“Sacrificaria minha vida, meu futuro, meu presente pela possibilidade de fazer, ser e pertencer a onde eu quiser! Qualquer coisa, é melhor do que me conformar com o agora!’’

    Dispersados, os jovens vão a procura de tirar suas dúvidas, com algumas exceções, Hiro e Saikyo se separam como grupo. Hiro parte juntamente a Barke andando pela praça que fica a céu aberto, Saikyo permanece no alojamento do pavilhão oito, para resolver seu desentendimento. Tanto Hiro e Barke estão curiosos, sobre o evento e sobre ambos, Hiro pergunta a Barke sobre suas origens.

    — Ei, da onde você vem? Enji e Hinari explicaram da onde vinham, e não eram daqui, você deixou claro que não é desta cidade, de onde vem e por que sair de longe para cá?  

    — Da região de Iurunan, moro nas florestas de Xishuangmbá, na cidade de mesmo nome, mais sempre tive contato com os povoados e tribo, aprendemos a viver e conviver na nossa floresta tropical, até mesmo a caçar, mais isso usando a mente, sou um estudante, foi o que me destacou, inteligência, entende? — pergunta retoricamente, enquanto explica ele ergue a mão direita, e aponta o dedo indicador para o alto, para focar o olhar de Hiro, e dar mais emoção ao que fala. — Como se adaptar é essencial, isso não é um torneio, é uma batalha real, e creio que posso usar minha vivência aqui!


    — Uau, só de olhar não esperaria que teria essa experiência toda! — diz Hiro que já se encontra entretido pela história, mas junto da oratória forte de Barke, ele se prende ainda mais.

    — Pois é, ei, mas a propósito, por que você deixou sua amiga lá, não é perigoso!? — questiona em forma de alerta.

    — Nah, ela sabe se virar muito melhor que eu, to com medo de ficar para trás, vou ver o que posso fazer para adiantar o meu lado e depois volto para informar ela — diz despreocupado.

    — Que confiança admirável que um tem no outro, como vocês se conheceram? — pergunta cruzando os braços, interessado no que pode descobrir.

    — Ah, isso é uma história interessante, sabe meus pais e os dela eram próximos, então a mãe dela é minha tia, as vezes que eu me encontrava com outras crianças eram eventos de família, e a Saikyo sempre estava lá. Mas foi na escola, que nos tornamos amigos de verdade! Eu passo a maior parte do tempo lá! — começa a narrar empolgado.

    — Sua história está interessante, desculpe te cortar, mas para estar aqui é preciso ter mais do que estudo, duvido que apenas estude, vocês de cidade como esta, não tem experiência de sobrevivência real, a única forma é se preparando fisicamente.

    — É, eu pratico algumas artes marciais, começou quando um dia meu pai me levou, para assistir algumas lutas, aí sim fiquei interessado, começando a fazer todas as artes marciais que tinha à disposição! — diz Hiro dando socos no ar em frente, se entregando a sua história, gesticulando conforme conta ela.

    — Uau, deve ter várias faixas, né?

    — Ah nada, eu faço tudo na escola, treino no turno oposto e dos mais velhos, então não tenho permissão para me graduar ou ganhar faixa, pois meu treino é informal, foi lá que eu virei realmente amigo da Saikyo. . .

    Hiro começa a se lembrar de seu primeiro encontro com Saikyo, e se inspirando em Barke narra para ele de forma emocionante, enquanto revive os momentos em sua mente.

    “Eu era mais avançado’’

    Neste momento do passado o qual ele revive, o mesmo se vestia com um kimono branco, com uma faixa branca amarrada na cintura. Está treinando no tatame, isolado dos outros garotos, ele treina sozinho dando socos no ar, logo depois da chute rápidos, após isso chutes voadores e giratórios, continua treinando os movimentos de sombra.

    “Então o mestre me deixava sozinho, apesar de minha faixa”

    Os outros não se misturam com ele, treinam separadamente, algo que já é o habitual para Hiro, que se mantém focado apenas em seus movimentos, mas se distrai, por conta de gritos, então se permite ouvir o que está acontecendo. Alguém desafia os alunos, e os faz cair um após o outro.

    “Ela acabou com todos’’

    Ela é Saikyo, usando o mesmo kimono que ele, só que sua faixa é roxa, de forma ousada e arrogante reivindica o seu desafio.

    — Como assim um faixa branca é o aluno mais avançado daqui? Eu já derrubei todos, então acho que tenho o direito de enfrentá-lo!

    “O pessoal não acreditou que ela iria me desafiar’’

    Os alunos ficam envergonhados e confusos com o que aconteceu, eles acabam sendo derrotados por uma garota desconhecida, mesmo assim, eles não acreditavam que ela podia fazer frente a Hiro, alguns deles falam “Como assim, ela quer enfrentar o Hiro? Ele vive aqui.’’ Então o mestre, um senhor de idade, coloca os dois frente a frente, para se enfrentarem.

    “Eu pensei que poderia a derrotar, tudo bem que ela tinha mais experiência e era mais velha, afinal quando eu a vi eu pensei, essa não é a Saikyo!? E essa foi a mesma reação dela!’’

    — Hiro!? O que você está fazendo aqui? — pergunta impressionada com a presença dele no local.

    — Como assim? Eu treino aqui! — responde em tom mais alto enfatizando sua afirmação como algo óbvio.

    — Tanto faz, eu vou te derrotar! — desafia-o, se preparando para lutar, fecha os punhos em sinal de confronto.

    Os dois frente a frente após comprimentarem, se preparam para o combate, Saikyo assume uma postura tradicional, com as pernas separadas, uma na frente e outra atrás, com elas flexionadas, com o tronco de lado, a mão esquerda a frente e a direita atrás, apesar de dar seu próprio toque, com os punhos fechados próximos ao corpo deixando o rosto totalmente desprotegido e sem medir a distância. Já Hiro apesar de sem intenção, parece ser muito mais provocador, está com as pernas juntas, apesar de flexionadas, os braços estão relaxados, mãos para baixo, apesar de estar com os dedos dobrados.

    Um duelo de pontos tradicional, é geralmente de 3 pontos, no entanto para alunos avançados como Hiro e Saikyo, o combinado foi de 5 pontos. A tabela de pontos se divide em:

    Soco em cheio – 1 ponto
    Chute no rosto – 2 pontos
    Queda com soco no estômago – 3 pontos

    No começo, os dois já se movimentam dando passos em direção ao outros, mais mantendo uma distancia segura, Saikyo chega a uma conclusão óbvia “A minha envergadura é muito maior que a dele, antes que ele consiga me tocar já terá sido acertado’’, ela dá mais um passo se preparando com a mão da frente. Hiro olha para ela fixamente focado, ele dá um passo se jogando para frente, como se fosse para uma investida, isso faz com que Saikyo responde imediatamente desferindo um jab com sua mão da frente, um soco rápido usado para manter a distância entre eles dois e pontuar, com Hiro vindo de encontro, seria potente.

    O punho de Saikyo está em frente ao rosto de Hiro mais não o toca, pois ele avançou até próximo suficiente do soco, ele gira ficando de costas, inclinando o seu corpo saindo da linha de ataque de Saikyo, que recua seu punho de volta para a defesa, mais é tarde pois o chute de calcanhar giratório de Hiro acertou seu estômago e a jogou para trás. Um dos alunos comenta:

    — Ele gosta de fazer render a luta, e testar movimentos, ele machuca, mas não pontua.

    Hiro rapidamente volta a sua postura, Saikyo apesar de se desequilibrar também, e o elogia ao mesmo tempo que o ofende.

    — Maldito, foi rapido nessa!

    — Ah, obrigado! Eu tenho dificuldade com giratórios, gostei de testar essa, você não é nada mau, devia ter dito para mim que luta! — responde com tranquilidade, aproveitando o momento, com a intenção de se testar.

    Hiro se aproxima cada vez mais andando para os lados, deixando Saikyo confusa, ela lança socos rápidos com a mão da frente para tentar parar o avanço e o afastar, mas não acertam, ele caminha a pressionando, enquanto a aconselha.

    — Você tem uma boa marcação, mas tem que ajustar a distância.

    Quando ela lança outro soco com a mão da frente, ele lança a mão de trás, dando um direto de encontro no rosto dela, que a faz andar para trás, Saikyo fica confusa e irritada por estar sendo superada, e pela postura tranquila de Hiro, então ela esquece de manter a distância e se aproxima, só que Hiro estica os braços mantendo uma distância entre eles dois evitando os socos, e logo com a perna de dá um passo para frente, ao mesmo tempo que com a perna da frente a esquerda, ele dá um chute por dentro da panturrilha de Saikyo a fazendo abrir a base, perdendo a compostura, e logo sobe com a mesma perna chutando o rosto dela, marcando mais dois pontos, e depois se afasta de Saikyo.

    Frustrada por estar perdendo, Saikyo range os dentes e Hiro percebe o incômodo, e tenta acalmar.

    — O que foi? Não precisa levar isso tão a sério, eu posso pegar mais leve, afinal não gosto de bater em garotas! — diz ele enquanto sorri gentilmente, para que ela não leve aquilo tão a sério, o garoto apenas se diverte, e explora suas habilidades.

    — É melhor repensar, você pode me acertar várias vezes, mas eu preciso de apenas um golpe! — ela fica irritada, se sentindo tratada como algo fácil de se lidar e parte para cima com tudo, dando socos em sequência.

    Isso assusta Hiro, por ver que a deixou irritada, ele não é acertado pelos primeiros golpes, indo para trás, mas a agressividade de Saikyo faz com que um dos socos entre em contato com ele, o que não o preocupa, até que seja acertado.

    “Eu me lembro bem quando levei um soco dela, UH! Cara eu senti minha cabeça balançar!”

    Ele fica tonto, ao receber outro seus olhos piscam, com seu rosto chacoalhando,  e imediatamente fecha a guarda, recebendo mais golpes, que vão o empurrando, e que mesmo em defesa, os sente. Então Hiro revidou dando um gancho com a mão esquerda no queixo de Saikyo em uma tentativa de conter a investida, mais essa é abertura que Saikyo precisa, com a mão esquerda agarra o bíceps dele parando o golpe, e esticando o braço direito, agarra com a mão o kimono de Hiro, dando um passo para frente e girando ficando de costas para Hiro, encostando o quadril nele o ergue no ar, e logo depois o joga para frente, e em seguida puxa para baixo, o batendo no chão, caindo junto com ele com o joelho em cima de sua barriga. É nesse momento que ela retruca o que viu como ofensas.

    — Eu devia ter me aproximado desde o começo! — exclamou emocionada, abriu um sorriso, agora satisfeita consigo mesma, dá um soco no estômago de Hiro finalizando a luta, e logo depois se levanta.

    Todos ficam de boca aberta com o que aquela garota fez, a maioria se sentindo mal por terem sido superados pela garota, já Hiro, fica com sua mecha redonda em espiral, acaba por ficar caída, em frente a sua testa, ele se levanta e acaba dizendo palavras confusas.

    — É isso mesmo, então é o destino.

    — Uh, o que? Tudo bem com você, te bati forte, mas ei você foi bem, não precisa ficar cabisbaixo! — Tenta motivá-lo, e ergue a mão para ele.

    — Vamos nos casar! — declara levantando o seu punho, demonstrando que sua confiança está recuperada.

    — Você está maluco!? — questiona a declaração absurda, perplexa, seus olhos redondos ficam minúsculos, de tão fechados, os lábios se retraem, e suas narinas ficam franzidas, juntamente de sua testa.

    — O que foi, você me derrotou.

    — Que bobagem! — grita revoltada, achando a afirmação do garoto estúpida.

    — Então tudo bem — diz se levantando cabisbaixo e pensativo novamente sobre a derrota.

    — Ei que foi, só porque eu recusei não precisa ficar triste também, podemos ser amigos.

    — Já sei, então se eu te derrotar, vamos nos casar! — declara novamente outra proposta exagerada.

    — Tá de brincadeira, você nunca vai me derrotar! E ei, a gente é primo! — ressalta a relação de parentesco que eles tem, irritada, algo que deixa os outros envolta impressionados também.

    — Ah é, me esqueci desse detalhe! — explica-se envergonhado, coçando a cabeça e pensa por um tempo, quando processa os fatos ele fica chocado. — Espera aí eu não posso casar com você! Você é a minha prima!

    — Foi o que eu te disse idiota.

    Ao terminar a história, Hiro envergonhado passa a mão no próprio cabelo, e tenta justificar sua estranha atitude.

    — Eu era meio idiota nessa epoca, e eu não andava tanto com a Saikyo, acabei esquecendo de um pequeno detalhe, bem, não a motivo para me preocupar com ela, afinal parece que ela conhece aquele cara.

    — Que baita história! — elogia, satisfeito, gosta de contar história, e ainda mais de ouvir boas histórias, algo que para si é apetitoso. — Parece que o pessoal está entrando nas salas, estou curioso porque, eu vou entrar também.

    — Uh, isso pode demorar um pouco, acho que a Saikyo não vai demorar tanto, vou ficar do lado de fora mesmo.

    — Ok, logo te encontro, se você ainda estiver aqui, falou — despede-se indo para dentro de um dos pavilhões.

    Hiro vai andando em volta do pátio, vendo as pessoas entrando nos pavilhões, e logo o local vai ficando  deserto. Dentro do oitavo pavilhão, as diferenças entre Saikyo e Raikou seriam resolvidas, com o local vazio agora, apenas com Picon, Akuto, Shinda e Meiko como espectadores.

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