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    ALVO PRIMEIRO

    Trouxeram Mendir para o vestiário após sua derrota. Ele foi conduzido em uma maca improvisada com panos de estopa. Eu e Pírio éramos os únicos que ainda usavam o vestiário, já que todos os outros integrantes da nossa equipe haviam perdido nas modalidades que participaram.

    Sentado em uma banco no fundo da sala, Ujikar, nosso treinador, aguardava o retorno de Mendir. Seus braços estavam cruzados, e sua expressão tensa. Percebi agora que ele não falou comigo desde o momento em que revelei minha identidade ao público.

    — Olá, treinador. Está feliz com os resultados da competição até aqui?

    Silêncio.

    Após os ajudantes do torneio deixarem Mendir ao lado da porta, e saírem, Pírio tentou quebrar o gelo com nosso treinador.

    — Algum problema, senhor Ujikar? Não está animado com a classificação de Valen, digo, com a classificação de Alvo para a final do torneio?

    Um instante de silêncio e ele disse:

    — Sabe… Eu já me senti traído algumas vezes na vida. Em todas elas a sensação tinha sido horrível, mas esta foi a pior, pois doeu no meu bolso… — Ujikar ignorou Pírio completamente.

    — Do que está falando? — Perguntei.

    — Não se faça desentendido, “Valen”. Sabe quanto dinheiro deixei de ganhar? Eu receberia parte das apostas das suas lutas. Quando mostrou a todos que é o escolhido, a casa de apostas não aceitou que suas lutas tivessem apostas, pois estava claro que o escolhido venceria…

    — Ah, sobre isso… Poderia me perdoar? Para começo de conversa a ideia foi de Pío. E esse nem é o nome verdadeiro dele. É Pírio.

    — Ei! — Pírio ficou consternado com a minha revelação.

    — Não importa agora. Perdi, pelo menos, três mil moedas de ouro com isso. Obrigado, “escolhido”.

    — Façamos o seguinte: como o prêmio do primeiro lugar é a armadura mais dinheiro, caso eu vença, fico apenas com a armadura e o dinheiro dou para você. Que tal?

    Sem um segundo de ponderação, Ujikar respondeu:

    — Ah, se é assim, tudo bem!

    Ele levantou do banco, veio em minha direção com um sorriso no rosto, apertou minha mão, e se dirigiu a porta. Mendir estava no mesmo lugar desde o início da cena. Como se um bicho tivesse picado nosso treinador, ele percebeu nesse momento que o rapaz estava desmaiado.

    Pelos céus, esqueci do tratamento dele.

    — Tudo bem, eu posso ajudar.

    Pírio se ajoelhou ao lado de Mendir e estendeu suas mãos perto do rosto do rapaz. Uma luz esverdeada brilhou, e logo aquele rosto machucado começou a desinchar. Antes parecia que ele era um esquilo-saltador, escondendo a comida em sua bochecha direita. Agora já tinha um semblante mais humano e menos machucado.

    — Pois bem, tenham um bom resto de dia — Ujikar saiu do recinto cantarolando de felicidade.

    — Tem certeza disso? Você abriu mão de um bom dinheiro — Pírio comentou.

    — Tudo bem. Listro fez um bom trabalho e lucrou muito mais que o prêmio para nós durante estes dias de competição.

    Pírio deu de ombros e se aproximou de Mendir. Ele olhou nosso companheiro de equipe desmaiado, antes de dar um chute fraco em seu braço. O rapaz deu um pequeno gemido e falou, ainda de olhos fechados:

    — Só mais meio ciclo e eu levanto, mãe…

    Eu e Pírio nos entreolhamos e começamos a gargalhar. O barulho de nossas risadas despertou Mendir, que se levantou espantosamente rápido para alguém em suas condições.

    — Do que estão rindo, vocês dois?

    — Você não falou para sua mãe que iria dormir mais meio ciclo? Pois bem, volte a dormir. — Pírio caçoou.

    — Como assim? — Entendendo o que aconteceu, Mendir enrubesceu. Seu rosto começou a se contorcer pela raiva.

