Índice de Capítulo
    Notas de Aviso

    Anteriormente em MNVJ: No bar, após uma brincadeira de suas amigas, Aki se pega com pensamentos duvidosos sobre o que realmente sente.

    28 de novembro, terça-feira. 

    Com os dedos voando sobre o teclado do computador, Aki revisava um parágrafo que havia acabado de escrever. Seus olhos fixos na tela, quando um barulho na sala a desperta, fazendo-a voltar sua atenção para a origem do barulho. Havia sido apenas um toque, mas foi o suficiente para ela perceber.  

    Era o celular de Victor, que estava em cima da mesa, e ele não estava presente. Ela se aproxima para conferir se alguém estava ligando ou se poderia ser algum alerta importante, em que ela pudesse repassar para ele. Ao olhar para a tela, Aki se surpreende. 

    “Seu aniversário é daqui a quatro dias e preparamos uma grande oferta pa…”, a mensagem continuava ao expandir a notificação, mas ela não se atreveu.  

    “Então o aniversário de Victor é no dia dois de dezembro?”, se perguntou ela. “Será que devo comprar alguma lembrancinha ou isso passaria a ideia errada?”.  

    Agora,  diversos pensamentos  inundavam a mente dela. Ela queria agradecer a Victor por tudo que ele vinha fazendo por ela. Mesmo que ele não percebesse, Aki era muito grata por toda a amizade dele.  

    Ele sempre a ouvia quando ela queria falar, coisa que nem mesmo seus irmãos conseguiam fazer sem a interromper. Victor também usava palavras sinceras e não ficava dando desculpas, sempre assumindo as suas devidas responsabilidades. Além disso, Victor era competente no trabalho e isso a beneficiava quando se tratava da supervisão de eventos.  

    Victor a motivava, ainda que da forma dele, e ela reconhecia isso. Ela havia prometido ajudar ele a se reerguer, mas Aki se sentia tão beneficiada quanto pudesse imaginar que estava ajudando Victor.  

    Porém, o receio de transmitir alguma ideia errada a deixava inquieta e pensante, se deveria ou não comprar algo para ele. Queria lhe agradecer de alguma forma. E ainda tinha o problema com aqueles pensamentos sobre a diferença de experiência entre eles.

    Aki olhava para o celular de Victor, ainda pensativa. A notificação de aniversário permanecia na tela, além de mais algumas outras que ela ignorou. Ela respirou fundo, tentando afastar os pensamentos sobre comprar ou não um presente. Aki retorna a sua mesa e se senta de forma relaxada na cadeira. 

    Victor retornou à sala cerca de cinco minutos depois, carregando dois copos de café. Ele entregou um para Aki, que o agradeceu e em seguida, se sentou, notando o olhar distraído dela. 

    — Alguma coisa errada? — perguntou, dando um gole na bebida. 

    — Não, nada. — Aki sorriu de leve, mas desviou o olhar para o monitor. 

    Aki volta sua atenção ao que estava fazendo e termina o relatório após alguns minutos. Victor apenas a observava, sem comentar nada. Ele também trabalhava em seu computador, mas dependia da resposta de uma empresa específica para continuar o seu trabalho, então ganhou alguns minutos de folga. 

    Ele não havia se convencido com a resposta de Aki, então insistiu, depois que ela terminou e continuou focada na tela, claramente pensativa: 

    — Tem certeza? Você está agindo estranho desde que voltei.  

    — Não é nada. — Aki sorriu, mas acabou soltando sem pensar: — Só estava me perguntando… você está livre no sábado? — Após perceber o que falou, ela fez menção em tentar corrigir, mas acabou deixando seguir. 

    Victor ficou surpreso pela pergunta direta. 

    — Sábado? Por quê? 

    Aki sentiu o rosto começar a esquentar, enquanto enroscava o dedo por entre uma mecha de cabelo. 

    — Eu só pensei… — Ela tentou parecer casual. — Como vamos entrar em dezembro, talvez fosse bom relaxar um pouco antes da correria das festas. Além disso, vai ser um mês muito corrido. Poderíamos aproveitar nossa “última semana livre”. 

    Victor olhou para o teto, como se pensasse a respeito. Ele quase fez um comentário provocativo sobre a ideia, mas parou ao se lembrar de algo. 

    — Relaxar, hein? — Ele sorriu. — Então, acho que é um bom momento para eu cumprir a minha promessa. 

    — Promessa?! — Aki respondeu, surpresa, ajeitando o corpo na cadeira.   

    — Sim. Eu te devo um jantar e alguns drinks, lembra? — Victor tenta soar casual. 

    — Ah… isso… — Aki tentava esconder a animação e acaba deixando um silêncio em sua resposta. 

    — Que tal você ir lá em casa no sábado? Podemos fazer algo tranquilo. — Victor sugeriu. 

    O coração de Aki acelerou com a proposta, e ele continuou: — Veja bem, eu prometi que iria cozinhar algo para você e também prometi que faria alguns drinks… Eu acho que essa é uma boa oportunidade. 

