Índice de Capítulo
    Notas de Aviso

    Anteriormente em MNVJ: Victor e Aki conversam durante a manhã, antes de irem embora, e Victor ganha um presente especial de Haru.

    08 de outubro de 2023, domingo

    Depois de uma calorosa despedida, Aki e Victor prometeram à família dela que voltariam a se encontrar assim que tivessem a oportunidade. Pegaram suas malas e seguiram para o táxi que os aguardava na frente da casa. Apesar da leve tensão que pairava no ar por conta das brincadeiras finais de Natsu e Fuyu, o clima entre os dois não estava diferente de sempre. 

    Ao chegarem à estação do trem, notaram um alvoroço incomum. Avisos ecoavam pelos alto-falantes, informando que uma forte tempestade estava se aproximando da região e os trens poderiam sofrer atrasos significativos. 

    — Parece que vamos ter que esperar mais do que o previsto — disse Aki, com uma expressão meio desapontada, enquanto verificava as atualizações no painel eletrônico. 

    Victor, observando o movimento ao redor e sugeriu: — Tem um shopping aqui ao lado, por que não damos uma volta para passar o tempo? 

    — Boa ideia! Quem sabe encontramos algo interessante para comprar — respondeu Aki, animando-se com a possibilidade. 

    Os dois caminharam até o shopping, que estava cheio de pessoas procurando abrigo da chuva iminente. Aki, encantada com a diversidade de lojas, parou várias vezes para observar vitrines, desde roupas até artigos decorativos. Victor a acompanhava, às vezes opinando, outras apenas observando a maneira animada como ela parecia esquecer momentaneamente o atraso do trem. 

    Especialmente quando passavam por lojas de roupas e sapatos, Victor percebeu que seus olhos brilhavam ao admirar as peças. “Aki realmente está se divertindo aqui”, pensou, rindo internamente, satisfeito em poder apreciar aquelas reações. 

    Victor também não pôde deixar de notar a empolgação dela quando passaram em frente a uma loja de joias, onde ela se encantou por um colar com pingente de estrela-cadente. Lembrando-se da primeira noite que passaram ali em Nagano, pensou se deveria presenteá-la, mas logo afastou esses pensamentos. 

    — Talvez devêssemos comprar algumas lembrancinhas para o pessoal do trabalho — sugeriu Victor, ao passarem por uma loja de “souvenirs”. 

    — Verdade! Acho que o chefe Akashi vai adorar algo tradicional de Nagano. —  Eles entraram na loja e começaram a examinar alguns itens. 

    Eles escolheram uma caixinha de chá matcha e um conjunto de hashis decorados para o chefe, algo que combinava perfeitamente com seu gosto refinado. Para os colegas, pegaram pequenos chaveiros em forma de animais típicos da região e doces tradicionais embalados com cuidado. 

    — Você tem um bom olho para presentes — elogiou Aki, segurando um dos chaveiros que Victor escolheu. 

    — Não exagera. — Ele respondeu de forma casual, acompanhando-a até o caixa. 

    Com as sacolas em mãos, os dois decidiram fazer uma pausa na praça de alimentação. Pediram bebidas quentes para se aquecerem do vento frio que começava a soprar, sinal de que a tempestade estava se aproximando. 

    — Foi uma viagem incrível, sabia? — comentou Victor, enquanto olhava pela grande janela de vidro que exibia a chuva do lado de fora. 

    Aki, com um sorriso suave, respondeu: 

    — Fico feliz que tenha gostado. Minha família também adorou você. Até a Haru, que geralmente é tímida com estranhos, te chamou de “irmãozão”. 

    Victor riu, lembrando-se da pequena Haru e do presente que havia recebido dela. 

    — Ela é uma graça. E a fita… Vou guardar com muito carinho. É uma lembrança importante para mim agora. 

    Aki mexeu no cabelo, algo que Victor já reconhecia como um gesto de nervosismo. 

    — Eu queria ter ganhado uma fita também — comentou, olhando para o próprio punho vazio. 

    — Nem vem! Essa é a nossa prova de irmandade. Haru agora é minha irmãzinha oficial — respondeu ele, brincando, mas com um tom que transparecia um pouco de timidez. 

    Aki riu, ainda um pouco corada, e os dois continuaram a conversar enquanto observavam a movimentação no shopping. 

    Depois de algum tempo, um alerta no celular de Aki informou que os trens haviam retomado suas operações. Voltaram para a estação e, sem imprevistos, embarcaram no horário atualizado. 

    Durante a viagem de volta para casa, Aki perguntou: 

    — O que você achou da viagem? — Pensando melhor, ela reformulou a pergunta: — Quero dizer, me dê mais detalhes do que achou da viagem. 

    Victor, olhando pela janela para o cenário que passava rapidamente, respondeu: 

    — Foi incrível. Sua família é muito calorosa e animada. Foi bom estar em um ambiente assim. 

    Victor pensou mais alguns segundos e continuou:

    — O Natsu é uma boa pessoa, mas… inconveniente. Acho que essa é a palavra correta. — Aki ri, concordando.

