Capítulo 5: Grande sobre sua própria sombra
“Poder, riquezas, adoração, não me importa suas motivações, se você conseguir, só importa o que fará, a chance está aí para todos, só que com vagas limitadas, então arrisque seus sonhos e vidas! Para os realizar e mudar para sempre, pois nem eu terei autoridade sobre você e nem uma autoridade neste mundo, pode se sobrepor, tal liberdade é apenas alcançada por um grupo seleto de humanos, os dispostos a arriscar! Os Xá sempre estiveram por aí’’, falas vindas do príncipe do Império de Yu, anuncia para todos aqueles que possui dentro de si, a disposição de se arriscar.
Eles chegam ao pátio do local, que estranhamente não está cheio, diferente dos vários locais da cidade. A algumas dezenas de jovens, no máximo cem, alguns inclusive que reparam neles e olham para eles como especiais, em volta do pátio ao edíficio com as salas e acima o teto com as telhas de barro de cor bege visíveis. Hiro percebe olhares em volta de si, e fica incomodado, e fala isso a Saikyo.
— Parece que o pessoal aqui conhece a gente, ficamos com um crédito ruim, mas aqui devia estar lotado, não é?
— Não creio que essa tal de batalha real seja tão assustadora, afinal ainda não entendi o que ela tem haver com soldados, exploradores e patrulheiros — diz Saikyo.
Alguém sobre a sombra deles escuta a conversa, alguém que não percebem, mas de uma natureza a qual eles reconhecem assim quando ele se expressa. Um rapaz mais velho, de 19 anos de idade, usando camisa rosa, com botões, junto de uma calça jeans e sapatos brancos, a blusa e a calça estão amassadas, está com a mão esquerda no bolso e na direita segura um caderno e uma caneta, com postura despojada, coluna curvada, usando óculos redondos de grau alto, com armação fina. Pele clara, mas com tom mais leve, olhos castanhos escuros puxados e pequenos, nariz pequeno e com inchado na ponta, e cabelo liso, raspado dos lados, e em cima penteado para frente, corte baixo, com uma entrada em cada lado. O rapaz é de estatura média, porém com altura superior às dos dois jovens, próximo de um metro e oitenta, magro e com ossos visíveis, o que faz seu rosto ter um formato oval incomum, com o topo da cabeça sendo desproporcional à parte de baixo. Este rapaz os aborda.
— Então vocês já foram selecionados, infelizes, devem ser da cidade, estamos em um local que pode mudar a vida de alguém, e de suas famílias para sempre, devem ser filhinhos da mamãe que acabaram vindo pra cá por engano, estranho, ninguém é selecionado por engano, então como pararam aqui?
— Longa história, e você quem seria, e por que uma seleção? — Saikyo retruca com outra pergunta, tomando a frente, ao mesmo tempo que enxerga o sujeito como suspeito, possui uma curiosidade.
— Eu? Venho do Sul da nação, meu nome é Barke, e luto pelo título que a batalha real dá, esta tradição antiga que foi proibida a 20 anos atrás, vocês parecem não ter estudado tanto, mais pela aparência acho que não chegaram ainda na idade para isso.
— Lutar? O que é a batalha real? Um torneio e que título ela dá? — Hiro perdido faz a pergunta para tentar se situar.
— Não se sabe exatamente como será, a tradição abandonada a 20 anos, acontecia anualmente, talvez pelo tempo sem, acabe por ser a mais grandiosa, ela é feita para descobrir pessoas com potencial, de se tornarem Xás! — o garoto que os abordou não poupa explicações e emoções, sendo bastante sincero.
— O que!? Vão transformar agente em uma bebida! — diz Hiro, levando ao pé da letra.
— Um xá! Eu reconheço essa palavra! — diz Saikyo, que ao escutar a palavra arregala os olhos, com certo brilho.
— Ao conseguir este título você pode se tornar o que você quiser, é o passe para poder mudar sua vida, a de quem ama e até mesmo das pessoas de sua região, poderá viajar para qualquer lugar, a liberdade de conquistar tudo que é possível e dizem que podem fazer o que é impossível! — discursa adicionando o seu próprio tom de dramaticidade.
— Ah, e por que eu nunca ouvi falar desse negócio!? — Hiro perdido os questiona.
— Você mora no lugar mais pacifico que se tem para morar, o General de Mu que proibiu as batalhas reais, mas dizem que ele está nas últimas, talvez esteja prestes a bater as botas sabe! — Barke o explica de sua maneira.
