caminhando com um sorriso no rosto e seu charuto acesso, na lateral da boca.
— Que inusitado, muito inusitado.
— Eu disse. — Fred permaneceu inalterado. — Nem ao menos chegou perto, Dinamite.
Caminhando na direção de Dinamite, o velho tinha um olhar nascido das próprias profundezas.
— Vamos elevar o nível para 3%, Vick.
“Sim, Dante. Aumentando Energia Cósmica para o requerido”.
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