    — Está melhor? Te acertei um pouco mais forte do que pretendia.

    Ele me encarou com confusão no olhar, como se o que eu disse não tivesse feito sentido algum. Antes que eu precisasse explicar, Mendir percebeu que ele havia perdido a luta, e que já estava no vestiário.

    — Eu perdi? Como? Eu até usei…

    — Isto? — Peguei de meu bolso o diamante que estava na lança de Mendir. O formato da pedra era completamente irregular, mantendo apenas a forma cônica como um padrão.

    — É… Isso — ele pareceu mais envergonhado agora do que quando fizemos piada às suas custas.

    — Feito impressionante, criar isso no meio da batalha. Minha aura não teria muitas chances contra um golpe direto de uma lança com ponta diamante. Deveria ter usado esta estratégia mais cedo, não que fizesse muita diferença…

    Ele se levantou. Com um movimento rápido, Mendir fez com que o pedaço de diamante em minhas mãos fosse em sua direção. Ele segurou o mineral entre os dedos e falou enquanto inspecionava o objeto:

    — Era para ser minha última cartada, mas demorei muito para agir. Você me obrigou a ficar longe do chão tempo demais, espertinho… Enfim, perdi de maneira esmagadora. Devo partir agora.

    — Não tão rápido! — De trás da porta do vestiário, ouvimos a voz de Listro antes dela entrar no recinto.

    — Trouxe as cordas que você pediu, Valen — Tobin falou assim que entrou.

    — Ótimo, vamos começar o interrogatório.

    — O que? Do que estão falando? Alvo, me solte!

    Quando Mendir ficou de costas para mim, olhando em direção a porta, o segurei pelos braços e obriguei ele a sentar em uma cadeira próxima.

    — Fique calmo, só queremos informações. Se você não cooperar, vamos amarrá-lo, e ter as informações de qualquer forma. O que vai ser, do jeito fácil ou do difícil?

    — Interrogar? O que estão falando? Isso é um ultraje!

    — Acalme-se, Alvo só está fazendo isso para te intimidar, não faremos nada de ruim contra você — Listro tentou apaziguar os ânimos do rapaz.

    — Ahhhhh, eu queria atazanar ele mais um tempo. Precisava ser uma “estraga prazeres”, Listro? — Pírio pareceu bastante aborrecido.

    — Que tipo de brincadeira de mau gosto é essa? Alguém me explique, já!

    Me afastei de Mendir. Assim ele teria espaço e não se sentiria pressionado. Então falei:

    — Precisamos confirmar com você uma coisa…

    — E o que seria? — Ele perguntou de imediato.

    — Você sonhou com alguma coisa estranha ontem a noite? Algo que tenha a ver com a cor roxa?

    Ele ficou pálido. Depois de quase gaguejar, ele começou a falar:

    — Como sabem disso? Vocês são bruxos?

    — Hahahahahahahaha, que tipo de conclusão idiota é essa? Bruxas não existem! — Falou Pírio, em tom de deboche. Listro pareceu ter achado engraçado, mas segurou o riso.

    — Não somos bruxos… E sobre seu sonho, foi um palpite. Algo parecido aconteceu comigo e com Tobin.

    Antes que Mendir perguntasse quem era Tobin, ele levantou a mão.

    — Tobin sou eu.

    — Os padrões são: sonhos meio abstratos, com uma cor predominante ao redor, Acordar com mau estar, vômito de cor específica…

    — Espera um pouco. Você vomitou um líquido azul na sua luta contra aquela mulher que controlava fogo…

    — Sim… Então, devemos entender que o mesmo aconteceu com você, e teve um sonho com a cor roxa?

    — Tive.

    — Agora precisamos encaixar as peças desse quebra-cabeças. Não quis alarmar você, Alvo, pois era uma luta importante. Eu também tive um sonho, mas com a cor amarela esta noite. No sonho três pessoas oravam por mim — Listro adicionou mais uma informação à conversa.

    — Devia ter contado antes, Li.

    — Isso só atrapalharia você. Estou dando a informação no momento que achei pertinente.