Próximos dele está uma dupla de amigos, um deles está extremamente empolgado este é Hinari Krakdzi de cabelos alaranjados claros lisos, com o corte tradicional, no formato de tigela, uma franja que cobre sua testa formada por mechas que ficam apontadas para frente, apesar do cabelo ser curto também é volumoso e denso com muitas mechas, as quais ele penteia as do topo para a esquerda, que balançam pelo ar, pois os fios de seu cabelo é finos, ele usa brincos nas duas orelhas, de cor de bronze em formato de ferradura, com no lugar do parafuso desenho de chamas. Seu rosto é belo, com traços fortes, com lábios grossos, dando espaços para seus grandes dentes, que fazem ter um largo sorriso e nariz grosso também, retangular e olhos castanhos comuns, exceto suas pálpebras que são bastante abertas, o que dá a impressão que está focado e suas pupilas que são mais achatadas que o comum. O jovem é alto, com 1,85 de altura e possui um físico escultural com os braços definidos, e grandes, de peito largo e abdômen trincado, com coxas e panturrilhas grossas, mãos grossas também. Isso faz com que suas calças brancas fiquem apertadas, porém por ser de um material elástico e botas vermelhas pequenas, que não são de couro, cobertas por um tipo de pano que lembra uma pelugem, as pontas são alargadas e apontadas para cima, ele usa uma jaqueta regata preta com listras amarelas partindo dos ombros até o torço, que dentro delas possui desenhos de rosas do deserto, por dentro da jaqueta usa uma camisa laranja de manga longa comprida, que fica folgada. Usa pulseiras na mão, listradas.
Menos extravagante, com menor empolgação e mais contido, Enji Gaethje, um rapaz brancode cabelo liso fino e loiros, amarelos claro, de corte dos lados e no topo curto, com um rosto comum e simples, de expressão relaxada e serena, olhos verdes escuros, proporcional ao seu rosto, boca pequena e lábios finos e orelhas pequenas porém inchadas, a testa avantajada e o seu nariz é o que mais se destaca, sendo longo e com as narinas um pouco largas. Assim como seu colega, ele possui um corpo visivelmente forte, não tão aparente, pois suas vestes cobrem quase todo o seu corpo, que possui um físico compacto, um pouco mais baixo, 1,80 de altura, mãos grossas com arranhões e cicatrizes. Usa calça jeans azul folgada apertada por um grande cinto de couro marrom, que aperta não só sua calça, juntamente aperta ao seu corpo a blusa regata preta que usa, por cima da blusa uma jaqueta azul escuro de tecido resistente e impermeável, que tem golas altas naquele momento está aberto, abaixo dos ombros e voltando eles possuem listras circulares prateadas, listra também circular que aparece na linha do umbigo na jaqueta . Por último seus sapatos fechados, com cadarços passados por dentro, de material resistente também, que visualmente parece couro preto. Ambos possuem 18 anos de idade, garotos objetivos parecidos, com posturas diferentes, Hinari deixa bem claro como se sente.
— AH! Isso é demais, eu estou entre os jovens selecionados!
— Com licença, colega, mais da onde você tirou essa informação? Pela sua empolgação me parece que é de uma fonte confiável! — fala Barke já procura se aproximar com o garoto.
— A deixe-me explicar, eu vim de uma região muito, muito distante, então meio que eu tive que ser convidado, saco? EU TENHO O PREPARO NECESSÁRIO! — Hinari grita empolgado com uma energia efervescente, até mesmo incomodante para Barke.
— O preparo da gente é a nossa própria vida, até onde eu sei ninguém será privilegiado nessa disputa.
— Minha família me mandou para cá, isto que ele fala é verdade, só que eu não to nem ai, eu nasci para ser um xá entendeu, eu carrego esse legado, eu sou diferente de todos! — Hinari se inspira com suas próprias palavras.
O seu parceiro Enji começa a se incomodar com toda a gritaria, e se manifesta impaciente, cobrando.
— Cala a boca, dá para se achar um pouco menos? Afinal, eu passei junto com você.
— Calma ai de onde vocês são? — Hiro pergunta a Enji e Hinari que acabaram de entrar na conversa.
Hiro fica curioso para saber quem são aqueles outros dois que também foram selecionados e parecem confiantes. O primeiro a responder, claro, é Hinari.
— De Machang, dos campos, da cidade da Caodi, desde de jovem eu cavalgo pelas serras dando trabalho para os oficiais!
— Então você é um trambiqueiro? — Saikyo faz o questionamento começando a duvidar da índole dele.
— Revolucionário fervente! Mas vocês urbanos não entenderam a causa das minhas terras — Hinari se explica demonstrando certa aversão a eles, quando cita os urbanos.
— Realmente, eu venho de uma cidade próxima a dele, mas é um local onde somos explorados nas minas de ferro e nas fábricas de metal, é melhor passar por esse evento que são alguns dias no inferno, para alcançar o céu do que viver uma vida medíocre! — Enji diz da onde vem, e do porquê está ali, sua fala carrega rispidez e insatisfação.
— Eu concordo totalmente, vale a pena morrer por isso — Barke concorda carregando uma rispidez e insatisfação similar, como algo desgostoso preso na garganta.
— Mais poucos nasceram para isso, encantados como eu! — Hinari repete novamente como é especial.
— Oh, esse se acha — diz Saikyo começando a se incomodar com Hinari também.
Alguém vem de longe correndo para cima de Saikyo, salta nela de repente, o que a faz se virar em direção de quem vem em cima, e de repente recebe um abraço. De uma menina pequena, de pele pálida, mas vivida, de cabelos escuros lisos, com mechas grossas, no topo da sua cabeça levemente arrepiados, longos indo até atrás de seus joelhos, olhos castanhos dourados. A pequena mede 1,54 de altura, magra o que faz parecer ser uma criança, apesar de ter 14 anos de idade, seu nome é Shinda Nelphli. Ela usa uma vestimenta tradicional para ela, um cropped rosa, com um círculo que deixa uma parte das costas atrás descobertas, calças de seda preta, com decaimento maior abaixo dos joelhos e de boca larga, usando saltos altos, a única coisa diferente em sua vestimenta é uma camisa curta branca que cobre o umbigo, todavia mantém as costas nuas.
— Você por aqui, eu devia te esperar, quem são seus amigos!? — faz diversas perguntas, emocionada, logo após o abraço permanecer segurando suas mãos, olha para os outros com sorriso.
— SHINDA! — grita impressionada, os olhos de Saikyo brilham, até muda seu humor ao ver aquela pequena garota. — Ah bem, não somos muito bem amigos, apenas eu e o Hiro. Mas o restante é gente boa pelo que parece.
— Oi! — Hiro a cumprimenta, sorri para a garota acenando para ela, como se já tivesse visto ela em algum lugar.
— Oi, menino de cabelo engraçado! — Shinda agarra a mecha redonda do cabelo de Hiro, apalpando.
— Ah, mesmo? Todos falam que ele é bagunçado! — ele responde ficando envergonhado ao ter a sua mecha redonda apalpada.
Shinda após interagir com Hiro, ao olhar em volta rapidamente nota que os outros estranham sua presença no local, e então trata-se de se apresentar para eles.
— Ola pessoal, sou Shinda!
— Ela é . . . Uma criança!? — Barke pergunta enquanto aponta para ela, boquiaberto e confuso.
— Isso não devia ser proibido! Esse tipo de coisa é o motivo da minha revolta! — Hinari se posiciona, ficando estressado com esta situação, com a testa vermelha e de sangue quente.
— Vai ver que ela é mais velha do que parece, mas apenas vejo uma criança, por acaso você é uma bruxa? — Enji pergunta de forma séria.
— Eu? Claro que não! — Shinda responde.
— Ah, ela realmente é uma criança, vamos denunciar isso! — diz Enji, que fica revoltado, ao perceber que ela é realmente uma criança.
— A que isso parem de brincar comigo, deixem de besteira — diz Shinda, levantando a mão aberta e abaixando para baixo, algumas vezes, num sinal de quem está envergonhada.
— Estranho, ei, vocês conhecem mais alguém aqui? — Barke pergunta a todos em volta, a fim de fazer mais interações.
— Eu apenas conheço o Hinari — diz Enji.
— E eu o Enji! — diz Hinari.
— Nós estávamos procurando um colega — Saikyo responde a Shinda.
— O Picon parece estar ocupado — Hiro faz a observação, ao ver Picon de longe conversando com um rapaz.
— Bom, vamos ver se eles se interessam pela minha proposta, tem seis aqui, e são dez vagas! Se só um de nós se tornar um Xá, pode ajudar todos os outros, que tal quando nos encontrarmos lá, nos ajudarmos o que me dizem!? — diz Barke de forma discursiva e emocionante.
Barke é encarado pelos outros como quem se empolga demais, sendo deixado em silêncio por um tempo.
— Me parece legal — diz Shinda, apenas para não o deixar no completo vácuo..
Barke fica cabisbaixo imediatamente, se sentindo constrangido, mas Saikyo logo corta o clima.
— A verdade Shinda parece uma ideia legal, então o que você faz aqui menina?
— Eu sou uma Nelphli, eu tenho que estar aqui — Shinda explica de forma vaga, escondendo algo.
— Que que isso? — pergunta Hinari.
— Nelphlis? — Barke dúvida e fica assustado sentindo um mau estômago, seus olhos não piscam, apesar de ciscar. — Esses não são os demônios, nos corpos de humanos?
— Ha, que história bobinha, não tem nada disso! — Shinda afirma, ao se mostrar um pouco incomodada, mas encara com tranquilidade a fala dele, demonstrando simpatia.
No entanto diferente dos dois rapazes similares a ela, de cabelos longos e negros, com a mesma vestimenta, que surgem ao lado dele.
— Ei, ei parece que alguém não está a saber do que se fala! — alguém incomodado reclama.
— Vamos mostrar o que nós somos, hey, Shinda sai de perto deles — fala ao lado do outro sujeito, com uma voz animada.
— Eu, só falei o que dizem as más línguas! — Barke tenta se explicar, virando para trás, sentindo que algo ruim vai acontecer.
— E sabe o que acontece com as más línguas, são arrancadas — após a fala, o sujeito incomodado agarra a língua de Barke com a mão com força e aperta.
O que provoca uma reação de todos ali em volta, onde os olhos se arregalaram, o incômodo e desconforto de Hiro, Saikyo, Hinari e Enji é nítido, até mesmo de Meiko, como se aquilo fosse exagerado. Tamanha força exercida na língua de Barke, é como se aquele sujeito fosse a arrancá-la.
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