Capítulo 39 - A melhor maneira de ficar tonto
ALVO PRIMEIRO
— “Marcados pelos deuses”? Isso é algum tipo de doença? Eu vou morrer com tinta colorida saindo dos “meus buracos” se continuar andando com vocês? — Pírio tentou brincar com o assunto, mas ninguém, além dele, achou graça. — Plateia difícil… Vou sentar aqui e ficar quieto.
Os anões fecharam a cara, irritados com ele.
— Desculpe meu cocheiro… Ele nasceu com algumas debilidades cognitivas, e não sabe ler o clima do recinto — Pírio murchou. Nem tentou protestar sobre minha fala.
— Que não se repita! — O mais velho dos anões resmungou de braços cruzados.
— Por favor, continue. O que significa “ser marcado por um deus”? — Listro solicitou, quase como uma súplica.
— Se querem algo de anões, espero que estejam dispostos a pagar por isso! — Falou o anão à esquerda. Ele nos perfurou com o olhar, tentando demonstrar superioridade.
— Ven’e… Não foi esse o combinado. Se isso é tão importante para todos nós quanto você deu a entender, não vou pagar pela informação.
— Chefe, não seja sovina. Eu também fui marcado. Eles precisam saber! — Ven’e tentou intervir.
— Não existe a possibilidade de darmos algo de graça para esse aí… — Falou o terceiro ancião, a direita.
Pensei um pouco e olhei para Ven’e, que parecia desconcertado com a situação.
— Pois bem, vou procurar informações em outro lugar, se é assim que desejam…
Fiz sinal para Pírio se levantar e abri a porta para meus amigos saírem.
— Se dermos todas as informações sobre esse assunto, você aceita a proposta que fiz pela armadura? — Ven’e estava aflito com minha menção de sair.
A proposta a que ele se referia nem tive tempo de pensar sobre. Cem mil moedas de ouro pela armadura, que nem ganhei ainda… Seria burrice não aceitar.
Parei antes de passar pela porta e dei meia volta.
— Temos um acordo então. Deixo que fiquem com a armadura em troca de informações e um punhado de ouro que Ven’e ofereceu.
Borgu, o anão mais velho no recinto, tragou seu cachimbo mais uma vez e soprou a fumaça fétida em direção de Ven’e. Seu cenho enrugado de raiva.
— Quanto seria o “punhado” de ouro que este humano se refere? Tentou comprar de volta a armadura, moleque?
— Claro, o senhor esperava que eu entregasse para ele um item tão poderoso? Todos aqui viram do que ele é capaz… Alvo com a armadura seria imbatível!
O ancião da esquerda forçou uma tosse e repreendeu Ven’e:
— Não discuta informações sensíveis com o inimigo em sua presença, garoto tolo…
— Ninguém aqui é inimigo, senhor! — Listro falou por mim.
O velhote olhou em sua direção, como se uma avalanche estivesse prestes a cair sobre minha amiga.
— E quem é você para decidir isso, menina? Não é por que somos neutros com os humanos que isso nos torna “amiguinhos”.
— Mil perdões. Espero manter a cordialidade entre nossas raças. Desculpe a intromissão — Listro se curvou, fazendo uma reverência, mostrando um respeito que eu jamais conseguiria reproduzir para com um anão.
Esta ação pegou os três anciãos de surpresa, já que dois deles bufaram em aprovação. Ven’e nos olhou como se dissesse: “Provavelmente é o melhor que vamos conseguir deles por enquanto”.
— Não ache que esqueci do que perguntei para você, Ven’e. Quanto prometeu a este humano? — O idoso se irritava cada vez mais.
-…em mil… — A voz grossa de Ven’e parecia mais um cochicho abafado.
— Não ouvi direito. Mil moedas de ouro? — O ancião insistiu, parecendo mais aliviado pelo valor baixo que ouviu.
— Um pouco mais…
— Pare de rodeios! Quanto?
Vendo Ven’e todo acuado, intervim:
— Dez mil. Ele me ofereceu apenas dez mil moedas de ouro pela armadura. Como eu disse anteriormente, aceito a proposta.
Meus amigos se entreolharam, não entendendo o motivo de eu estar ajudando Ven’e. Contei a eles sobre o valor oferecido por Ven’e, no caminho para cá.
