Capítulo 7 - O Acampamento
No topo do prédio, Carlos aguardava pacientemente a chegada de sua carona.
Um ruído alto ecoou nos céus, lembrando o som de um exército em marcha. De repente, um helicóptero emergiu das nuvens e avançou em direção ao edifício. Com precisão, uma escada de corda foi lançada para que ele pudesse subir.
Ao alcançar o helicóptero, um homem com uma máscara de pano agarrou sua mão e o ajudou a entrar na aeronave, selando assim sua fuga do perigo iminente.
— Dia complicado, não é, cara? — gritou o homem.
— Nem me fale! — respondeu Carlos.
Exausto, Carlos sentou-se em um banco enquanto o homem recolhia a escada de corda e o helicóptero decolava.
A muitos quilômetros dali, horas antes dos eventos anteriores…
O lugar para onde Carlos estava indo era o 𝙊 𝘼𝙘𝙖𝙢𝙥𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤, nome dado pelos sobreviventes a uma pequena cidade octogonal que inicialmente estava infestada de mortos-vivos, mas após esforços de uma certa pessoa, que unificou diversos sobreviventes, conseguiram tomar o lugar e formar uma zona livre de mortos-vivos.
A cidade foi cercada com três enormes grades, com caminhos entre elas onde pessoas armadas patrulhavam e mantinham os mortos-vivos afastados. Torres de vigia foram instaladas em cada ponta da cidade. Havia diversos setores onde as pessoas se reuniam: um para tratamento de feridos, outro para alimentação e vários outros. Bem no centro, havia uma pequena praça com sinos grandes o suficiente para que toda a cidade ouvisse.
Os sinos estavam tocando, anunciando a chegada da tropa de exploração, uma unidade encarregada de buscar suprimentos para todos na cidade. Em frente aos portões, onde a tropa aguardava para ser recebida, um homem que estava em uma das torres gritou para os que estavam embaixo:
— Abram os portões!
Imediatamente, pessoas correram para abrir os portões. Assim que os três portões foram abertos, a tropa de exploração começou a entrar.
Eles vinham com caminhões cheios de suprimentos, acompanhados por caminhonetes com placas soldadas e grades nas janelas e no para-brisa, reforçando a segurança dos veículos. Em cima das caminhonetes, estavam pessoas fortemente armadas.
À frente de todos, montado em uma Harley Davidson, estava Damon, o líder da tropa.
A tropa de exploração entrava devagar enquanto as pessoas ao redor comemoravam seu retorno. Os membros da tropa estavam tão alegres quanto os civis; alguns até levantavam os braços em sinal de vitória enquanto riam.
Damon sorriu de canto a canto e acenava para todos.
Enquanto todos celebravam, uma mulher se espremeu entre os demais na tentativa de se aproximar. Aqueles que ela esbarrava demonstravam descontentamento. Uma pessoa gritou:
— Ei, cuidado! — e outra advertiu: — Olha por onde anda, barril!
Finalmente chegando à frente da multidão, ela gritou com uma voz desesperada e coberta de suor:
— Jorge, meu amor! Cadê você?
De imediato, Damon parou a moto e ergueu a mão como sinal para que todos atrás dele também parassem. Ele desceu da moto e caminhou até a mulher, que ao vê-lo se aproximar ficou apreensiva.
Parado diante dela, que o olhava com um olhar sensível, Damon disse friamente:
— Ele morreu. Morreu fugindo dos deveres.
A multidão ficou em silêncio, trocando cochichos sobre a covardia do homem morto.
A mulher ficou atônita. Ela se recusou a acreditar no que ele havia dito.
— Você está brincando, não é? — disse ela com um sorriso nervoso. — Sim, com certeza você está brincando. Vamos lá, apareça querido! Eu sei que você está aí; apareça logo e pare com essas brincadeiras. — tentou olhar por trás de Damon, procurando Jorge desesperadamente.
