Capítulo 7 | O Uivo Que Rasgou o Céu
Continuando…
A arena… Treme como se um deus tivesse despertado.
Cada centímetro do chão responde ao pulsar de algo ancestral. As arquibancadas estremecem, e o som metálico da estrutura vibrando ecoa como um trovão engasgado. Cada respiração da plateia parece carregar o peso de um mundo prestes a se romper. Pedaços do chão se soltam em blocos, rachaduras se espalham como raízes demoníacas, serpenteando pelo campo como se a própria terra tentasse fugir da presença naquele centro.
A multidão, antes ensandecida, agora segura o fôlego coletivo. É como se o tempo tivesse congelado. O ar rarefeito pesa nos pulmões. Todos sentem. Algo que ultrapassa o humano está prestes a acontecer.
No centro do caos, está ele.
RENJI ASAKURA.
Seus olhos estão semicerrados, mas brilham como brasas prestes a incendiar o mundo. Seu corpo inteiro pulsa, músculos tensionados, nervos à flor da pele, como se fosse forjado em lava negra viva. A aura que o envolve não é só energia — é uma tempestade em fúria. O negro absoluto envolve seu corpo, com bordas vermelhas em brasa que dançam no ritmo frenético de seu coração. Fragmentos de um lobo espectral surgem e desaparecem: uma mandíbula que se forma sobre seu ombro, uma cauda nebulosa que se arrasta atrás, patas e garras que cintilam em meio à névoa.
O uivo que rasga o céu não vem de sua boca, mas de sua alma.
Forma Máxima de Sen: Kuro-Ōkami (黒狼 – Lobo Negro)
Ele não é mais o monstro que antes habitava seu interior. Ele é o senhor dele. O Lobo que dominou as Sombras e agora ruge como rei.
Do outro lado, Kaoru ri. Mas não é uma risada comum. É uma gargalhada febril, selvagem, que mistura êxtase com terror. Uma risada de quem reconhece que está diante do abismo — e ama cada segundo disso.
— É disso que eu gosto! ENTÃO VEM, RENJI!!!
As sombras ao redor de Kaoru se agitam violentamente, como serpentes famintas invocadas do inferno. Seu corpo começa a dissolver-se em fiapos escuros, como uma névoa líquida que não obedece à lógica do mundo. Ele se desfaz e se refaz a cada instante, dançando no limite do real. Sua forma se funde com o próprio vazio.
Monstro das Sombras Interior: Kage Yurei (影幽霊 – Fantasma Sombrio)
Seu rosto desaparece por completo. Uma máscara de trevas ocupa seu lugar, com olhos brilhando em púrpura intenso. Um olhar que devora tudo o que toca.
KAORU VS RENJI — FASE FINAL
E então — colidem.
Não há mais chão. Não há mais tempo. Só o agora. Um agora que se parte e se reconstrói a cada golpe.
Renji e Kaoru se lançam como mísseis em rota de colisão. Suas trajetórias rasgam o céu em linhas de energia. A cada milésimo de segundo, dezenas de golpes são trocados. Os sons que ecoam não são mais apenas impactos — são trovões, terremotos condensados em punhos e chutes.
Kaoru transforma as sombras em armas: lanças que tentam perfurar, tentáculos que buscam prender, lâminas que cortam como o vazio. Ele parece estar em mil lugares ao mesmo tempo, atacando de todos os ângulos, como se fosse a própria escuridão encarnada.
Mas Renji não recua. O Lobo Negro ruge com força total. A cada rosnado, ondas de choque se espalham. Com um giro, desfaz uma enxurrada de sombras. Com um chute, incinera um bando de clones. Ele não para. Cada passo seu deixa crateras. Cada soco, uma tempestade.
Kaoru sorri em meio ao caos.
— Era tudo isca.
De cima, ele aparece. Uma flecha viva feita de trevas puras, corpo inteiro encolhido num ponto perfeito de velocidade e letalidade, descendo com fúria divina.
MORTE SOMBRIA!
O impacto parece certo. A sombra atinge o ponto onde Renji estava.
Mas há apenas ar.
— Ops… Tá lento, hein? — Renji surge girando no ar ao lado, expressão debochada, mas olhos flamejantes. Sua precisão é cirúrgica, seus movimentos um reflexo da fusão entre técnica e instinto.
Seus olhos brilham, brancos e escarlates como o nascer de um novo mundo.
— RYUJI, ME OUVE?!
— TÔ AQUI, IRMÃO! VAI COM TUDO!
— ENTÃO ESSA É POR NÓS!!
Toda a sua alma entra em combustão. A aura se expande como uma supernova silenciosa.
GOLPE FINAL: Lobo da Última Luz (Saigo no Hikari Ōkami – 最後の光狼)
Sua perna se cobre em uma espiral flamejante de Sen branco e negro. O giro começa. Um, dois, três… Cada rotação acelera o fluxo, até que se torna uma estrela girando em fúria. Um cometa em forma de chute.
Ele avança como um milagre. Como o fim e o recomeço.
Kaoru, caindo, olha pra cima e sorri.
— Isso… Isso é perfeito.
O golpe o atinge em cheio. O impacto quebra o céu. A explosão de luz consome tudo. Kaoru é lançado como uma estrela cadente, cruzando os céus em silêncio, antes de se espatifar no chão da arena, criando uma cratera que engole toda a sombra restante.
SILÊNCIO.
Puro. Absoluto.
A multidão congela. O mundo prende o fôlego.
