Capítulo 11 | Jogada Dupla: Sangue e Sorte
Kaede aperta os punhos, tentando se manter focado, sabendo que não pode permitir que Saeko recupere totalmente o controle da luta. Mas a tensão na arena é palpável. Ele sente que algo mais poderoso está prestes a acontecer.
A roleta para em um símbolo completamente diferente dessa vez, mais sombrio e mais opressor do que qualquer outra vez. Saeko sorri com uma malícia feroz.
— A área de Convergência: Cassino do Destino… chegou o momento. Saeko diz, sua voz se tornando fria e imperturbável.
A aura ao redor dela explode com uma intensidade assustadora, e Kaede sente uma pressão tão forte que parece que o ar está se comprimindo ao seu redor. Ele olha para Saeko, e vê sua energia se condensando em algo ainda mais aterrorizante. As partículas de energia que antes giravam ao redor de seu corpo agora formam uma esfera densa e maciça. O espaço ao redor deles parece começar a distorcer.
— Isso… o que está acontecendo?! Grita Kaede, sentindo sua respiração se tornar mais difícil.
Saeko se ergue com uma calma perturbadora, sua presença agora dominando completamente a arena. Ele olha para Kaede com um sorriso frio.
— Agora você vai entender… o verdadeiro poder do meu Sen. A verdadeira roleta do destino… Ela sussurra, e sua Área de Convergência começa a tomar forma.
O campo de batalha se transforma. O espaço ao redor deles parece distorcido, como se o próprio tempo estivesse sendo comprimido e esticado ao mesmo tempo. Kaede sente sua percepção do mundo ao seu redor se alterar, o ar ao seu redor se tornando mais espesso, como se uma onda de choque tivesse se espalhado por toda a arena.
— Prepare-se, Kaede. Essa luta vai além do que você imagina. Diz Saeko, a energia ao redor dela se condensando em um vórtice imenso de poder.
Kaede, sabendo que a batalha agora atingiu outro nível, se prepara para o que está por vir. Seu corpo ainda está exausto, mas sua determinação nunca foi tão forte.
— Eu não vou perder! Grita Kaede, com os punhos cerrados, preparado para enfrentar o caos que Saeko trouxe para a arena.
— Vai Kaede quebra a cara dele. Diz Genjiro com um ar de Medo.
A roleta ainda gira.
E o ar pesa mais do que nunca. Cada respiração parece sugar anos de vida, cada batida do coração é um tambor de guerra em marcha lenta. Mas Kaede não caiu. Ainda não.
No centro da arena distorcida, a poeira baixa. Saeko se ergue entre os escombros dourados da pilastra com um corte no canto da boca. Ele limpa o sangue com o dorso da mão e sorri, mas agora sem a mesma arrogância. Algo mudou.
— Então é assim… você vai jogar até o fim, mesmo com todas as fichas contra você. — murmura ele, olhos fixos em Kaede.
A roleta gira mais uma vez. Mas dessa vez… ela brilha em vermelho vivo, quase sangue.
— Ah… chegou ela. — diz Saeko com um tom que mistura reverência e antecipação maligna. — A carta mais rara… o coringa da desgraça.
Símbolo: A Máscara do Enganador.
O campo muda outra vez. As luzes tremeluzem, as cartas se embaralham sozinhas no ar, e dezenas de clones de Saeko surgem ao redor de Kaede. Cada um idêntico, cada um sorrindo de forma sádica. Todos com a mesma aura insana.
— Isso é… ilusão?! — grita Kaede, ofegante.
— Não é só ilusão. É trapaça. Nesse jogo, às vezes você não precisa ser o mais forte… só precisa saber blefar melhor. — responde todos os Saekos em uníssono.
Os clones avançam. Kaede tenta reagir, mas cada golpe que desfere passa direto, ou acerta e não surte efeito. Eles somem, reaparecem, zombam, sussurram ao seu redor.
— Vamos lá, herói. A sorte tá fugindo de você… — diz uma das vozes, atrás dele.
Kaede gira, acerta um chute — acerta ar.
Outro clone surge por cima, um soco direto na nuca — impacto seco. Kaede vai ao chão de novo.
Na arquibancada, Tsubasa se levanta, nervoso:
— Se ele não achar o verdadeiro Saeko… ele vai ser massacrado!
Genjiro rosna:
— Porra, alguém para essa roleta maldita!
Mas Ryuji… Ryuji não se mexe. Ele encara fixo.
— Não… ele não precisa encontrar o Saeko verdadeiro. Ele só precisa que o Saeko verdadeiro se revele. E ele vai.
No campo, Kaede fecha os olhos. A aura vermelha ao seu redor pulsa, viva.
— Beleza então… se é um jogo de blefe… — ele murmura. — …eu vou apostar tudo numa jogada suicida.
Kaede gira o corpo com fúria, socando o chão com tudo que tem.
A explosão de Sen cria uma onda de choque que varre todos os clones ao redor — dissipando ilusões como fumaça. Menos um. Um só permanece, cambaleando com o impacto.
Kaede ergue o olhar. Seus olhos queimam.
— Achei você, maldito.
E com um impulso brutal, ele salta, atravessando o ar como um cometa.
— RAIJIN STRIKE!!! — seu punho é envolvido por trovões vermelhos, concentrados, um golpe só, direto, sem truque.
PÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!
O impacto é tão violento que a roleta para de girar. As luzes apagam. O campo treme. O cassino do destino… desmorona em silêncio.
Saeko cai de joelhos, ofegante. O sangue escorre pelo queixo. Ele ri, entre o choque e o respeito.
— Você… realmente blefou com a própria vida… e ganhou. Heh.
Kaede, suado, ensanguentado, ofegante, fica em pé. Mas apenas por um segundo.
— Eu disse que ia falir a casa… — ele murmura, antes de desmaiar de pé, tombando com um baque seco.
Silêncio na arena.
A Área de Convergência se desfaz. A realidade volta ao normal.
O público está pasmo. Nem um pio.
Genjiro finalmente grita:
— KAEEEEEEEDEEEEE!!!
Ryuji sorri de lado.
— Apostou tudo… e virou a mesa.
E assim termina o segundo combate.
Mas a guerra… tá só começando.
A roleta gira.
O som é uma batida frenética no peito de quem assiste, um clique metálico que prende todo mundo no instante. A arena inteira parece conter a respiração — o mundo para, só pra esse momento respirar fundo junto.
Cartas explodem em faíscas, luzes piscam frenéticas, o cenário vira uma rave caótica de néons e sombras, o ar carregado de eletricidade pura.
Kaede engole o sangue que escorre, o corpo latejando em fogo, mas os olhos? Queimar mais forte que isso não tem como. Fúria, foco, um fogo que não apaga nem se a casa inteira desabar.
A roleta para.
O símbolo é uma quebra, uma fenda no jogo: um dado dourado, metade sete, metade zero, divididos como uma fenda na sorte.
Saeko arregala os olhos, o choque é quase palpável.
— Não… não pode ser…
Kaede, arfando, mal consegue sussurrar:
— O que diabos significa isso?
A voz de Saeko ganha peso, carregada de sombra.
— Símbolo da Jogada Dupla. Um evento raro pra cacete. Quando ele cai… é aposta dupla. Duas vidas, um campo que se molda pro duelo final de sorte e fúria.
O céu se parte em luzes cortantes de néon, e aparecem duas roletas gigantes girando — uma atrás de Kaede, outra atrás de Saeko.
— Você me feriu, Kaede… agora a gente joga junto. Pra valer.
As roletas giram mais rápido, quase insanas.
— Cada um tem um giro. O que sair, cria um bônus ou uma maldição. É o jogo ou a vida.
Kaede fecha os olhos, tranquilo no olho do furacão:
— Tô aqui. Que venha o que for.
As roletas desaceleram.
A de Saeko para primeiro, mostrando um coração cercado de espinhos negros, exalando fumaça.
— Maldição da Dor Compartilhada — Saeko solta um riso com medo misturado. — Cada dano que eu levar… você sente igual.
Kaede cospe no chão, irritado.
— Maravilha. Agora eu carrego sua dor também.
— Bem-vindo ao meu inferno — ela sussurra, como se o jogo tivesse virado sério de verdade.
A roleta de Kaede para logo em seguida, brilhando com um símbolo de raio partido e dois braços em um aperto de mão flamejante.
— Isso é…
— Apostador Insano — Saeko fala, agora séria. — Você dobra o dano que acertar… e o que receber também.
Kaede sorri, torto, sangue ainda escorrendo.
— Dobrar? Isso é jogo de verdade.
— Maluco de verdade… — Saeko murmura, o medo dando brecha.
O chão treme, o poder da Jogada Dupla sacode o campo. Fichas energéticas brotam como muros, plataformas, obstáculos — o cenário vira um quebra-cabeça brutal.
Kaede explode pra frente.
Veloz, imprudente, ignorando a dor, ignorando os músculos travados, forçando cada fibra além do limite.
— VAI TOMAR NO CU, SAEKO!!! — seu punho brilha vermelho escarlate, uma chama viva de pura revolta.
Saeko tenta desviar, mas não dá tempo. O impacto é um míssil que corta o ar.
O soco atinge em dobro, uma explosão que consome ambos em um turbilhão de energia.
Eles voam pro chão, cuspindo sangue, mas Kaede… ele sorri.
— Eu te avisei… ia te quebrar.
As roletas no céu se estilhaçam, como se o destino tivesse ligado o modo game over por um momento.
Mas os dois… estão vivos.
Respiram fundo.
E continuam apostando.
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