    — Tem certeza? Eu não quero incomodar… — Balbuciou Aki. 

    — Não vai incomodar. — Ele deu de ombros. — Na verdade, acho até bom. Faz tempo que estou te devendo isso.  

    — Então está combinado? — Ela o encarou, com os olhos brilhado de ansiedade e excitação.  

    — Combinado. — Victor levantou o copo de café como se estivesse brindando. — Mas não se preocupe, não vou te deixar sair de lá de estômago vazio ou sóbria demais.  

    Victor aproveitou o momento para brincar com ela, embora pensativo se a brincadeira estava boa ou se tinha exagerado. 

    Aki erguer a sobrancelha.  

    — Quer me embriagar? — Ela gargalhou em seguida. 

    Victor sentiu seu rosto arder, percebendo que suas palavras tinham mais significados do que ele quis dizer. Ele pigarreou, tentando disfarçar:  

    — Não seja boba! — Ele balançou a mão em negação. — Aquele dia no bar “Flor da Noite” e no evento do “Wallmart” não pudemos curtir os drinks de verdade. Até negamos um Strawberry Mojito da senhora Wallerstein.  

    — Eu só estou brincando. Eu sei que você não faria nada comigo. E eu estou muito ansiosa para experimentar os drinks que você prepara. — Ela responde, precisando de um pouco de força para responder sem hesitar. 

    — O problema é que, drinks e comida, juntos, não fica bom. — Ele respondeu, quase desanimado. — Temos que escolher um dia para cada evento. Qual você prefere?

    Aki pensou por alguns segundos, ponderando. Sua mente viajou brevemente, enquanto ela se decidia. 

    “Comida ou drinks?”… Ela gostava tanto de experimentar refeições diferentes como provar drinks. A indecisão era muito cruel. 

    E Victor tinha razão. Misturar a comida e os drinks podia estragar a experiência de ambos. Era melhor uma coisa de cada vez. 

    — Então eu aceito você cozinhar algo para mim. — Ela fala, com vergonha de olhar para ele diretamente.

    Victor sorriu.

    — Combinado!

    … 

    02 de dezembro de 2023, sábado. 

    Victor olha no relógio e faltava pouco para o horário combinado com Aki. Ele confere se está tudo certo com os ingredientes que estavam separados e observa novamente a casa. Tudo estava no lugar, bem organizado, como sempre. 

    Estava mais inquieto que o normal. 

    “Por que estou tão nervoso? Não é como se fosse a primeira vez que ela vem aqui.”, pensava, tentando organizar seus pensamentos. “É apenas para retribuir a gentileza dela.”, repetia mentalmente, na tentativa de não pensar nada de mais. 

    Victor não queria acabar passando uma ideia errada para Aki e isso acabar gerando um clima constrangedor. Por mais que, em muitos momentos, sentisse um desejo de tocá-la, ele sabia que não podia fazer isso, sem estar realmente preparado para assumir algo.  

    “Não posso ficar desse jeito.”, ele forçava a pensar nisso, enquanto trocava de roupa. 

    … 

    Aki estava de frente a um espelho que lhe permitia ver seu corpo inteiro, com um vestido em mãos e uma blusa em outra, além de outras três peças de roupa na cama.  

    “Eu queria muito usar esse vestido, mas hoje está frio, não vai ser muito agradável.”, pensava.  

    — Por que é tão difícil escolher uma roupa? — Murmurou, encarando as outras peças em cima de sua cama. 

    — Estar frio não é o problema… — Murmurou, enquanto avaliava as peças dispostas.

    Queria usar um vestido azul, que tinha separado, que ia até os joelhos. Ao pensar em tudo que martelava em sua cabeça, ela estava indecisa.

    “Se eu perguntar a Yumi ou a Sayuri, elas vão ficar de conversinha. Que vergonha… O que eu faço?” Pensava.

    Ainda se pegava imaginando se seria possível ter esse “encontro” com Victor, se não fosse pelo fato daquela notificação ter lhe chamado a atenção. Talvez ela, por si, nunca teria tido essa ousadia. Saber do aniversário dele, foi como se tivesse lhe dado forças.

    Depois de algum tempo, ela se decidiu. Escolheu uma blusa de manga longa de cor vinho e uma calça skinny preta. Ela abriu sua sapateira e pegou um par de botas de cano curto, de cor preta. Aki prendeu seu cabelo num coque baixo e deixou algumas mechas finas soltas. 

    Ela conferiu seu reflexo, satisfeita com o resultado, e terminou de se maquiar. Quando foi sair, pegou sua bolsa e conferiu seus pertences, antes de pegar um cachecol cinza de lã e enrolar no pescoço.  

    Na rua, ventava forte. Ela se apressou em chegar à casa de Victor. A cada passo, parecia que seu coração batia mais forte. Uma sensação estranha tomou conta dela. Um frio na barriga.

    … 

    Victor ouviu a campainha tocar e rapidamente se dirigiu a porta. Ao abri-la, sentiu um misto de emoções quando viu Aki parada ali. 

    — Boa noite, Victor! 

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota