No topo do prédio, Carlos aguardava pacientemente a chegada de sua carona. 

    Um ruído alto ecoou nos céus, lembrando o som de um exército em marcha. De repente, um helicóptero emergiu das nuvens e avançou em direção ao edifício. Com precisão, uma escada de corda foi lançada para que ele pudesse subir.

    Ao alcançar o helicóptero, um homem com uma máscara de pano agarrou sua mão e o ajudou a entrar na aeronave, selando assim sua fuga do perigo iminente.

    — Dia complicado, não é, cara? — gritou o homem.

    — Nem me fale! — respondeu Carlos.

    Exausto, Carlos sentou-se em um banco enquanto o homem recolhia a escada de corda e o helicóptero decolava.

    A muitos quilômetros dali, horas antes dos eventos anteriores…

    O lugar para onde Carlos estava indo era o 𝙊 𝘼𝙘𝙖𝙢𝙥𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤, nome dado pelos sobreviventes a uma pequena cidade octogonal que inicialmente estava infestada de mortos-vivos, mas após esforços de uma certa pessoa, que unificou diversos sobreviventes, conseguiram tomar o lugar e formar uma zona livre de mortos-vivos.

    A cidade foi cercada com três enormes grades, com caminhos entre elas onde pessoas armadas patrulhavam e mantinham os mortos-vivos afastados. Torres de vigia foram instaladas em cada ponta da cidade. Havia diversos setores onde as pessoas se reuniam: um para tratamento de feridos, outro para alimentação e vários outros. Bem no centro, havia uma pequena praça com sinos grandes o suficiente para que toda a cidade ouvisse.

    Os sinos estavam tocando, anunciando a chegada da tropa de exploração, uma unidade encarregada de buscar suprimentos para todos na cidade. Em frente aos portões, onde a tropa aguardava para ser recebida, um homem que estava em uma das torres gritou para os que estavam embaixo:

    — Abram os portões!

    Imediatamente, pessoas correram para abrir os portões. Assim que os três portões foram abertos, a tropa de exploração começou a entrar.

    Eles vinham com caminhões cheios de suprimentos, acompanhados por caminhonetes com placas soldadas e grades nas janelas e no para-brisa, reforçando a segurança dos veículos. Em cima das caminhonetes, estavam pessoas fortemente armadas.

    À frente de todos, montado em uma Harley Davidson, estava Damon, o líder da tropa.

    A tropa de exploração entrava devagar enquanto as pessoas ao redor comemoravam seu retorno. Os membros da tropa estavam tão alegres quanto os civis; alguns até levantavam os braços em sinal de vitória enquanto riam. 

    Damon sorriu de canto a canto e acenava para todos.

    Enquanto todos celebravam, uma mulher se espremeu entre os demais na tentativa de se aproximar. Aqueles que ela esbarrava demonstravam descontentamento. Uma pessoa gritou:

    — Ei, cuidado! — e outra advertiu: — Olha por onde anda, barril!

    Finalmente chegando à frente da multidão, ela gritou com uma voz desesperada e coberta de suor:

    — Jorge, meu amor! Cadê você?

    De imediato, Damon parou a moto e ergueu a mão como sinal para que todos atrás dele também parassem. Ele desceu da moto e caminhou até a mulher, que ao vê-lo se aproximar ficou apreensiva.

    Parado diante dela, que o olhava com um olhar sensível, Damon disse friamente:

    — Ele morreu. Morreu fugindo dos deveres.

    A multidão ficou em silêncio, trocando cochichos sobre a covardia do homem morto.

    A mulher ficou atônita. Ela se recusou a acreditar no que ele havia dito.

    — Você está brincando, não é? — disse ela com um sorriso nervoso. — Sim, com certeza você está brincando. Vamos lá, apareça querido! Eu sei que você está aí; apareça logo e pare com essas brincadeiras. — tentou olhar por trás de Damon, procurando Jorge desesperadamente.

    Damon manteve um olhar frio sobre ela. A mulher paralisou por um instante; as lágrimas estavam prestes a escorrer pelo seu rosto.

