Capítulo 17 | Jogo de Poder — A Ascensão dos New Gen
A aurora ainda não havia despontado no horizonte quando os motores dos carros blindados cortaram o silêncio da madrugada. Um por um, os veículos chegaram ao pé daquele monstro de aço e vidro — o Centro Internacional de Comando da FISA. O prédio era uma obra-prima futurista, suas linhas retas e curvas perfeitas refletiam a luz das primeiras estrelas, que ainda resistiam no céu noturno. Elevado sobre pilares cromados, parecia flutuar sobre a cidade, um símbolo claro de poder e controle.
No caminho que levava à entrada principal, tapetes negros alinhados com precisão contrastavam com o chão de mármore branco polido. Guardas em uniformes impecáveis vigiavam cada passo, atentos como predadores em uma savana silenciosa. O ar estava carregado — não só pelo peso do evento, mas pela tensão invisível que unia aqueles homens e mulheres.
Os presidentes começaram a descer de seus carros um a um, seus rostos revelando tudo, menos relaxamento. Olhos afiados que pareciam varrer cada detalhe ao redor, sorrisos firmes e contidos que não deixavam transparecer a mente calculista por trás da fachada. Cada um carregava o próprio mundo nas costas, com reputações a defender e ambições a esconder.
Então, um destaque surgiu: Daizen Takatora. Ele não era o maior em estatura, mas seu porte impunha respeito imediato. Os cabelos negros alinhados como um exército disciplinado, olhos escuros brilhando com a chama da determinação. Seus passos eram firmes, mas silenciosos, como se cada movimento tivesse um propósito maior que ele mesmo. Daizen carregava a esperança do Japão sub-20 — um peso que não deixava transparecer fraqueza, apenas um fogo silencioso que queimava por dentro.
Ao atravessar a entrada automática, suas pupilas encontraram a imensidão da sala de reuniões, onde o futuro do Fighters World seria decidido. Sem hesitar, ele se direcionou ao centro do palco invisível, o epicentro daquela tempestade de mentes brilhantes e poderosas.
O relógio marcava o início de uma nova era. E a tensão no ar dizia claramente: nada ali seria como antes.
A porta de vidro se fechou com um leve sussurro atrás de Daizen, separando o mundo lá fora daquele santuário de decisões. O espaço interno era vasto, dominado por uma mesa oval que mais parecia um altar — sua superfície negra refletia as figuras que se aproximavam, como se as sombras ali dentro já se entrelaçassem em uma dança silenciosa.
Luzes embutidas no teto começaram a diminuir gradualmente, criando um ambiente onde cada rosto e gesto ganhava um peso dramático. A escuridão suavizou as bordas do espaço, fazendo com que o foco caísse exclusivamente sobre os presentes. Era o prenúncio de uma reunião onde palavras não ditas pesavam tanto quanto as que seriam pronunciadas.
Um a um, os presidentes tomaram seus lugares ao redor da mesa, como peças em um tabuleiro vivo. Não havia necessidade de apresentações formais — os nomes já ecoavam em seus pensamentos, reverberando a história e a reputação de cada um. Sorrisos curtos, olhares que se cruzavam carregados de desafio, apertos de mão firmes e precisos. Cada gesto é um teste, cada expressão uma mensagem codificada.
Da esquerda para a direita, rostos conhecidos se fixaram na penumbra da sala:
Takeshi Hoshigami, o comandante frio do Bastion Mugen, cuja disciplina era lendária;
Lars Vogt, o estrategista implacável do Borustion Zortmund, com olhos que pareciam calcular mil variáveis ao mesmo tempo;
Sofia Delgado, a diplomata do Realisor, sempre equilibrando poder e graça com maestria;
Marco Romano, o fogo passionário do Atletico Vortex, que nunca escondia suas ambições;
Gianni Ferraro, o mestre das táticas sutis do JuveXion, com um sorriso que nunca alcançava os olhos;
Enzo Martelli, o veterano do Napolk EX, cuja presença impunha respeito instantâneo.
No centro de tudo, repousava o símbolo da FISA — a Federação Internacional de Senzoku Avançada. Um emblema que representava a organização que mantinha o equilíbrio no Fighters World, regulando as regras do jogo e garantindo que o poder dos lutadores não extrapolasse os limites da ordem.
A FISA não era só um nome, era a força que segurava as pontas de um mundo onde a habilidade, a ambição e o segredo se misturavam numa dança perigosa. Ali, naquele instante, cada presidente sentia o peso da responsabilidade e da ameaça que rondava por trás das portas fechadas.
O conselho estava formado. O futuro começava a ser desenhado.
O silêncio que dominava a sala foi quebrado pela voz firme e controlada de Daizen Takatora. Ele se levantou lentamente, cada movimento carregado de propósito, como se a energia de toda uma nação estivesse condensada em seu corpo. Os olhos do conselho se fixaram nele, atentos e cautelosos, porque sabiam: ali estava a chave para o que estava por vir.
Daizen começou com palavras medidas, carregadas de significado velado.
— Nós estamos vivendo uma era de mudança, disse ele, a voz ecoando com a calma de quem domina o próprio fogo interno. — O Japão, especialmente a categoria sub-20, está em meio a uma revolução silenciosa. Surgiram novos lutadores, uma nova geração — os “New Gen” — que ultrapassam os limites do que conhecíamos até hoje.
Ele fez uma pausa, deixando o peso daquelas palavras preencher o ar. Não citou nomes, mas não precisou. Cada presidente ali sabia que o futuro estava sendo moldado em segredo, e o Japão estava dando um passo à frente, longe dos olhos do mundo.
