Os mortos-vivos começaram a invadir o local, rompendo as barreiras improvisadas com força brutal. O caos tomou conta do ambiente. Gritos ecoavam por todos os lados, misturados ao som de carne sendo rasgada e ossos quebrados. O chão estava coberto de sangue, e o ar carregava o cheiro metálico da morte. 

    Gerald lutava com ferocidade, seu corpo já coberto de sangue, enquanto tentava conter a horda. Amanda, por outro lado, estava à beira do desespero. Seus movimentos eram rápidos, mas desordenados, e o medo começava a dominá-la.

    Com um bastão de metal em mãos, Amanda tentou golpear um dos mortos-vivos que avançava sobre ela. O impacto foi forte, mas o bastão escorregou de suas mãos e caiu no chão com um som metálico. Ela ficou paralisada por um momento, o desespero crescendo em seu peito. Olhou ao redor, buscando uma saída, mas tudo o que viu foram seus companheiros sendo mortos. Gerald estava cercado, lutando com todas as forças, enquanto outros sobreviventes caíam um a um.

    A escuridão do corredor parecia engolir tudo, e as silhuetas das lutas e mortes eram projetadas nas paredes como sombras grotescas.

    Amanda sentiu o coração disparar. Ela estava encurralada, sem armas e sem esperança. Os mortos-vivos avançavam em sua direção, seus olhos estavam fixos nela. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela gritou, sua voz carregada de medo e desespero, mas ninguém escutou.

    “Por favor, alguém, me ajuda!”, pensou, enquanto os monstros se aproximavam cada vez mais.

    No último instante, um som ensurdecedor cortou o ar. Clarões de disparos iluminaram o corredor, e os mortos-vivos começaram a cair. 

    Gerald, com sua arma em mãos, havia chegado a tempo. Ele disparava sem hesitar, eliminando os monstros que ameaçavam sua sobrinha. Amanda ficou meio surda pelo barulho dos tiros tão próximos. Instintivamente, levou as mãos aos ouvidos, tentando bloquear o som.

    Quando os últimos mortos-vivos caíram, Gerald correu até Amanda e a ajudou a se levantar. 

    — Você precisa fugir, agora! — disse ele, com urgência na voz. 

    Amanda, ainda em choque, olhou ao redor. O cenário era grotesco. Corpos mutilados dos mortos-vivos estavam espalhados pelo chão, misturados aos corpos dos sobreviventes. O sangue formava poças, e o cheiro era insuportável. Amanda levou as mãos à boca, tentando conter o choro.

    — Vai, Amanda! Corre! — gritou Gerald novamente. 

    Ela assentiu com a cabeça, ainda tremendo, e começou a andar em direção à saída. Mas, ao dar alguns passos, percebeu que seu tio havia parado. Ele estava imóvel, olhando para o nada. 

    — Tio? — chamou ela, preocupada.

    O homem parecia distante, como se estivesse em outro lugar. Sua cabeça girava, confusa, e vozes ecoavam em sua mente, multiplicando-se em um coro aterrorizante: “Mate…! Coma…! Se espalhe…!”

    Essas palavras ressoavam como um mantra insidioso.

    Flashes de imagens dos mortos-vivos invadiram seus pensamentos. Seu rosto estava transpirando e seus olhos trêmulos, quase se virando. 

    Amanda se aproximou, chamando por ele repetidamente. 

    — Tio! Tio! — insistia, até que finalmente encostou nele, trazendo-o de volta à realidade.

    Ele olhou para ela, com os olhos cheios de desespero. 

    — Você… você se parece tanto com ele. — disse ele, com olhos carregados de lágrimas, tocando o rosto de Amanda. A imagem de seu irmão surgia em sua mente, inundando-o de emoções. Sua voz trêmula revelava a intensidade do momento.

    — Tio, temos que ir! — respondeu Amanda, visivelmente nervosa. Mas ele balançou a cabeça, lutando contra a fraqueza, e se sentou no chão com dificuldade.

    — Eu não vou conseguir. Esses malditos me pegaram. — disse ele, levantando a calça e mostrando uma ferida na perna. Era uma mordida profunda, e o sangue negro escorria sem parar.

    Amanda sentiu os olhos se encherem de lágrimas. 

    — Não… por favor, não. — implorou, sua voz quase um sussurro. Mas seu tio já havia aceitado seu destino. 

    — Por favor, Amanda, vá — insistiu Gerald, segurando suas mãos com firmeza.

    Amanda, com lágrimas escorrendo pelo rosto, balançou a cabeça e respondeu:

    — Não… Você também não. Não me deixe. — a angústia em sua voz era palpável, refletindo o desespero de perder outro ente querido.

    A lembrança da promessa que fez ao pai de Amanda o assaltou: proteger sua filha até o fim.

    Recordou-se do hospital, ao lado de seu irmão em seus últimos momentos. Segurando suas mãos, prometeu que cuidaria de Amanda após sua morte. Apertou com força, fechando os olhos enquanto lágrimas escorriam por seu rosto, murmurando que sim. 

    — Você precisa ir, Amanda. Pegue os remédios e vá. Não deixe que tudo isso seja em vão. Sua mãe ainda precisa de você. — disse ele, com firmeza.

    — Mas eu preciso de você junto da gente… Não quero que você morra. — respondeu ela, tremendo as mãos e os lábios.

    Gerald sentiu um aperto sufocante no peito, sentindo a dor de Amanda. Ele elevou a mão até a cabeça dela, sorrindo serenamente, e disse:

    — Não seja boba — sua fala foi interrompida por uma tosse de sangue. — Enquanto você se lembrar de mim, nunca morrerei. Por isso, vá. Viva por nós dois.

    Amanda finalmente cedeu. Ela se levantou, ainda chorando, e correu em direção à sala onde os remédios estavam.

    Quando Amanda já estava longe, seu tio, suado e cansado, começou a recordar o passado. 

    Lembrou-se dos tempos de paz, quando podia desfrutar de um churrasco em casa com a família.

    Olhou para cima, como se estivesse falando com alguém, e disse:

    — Me desculpe. Eu não consegui cumprir minha promessa — seus olhos começaram a se esbranquiçar e sua pele estava vermelha de calor.

    Essas palavras foram suas últimas palavras. Ele levantou a arma, apontou para a própria cabeça e disparou. O som do tiro ecoou pelos corredores, atiçando os mortos-vivos dos andares superiores.

    Amanda, já afastada, ouviu o disparo. Ela parou por um momento, sentindo o impacto do som em seu peito. Lágrimas escorreram pelo rosto enquanto ela corria na escuridão, segurando os remédios. O peso da perda era esmagador, mas ela sabia que precisava continuar pelo bem de sua mãe.

    ✥—————✥—————✥

    Dois dias depois, sob um céu limpo e claro, Derek chegou ao hospital, seus passos ecoando no asfalto rachado. O prédio se erguia diante dele como um monumento ao horror, suas paredes marcadas pela decadência do tempo. O silêncio ao redor era quase ensurdecedor, carregado de uma tensão que parecia vibrar no ar, como se o próprio lugar guardasse as memórias das mortes que ali ocorreram.

    Ele parou diante da entrada, os olhos percorrendo a estrutura com atenção. Havia destroços espalhados pelo chão, portas quebradas e manchas escuras que ele sabia serem sangue seco. Cada detalhe parecia contar uma história de resistência e sacrifício, mas também de desespero. Um pressentimento ruim percorreu seu corpo, como uma sombra que se recusava a se dissipar.

    “Os disparos só podem ter vindo daqui.”, pensou Derek enquanto examinava a fachada desgastada do hospital.

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