Derek se virou rapidamente. Quando estava prestes a ficar de pé, ele perdeu o bebê morto-vivo de vista. Sem que seus olhos pudessem acompanhar, o bebê se movia rapidamente pelos cantos escuros da sala.

    Não sabendo ao certo como deveria reagir a isso, Derek começou a puxar uma das suas facas. O bebê interferiu, desferindo um golpe ao seu braço com sua cabeça, fazendo deixar a faca cair longe de seus alcance.

    Derek percebeu que não se tratava de um simples anormal, e sim um tipo com uma inteligência superior.

    O bebê atacou novamente, dessa vez usando seus dedos, deixando arranhões em uma de suas pernas.

    E continuou, recuando e atacando.

    Ele não estava deixando Derek se levantar. No entanto, Derek percebeu um padrão em seus ataques: bater, recuar e procurar brechas.

    Assim, quando o bebê atacou novamente, arranhando superficialmente o rosto de Derek, ele aproveitou a oportunidade e se levantou.

    Derek pegou sua segunda faca e se posicionou. O bebê se moveu rapidamente, atacando uma de suas pernas na tentativa de derrubá-lo. Perdendo o equilíbrio, Derek se apoiou em uma das câmaras.

    Ele começou a observar os seus arredores com cautela, procurando uma oportunidade.

    Vindo da lateral, o bebê avançou velozmente com a boca aberta, tentando abocanhar seu tornozelo esquerdo. Felizmente, Derek antecipou o ataque e, no último segundo, moveu a perna para desviar da mordida, desferindo um golpe com a faca.

    Com o acerto, o bebê morto-vivo cessou os ataques e desapareceu. Derek manteve a guarda alta. Mesmo em meio ao silêncio total da sala, ele se movia cautelosamente, tentando olhar em todas as direções rapidamente.

    “Ele foi embora.”

    Derek se sentiu aliviado. Desde que testemunhou sua primeira anomalia, nunca havia enfrentado um desafio tão grande. Questionava-se sobre essa criatura. Até esse dia, as anomalias que encontrou apenas o atacavam de formas simples; nenhuma era tão ágil e calculada.

    Os movimentos do bebê eram anormais; nenhum ser humano se moveria daquela maneira e velocidade. E ainda havia a questão de sua fuga quando atacado. Derek estava confuso. Afinal, o que era o vírus? Como poderia proporcionar tais habilidades? Desde os mortos-vivos comuns até os mais estranhos.

    “E mais: como ele sobreviveu nessa geladeira? Mesmo que estivesse congelado, o vírus também estaria. Como isso é possível?”

    Usando a lanterna de um dos celulares encontrados, Derek se aproximou da câmara de onde o morto-vivo havia saído e iluminou o interior. Logo viu que o fundo estava quebrado, como se o bebê tivesse forçado a entrada.

    “Mas por quê?”

    Examinando melhor, notou finas rachaduras internas que levavam às outras câmaras e arranhões ao redor da pequena porta da câmara. Após muito pensar e criar teorias, a ideia mais sensata parecia ser que o bebê se libertou, rompendo o fundo e entrando pela entrada de ar que refrigera as câmaras mortuárias. Possivelmente, ele engatinhou pelas entradas de ar até retornar ao sentir o cheiro dos cadáveres.

    De volta ao seu lugar original, não conseguiu acessar as outras câmaras; talvez tenha tentado abrir espaço arranhando tudo ao seu redor. Após muito tempo preso ali, deve ter ficado parado até que o vírus se enfraquecesse, tornando seu corpo imóvel com a baixa temperatura até despertar com barulhos altos.

    “Não. Isso já seria impossível.” Pensou Derek, recusando-se a aceitar sua própria teoria.

    Enquanto ele bolava novas ideias em sua mente, o bebê morto-vivo havia retornado, agora atrás dele e em pé.

    Caminhando devagar e em silêncio, ele se aproximou o suficiente, agachou-se e saltou, agarrando a mochila de Derek.

    Derek sentiu o puxão. Ao olhar para o lado, viu o bebê ao seu lado, que o surpreendeu com uma mordida na orelha.

    Desesperado, Derek começou a se mover, rodando enquanto tentava alcançar o bebê com as mãos. Uma das facas que ele havia guardado descuidadamente perfurou a mochila, fazendo seus pertences — roupas, bandagens e a faca — caírem pelo chão.

    Ele tentava manter o bebê longe de sua cabeça, mas a criatura era persistente, agarrando seu pescoço com força e não se soltando.

    Derek pensou em pegar sua faca, mas temia que, se hesitasse por um segundo, o bebê morto-vivo rasgaria seu pescoço e arrancaria sua orelha.