    — Pessoal, não acham um pouco arriscado dizer isso tudo com Mendir aqui? — Tobin nos advertiu.

    — O que me diz, Mendir, é um problema dividirmos informações com você, ou terei que agir da “maneira difícil”? — Tentei parecer ameaçador, enquanto dava pequenos socos na minha mão esquerda.

    — Vamos parar de nos ameaçar, por um momento? Mendir está no mesmo barco que nós, Tobin. Qualquer informação que ele possa nos fornecer é bem-vinda — Listro interveio novamente.

    — Seu grupinho tem alguma ideia do que isso possa significar? Esses sonhos sem sentido devem ser mais que sonhos… Podem ser um jeito dos deuses-

    — É a única conclusão em que chegamos, que os deuses estão se comunicando conosco… Nos conte sobre seu sonho. Talvez isso nos ajude a entender melhor a situação — pedi a ele.

    — Não tem muito o que falar. Eu estava coexistindo com um mundo de cor roxa. Tudo era roxo e mais nada. Pareceu-me que o sonho durou séculos. Então acordei.

    — Estranho, no sonho de Tobin parecia que muitas pessoas oravam por ele. Já no sonho do Alvo, apenas uma pessoa orou. O que isso significa? — Listro martelava a cabeça com sua mão, tentando formular alguma teoria que encaixasse toda essa informação.

    — Não vamos perder todo nosso tempo com isso. Se for algum deus falando conosco, saberemos na horas certa — Pírio comentou.

    — Você por um acaso teve um sonho desses, Pío?

    — Meu nome verdadeiro é Pírio. E não, não tive sonho algum.

    — Então não se intrometa, dizendo para pararmos de “perder tempo” com isso.

    Suspirei bem fundo e fechei os olhos. Aquela relação de animosidade precisava parar.

    — Pírio, Mendir, parem de agir feito crianças. Se qualquer um de vocês voltar a destratar o outro, eu juro que vou afundar o crânio de ambos com uma porrada. Se precisar eu faço um juramento do deus azul para garantir isso.

    Nenhum deles respondeu.

    — Por enquanto vamos voltar à estalagem. Mendir, fique um pouco com nosso grupo. Precisamos descobrir mais sobre esses sonhos.

    Ele ponderou um pouco e se rendeu.

    — Tudo bem, mas só até entendermos melhor esse fenômeno. Depois sigo meu caminho.

    Ele se levantou e nos preparamos para sair do vestiário. Neste momento eu e Mendir paramos devido a pressão no ar que sentimos. Tobins ficou tenso. Alguém muito poderoso se aproximava. Não estava muito longe da porta.

    — Alvo… — Mendir tentou me alertar.

    — Eu sei. Sinto mana assim como você.

    Meus amigos pararam também. Percebendo minha tensão, Pírio, Listro e Tobin ficaram atrás de mim.

    A porta abriu. Atrás dela estava Ven’e, o escolhido dos anões. Ele falou:

    — Aqui está você, Alvo! Preciso falar a sós contigo.


    Segui Ven’e pelos corredores abarrotados de pessoas que trabalhavam nos bastidores da competição. Ele não falou nada até chegarmos em uma porta um pouco mais ornamentada que as demais. Imaginei que ali fosse onde os anões se instalavam durante as competições.

    — Entre, por favor — Ven’e pediu.

    — Com licença…

    Ao abrir a porta me deparei com almofadas por todo canto, lustres bonitos e uma lareira de pedra ao fundo. Senti um pouco de vergonha por meu vestiário ser tão simples, mas isso não importava no fim das contas.

    O local não tinha nenhum ocupante no momento. Esperei que Ven’e entrasse para começar a falar. Ele fechou a porta atrás de si.

    — O que quer comigo-

    Antes de terminar minha frase, ele fez um movimento de socar os próprios punhos. Senti mana ao redor do vestiário se movendo. Não era nada que pudesse me alarmar. Antes que eu perguntasse o que ele havia feito, Ven’e explicou:

    — Selei este local com uma camada grossa de pedra. Assim poderemos conversar sem preocupação de sermos ouvidos.