Damon manteve um olhar frio sobre ela. A mulher paralisou por um instante; as lágrimas estavam prestes a escorrer pelo seu rosto.
Antes que isso acontecesse, Damon se aproximou dela e cochichou algo em seu ouvido. As palavras fizeram seus olhos se arregalarem ao máximo enquanto as lágrimas finalmente escorriam pelo seu rosto. Damon se afastou e voltou para sua moto junto da tropa de exploração, sorrindo novamente.
As pessoas voltaram a gritar comemorações como se a morte do homem não significasse nada para elas.
Conforme Damon e seus homens seguiram pela multidão comemorativa ao redor deles, a mulher ficou para trás, abalada e com os olhos trêmulos de desespero.
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Toda a multidão se dissipou, e a tropa de exploração deixou seus veículos na área de armazenamento, onde eram guardados alimentos, remédios e outros suprimentos. Eles permitiram que as pessoas desse setor descarregassem e organizassem os itens adquiridos.
Damon desceu de sua moto e encostou nela, observando o pessoal do setor de armazenamento carregando os suprimentos. Ele tirou um óculos escuro do bolso, juntamente com um maço de cigarros. Ao abrir o maço, percebeu que só restava um cigarro. Estalou a língua, expressando seu desgosto.
— Merda. — disse Damon, infeliz, enquanto acendia seu último cigarro.
Um jovem se aproximou de Damon, mas antes que pudesse dizer algo, Damon se levantou e entregou a chave da moto ao garoto.
— Leve-a para a oficina. E se você ver a Feh, avise que eu preciso falar com ela com urgência. — disse Damon com um olhar sério. Em seguida, ele se afastou e jogou o cigarro já gasto no chão, pisando em cima dele.
Com Damon já longe, o jovem ficou confuso e se perguntou:
— Mas quem é Feh?
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A oficina era enorme, repleta de diversos veículos: carros, caminhonetes e caminhões. A maioria estava estacionada, enquanto outros estavam sendo consertados e aprimorados, com placas e grades sendo instaladas.
Entre os mecânicos em atividade, estava uma mulher com o rosto coberto de óleo e braços robustos. Ela se concentrava em consertar o motor de um carro por baixo dele.
Damon entrou na área da oficina, sua expressão já melhorada, e até mesmo cumprimentou os mecânicos à distância com um sorriso no rosto. No entanto, eles não demonstraram uma resposta positiva; ao invés disso, olharam para ele com desdém, sem dizer uma palavra. Damon, tentando manter o bom humor, comentou alegremente em tom de brincadeira:
— Nossa! Eu sei que vocês me adoram, mas não precisam me encarar tanto assim. Desse jeito fico até envergonhado. — ele sorriu e fez sinal de paz com as duas mãos para todos enquanto se aproximava do carro que a mulher estava consertando.
Antes que Damon pudesse dizer algo mais, foi interrompido pela mulher:
— Eu já te avisei para não vir aqui! — disse ela de forma direta.
Damon, ainda sorrindo, respondeu:
— Ora, não acho que você deva falar assim comigo, não é mesmo, chefinha Feh?
Ela não era apenas uma mecânica; Feh, mais conhecida como Fernanda, era a líder de todo aquele acampamento. Com um olhar firme, ela saiu debaixo do carro e encarou Damon, sua expressão carregada de determinação.
— Não vou querer discutir. Agora, me diga o que você descobriu! — disse ela com a voz autoritária que sempre impunha respeito.
Damon, mantendo um sorriso descontraído, respondeu:
— Bom, já que a recepção aqui não é das melhores, talvez seja mais produtivo conversarmos no seu escritório, não acha?
Fernanda lançou um olhar ao redor; os mecânicos observavam atentamente, curiosos sobre a interação dos dois.
— Certo, vamos. E espero que o que você tem a dizer seja tão importante quanto parece. — disse Fernanda começando a caminhar em direção à saída da área mecânica, com Damon logo atrás.
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