O velho à direita deu um longo suspiro de alívio.
— Fico contente que vamos conseguir reparar a burrada de Ven’e com tão pouco.
Não sei o por quê fiz isso. Ver Ven’e todo acuado pelos velhotes fez meu estômago revirar, então o ajudei. Vendo a situação com mais atenção, foi uma boa ideia. Seria útil ter um escolhido me devendo favores.
— Com estes detalhes postos de lado, agora podem nos contar sobre o que significa ser “marcado por um deus”? — Listro colocou a conversa nos trilhos. Não sei o que faria sem ela.
— Sentem-se, todos! — O ancião Borgu solicitou, apontando para as almofadas distribuídas pelo recinto.
Eu, Listro, Tobin, Pírio e Mendir nos sentamos nas almofadas à direita. Ven’e sentou em uma almofada à esquerda.
— Vou começar perguntando: O que sabem sobre a “Reunião profética”?
Eu e meus amigos nos entreolhamos, todos com expressões de estranheza no rosto.
Respondi pelo grupo:
— Nunca ouvi algo do tipo.
O ancião da esquerda falou:
— A Reunião Profética é um acontecimento muito raro, que ocorreu pelo menos outras duas vezes. A última delas aconteceu há mais de mil verões.
O ancião à direita continuou:
— Quando alguém é marcado pelos deuses, seu destino fica entrelaçado com os demais que foram “marcados” também…
— Não acredito em destino! — Falei rápido e irritado, cortando a explicação dos anões.
— Estamos contando as histórias que tivemos acesso. Cabe a vocês decidirem o que vão fazer com essa informação — Borgu falou e deu mais uma tragada em seu cachimbo.
Listro me olhou irritada, como quem dissesse: “Cala boca e escute, seu boboca!”. Decidi ficar quieto. Ela falou:
— Nos perdoe, senhor… Continue, por favor!
Ele fechou os olhos, colocou o cachimbo em cima de uma das mesinha e continuou:
— Esse “entrelaçamento de destinos”, como também gosto de chamar, sempre trás grandes mudanças na sociedade de nosso planeta. A última Reunião uniu três escolhidos e mais um grupo de escudeiros contra um exército de Lizards que tentou acabar com os reinos humano, élfico e anão.
— Seus historiadores são muito bons para terem guardado toda essa informação por mais de mil verões… Como podem ter tanta certeza de que tudo isso é verdade?
— Temos nossos meios… — Falou Ven’e.
— Calado, garoto! — Borgu censurou seu escolhido, rispidamente.
Olhei para Ven’e e depois para o ancião. Eu precisava de mais para acreditar nessa história.
— Me contem quem ou quais são esses “meios” ou desfaço o trato com Ven’e e manterei a armadura!
— Seu mer-
Borgu iria me xingar, mas o ancião a sua direita colocou a mão em seu ombro antes que ele terminasse a frase.
— Será muito interessante ver Alvo poder lutar contra qualquer outro escolhido indiscriminadamente, apenas por que os anões “deixaram” ele ficar com a armadura… Isso é quase como entregar o continente nas mãos dos humanos, certo? — Listro tentou persuadir os anões. Ela, assim como eu, também queria saber mais sobre as fontes dos anões.
— Senhor Borgu, Senhor Tatin’u, Senhor Galagar, se não falarem para ele por vontade própria, eu mesmo o farei. Lembrem que minha vida… Não, a vida do escolhido dos anões depende disso. Sou um dos marcados. Tenho total interesse em me manter vivo depois de tudo se resolver!
Os velhotes estavam contra a parede. Suas expressões de raiva e descontentamento eram impagáveis. Pelo menos minha parceria com Ven’e já está se provando frutífera.
— Com quem pensa que está falando, moleque? — O ancião, que acredito se chamar Galagar, falou, irritado.
— O que o senhor vai fazer? Me arrastar a força para a montanha? O senhor e mais qual exército?
Os três ficaram vermelhos pela raiva. Mesmo nesta sala escura conseguimos ver isso. Eles cochicharam entre si, respiraram fundo, e Borgu falou:
— Pois bem, vamos contar sobre nossa fonte de informações. Ven’e, teremos uma conversa muito séria depois disso!
Eu e meu grupo nos endireitamos, prontos para receber as informações.
