Índice de Capítulo

    Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura: 

    Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
    Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
    Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
    Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
    Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
    Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!

    Demorou alguns instantes até que os outros reagissem. A primeira a se mover foi uma garota pequena, que estava sentada próximo à jovem de cabelos prateados. Ela se levantou e caminhou até Calli com passos curiosos, como se estivesse examinando algo fascinante.  

    — Você está bem? — perguntou ela, inclinando-se para frente e puxando levemente um fio do cabelo de Calli, como se quisesse chamar sua atenção de maneira infantil.  

    Calli virou o rosto, ainda com a visão parcialmente bloqueada pela mão ensanguentada, e viu uma garota albina de cabelos prateados, iguais aos da jovem que estava sentada no sofá. Ela parecia uma versão em miniatura da outra, com olhos azuis brilhantes e sardas espalhadas pelo rosto, que davam um ar de inocência à sua aparência.  

    — Não tão bem… — respondeu ele, com sinceridade, a voz um pouco abafada pela mão que ainda tentava conter o sangue.  

    A garota albina chegou mais perto, sem hesitar, e esticou a mão, tocando a mão ensanguentada de Calli. No mesmo instante, uma sensação estranha o invadiu — era como se o tempo estivesse retrocedendo. Ele sentia toda a dor, mas de trás para frente, como se cada ferimento estivesse se fechando, cada gota de sangue voltando ao lugar de onde havia saído.  

    A garota soltou um pequeno grunhido de dor, como se estivesse absorvendo o que Calli havia sentido.  

    “O que ela está fazendo? Por que ela se machucou?” pensou Calli, confuso e um pouco alarmado.  

    Enquanto isso, ele sentiu uma repulsa estranha na marca de seu braço direito. Não era exatamente dor, mas uma sensação incômoda, como se algo dentro dele estivesse se contorcendo, reagindo ao que estava acontecendo.  

    Asharoth, no entanto, permanecia quieto. O espírito do conhecimento proibido, que normalmente não perdia a chance de fazer algum comentário sarcástico ou enigmático, parecia estar observando tudo em silêncio. A única coisa que Calli sentiu foi um breve “oi” mental, como se Asharoth estivesse apenas marcando presença antes de se recolher novamente. 

    O sangue que antes escorria em cascata pelo rosto de Calli começou a se recolher, como se obedecesse a uma ordem invisível. Gotas que haviam caído no chão se levantaram em pequenos fios vermelhos, retornando ao seu corpo. Junto com essa sensação quase surreal, veio uma onda revigorante, como se ele tivesse acabado de acordar de um sono profundo e reparador.  

    — Aí está, titio! — disse a garota albina, se afastando dele com um sorriso satisfeito, como se tivesse acabado de realizar uma tarefa simples, mas importante.  

    Calli demorou alguns segundos para processar o que havia acontecido. Lentamente, ele retirou a mão do rosto, esperando ver manchas de sangue, mas não havia nada. Até mesmo o sangue que sujava sua mão havia desaparecido, como se nunca tivesse existido. Ele olhou para as mãos, virando-as para cima e para baixo, ainda incrédulo.  

    — Pronto, bebe chorão — disse Thalya, rindo da situação com uma naturalidade que quase irritou Calli. — Esses são os desafortunados que eu disse.  

    Ela fez um gesto amplo com as mãos, indicando as pessoas ao redor, como se estivesse apresentando um espetáculo. Calli olhou para os outros, esperando alguma reação, algum tipo de reconhecimento ou explicação, mas antes que ele pudesse dizer algo, todos simplesmente voltaram ao que estavam fazendo.  

    O homem do copo de uísque o levantou em um brinde silencioso, como se estivesse celebrando algo que só ele entendia. O rapaz do colar prateado continuou servindo a bebida, sem sequer olhar para Calli. A jovem de cabelos prateados virou uma página de seu livro sem capa, completamente imersa na leitura. E a garota albina, que havia curado Calli, se sentou novamente próximo à jovem do sofá, como se nada tivesse acontecido.  

    Calli ficou parado, sem saber o que fazer ou dizer. Era como se ele tivesse sido jogado em um mundo onde as regras não faziam sentido, e ninguém se importava em explicá-las.  

    Calli se levantou, ainda sentindo o eco daquela sensação revigorante, mas com a mente cheia de perguntas. Ele caminhou até Thalya, parando ao seu lado enquanto ela girava o guarda-chuva nas mãos, como se estivesse completamente à vontade naquele lugar estranho.  

    — Desafortunados… — começou ele, hesitante, escolhendo as palavras com cuidado. — Seria algo envolvendo poderes sobrenaturais? Ou esses… espíritos?  

    Thalya olhou para ele, um sorriso irônico estampado no rosto. Ela inclinou a cabeça, como se estivesse considerando a pergunta, mas já sabendo exatamente o que dizer.  

    — Espíritos? — Ela repetiu, rindo baixinho. — Querido, você está pensando pequeno. Isso aqui vai muito além de fantasminhas e assombrações.  

    Ela deu um passo à frente, se aproximando dele, e Calli sentiu o ar ao seu redor ficar mais pesado, como se a presença dela carregasse algo além do que ele podia ver.  

    — Desafortunados são aqueles que, como você, foram marcados pelo que não deveriam conhecer. — Ela fez uma pausa, fechando o guarda-chuva. — Poderes sobrenaturais? Talvez. Mas é mais como… uma maldição. Ou uma bênção. Depende do ponto de vista.  

    Calli franziu a testa, tentando processar o que ela estava dizendo.  

    — E esses espíritos que você mencionou… — continuou Thalya, com um brilho nos olhos que parecia quase divertido. — Eles são só a ponta do iceberg. O que você viu até agora é só o começo, Calli.  

    Ele abriu a boca para fazer outra pergunta, mas Thalya já estava se virando, caminhando em direção ao balcão onde o homem do copo de uísque agora observava a cena com um interesse discreto.  

    — Vem cá — chamou ela, sem olhar para trás. — Tem alguém que quer te conhecer.  

    Calli hesitou por um momento, mas sabia que não tinha muita escolha. Ele seguiu Thalya, sentindo o peso do olhar dos outros sobre ele. A jovem de cabelos prateados finalmente levantou os olhos do livro, o observando com uma curiosidade silenciosa, enquanto a garota albina brincava com uma mecha de cabelo, como se estivesse tentando adivinhar o que ele faria a seguir.  

    Quando Calli chegou ao balcão, Thalya apontou para o homem do copo de uísque.  

    — Esse aqui é o Víctor — disse ela, com um tom casual, como se estivesse apresentando um velho amigo. — Ele é o mais velho entre nós. E, provavelmente, o único que pode te dar algumas respostas.  

    Víctor levantou o copo em um gesto de cumprimento, mas seus olhos estavam fixos em Calli, como se estivesse avaliando cada detalhe dele.  

    — Então você é o novo, hein? — disse Víctor, com uma voz rouca que parecia carregar o peso de incontáveis histórias. — Bem-vindo ao clube, garoto. 

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