    Após dar inúmeros giros, Derek finalmente agarrou os braços do bebê e o jogou no chão com força, usando sua própria velocidade como impulso. Os ossos do bebê estalaram e os antebraços de Derek se deslocaram.

    Antes que pudesse localizar o bebê novamente, um alto barulho de ferro caindo o assustou. Era uma grade do teto que pertencia a uma das entradas de ar. Ele ouviu algo correndo dentro dela, se afastando.

    Olhando fixo para cima, com os braços deslocados, Derek pensou com desgosto:

    “Ah, cara… Odeio crianças.”

    ✥—————✥—————✥

    Derek aguardou o retorno por um longo tempo, mas nada aconteceu. Primeiro, ele precisava fazer seus braços voltarem a funcionar. Usando a própria parede, bateu os ombros com força, forçando os ossos a se conectarem.

    Após verificar as outras câmaras com cautela e não encontrar nada além de corpos inanimados, decidiu enfrentar seu medo e continuar o caminho.

    Com a mochila rasgada, Derek teve que levar apenas o essencial: as facas e os celulares nos bolsos.

    Usando um dos celulares, ele abriu a porta e começou a iluminar o caminho. Ao ver o corredor banhado de sangue e corpos, pensou com desdém:

    “Ah… E lá vou eu de novo.”

    Derek vagava pelo corredor infestado de morte. Cada passo era dado com cautela, os sentidos aguçados a qualquer ruído. Até o leve rastejar de baratas nas paredes ou o estalo ocasional de algum objeto velho o deixava em estado de alerta, pronto para atacar.

    O encontro anterior com o bebê morto-vivo ainda o assombrava — um desespero misturado com um medo que parecia querer rasgar sua mente.

    Enquanto avançava, ouviu um chiado vindo de algum ponto à frente. Seu corpo inteiro enrijeceu. Preparou-se da única forma que podia: abriu a boca até ouvir o estalo seco de sua mandíbula deslocando. Com movimentos duros encaixou o celular de modo que a lanterna iluminasse o caminho à frente, então, com um estalo abafado, voltou a mandíbula ao lugar, travando o aparelho com força.

    Derek sentiu uma agonia terrível, quase impossível de ignorar — como se os ossos estivessem se partindo por dentro. Foi uma agonia tão intensa que por um segundo ele achou que estava sentindo dor de verdade.

    Com as facas em punho, Derek prosseguiu, passos lentos e controlados, olhos fixos na escuridão. O som estridente vinha do final do corredor. Ao dobrar uma curva, foi surpreendido: dezenas de pequenos olhos brilhavam no teto, acendendo e apagando como luzes vivas — morcegos.

    E então, voaram em sua direção.

    O instinto falou mais alto. Derek se lançou no combate, golpeando com as lâminas enquanto recuava às cegas. Os morcegos o cercaram, arranhando, mordendo. Mas um detalhe virou o jogo: os que conseguiam sugar seu sangue caíam no chão logo em seguida, como se envenenados. O sangue dele era tóxico para aquelas criaturas.

    Com a luz da lanterna ainda presa à boca e os morcegos caindo aos poucos, os sobreviventes recuaram, fugindo em revoada caótica.

    Mas a trégua durou pouco.

    Sem aviso, o celular trincou. A tela escureceu, e a lanterna apagou junto. Derek foi mergulhado na escuridão mais uma vez.

    Não era o fim — ele ainda tinha outros aparelhos.

    Tirou outro celular do bolso e tentou ativar a lanterna, mas foi barrado por um pedido de código de verificação.

    “E é por isso que odeio iPhones.” Pensou, antes de atirá-lo contra a parede. O som seco do impacto foi seguido pelo estilhaçar do aparelho.

    Restava apenas um. Sua última chance. Com 80% de bateria, ligou a lanterna e imediatamente foi surpreendido pela visão de um corpo.

    Sentado no canto, os olhos estourados e uma grande mancha vermelha espalhada pela parede atrás. A pele estava pálida, sem vermes e o sangue ainda parecia fresco. Antes que pudesse se afundar na culpa pela demora, percebeu algo inesperado: havia um leve sorriso no rosto do morto. Paz.

    Derek sentiu o peso de sua falha. A missão de resgatar sobreviventes já estava perdida. Mas ainda havia um objetivo. O morto-vivo bebê. Ainda não era hora de sair daquele hospital.

    Virou-se, pronto para continuar. Deu um passo — e então ouviu.

    Um som metálico arrastando-se pelo chão.

    Imediatamente direcionou a luz.

    E o que viu quase o fez duvidar da própria mente. Nem mesmo seu rosto deformado pela infecção conseguiu esconder o espanto.

    Era uma arma de fogo.

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