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    Clara ergueu a cabeça, sentindo uma energia pairar sobre ela. Depois de alguns segundos, ela sumiu, como se nunca tivesse sido despertada. Ela abaixou a cabeça, observando a própria palma, a coçando com os dedos.

    A sensação estranha a fez lembrar de Dante. Por alguma razão, parecia que era a energia que ele tinha. E de repente, tinha sumido, sem deixar vestígios.

    — Algo de errado, senhora? — Marcus se mantinha do outro lado da mesa, arrumando o mapa que Duna havia posto horas antes. — O que houve?

    — Não. Nada. — Ela não queria omitir seus pensamentos a seu melhor aliado, mas não tinha certeza do que sentiu. — Foi só um pensamento estranho.

    Marcus assentiu puxando alguns papéis, deixando o mapa mais visível.

    — Quer continuar com a reunião depois? — perguntou ao vê-la ainda ponderando.

    — Não. Nós temos planos mais importantes. Vamos continuar.

    I

    O punho bloqueou a espada, o jogando para o lado. O velhote saltou, chutou com extrema força. Moonlich foi jogado para trás, mas se recuperou e se jogou para frente, atacando com golpes rápidos, precisos.

    A lâmina esverdeada encontrava o ar, com o humano se esquivando de um lado para o outro. E quando o viu se preparando para mais um soco direto, ele girou a espada para o lado, e cortou lateralmente.

    O ângulo perfeito para acertá-lo.

    Dante usou o pé para forçar sua retirada e deixou o golpe passar reto. A face da criatura manchada se transformou em choque. E o punho dele se abriu, uma sequência de três ataques rápidos foram suficientes para empurrar Moonlich para trás, mas antes de atacar mais uma vez, Dante apareceu pela sua lateral, usando o cotovelo.

    Ele foi forçado mais uma vez contra a parede do Abismo.

    O Fluxo Verde previa movimentos amplos, lhe dando uma velocidade de reação muito maior do que estava acostumado a ver nos outros humanos. Ele tinha enfrentado gente veloz, gente forte, mas nunca alguém que estava além do seu próprio espírito, na própria determinação.

    Esse tipo de humano era perigoso.

    As manchas que apareciam para ele, de onde Dante atacaria, se formavam em diversas partes. Moonlich ergueu sua espada mais uma vez, segurando apenas com uma mão. Tinha que travar todos os ataques.

    — Entendi seu padrão — disse Moonlich usando a outra mão, larga e grossa, como seu escudo. — Daqui pra frente, faremos do jeito certo, Comandante Dante, Dante.

    O velho não respondeu com palavras. Ele se atirou mais uma vez na sua direção. Esse verme queria lutar abertamente, então, faria com que sangrasse pela sua estupidez.

    — Mesmo sendo mais forte, ainda é burro igual aos outros.

    Dante esquivou mais uma vez do ataque vindo de cima, puxou o braço para trás. Moonlich esperou por esse ataque. Sempre um ataque direto para começar. Sempre pela direita.

    Então, ele usou a espada num ângulo diferente, vindo pela esquerda, na diagonal. O tempo, a respiração, até mesmo os passos do humano, Moonlich previu. Cada sombra ao redor de Dante, dos seus possíveis passos, foram encurtados em somente uma.

    Recuar.

    A espada cortou o ar, obrigando o humano a recuar um passo, mas assim que ele deu um passo para trás, a arma desceu mais uma vez, mais rápida e ágil do que da última. Era um golpe fatal, mirando sua cabeça, mirando sua própria alma.

    Ele faria a morte encontrá-lo.

    — Burrice.

    Dante esticou o braço direito. Sua carne foi penetrada, um corte fundo, bem profundo. Moonlich deu uma risada. Ele tinha partido o humano, agora era só uma questão de…

    O rosto do humano era o mesmo de antes, inabalável. Seu braço tinha sido… Moonlich foi surpreendido.