    — O Fuyu se inspira muito no Natsu, mas é mais tímido. A Haru é uma graça, quase uma mini Aki e, agora, é minha irmãzinha. — Ele mostra a pulseira, e força um sorriso, para deixar explícito que estava falando com tom de brincadeira.

    — Sua mãe é uma pessoa maravilhosa, né? Dá para ver como ela se preocupa com os filhos. Até mesmo quando estava te repreendendo por causa da árvore, dava para perceber a preocupação genuína na voz dela.  

    “Até o Victor percebeu isso…” Aki pensava, rindo internamente.

    — E seu pai…. Bom, ele é muito atencioso e perspicaz. Eu gostei de conversar com o Shouto. Ele é uma pessoa incrível.

    Aki sorriu, apertando os lábios, como se quisesse dizer algo mais. 

    — Obrigada por aturar meus irmãos… E por ser tão gentil com a Haru. Ela é muito importante para mim. 

    — Eu quem deveria agradecer pela recepção. Foram todos gentis, até Natsu e Fuyu, da maneira deles. 

    Victor não guardava qualquer rancor pelos irmãos dela, apenas, não sabia como lidar com eles na maior parte do tempo, pela forma brincalhona e provocadora deles.

    Lembrando-se de um detalhe que ela havia deixado passar, ela perguntou: 

    — Ah, é mesmo… O que você e meu pai conversaram naquele dia? — Aki lança um olhar curioso para Victor.

    — É segredo de homens. — Ele faz sinal de silêncio para Aki, com um sorriso formando no seus lábios.

    — Por favor, me conta. Eu vou morrer de curiosidade. — Aki faz uma atuação dramática, fazendo Victor rir brevemente. 

    — Assim você realmente parece irmã do Natsu. — Victor comenta e dois riem.

    Embora fosse brincalhona, raramente Aki se passava por dramática. Mas acabou agindo por impulso na circunstância e quando percebeu isso, sentiu um frio na barriga, mas ignorou esse sentimento. Não tinha como voltar atrás. Somente o fato de ter feito Victor rir já preencheu seu coração com um calor reconfortante. 

    — Foi uma conversa entre homens. Não posso te contar. — Ele apalpa a cabeça dela, como se a mimasse. Apesar de ter entrado na brincadeira, Victor sentiu levemente envergonhado em fazer isso, da mesma forma, Aki sentiu sua bochecha arder com o gesto, mas não disse nada. Victor havia agido por impulso pela brincadeira.

    — Mas posso te contar um segredo daquele momento: nós bebemos juntos. — Victor completa.

    Aki fica surpresa, dando um pequeno salto com a notícia. 

    — O papai te chamou para beber da sua coleção? — A reação exagerada fez Victor arquear a sobrancelha, surpreso. 

    — Não tenho culpa. Simplesmente aconteceu. — Victor tenta fugir do assunto. 

    — Agora que eu queria saber mesmo o assunto da conversa. O papai raramente convida alguém para beber naquela adega, geralmente somente em situações especiais. Nem mesmo Natsu ou Fuyu são frequentemente convidados. 

    Lembrando-se das palavras de Shouto sobre os seus filhos, Victor fica feliz de poder ter compartilhado aquele momento. 

    — É segredo o que conversamos. —  Disse, relembrando da conversa que teve com Shouto. Teve boas lembranças nostálgicas enquanto brindava com ele e a conversa tinha sido agradável. 

    Victor conseguiu fugir do assunto e no meio da conversa, Aki, talvez cansada dos últimos dias, acabou adormecendo no assento. 

    Victor a observou por alguns instantes, notando a serenidade em seu rosto enquanto dormia. As memórias da viagem voltaram à sua mente, misturando-se com o som do trem em movimento. Ele desviou o olhar para a fita em seu pulso, satisfeito. 

    “Ela está… linda”, pensou, balançando a cabeça em seguida, afastando seus pensamentos. 

    Então começou a divagar. Imagens dos últimos dias vinham como flashes, inundando sua mente. Lembrou de tudo que passou e como ele “mudou” nessa viagem. Ele conseguiu se expressar muito bem, além de, alguns dias antes, ter contado tudo para Aki.

    Além disso, também descobriu mais sobre o passado da garota e conheceu sua família. Um sonho de infância foi realizado durante o passeio e ele considerou que até fez novas amizades. Ele olhou para o próprio punho.

    “A Haru não sabe, mas esse presente é bem mais especial do que ela imagina”, Victor pensou. 

    Os momentos durante o parque, a noite que passaram na varanda e viram a estrela-cadente… Cada memória era vívida, como se Victor pudesse tocá-las. Pensamentos do passado tentavam assombrá-lo, mas sempre conseguia passar por cima deles com essas novas lembranças, talvez por ainda estarem bem recentes. 

    Victor sentiu-se extremamente grato para com Aki, pela sua amizade e por tudo que ela fez por ele nos últimos tempos. Sentiu seu coração inquieto e logo lembrou do seu problema: “Não quero me machucar, nem te machucar Aki… por favor, não seja tão especial assim… eu não sei o que fazer…”, divagava, enquanto admirava, inconscientemente, o quanto Aki era bonita para ele. 

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (4 votos)

    Nota