Capítulo 10 | Última Ficha, Último Suspiro
O ar vibra com tensão. Sangue no canto da boca, olhar fixo, respiração pesada. Kaede Shizuma dá um passo à frente, cravando o pé no chão rachado, mesmo após ter sido atingido por um combo insano.
— Droga… tá começando a ficar irritante. — ele diz, cuspindo o gosto metálico da derrota parcial, limpando o sangue com as costas da mão.
— Isso é só o começo… Agora vamos girar a roleta. — responde Saeko, sorrindo com uma malícia insana, os olhos brilhando num roxo diabólico.
Atrás dele, algo começa a se formar. Uma aura roxa gira e se condensa em um círculo místico — uma roleta energética flutuante, dividida em símbolos bizarros: dados, caveiras, corações partidos, estrelas, cartas de baralho queimando…
CLACK! CLACK! CLACK!
A roleta gira com velocidade brutal, emitindo uma música distorcida, como se o destino tivesse um DJ macabro tocando o hino da morte.
— Que porra é essa? — Kaede pergunta, os olhos arregalados diante do desconhecido.
— Meu Sen… se chama Cassino do Destino. Cada giro? Uma aposta. Cada símbolo? Um efeito. Cada luta? Uma partida de azar. — diz Saeko, os cabelos voando enquanto sua energia cresce.
A roleta para. O ponteiro aponta para um símbolo vermelho flamejante com um dado dourado no centro.
— JACKPOT. — sussurra Saeko, com um sorriso que corta como navalha.
— Isso não pode ser bom… — Kaede se prepara, mas mal consegue reagir.
ZUM!
Saeko some da vista. É como se ele tivesse cortado o próprio espaço. Em menos de um segundo, ele reaparece atrás de Kaede. O punho dele agora está envolto numa chama demoníaca roxa, girando em espiral.
— Burning Roulette: Sete Golpes do Inferno!
POW! BAM! THRACK! SMASH!
Uma sequência insana. Sete socos flamejantes atingem Kaede com precisão cirúrgica — costelas, ombro, queixo, estômago, flanco, peito, e por fim, um uppercut que o joga de joelhos. O chão sob ele racha. Seu corpo treme. Mas ele ainda respira.
1 a 0 — Saeko Yamikura.
— QUE GOLPE FOI ESSE?! — grita Genjiro, levantando na arquibancada, olhos arregalados.
— Ele… ainda tá de pé. — Tsubasa diz, mal acreditando.
Kaede levanta. Lento. Mas levanta. O sangue escorre. Seus olhos queimam.
— Se essa foi sua sorte… então você vai odiar o azar. — diz Kaede, rosnando, com uma calma sinistra.
— Olha só, ele ainda tem forças pra falar merda. — provoca Saeko.
— Cala a boca. — Kaede diz, seco.
BOOM.
Kaede ativa o próprio Sen. Sua aura explode em um vermelho vinho tão intenso que o chão quebra em ondas de rachaduras, como se a terra tivesse medo.
— Agora é minha vez… Senritsu Ken!
Kaede salta e desfere um chute no ar. A lâmina de vento gerada é afiada como uma guilhotina de vendaval. Saeko tenta se proteger com os braços, mas é lançado longe, o uniforme rasgado, uma linha de sangue escorrendo pela bochecha.
— INCRÍVEL! Kaede virou o jogo! — grita Ryuji, vibrando.
— Isso vai custar caro pra ele… — diz Renji, sério, lendo a energia sombria no ar.
— Isso tá divertido… Vamos girar de novo.
A roleta gira. Desta vez, o ponteiro para num símbolo preto com uma caveira dourada.
O silêncio cai como uma sentença.
— Hm… Perfeito. Modo Morte Repentina: Ativado. — diz Saeko, mas sua voz muda. Mais fria. Mais profunda. Quase não humana.
O ambiente muda. A luz parece se esvair. A aura de Saeko se adensa, como se tivesse invocado um domínio de trevas pessoais. O som fica abafado. A respiração fica mais difícil. O Sen de Saeko assumiu uma forma instável, como se estivesse viva… e com fome.
— O que você fez, Saeko?! — Kaede grita, recuando, o corpo tenso.
ZUM!
Saeko desaparece. De novo.
Kaede tenta reagir. Tarde demais.
ZAP!
Uma lâmina de energia surge no ar, rasgando sua manga e abrindo um corte profundo em seu braço esquerdo.
— Não adianta… você não pode lutar contra a roleta. — sussurra Saeko, agora com os olhos negros como carvão, sem pupilas.
Antes que Kaede consiga respirar, ele aparece à sua frente. Com um movimento limpo, quase lento demais para ser real, Saeko toca o peito de Kaede com a palma da mão, e um círculo sombrio explode de seu braço.
— “Vingança do Perdedor!”
BAAAAAAAAAAAAAAAAM!
O impacto é brutal. Kaede é lançado como uma bala de canhão, girando no ar, batendo no chão e rolando por metros. Poeira sobe. O silêncio é mortal.