— Uma das Calamidades vive em nossas montanhas. Mesmo com ameaças não direi a exata localização, nem tentem… — Borgu antecipou meu pedido, negando antes que eu pudesse perguntar. — Esta calamidade é nossa aliada, até certo ponto. É um ser com muito tempo de vida, então “ela” consegue nos fornecer informações confiáveis sobre o passado.
— Mais uma calamidade entrando no meu caminho… — olhei para Tobin que até certo ponto conseguia controlar uma calamidade, o Mímico.
— Qual tipo de “ser” é esta calamidade? — Listro indagou.
— Não precisamos responder isso.
— Listro, minha querida amiga, conseguimos mais uma informação valiosa para os humanos. Agora sabemos que os anões podem ter uma arma secreta: Uma calamidade! Será essa a próxima calamidade que vou derrotar? — Falei o mais alto e claro que pude, para irritar os anões. Deu certo.
— Humano petulante! — Bufou Tatin’u.
— Estou brincando com vocês. Nem eu, nem a nação humana, buscamos inimizade com os anões. Pelo contrário, esperamos que nossa neutralidade evolua para uma aliança entre nossas raças.
Silêncio. Eles não pareciam acreditar, mas também não tentaram argumentar.
— Poderia continuar nos contando sobre o que significa ser “marcado por um deus”…
— Não “por um”, mas sim “pelos” deuses. Nunca foi observado apenas uma pessoa marcada. Este fenômeno sempre ocorreu com um grupo de pessoas de várias raças — Borgu olhou para todos de nosso grupo e continuou. — Por enquanto se manifestou em três humanos, num anão, e… Num elfo…
Congelei no lugar. Os anciãos olhavam para Tobin. Eles sabiam que meu escudeiro não era um humano.
— Como sabem que…
— Quantos anos acha que tenho? Eu reconheceria um elfo se passando por humano a quilômetros de distância, criança.
Tobin encolheu na almofada, fitando o chão, como se sua vida dependesse disso.
— Espero que não seja um problema… — Perguntei, pois sei da delicada relação entre as duas espécies.
— Momentos de desespero pedem medidas desesperadas. Mantenha o garoto quieto e não faremos nada sobre isso.
Ven’e, que agora havia prestado atenção no garoto, o olhou com uma expressão que mudava entre o espanto e o nojo. Isso me irritou um pouco.
— O que mais sabem sobre o assunto? — Mendir falou pela primeira vez desde que entramos, até levei um susto, pois não lembrava que ele estava ali.
Borgu respirou fundo, se arrumou em sua almofada e proferiu:
— É improvável que algum de vocês sobreviva.
De volta em meu vestiário, procurei algo que pudesse chutar. Uma cadeira velha, feita de madeira, foi o alvo da minha raiva.
— Eles fizeram todo aquele teatro para nos falar nada!? Como assim “improvável que sobrevivamos”? Que vontade de afundar o nariz daquele tal de Borgu com um murro…
— Não acho que eles estavam escondendo algo. Talvez só não tivessem tanta informação quanto pensávamos — Listro comentou.
— Se meu destino é morrer por causa de uma rixa entre deuses, que assim seja — Mendir comentou, após sentar do outro lado do recinto, em um dos bancos perto do canto.
— Não seja idiota! Não existe algo como “destino”. É tudo lorota para enganar gente desinformada — tentei rebater Mendir.
— Existindo ou não, parece que os padrões que definem se uma pessoa é “marcada” está em todos nós… Digo, menos no boboca do Pío.
— É Pírio. E boboca é essa sua cara de fuinha fedida — Mendir não respondeu a provocação de Pírio. Este continuou. — Eu estava começando a ficar triste por ter sido excluído desse grupinho colorido que vocês se tornaram. Se todos vocês vão morrer depois de algum acontecimento espetacular, e que envolve os deuses, fico contente por não fazer parte disso…
— E quem falou que você não faz parte disso? Não posso deixar que meu querido amigo morra “novamente”. Você não sai da minha vista, Pírio!
— Mas eu-
— Sem “mas”. Essa vai ser sua punição por ter feito todos acreditarem que você morreu. Será meu braço direito até o fim da sua vida!
Mendir, que estava sentado de braços cruzados, deu uma breve risada de escárnio e disse:
— Que romântico, vocês dois!
Pírio corou e fez menção de rebater, mas o ignorou. Fiz o mesmo.
— Listro, o que acha que devemos fazer depois do torneio? Marcados por deuses, ou não, precisamos de um objetivo depois daqui.
Ela ficou bastante pensativa depois que saímos do “vestiário” dos anões. Talvez já estivesse pensando no que fazer depois do torneio.
— Já cansou de brincar de aventureiro, e vai voltar às suas atribuições de escolhido dos humanos?
— Ai, isso doeu até em mim… — Pírio caçoou.
— Li… Por quê você veio até mim mesmo?
Olhei minha amiga com um pingo de desconfiança. Algo não se encaixava nisso. Eu a conhecia o suficiente para saber que sua pergunta podia esconder outras intenções.
— O que quer dizer com isso, Alvo?
— Tobin, se recorda se Listro nos contar o motivo de ter nos encontrado?
O menino pensou um pouco. Listro manteve a compostura.
— Não, Valen, ela não nos falou o motivo de ter nos achado, ou como achou…
— Listro, você está me acompanhando como parte de uma missão?
Ela não respondeu de imediato.
— E isso mudaria alguma coisa?
— Não exatamente… Estou tentando me afastar de toda essa loucura de guerras e monarcas. Se está aqui por causa de uma missão, quer dizer que parte dessa “loucura” que busco distância estava ao meu lado o tempo todo…
Ela suspirou fundo e falou:
— Eu viria mesmo que não me dessem esta missão. Mesmo sendo forte, sei que você precisa de apoio.
Desta vez fui eu quem suspirou antes de falar.
— No fundo eu sabia que esse era o motivo de estar aqui. Só ignorei o fato — peguei a cadeira que eu havia chutado a pouco, a pus de volta no lugar, e nela sentei. — Qual é a sua missão, exatamente?
— Te levar de volta o quanto antes…
— Só isso?
— Só isso.
— Fiquei com menos vontade de voltar, agora que sei… — Cruzei os braços e coloquei meus pés apoiados em outra cadeira à minha frente.
— Faça como quiser. Não vou te obrigar a voltar, ou algo assim…
— Até porque você não poderia fazer nada para me levar de volta — dei um risinho de escárnio.
Todos na sala ficaram em silêncio absoluto.
— Isso é um desafio? — Listro cruzou os braços também.
— E se for?
— Não estou entendendo nada — Tobin comentou.
— Alvo está dando uma de machão bobão, não ligue para ele — Listro brincou.
— Posso estar agindo com imaturidade, mas a verdade é uma só: não existe possibilidade de eu retornar com você tão cedo! Não por vontade própria…
— Tudo bem, Alvo. Você venceu! Ninguém aqui vai te obrigar a voltar para Porto-Norte — Listro levantou as mãos, como quem se rende.
Mendir pigarreou, chamando nossa atenção:
— Cansei disso… Vou dar uma volta. Sei onde estão hospedados. Ao anoitecer os encontro de novo.
Não protestei. Mendir saiu sem mais avisos.
— Uma coisa ele tem razão, isso foi bem cansativo… Quero um longo banho de banheira. Vou voltar à estalagem. Até mais tarde — Pírio saiu logo atrás de Mendir.
Eu, Tobin e Listro continuamos ali, em silêncio. Não demorou muito e Tobin falou:
— Já que estamos aqui, podemos continuar a aproveitar o resto do festival? Ainda existem outras modalidades acontecendo…
O garoto mal conseguia esconder sua excitação. Ele podia ser uma peça muito importante no tabuleiro mundial de disputas entre raças, mas ainda era uma criança. Não vi problema em deixá-lo se divertir.
— Pode ir, garoto. Não vá gastar tudo em bobagem! — Arremessei meu saco de moedas de ouro para ele.
— Nossa! Obrigado, Valen!
— É Alvo…
— Prefiro Valen… — Ele ignorou o que falei e guardou a bolsa de moedas enquanto saia.
Balancei a cabeça em desaprovação e Listro deu boas risadas com o ocorrido.
Percebi que era a primeira vez que ficava a sós com ela desde o acampamento montado, quando voltávamos da floresta élfica.
Ela não conseguiu sustentar meu olhar. Eu mesmo não consegui. Pigarreei bobamente e cocei minha cabeça. Não sabia o que falar com ela, ou se tínhamos algo sobre o que falar.
— Alvo, quer dar uma volta comigo? A não ser que tenha algo mais importante para fazer…
Ela fez o primeiro movimento.
— Ah, claro. Não tenho nada para fazer mesmo… — Que resposta mais idiota.
Devo admitir que um sentimento por Listro cresceu dentro de mim. Eu consigo entender que a amo muito mais do que amaria uma amiga. Ela era quase família, o que deixava qualquer sentimento além de amizade um pouco confuso… Isso não significa que não posso aproveitar bons momentos em um festival ao seu lado.
Os próximos ciclos foram divertidos. Ao redor do coliseu, erguido para as lutas, haviam dezenas de barracas com comidas, presentinhos e jogos feitos para arrancar dinheiro de desavisados.
Perambulamos por entre as barracas, raramente alguém me identificava. Nesses momentos fazia o possível para me desvencilhar da pequena multidão que se reunia, e logo estava de volta em meu pequeno encontro com Listro.
Entre comidas exóticas e jogos feitos para perdermos dinheiro, tentei voltar ao assunto mais urgente.
Enquanto arremessa argolas no topo de pinos impossíveis de serem acertados, sem olhar para listro, falei:
— Está preparada para morrer, Li?
Olhando para o pino que minha última argola arremessada errou, Listro me repreendeu:
— Não estrague o momento, Alvo.
— Você tem razão. Não tem porque pensar nisso tão cedo.
Listro bufou e revirou os olhos.
— Não, seu boboca. Não quero gastar minha única oportunidade de passar um tempo a sós com você falando sobre profecias ou mortes iminentes… Não podemos só aproveitar o momento juntos?
Ela me pegou desprevenido. Enrubesci. Me virei para esconder minha expressão abobalhada.
— Oh… Então o tão poderoso Alvo, O Brilhoso, tem sentimentos além de vontade de lutar e matar inocentes?
— Primeiro, é “Brilhante”, e segundo, não sei do que está falando… Vamos logo para a próxima barraca. Ali tem um doce que nunca provei.
— Sério? Vai bancar a “menina encabulada” e depois fingir que nada aconteceu aqui?
— O que quer ouvir de mim, Listro? Nunca gostei de ninguém antes. Como posso saber como reagir a isso?
Eu congelei. Ela também.
— Espere… Você… Gosta de mi-
— ALVO? GENTE, AQUI ESTÁ ALVO! PODERIA AUTOGRAFAR MINHAS VESTES? — Um rapaz me identificou e falou aos berros.
— É MESMO, ALVO ESTÁ AQUI — outro confirmou.
E com isso, mais uma pequena multidão começou a se formar.
— Me siga! — Segurei o Listro pela mão e saímos correndo por entre as pessoas. Logo estávamos em um beco, um pouco ofegantes. Demorei para perceber que ainda segurava a mão dela, mesmo após escaparmos. Não soltei.
— Parece que conseguimos fugir… É bem inconveniente andar com uma celebridade — ela tentou brincar.
Olhei fixamente em seus olhos e falei:
— Sim!
— “Sim” o quê? — Listro me perguntou.
— Eu gosto de você. Só demorei um pouco para admitir a mim mesmo.
— Mas… Mas… Alvo… Eu… Nós… Isso foi tão repentino… — O espanto roubou sua voz.
Não sei de onde tirei tanta coragem para falar isso.
— Não seja boba. Você sempre me atacou com seu “amor”. Desembucha — parecia que eu ia morrer pela ansiedade. Precisava de uma resposta dela. — Você gosta mesmo de mim ou-
Antes que pudesse terminar a frase, ela me puxou para perto, e me beijou intensamente.
Seus lábios eram tão macios e deliciosos que me deixaram tonto de felicidade.
“Esperar que os deuses ajam em nosso favor é tolice. Eles estão lá, existindo, não cuidando de SUA vida. Se quer que algo aconteça, é sua obrigação fazer com que aquilo se torne possível..! Eu sei que não sou o melhor palestrante que tiveram, mas vocês entenderam a ideia.”
Alvo Primeiro — Cerimônia de nomeação ao cargo de General
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