    — E qual seria o assunto?

    Ven’e sentou-se em uma das almofadas grandes no chão. Não havia móveis convencionais no recinto, como sofás ou mesas. O mais próximo de um móvel no local eram pequenas bancadas na altura dos meus calcanhares, usadas para apoiar taças e algumas garrafas cheias de rum. Segui o exemplo do anão e me sentei em uma almofada à sua frente, mas não muito próximo.

    — O assunto é a armadura. Como posso dizer… Nos arrependemos de termos oferecido ela como prêmio.

    — Ah, isso… Se não queriam dá-la, porque ofereceram para começo de conversa?

    — A armadura é minha. Eu ofereci como prêmio adicional por vontade própria. Os meus “cuidadores” quase me mataram quando descobriram que fiz isso. Sabe, para um anão sua palavra vale mais do que ferridium puro… — Ele respirou fundo. — Então, manter a armadura como prêmio, mesmo sendo contra o que meus tutores querem, se tornou mandatório. Preciso manter o que eu disse. Não quer dizer que estão felizes com isso…

    — Entendi, você fez uma burrada gigante e está querendo corrigir.

    — Precisamente.

    Fiz uma breve pausa para entender a situação e falei:

    — Por que adicionou a armadura como prêmio? Você só tinha a perder com isso.

    — Não é tão simples assim, Alvo. Eu só queria aumentar as chances de encontrar uma pessoa…

    — E quem seria?

    — Isso é segredo.

    Levantei uma das sobrancelhas e encarei o anão por um tempo.

    — O problema é que não estou disposto a ceder a armadura caso eu vença a última luta. É um prêmio justo por ter derrotado o “grande” escolhido dos anões — cruzei os braços e fechei os olhos, mostrando minha irredutividade.

    — Há, há, há, muito engraçado… — Ele riu forçadamente. — Imaginei que não cederia. Então vim com uma proposta tentadora. Cem mil moedas de ouro pela armadura. Que tal?

    A proposta me pegou de surpresa. O valor era vinte vezes maior que o prêmio para o vencedor do torneio. Com isso eu poderia dar uma vida confortável para mim, Listro, sua mãe e Pírio. Até sobraria um punhado para enviar Tobin de volta para a floresta. Brincadeira, eu não faria isso com o garoto… Ou faria?

    Ponderei pelo o que pareceu um ciclo até Ven’e me tirar de meu transe.

    — O que me diz? Negócio fechado?

    — Posso discutir isso com meus companheiros? Somos um time, não posso tomar uma decisão como essa do nada.

    — Tudo bem. Mas me dê um retorno até amanhã cedo, para que tenha tempo de preparar o dinheiro.

    — Tudo bem.

    Nos levantamos. Ven’e estava se preparando para desfazer a magia que nos selava dentro de seu vestiário. O impedi levantando minha mão direita. Ele fez uma expressão de confusão e falei:

    — Você está bem mais fraco do que no dia em que nos enfrentamos. Dá para sentir que sua aura está mais fraca… Quando se aproximou do meu vestiário imaginei que fosse um inimigo poderoso à espreita, mas era apenas você, com uma aura mais limitada. O que aconteceu?

    — Obrigado por dizer que não sou uma ameaça para você, Alvo. Mas não se preocupe, não é grande coisa. Não vou te incomodar com isso.

    — Eu insisto… O que aconteceu?

    Ele deu uma bufada longa e sentou-se novamente em sua almofada.

    — Tudo bem, vou contar. Sei que vai rir da minha cara, mas o que tenho a perder, não é mesmo? Preciso da sua ajuda com a armadura, então já estou em posição de submissão…

    Me sentei novamente, atento ao anão. Ele começou a falar.

    — Nessa noite tive um sonho estranho… Sabe, parecia que eu era uma montanha. Enorme e imponente-

    Dei gargalhadas quando ele disse que era “enorme”.

    — Vai continuar com gracinha?

    Obviamente a “piada” só teve graça para mim.

    — Me desculpe. Erro meu. Continue, por favor.

    — Ahem. Onde eu estava..? Ah, sim, eu era uma montanha. Mas eu era uma montanha diferente. Era toda avermelhada, e sem minérios preciosos dentro de mim. O que não faz sentido, já que até o menor dos morros esconde algum tipo de riqueza.

    — Espere um momento, até você teve um sonho estranho? Agora vai me dizer que acordou mal e indisposto, como se fosse vomitar a qualquer momento?

    — É, como sabe disso? Está me espionando, humano?

    — Não tenho a intenção de espionar vossa santidade. É que isso… — Não sabia se eu contava a ele sobre eu e meus amigos terem sonhos estranhos. Tecnicamente ele não era um aliado, então não queria dar muitas informações para ele.

    Percebendo que eu não finalizei o meu raciocínio, Ven’e interveio:

    — Vai mesmo esconder algo de mim pois não sou um dos seus amiguinhos? — Ele pareceu irritado por trás da barba volumosa.

    — Acho que não será um problema contar isso para você. Eu e meus amigos tivemos sonhos parecidos com esse.

    — Até parece…

    — Bem, não eram exatamente iguais. Eu sonhei que eu era e vivia em um mundo azul, minha amiga sentiu o mesmo, mas com a cor amarela, um outro sonhou com a cor roxa e por último, meu escudeiro, sonhou com a cor cinza. Igual a você, todos nós passamos mal no dia seguinte aos sonhos. Não sei se lembra, mas o rapaz que acabei de derrotar vomitou um líquido roxo, antes que eu o desmaiasse.

    — Isso é um péssimo presságio! — Ven’e ficou pálido com o que eu falei. — Eu até havia pensado que o que tinha acontecido comigo era apenas um sonho ruim, mas a verdade é que estamos condenados!


    Entrei em meu vestiário, completamente afoito. Se o que Ven’e me disse era verdade, minha paz havia acabado.

    Meus companheiros estavam me esperando sentados. Todos com confusão no olhar, já que eu ofegava bastante e provavelmente não estava com a melhor das expressões no rosto.

    — O que foi, Alvo? Viu um fantasma? — Pírio perguntou.

    — Fantasma? Onde? — Tobin começou a se apavorar.

    — Pare de falar besteiras, Pírio. O que houve, Alvo? — Listro falou.

    Mendir optou por esperar que eu falasse. Parte de mim sabia que ele não se importava muito comigo, então a reação quase neutra dele não me espantou.

    — Queria muito que fosse só um fantasma. Sobre nossos sonhos estranhos, parece que consegui uma pista. Venham comigo, rápido!

    Apenas Mendir não ficou de pé quando entrei. Logo ele se levantou e seguiu meu grupo.

    Andei pelos corredores, voltando até o vestiário de Ven’e. Alguma competição havia acabado de terminar, pois a equipe dos bastidores estava muito agitada e o público aplaudia, gritava ou vaiava acima de nós.

    — O que quis dizer com “preferia que tivesse visto um fantasma”? — Listro perguntou logo atrás de mim. Não respondi de imediato. Andei mais alguns passos e disse:

    — Aguarde até chegarmos, por favor.

    Abri a porta do vestiário dos anões. Dessa vez, além de Ven’e, outros três anões estavam no recinto. Dois deles estavam sentados de pernas cruzadas e com os olhos fechados, como se meditassem. O terceiro, sentado mais ao centro, fumava um cachimbo de madeira, que empesteava o recinto com um cheiro fétido de tabaco.

    Identifiquei este como sendo o anão que repreendeu Ven’e, logo após o escolhido dos anões ter perdido para mim. Se não me engano o nome dele era…

    — Ancião Borgu, este é Alvo e seus amigos.

    O velhote deu uma tragada forte em seu cachimbo, soltou fumaça em direção ao teto e falou:

    — Então são estes os “marcados pelos deuses”?


    “Você é mole demais, velhote. Não pense que serei como você só por ser seu filho… Me tornarei alguém muito maior do que possa imaginar!”

    Cádimo Sote

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