2 a 1 — Saeko.
— Como ele vai aguentar isso…? — Genjiro pergunta, engolindo seco.
— Ele vai… nós sabemos que ele vai. — responde Ryuji, os punhos cerrados.
Kaede, arrebentado, se levanta de novo. Com os ossos gritando. Com o sangue escorrendo. Com os joelhos vacilando. Mas com os olhos… arderam como brasas vivas.
— …tá na hora de parar de brincar. — ele diz, e sua aura explode ainda mais.
Ela cresce, viva, pulsando, um dragão invisível ruge nas costas de Kaede.
FLASH!
Kaede surge na frente de Saeko como um raio, e com um grito rasgado:
— “Senritsu no Saishūdan: Zankoku no Fūjin!”
SLASH!
Um golpe diagonal. Seco. Silencioso.
A tela do mundo parece congelar.
Saeko pisca. Arregala os olhos. Olha pro ombro.
Seu braço esquerdo… não está mais lá.
— M-mas… mas o quê…? — ele sussurra, incrédulo, enquanto o sangue começa a jorrar como uma dança macabra.
Kaede encara ele com a respiração cortada, firme, feroz, sem piscar.
— Isso foi pela primeira rodada, filho da puta.
BAM! A cena congela. O braço esquerdo de Saeko voa no ar, sangue espirrando em câmera lenta. A arquibancada prende a respiração. Kaede, arquejando, ainda na pose do corte, solta um sorrisinho torto.
— E aí? Vai girar a roleta com uma mão só agora?
Mas no fundo… ele sente. Um arrepio na espinha. Algo tá errado.
— Você não vai cair assim tão fácil, vai? — pergunta Kaede, os olhos ainda cravados nele.
No chão, Saeko cospe sangue. Os olhos tremem, mas não de medo. De euforia. De insanidade.
— Heh… Isso só deixou o jogo mais interessante.
A aura dele começa a vazar do próprio corpo como fumaça venenosa. O local onde o braço foi decepado pulsa como um buraco negro roxo. A energia gira, forma símbolos, e uma nova roleta aparece — menor, mais comprimida, girando com fúria incontrolável.
— Cassino do Destino… Segunda Fase. — ele sussurra, as pupilas voltando lentamente, mas agora em formato de dados giratórios.
O braço perdido… começa a se REGENERAR. Mas não como antes.
Agora, é um braço construído de pura energia roxa, coberto de runas cintilantes. A mão é afiada como uma garra de cristal do submundo.
— O quê…? — Kaede dá um passo pra trás, surpreso.
— Isso é o Senkiou… — diz Saeko, com um sorriso que parece saído de um pesadelo.
BOOM. O chão vibra com o giro da roleta. As placas douradas giram em alta rotação, cuspindo faíscas de pura tensão. Saeko ergue o braço recém-regenerado — agora ainda mais afiado, mais preciso, mais amaldiçoado.
Kaede encara, suando frio. A luta que parecia vencida… virou uma roleta russa.
— Sen é regeneração, é sorte, é destino? — ele cospe no chão, sangue misturado com saliva. — Então foda-se o destino.
Ele dá um passo. A perna treme, o joelho cede, mas ele firma.
— Eu sou o erro estatístico, o bug da matrix da tua roleta.
Saeko ri. Uma risada cortante.
— Que fofo. Ainda acha que tá no controle?
A roleta para.
CLACK.
Um símbolo desconhecido surge no topo. Os olhos de Saeko brilham. A aura muda de cor — de roxo para dourado sangrento.
— Ah… Olha só, Kaede. Caiu a carta mais rara do meu baralho.
Kaede franze o cenho.
— Que porra é essa?
— “Destino Duplicado”. — diz Saeko, abrindo os braços. — A cada golpe que você me der… vai refletir em você.
Um silêncio mortal se instala. O público engole seco. O árbitro dá um passo pra trás.
Kaede cerra os punhos.
— Então quer dizer que, se eu te der um soco…
— Você sente ele também. — interrompe Saeko, sorrindo. — Com juros.
Kaede respira fundo. O mundo parece ficar em câmera lenta.
— Então só tem um jeito…
Ele explode em velocidade. O Sen dele queima com intensidade vermelha, fervendo em volta do corpo.
— …eu vou te bater tão forte…
…que meu próprio corpo vai quebrar!
PAAAAM! O soco entra. O impacto é brutal. Saeko voa, mas Kaede também sente — o braço estala, a pele racha.
— AGHHHHH!! — ele grita, mas não para.
— MAIS UM! — berra, avançando.
Outro golpe. Outro reflexo. Os dois sangram. Mas Kaede continua.
— EU SOU O DANO COLATERAL DESSA LUTA! — ele ruge.
O público se levanta, em transe. A luta virou um duelo de insanidade e dor. Um vai quebrar. Mas Kaede…
…Kaede decidiu que vai quebrar primeiro. E levar Saeko junto.
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