Nenhum som. Nenhum passo. Só o vento, sussurrando histórias para os escombros.
— RENJI É O GRANDE VENCEDOR!!! — o grito do árbitro corta o ar como um raio.
A arena explode. Aplausos, gritos, lágrimas, câmeras tremendo. O caos da vitória. O nascimento de uma lenda.
Mas Renji… Renji desaba. Os joelhos tocam o chão como rochas cedendo ao tempo. Sangue escorre da testa, dos braços, da boca. Os ombros caídos. O corpo trêmulo. Ele deu tudo. Não sobrou nada além da alma.
Ryuji surge, correndo. Os olhos marejados, a expressão entre pânico e orgulho.
— RENJI!!
Renji abre os olhos com dificuldade. Um sorriso aparece, fraco, mas cheio de luz.
— Eu te falei, Ryuji… Se for a última luta das nossas vidas… vou lutar ao seu lado.
Ryuji segura sua mão, forte. Se abaixa até ele, encara nos olhos.
— E eu vou estar lá. Até o fim.
As palmas continuam, os gritos não cessam. Mas naquele instante, só existe o laço dos dois.
E o mundo vibra com essa promessa.
Enquanto o céu ainda arde com os ecos de seus golpes… a próxima luta se aproxima.
A arena ainda vibrava com os ecos da luta anterior, mas agora o silêncio era carregado de tensão.
A próxima luta entre o Time 15 e o Time 12 é…
GENJIRO OKABE VS RENSUKE OKABE!!!!!!
O estádio inteiro reage. A plateia se entreolha em choque. Não é só uma luta — é um confronto de sangue, de passado, de ressentimentos enterrados.
Genjiro e Rensuke caminham até o centro da arena. Os dois têm a mesma postura altiva, o mesmo olhar penetrante. Mas a aura que os envolve é oposta.
— Há quanto tempo eu não te vejo, irmão — diz Genjiro, com um meio sorriso sombrio.
Rensuke ergue uma sobrancelha, provocativo.
— Olá, Genjiro. Preparado pra tomar uma surra?
— Vai ser diferente de quando éramos crianças. Eu evoluí bastante.
Rensuke dá uma risadinha debochada.
— Evoluiu mesmo? Perdendo pro Kenta Takahashi? Patético, irmãozinho.
Genjiro cerra os punhos. A raiva borbulha como lava dentro do peito.
— Eu vou te dar uma surra inesquecível, Rensuke.
…
Desde pequenos, Genjiro e Rensuke treinavam juntos. O pai deles, um mestre implacável das artes do Senai, dizia que os dois seriam imbatíveis juntos. Que um protegeria as fraquezas do outro. Eram o “Combo Okabe”, o pesadelo dos torneios juvenis.
Mas tudo mudou no dia em que Genjiro perdeu o controle. Era um torneio local. Ele se deixou levar pela fúria. Um golpe brutal demais. O oponente ficou hospitalizado por semanas.
Enquanto Genjiro encarava as consequências…
Rensuke ficou do lado oposto.
— Você é forte, Genjiro… Mas sem controle, sua força é um perigo — ele disse, em frente ao dojo, diante de todos.
Essa frase cravou um abismo.
Genjiro nunca o perdoou. Rensuke nunca voltou atrás.
Anos se passaram. E agora, no Fighters World… o destino deu a eles um palco final.
Que comece a luta!!!!!
Genjiro parte como um raio. Seu corpo vibra com a brutalidade de seu Sen. Um soco direto, mirando o rosto de Rensuke — rápido, pesado, destruidor.
Mas…
Rensuke desvia com uma rotação limpa. O ar assobia com a velocidade. E ele contra-ataca com um chute seco, preciso, que atinge a costela esquerda de Genjiro.
1 a 0 — Rensuke.
O público reage em coro. Mas Genjiro nem sente. Ele rosna como um animal, avança de novo, uma sequência de socos e cotoveladas. Um verdadeiro tanque de guerra humano.
Rensuke dança entre os golpes.
E então, gira no ar —
CHUTE NA MANDÍBULA.
Genjiro é lançado dois metros pra trás. O chão racha com seu impacto.
2 a 0 — Rensuke.
Genjiro range os dentes, se levanta com dificuldade. Mas mal tem tempo de respirar — Rensuke já está lá, acima dele, descendo com um golpe duplo, como uma espada viva feita de técnica refinada.
O golpe atinge em cheio o peito de Genjiro. Ele é jogado ao chão como um peso morto.
3 a 0 — Rensuke.
FIM.
O árbitro ergue o braço, a voz firme:
— Rensuke Okabe é o grande vencedor!!!
O público explode. Gritos, aplausos, câmeras piscando. Um show completo.
Mas no centro de tudo, Genjiro permanece deitado. Olhando pro teto do estádio como se procurasse respostas nas estrelas.
Ele perdeu.
Perdeu pro próprio irmão.
E então, uma mão surge em seu campo de visão.
Rensuke.
Ele não diz nada. Só oferece a mão.
Genjiro hesita. O orgulho grita dentro dele. Mas… ele aceita. Aperta a mão do irmão e se levanta com esforço.
Ficam frente a frente.
O passado, por um momento, em silêncio.
— Você ficou forte, Rensuke — diz Genjiro, ofegante, mas sincero.
Rensuke sorri de canto.
— Você também, irmão.
E assim, sob os holofotes, entre a poeira e os fantasmas de infância, dois irmãos se encaram. Não mais como rivais…
Mas como iguais.
A luta acabou. Mas a história deles só está começando.
Continua…
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