Capítulo 43: Navio de Madeira
Um mês passou rapidamente, e logo chegou o dia de zarpar novamente.
Fumaça negra subia novamente das chaminés do Narval. Acompanhado por seu novo marinheiro recrutado, Charles embarcou.
“Bandagens, designe os turnos para a nova tripulação,” Charles instruiu o Imediato ao seu lado.
Bandagens acenou silenciosamente e afastou-se com sua perna recém-regenerada, enquanto os novos marinheiros o seguiam.
Enquanto isso, Charles levou Audric à ponte do navio e desenrolou o enorme mapa náutico que havia comprado recentemente. Ilhas, zonas perigosas e áreas inexploradas estavam detalhadamente marcadas.
“Onde fica Sottom? Marque no mapa,” Charles disse ao vampiro.
“Er… eu não consigo ver. Por favor, mostre-me onde fica a Ilha Cristal Negra.”
Charles guiou o dedo de Audric até um alfinete no mapa, que indicava a localização da Ilha Cristal Negra.
A partir dali, Audric traçou um arco no mapa e cutucou um ponto com sua unha afiada.
“Aqui,” disse Audric.
Para surpresa de Charles, Sottom não estava tão longe quanto ele esperava.
“Sottom fica aqui? É tão perto?”
“Fica aqui às vezes. Nos dias 6 e 25 de cada mês, ela aparece aqui,” respondeu Audric.
Charles ficou chocado. “Aparece? Não é uma ilha? Ela se move?”
“Sim, Capitão. Para ser exato, é uma frota de navios. Um complexo massivo criado ao encadear os navios que eles saquearam.”
Olhando para o local marcado, Charles calculou rapidamente o tempo de viagem necessário e os suprimentos.
Embora Audric falasse com certeza, sua informação era de quarenta anos atrás. Se chegassem lá e não encontrassem nada, pelo menos teriam suprimentos suficientes para a viagem de volta.
“Temos pacotes de plasma suficientes?” perguntou Charles.
Audric acenou rapidamente:
“Sim. Preparei o suficiente para sessenta dias.”
“Mantenha alguns como reserva. Posso precisar se houver uma batalha de alta intensidade.”
“Entendido. Mas, Capitão Charles, aquela é uma relíquia vampírica. Use com moderação.”
“Eu entendo. Pode ir agora.”
Audric curvou-se, transformou-se em um morcego e voou para fora.
Enquanto ainda estavam nas águas próximas à ilha, Charles deliberadamente reduziu a velocidade do navio para que os novos membros se acostumassem ao trabalho a bordo e criassem laços com os mais antigos. A maioria dos novos recrutas era do Arquipélago dos Corais, e alguns já haviam encontrado Charles antes. Logo, uma atmosfera harmoniosa envolveu o navio.
No oitavo dia de viagem, o Narval se aproximava de seu destino. Mudanças visíveis começaram a aparecer na superfície das águas escuras e paradas.
“Capitão, há um navio à frente!”
“Estou vendo.” Charles olhou através do vidro para o navio distante.
Claramente, não era Sottom. O navio era pequeno demais, metade do tamanho do Narval, e feito de madeira. Navios de madeira eram raros no mundo subterrâneo. Em circunstâncias normais, áreas com árvores seriam usadas para plantar alimentos.
Conforme o navio de madeira se aproximava, Charles pôde ver mais detalhes. Diferente do Narval, que era movido a turbinas, o navio de madeira era impulsionado por velas. Isso era extremamente estranho, já que quase não havia brisa no mar subterrâneo, e confiar em ventos fracos era como procurar a morte.
“Capitão, o que devemos fazer?”
“Eu assumo o leme. Vá lá fora e sinalize para que sigam o costume: bombordo a bombordo.”
Era uma prática náutica básica para evitar colisões devido à falta de comunicação.
“Sim!” Com a pulseira de prata no pulso, Dipp pegou as bandeiras e correu para fora.
O jovem gesticulou com as bandeiras vermelhas, e o navio de madeira começou a mudar de curso. Parecia entender a linguagem das bandeiras.
Enquanto os dois navios passavam um pelo outro, uma dúvida surgiu na mente de Charles ao olhar para o navio antigo. Ele também está indo para Sottom?