— Esses jovens não são apenas talentos promissores, continuou Daizen, olhos percorrendo os rostos ao redor da mesa, — eles têm o potencial para redefinir o Fighters World. Suas habilidades, sua conexão com o Sen, e o nível de controle que demonstram já desafiam o que considerávamos impossível.
A sala ficou tensa, como se a pressão do anúncio tivesse aumentado o oxigênio ao redor. Alguns presidentes trocaram olhares rápidos, outros se mantiveram imóveis, absorvendo cada palavra com a cautela de quem entende o preço do poder.
— Mas deixo claro que ainda estamos em fase inicial, — Daizen alertou, erguendo uma mão para conter a ansiedade silenciosa, — o Japão mantém total sigilo sobre quem são esses lutadores. O fator surpresa será nosso maior trunfo.
Um silêncio pesado voltou a cair, interrompido apenas pelo leve tilintar dos copos de cristal posicionados diante de cada um.
— O que podemos esperar, então? indagou Sofia Delgado, a voz suave e diplomática do Realisor, rompendo o silêncio com uma pitada de curiosidade e preocupação. — Aguardamos ansiosos para ver o que essa nova geração pode significar para o equilíbrio global do Fighters World.
Daizen assentiu, seu semblante inabalável.
— O mundo vai testemunhar mudanças profundas. O Fighters World como conhecemos está prestes a evoluir, e o Japão estará na vanguarda dessa transformação.
Enquanto falava, uma sombra de desafio e promessa pairava no ar. Não era apenas um aviso — era uma declaração de guerra silenciosa.
O conselho, até então formado por titãs do poder e da estratégia, sentiu o solo tremer sob seus pés. A voz do Japão não era mais apenas um murmúrio distante, mas um trovão que anunciava tempestades prestes a desabar.
E naquele instante, entre olhares carregados de respeito e tensão, uma certeza se firmava:
O futuro do Fighters World seria escrito por aqueles jovens desconhecidos — os New Gen — e a batalha pelo topo estava apenas começando.
O ar ficou pesado assim que Daizen terminou sua fala — o silêncio que se instalou era denso, quase palpável. Até o tilintar dos copos parecia um trovão distante, reverberando na mente dos presentes. A atenção se voltou para Takeshi Hoshigami, o presidente do Bastion Mugen. Ele se levantou devagar, um homem que parecia carregar a austeridade de mil batalhas em seus ombros.
Seus olhos penetrantes cortaram a sala como lâminas, e sua voz, baixa e firme, reverberou com autoridade.
— Potencial é uma palavra bonita, mas não basta, — disse Takeshi com frieza quase cortante, — talento sem disciplina é um perigo para todos. Se esses novos “New Gen” são realmente o futuro, eles precisarão provar que conseguem se controlar, que não são só fogo de palha.
Ele deu um passo à frente, o peso de sua presença fazendo a mesa tremer sob a tensão.
— No Bastion Mugen, não toleramos nada menos que excelência. O poder deve vir acompanhado de rigor, controle absoluto — ou é só mais um desperdício de energia que vai queimar antes do combate.
Alguns no conselho assentiram em silêncio, enquanto outros franziram a testa, sentindo o tom desafiador. A atenção então se voltou para Lars Vogt, presidente do Borustion Zortmund, que estava apoiado na cadeira, com os dedos entrelaçados à frente do rosto, como se estivesse calculando cada palavra antes de soltar.
Com um sorriso que não alcançava os olhos, Lars falou com a voz precisa de um estrategista que conhece o jogo melhor que ninguém.
— A Europa não ficará para trás, — disse ele com confiança gélida, — temos nossos próprios “New Gen” em ascensão. Lutadores forjados na dureza do Borustion Zortmund, que sabem o que é sofrer, resistir e explodir no momento certo. Acreditamos que a próxima geração será o choque que vai abalar esse Fighters World.
Ele encarou Daizen por um instante, deixando clara a rivalidade que já pulsava no ar.
— E que venha o desafio. Estamos prontos para mostrar que disciplina e resistência também são parte do nosso sangue.
Sofia Delgado, do Realisor, e Marco Romano, do Atletico Vortex, trocaram olhares rápidos. Era óbvio que a tensão crescia, cada presidente defendendo sua visão, seu território, seu futuro.
Sofia quebrou o silêncio com a voz suave, mas carregada de firmeza.
— O equilíbrio é fundamental. Não podemos permitir que essa guerra silenciosa destrua a cooperação que mantém o Fighters World funcionando.
Marco, com um sorriso mais aberto, respondeu com a energia típica do Atletico Vortex.
— Cooperação? No meu mundo, vitória é o que importa. Se os novos “New Gen” querem dominar, que venham. Vamos mostrar que a paixão e a força são as verdadeiras armas.
Gianni Ferraro, do JuveXion, que até então permanecia calado, finalmente falou, sua voz cheia de ironia fina.
— Vocês falam como se já tivessem certeza do futuro, mas o Fighters World sempre foi imprevisível. Talvez esses seus “New Gen” que tanto temem sejam apenas a fagulha que vai incendiar tudo. Se preparem para o que o nosso Zumbizinho tem a oferecer.
Enzo Martelli, do Napolk EX, fechou o debate com um olhar experiente e palavras firmes.
— Independente de onde vêm, o importante é que o jogo mudou. E quem não se adaptar… será esquecido.
As luzes da sala, antes suavemente diminuídas, ganharam um brilho intenso por um instante, como se o próprio ambiente reagisse à eletricidade daquela discussão.
Cada presidente sentia a responsabilidade, a pressão e o medo do desconhecido. Ali, naquela mesa, não estavam apenas discutindo lutadores. Estavam traçando estratégias para manter o controle em um mundo que já não era mais o deles — era dos “New Gen”.
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