    O punho esquerdo se abriu e uma palma acertou seu pescoço. A respiração foi travada. Sem ar, seu corpo não respondia direito. Dante forçou dois ataques diretos, acertando seu peito esquerdo com o dedo indicador e depois socou fortemente sua barriga.

    Sua Energia Cósmica se comprimiu rapidamente para cuidar dos danos internos. Algo em seu corpo, dentro de si, havia fechado. Seu braço, seu pulso foi segurado e pressionado. Moonlich soltou sua espada, e Dante a pegou.

    — Não…

    Do cabo da espada, espinhos se formaram. A palma direita do humano foi perfurada, os espinhos saíram do outro lado. E ele largou a espada, mas antes de conseguir imobilizar o ferimento, Moonlich esticou o braço e segurou seu pescoço.

    Girando, o humano foi lançado contra a parede, explodindo e criando um leve tremor. Fechou os dois braços em frente ao rosto enquanto socos desceram sobre si. Moonlich puxou o máximo de ar que conseguiu, desfazendo a pressão dentro do seu corpo, e continuou socando de todos os lados.

    O velho permaneceu sendo um saco de pancada enquanto era forçado adiante.

    As outras criaturas manchadas gritavam pela sucessão do seu líder diante da situação. Os maiores, vindo de dentro do Abismo, observavam em suas teias, e paredes. A criatura manchada vencia um humano sem ter dificuldade.

    Quanto mais tempo passava, mais carne dos braços dele eram lançados, mais sangue enviado para as paredes ao redor. Os socos de Moonlich eram furiosos, ele mesmo não deixou sua energia terminar.

    Mesmo assim… os olhos negros do humano o encaravam, como se fosse um dos Felroz ou até mesmo uma das criaturas manchadas. Era o olhar de um demônio, exatamente como tinha enfrentado no Abismo.

    Era qualquer coisa, menos humano.

    Quando ele parou para puxar o ar novamente, o humano teve sua chance. Dante o segurou pelos dois braços, o girou e lançou contra a parede. E armou seu primeiro soco. Seus ferimentos eram severos, sua carne rasgada e a pele nem parecia estar mais visível.

    O sangue que tinha perdido era muito, e o que sobrou se tornou uma casca seca.

    Moonlich ergueu o braço, mas não adiantou.

    O primeiro soco entrou direto na barriga. O segundo e terceiro também. Quando a criatura manchada abaixou um pouco a defesa, Dante subiu o ataque. O soco acertou a cabeça, depois a têmpora, depois uma marretada bem-dada na garganta.

    Dante não recuou e usou a perna. Ele chutou as duas pernas de Moolich, o fazendo cair sentado, e chutou a cara dele, o enfiando mais fundo dentro da pedra. Ele não parou, seus ataques foram firmes, fortes, concentrados.

    O olhar dele não ondulou em momento algum.

    Dante não parou. Sua mente estava focada, ele não estava querendo que terminasse. Era a primeira vez que estava solto daquela habilidade desgraçada. Sempre precisava se preocupar com os mínimos detalhes, com cada movimento para que sua energia não fosse descontrolada.

    Se fizesse, ele poderia matar todos ao redor, destruir tudo.

    Agora, sem a habilidade em seu corpo, sem aquela maldita herança da derrota que recebeu de seu pai, ele não precisava se preocupar com quem estava ali. A habilidade se vai, mas o corpo fica.

    Seus anos de treino eram frescos em sua mente.

    Quando Moonlich abriu a defesa para tentar agarrá-lo, Dante o segurou pelo pulso, torceu para trás e o puxou, girando no próprio eixo. Ele fez com que a criatura manchada fosse jogada de costas no chão, obrigando as criaturas manchadas pararem de gritar.

    O silêncio voltou a reinar, como em sua mente.

    E num pisão, tentou quebrar a armadura do torso. As duas mãos de Moonlich o pararam, ele foi forçado para o lado, dando tempo dele se recompor e levantar.

    Os dois pararam, ficando cara a cara.

    — Finalmente — disse Moonlich, se divertindo. — Um oponente digno.

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