Clunk! Clunk! Clunk!
De repente, uma crise surgiu. As portinholas do navio de madeira se abriram, revelando canhões ameaçadores apontados para o Narval.
Imediatamente em alerta, Charles girou o leme freneticamente, tentando minimizar a área exposta aos tiros. Apesar de sua rápida resposta, alguns projéteis atingiram o convés. No entanto, as explosões esperadas não ocorreram. Os projéteis pareciam macios e grudavam onde caíam. Uma fumaça roxa escura começou a emanar deles, e logo o Narval estava envolto na névoa.
“Lily! Revide!!” Ao comando de Charles, os ratos no convés correram para os canhões e os apontaram para o navio de madeira.
Enquanto isso, silhuetas começaram a emergir da névoa roxa. Seus corpos eram finos como papel. Onde deveriam estar suas cabeças, não havia características faciais discerníveis, e eles carregavam armas feitas do mesmo material — papel.
Assim que os Papyrianos 1 se estabilizaram, correram para os canhões do convés e atacaram os ratos freneticamente. O movimento dos canhões parou.
Os tripulantes abriram fogo contra os Papyrianos, mas as balas simplesmente passavam por eles, deixando buracos em seus corpos sem impedir seus movimentos.
Charles franziu a testa. Ele não podia perder mais tempo. Pegou o espelho, pronto para manchá-lo com sangue. Truques fantasmas infantis não o assustavam. Aquele navio de madeira era a chave; ele precisava detê-lo.
No momento em que mordeu o dedo, uma dor aguda surgiu em seu estômago. Chocado, ele olhou para baixo e viu a ponta de uma lâmina ensanguentada saindo de seu torso.
Sem pensar duas vezes, ele sacou o revólver e virou-se para mirar na figura por trás dele. Ele estava prestes a puxar o gatilho quando congelou.
Era o contramestre, Dipp. Um sorriso sinistro estava estampado em seu rosto enquanto uma voz gelada ecoava:
“Atire… Atire em mim…”
No momento seguinte, Charles respirou fundo. Ignorando a dor extrema, ele colocou a Máscara de Palhaço no rosto.
Assim que a máscara estava no lugar, Charles puxou o gatilho, e Dipp caiu no chão.
Controlando seus músculos internos para estancar o ferimento, Charles cambaleou para fora da cabine de comando.
Lá fora, sua tripulação já estava em combate com os Papyrianos. Eles claramente estavam em desvantagem, exceto por James, que havia se transformado em um gigante. Os ataques dos outros pareciam não ter efeito.
Pressionando o ferimento, Charles pegou o Espelho do Morcego e o jogou para o morcego no ar.
“Ceguinho! Destrua aquele navio com seu grito sônico!”
Com o espelho em suas mandíbulas, o morcego voou rapidamente em direção ao navio de madeira.
Antes que ele pudesse terminar de falar, um Papyriano apareceu atrás de Charles. Com sua arma brilhante, estava pronto para golpear a cabeça de Charles.
Charles recuou estrategicamente e colidiu com ele. Com movimentos rápidos de sua lâmina negra, ele cortou o Papyriano em pedaços finos de papel.
“Tsc. É só isso?” Charles soltou um riso de desdém. Com sua faca confiável na mão, ele estava prestes a correr para a batalha quando congelou. Sangue começou a escorrer de seu ferimento novamente. Ele não ousou fazer movimentos bruscos, pois seu corpo estava em uma posição precária. Qualquer movimento imprudente poderia levá-lo à morte por perda de sangue.
Charles logo encontrou outra solução. Ele agachou-se lentamente e pegou um punhado de pregos de aço de um barril de madeira ao lado.
Ele arremessou um prego como um dardo, e ele acertou um Papyriano, prendendo-o ao chão. Mas isso era apenas uma medida temporária.
Os Papyrianos continuavam a aumentar em número. Parecia não haver fim para eles, e a visão de Charles começava a ficar embaçada.
- Nota: Em Inglês eram Papyros, imagino que venha de Papiro, que eram os papeis que as pessoas do Egito antigo utilizavam.[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.