    Antes que isso acontecesse, Damon se aproximou dela e cochichou algo em seu ouvido. As palavras fizeram seus olhos se arregalarem ao máximo enquanto as lágrimas finalmente escorriam pelo seu rosto. Damon se afastou e voltou para sua moto junto da tropa de exploração, sorrindo novamente.

    As pessoas voltaram a gritar comemorações como se a morte do homem não significasse nada para elas. 

    Conforme Damon e seus homens seguiram pela multidão comemorativa ao redor deles, a mulher ficou para trás, abalada e com os olhos trêmulos de desespero.

    ✥—————✥—————✥

    Toda a multidão se dissipou, e a tropa de exploração deixou seus veículos na área de armazenamento, onde eram guardados alimentos, remédios e outros suprimentos. Eles permitiram que as pessoas desse setor descarregassem e organizassem os itens adquiridos.

    Damon desceu de sua moto e encostou nela, observando o pessoal do setor de armazenamento carregando os suprimentos. Ele tirou um óculos escuro do bolso, juntamente com um maço de cigarros. Ao abrir o maço, percebeu que só restava um cigarro. Estalou a língua, expressando seu desgosto.

    — Merda. — disse Damon, infeliz, enquanto acendia seu último cigarro.

    Um jovem se aproximou de Damon, mas antes que pudesse dizer algo, Damon se levantou e entregou a chave da moto ao garoto.

    — Leve-a para a oficina. E se você ver a Feh, avise que eu preciso falar com ela com urgência. — disse Damon com um olhar sério. Em seguida, ele se afastou e jogou o cigarro já gasto no chão, pisando em cima dele.

    Com Damon já longe, o jovem ficou confuso e se perguntou:

    — Mas quem é Feh?

    ✥—————✥—————✥

    A oficina era enorme, repleta de diversos veículos: carros, caminhonetes e caminhões. A maioria estava estacionada, enquanto outros estavam sendo consertados e aprimorados, com placas e grades sendo instaladas. 

    Entre os mecânicos em atividade, estava uma mulher com o rosto coberto de óleo e braços robustos. Ela se concentrava em consertar o motor de um carro por baixo dele.

    Damon entrou na área da oficina, sua expressão já melhorada, e até mesmo cumprimentou os mecânicos à distância com um sorriso no rosto. No entanto, eles não demonstraram uma resposta positiva; ao invés disso, olharam para ele com desdém, sem dizer uma palavra. Damon, tentando manter o bom humor, comentou alegremente em tom de brincadeira:

    — Nossa! Eu sei que vocês me adoram, mas não precisam me encarar tanto assim. Desse jeito fico até envergonhado. — ele sorriu e fez sinal de paz com as duas mãos para todos enquanto se aproximava do carro que a mulher estava consertando.

    Antes que Damon pudesse dizer algo mais, foi interrompido pela mulher:

    — Eu já te avisei para não vir aqui! — disse ela de forma direta.

    Damon, ainda sorrindo, respondeu:

    — Ora, não acho que você deva falar assim comigo, não é mesmo, chefinha Feh?

    Ela não era apenas uma mecânica; Feh, mais conhecida como Fernanda, era a líder de todo aquele acampamento. Com um olhar firme, ela saiu debaixo do carro e encarou Damon, sua expressão carregada de determinação.

    — Não vou querer discutir. Agora, me diga o que você descobriu! — disse ela com a voz autoritária que sempre impunha respeito.

    Damon, mantendo um sorriso descontraído, respondeu:

    — Bom, já que a recepção aqui não é das melhores, talvez seja mais produtivo conversarmos no seu escritório, não acha?

    Fernanda lançou um olhar ao redor; os mecânicos observavam atentamente, curiosos sobre a interação dos dois.

    — Certo, vamos. E espero que o que você tem a dizer seja tão importante quanto parece. — disse Fernanda começando a caminhar em direção à saída da área mecânica, com Damon logo atrás.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota