Índice de Capítulo


    Sua arma começou a brilhar novamente, deixando claras suas intenções de entrar na luta com tudo. Porém, essa mísera tentativa falhou mais uma vez por minha causa.

    — Não consegue, né? — disse.

    — C-cale a boca! — respondeu-me.

    Ele se levantou em segundos, ainda calejando por estar machucado de seu ombro. Mesmo nessa situação, ainda colocava esse sorriso maldito em seu rosto.

    De certa forma, me lembrando daquela pessoa… 

    Cerrei o punho.

    Ataques à distância não funcionam muito bem nele. Boa parte é refletida e poucos realmente o ferem. Então, seguindo essa lógica, eu tenho uma ideia.


    [Forja]

    Aproximando a bola metálica de mim, coloquei a mão dentro dela, puxando um cabo que se formou ao meu comando. 

    Ao puxar cada vez mais, a arma ia se formando. Primeiro o cabo e logo depois a lâmina, tudo feito do mais puro ferro. Uma arma de porte pequeno, mas suficiente para alguém machucado como eu suportar.

    Mas… foi aí que percebi: eu não sabia utilizar uma espada. Não deve ser tão difícil, não é? Só… balançar e balançar, torcendo para acertar.

    Levando em conta tudo o que sobrou, posso utilizar esse ferro para aquilo? Não sei se aguento, é instável demais no meu controle. É nessas horas que eu gostaria de pedir ajuda à Psyche, se pelo menos eu soubesse como essa porcaria funcionava. Chamar aquele tal de… Daiman?

    Imitei uma posição que vi um cavalheiro fazer uma vez. Talvez não fosse a melhor forma de aprender algo, mas era a única coisa que lembrava naquele momento.

    Então, pela terceira vez, seu chicote brilhou.


    [Uma habilidade está sendo usada.]

    Espera, que?

    Dessa vez, nenhuma mensagem sobre impedir a benção dele apareceu. 

    Havia um limite que tinha atingido.

    Ele estava longe, mas seu chicote ainda me alcançou. 

    Como se tivesse aumentado de tamanho.

    De seus olhos, saltavam veias pelas laterais, eram vermelhas e pulsantes. Parecia bem doloroso, digo isso apenas de ver.

    O chicote me prendeu, enrolando-me de uma forma que não pudesse me soltar facilmente. Assim que ele viu isso, puxou com toda a sua força.

    Fui jogada para o ar, pairando por cima da figura; da qual olhou para mim diretamente. Sua língua estava para fora do rosto, deixando-o com uma expressão assustadora.

    Mas, seu chicote havia se soltado, deixando uma ótima oportunidade de ataque. Ataquei minha espada até ele, descendo com toda intensidade. 

    Se assustou com o meu ataque surpresa, retraindo todo o chicote rapidamente. Logo, criou um escudo com seu chicote, rodando sem parar.

    Minha primeira espada bateu naquele escudo e foi repelida para longe. Algo que… esperei.

    Enquanto caía, ele desfazia seu escudo quase impenetrável.

    Logo percebi que essa era a oportunidade perfeita. 

    Acabei fazendo outra espada idêntica, puxando-a da bola metálica na mesma intensidade. Meus movimentos foram rápidos, dessa vez, eu tinha certeza de que seriam.

    Taquei a outra espada em sua direção, esperando que o ataque atingisse em cheio. Porém, ele já sabia.

    Ela foi repelida imediatamente para longe, dessa vez, muito longe mesmo. Metal desperdiçado.

    Outra tentativa falha que… também sabia? 

    Ao cair no chão, puxei a outra espada que estava mais perto; acoplando a mesma em minha mão. Dessa vez, com o pouco metal que me sobrava, tentei criar um braço metálico para suprir a necessidade da força.

    Não estava completo e muito menos instável, mas tinha esperança de ele conseguir ser útil. 

    Estendi o cabo da espada, dando alas a mais uma mão. Agora poderia copiar mais um golpe que havia visto o cavalheiro fazer.

    Aquele sorriso aberto e sua língua para fora só me davam raiva. Se eu tivesse a oportunidade, arrancaria na mesma hora essa coisa nojenta.

    Ao avançar com a espada, fui rebatida por uma adaga que escondia em suas coxas. Lâmina com lâmina. O som ecoou pela floresta.

    Mesmo com uma mão e usando uma adaga minúscula daquelas, sua força era ainda superior à minha. 

    Continuei as investidas.

    Ataquei na esquerda.

    Falhei.

    Ataquei a direita.

    Falhei. 

    Era como se tudo fosse apenas um teatrinho seu. 

    Os movimentos já estavam definidos e eu estava jogando em um roteiro pressuposto. 

    Mesmo com seu ombro ferido, ele defendia como se não fosse nada. Cada ataque era repelido com uma força maior.

    Tinha apenas duas opções: ou ele era muito forte, ou eu era muito fraca.

    Talvez os dois.

    No meio de um desses ataques, baixei minha guarda. Um soco veio por baixo, me acertando em cheio.

    Força imensa, muito mais do que poderia suportar.

    Primeiro, um soco vindo de baixo; me atordoando imediatamente. Minha cabeça doía e meu ouvido zumbia.

    Meus olhos apenas focaram no sangue que estava sendo espirrado para o ar. 

    Em um segundo ataque, o soco veio de cima, empurrando-me para baixo com toda a força. O chão foi quebrado levemente, enquanto meus olhos eram cegados por meu próprio sangue.

    Tossi mais.

    Meu corpo estava no limite.

    Meu coração batia aceleradamente.

    Badum.

    Badum.

    Esse era o som que escutava.

    — Eu não morri como você tinha pensado, bobinha. Apenas para um jogo rápido, decidi que utilizar aquele inútil que pode mudar a voz fosse criar um ambiente divertido — disse ele. — I d i o t a.

    Ele soletrou.

    Meus olhos ardiam.

    Sentia meu corpo totalmente quebrado, e mesmo que não tivesse, podia ter certeza de que tinha fraturado bastante coisa.

    Um formigamento correu por todo meu corpo.

    Ouvia os pingos caindo perto de minha orelha, mas não sabia se era do sangue ou de minhas lágrimas. Escutava tudo ao meu redor, mesmo que eu não quisesse.

    Uma maldição momentânea.

    — Eu avisei, não avisei?

    Pisou na minha perna.

    Senti uma dor inconfundível da minha canela sendo fraturada. O som foi como… um simples graveto.

    Doía.

    É claro que doía.

    E é claro que eu gritei.

    Gritei por ajuda, mesmo que não houvesse ninguém para me ajudar. 

    Gritei por perdão, mesmo que não houvesse ninguém que quisesse ele.

    Gritei por ela… mesmo que nunca tivesse chance de sua presença ser verdadeira.

    Um corpo que não respondia aos meus comandos.

    Diferente da outra vez, agora estava assim por exaustão. Um golpe em cheio e uma guarda baixa nunca causaram tanto estrago assim. 

    Virei-me em outra direção, tentando rastejar para longe. Meu corpo surpreendentemente respondeu.

    Rastejei com uma mão só, puxando quase nada de meu corpo para frente. 

    Não enxergava para onde estava indo.

    Só queria fugir.

    Até que ele pisou na minha outra perna.

    O som dos meus gritos ecoava por toda a floresta, deixando-me ainda mais sem voz ainda. Gemido de dor.

    A cada piscada, o sangue só se espalhava por meus olhos, deixando-me mais cega do que já estava. 

    Tudo ficava escuro em instantes.

    Eu tenho medo do escuro.

    Eu não quero voltar para ele.

    Por favor, mãe, me ajude.

    Por favor, cante aquela música de novo.

    Meu corpo se esgotou em apenas alguns centímetros.

    Tentei desesperadamente limpar o sangue que estava em meu olho, mas nada funcionava. Apenas espalhava mais do que já estava.

    Sua risada era alta, chegando a muito mais lugares do que meus gritos puderam chegar.

    Porém, uma coisa estranha aconteceu.

    Escutei um sopro de vento. Duas vezes consecutivas.

    Logo após, um grito interrompido.

    O que aconteceu?


    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota