Capítulo 21 | Imprevisível no Caos
O ar na arena estava tão denso que dava para sentir o peso da ameaça de Kuroki ainda pendurado, como uma sombra pronta para atacar. O silêncio que dominava o espaço era quase palpável, uma pausa tensa como o instante antes da tempestade. Todo mundo esperando, congelado, sem saber qual seria o próximo passo desse duelo.
E então, como um trovão cortando o céu, um chute seco e certeiro quebrou aquele silêncio — era Ryuji, não só atacando, mas fazendo o chão tremer com a força do seu impulso. O movimento dele não era só físico, era uma explosão de vontade, uma faísca que incendiava a arena inteira.
Os olhos de Ryuji ardiam como brasas incandescentes, cintilando uma luz que não vinha só do seu Sen, mas da alma dele — aquela chama que não se apaga nem com as maiores ameaças. Seu rosto, focado e decidido, mostrava que ele não estava ali para jogar conversa fiada ou recuar. Ele estava ali para esmagar qualquer dúvida, para provar que suas palavras não eram só fogo de palha.
Ele avançou, cada músculo tenso, o chute cortando o ar com precisão cirúrgica. A energia da explosão fez até a poeira no chão levantar, espalhando um leve rastro que acompanhava o movimento feroz.
Ryuji Arata, com voz firme e olhos em chamas:
— Se você está tentando me assustar com histórias… perdeu seu tempo. Eu não vim aqui para fugir desses caras. Vim para superá-los.
A declaração caiu como um soco no estômago da plateia, uma promessa viva que fazia o coração dos espectadores bater mais forte. Não era só um grito de guerra, era a pura verdade cravada no peito do lutador.
Kuroki, mesmo com um fio de sangue escorrendo pelo canto da boca, esboçou um sorriso torto e arrogante, limpando a boca com o dorso da mão, como se aquela faísca do Ryuji só tivesse aumentado a vontade dele de esmagar o oponente. O riso era frio, uma mistura de desafio e respeito mal disfarçado.
Kuroki Enra:
— Isso é o que eu queria ouvir, Arata. Mas palavras só servem até o primeiro golpe que te derruba.
O clima se carregou ainda mais. Agora não era só uma batalha de força, era um confronto de espíritos. Dois guerreiros jogando suas cartas, cada um desafiando o outro a provar quem realmente manda naquele ringue. E Ryuji, com aquela luz intensa nos olhos, estava pronto para incendiar o próximo round.
No instante seguinte ao chute ardente de Ryuji, a arena pareceu prender a respiração, como se o próprio tempo tivesse decidido pausar para testemunhar o próximo passo. Kuroki, com a boca ainda tingida de sangue, mudou a postura de um jeito que arrepiava. Seus olhos, antes tranquilos, agora brilhavam com um fogo glacial — não um fogo que queima, mas um frio cortante que congela a alma.
O corpo dele relaxou, mas ao mesmo tempo ficou tenso, como um arco prestes a disparar. Era uma metamorfose silenciosa, um movimento sutil que só quem é fera percebe. A aura ao redor dele começou a se condensar, tomando forma de uma névoa quase invisível, mas pesada. Uma energia densa que não pulsava como a de Ryuji, que explodia com força bruta, mas que penetrava o ar com precisão cirúrgica, como uma lâmina invisível cortando as vibrações ao redor.
Ryuji sentiu o cheiro dessa aura — não era só energia, era controle absoluto do ambiente. Era como se Kuroki tivesse encontrado uma forma de desacelerar tudo ao redor, tornando cada segundo mais longo, cada movimento mais previsível. A atmosfera ficou congelada, como se o tempo fosse um rio que ele dominava, e não o contrário.
Kuroki deu um passo à frente, a expressão séria, quase distante, como se falasse de algo que transcendia aquela luta. Ele falou com uma voz baixa, firme, carregada de uma verdade que cortava o peito do adversário.
Kuroki Enra:
— Meu Sen não acelera o corpo. Ele desacelera o mundo. Cada movimento seu… é como se eu já tivesse vivido.
Ryuji, com os olhos arregalados, sentiu um frio subir pela espinha. O que ele acabara de ouvir não era só uma técnica, era um poder que desafiava a própria essência do tempo. O choque era mais do que físico, era mental. Era como se ele tivesse encontrado um muro que não podia simplesmente pular.
Ryuji:
— (sussurrando, incrédulo) O quê…?
A arena inteira pareceu se inclinar para observar, como se todos sentissem a gravidade daquele momento. A luta, que até então era fogo contra fogo, ganhava agora uma camada de mistério e desafio quase impossível.
Kuroki não precisou dizer mais nada. O peso daquela revelação pairava no ar, uma promessa de que dali para frente, o jogo mudaria de forma drástica. O que parecia ser uma simples batalha de força e velocidade, agora se transformava numa guerra de percepção, previsão e resistência mental.
O silêncio voltou, mas era um silêncio carregado — a calmaria antes do próximo estrondo que ninguém poderia prever.
O ar na arena mudou. Aquele momento que parecia só mais uma troca de golpes se transformou numa dança mortal entre a realidade e o impossível. Kuroki, com a aura afiada como uma lâmina que ele próprio controlava, avançou.
O golpe dele parecia lento, quase preguiçoso — um soco que um observador comum poderia até subestimar. Mas aí estava a armadilha: quando Ryuji menos esperava, o punho de Kuroki simplesmente surgiu na frente do seu rosto. Não foi um movimento rápido, foi uma distorção temporal, um salto de realidade.
Ryuji sentiu o ar ao redor se comprimir com uma pressão quase palpável, como se o próprio tempo tivesse apertado um botão de pausa e jogado o soco na cara dele com uma força monstruosa.
O impacto não foi só físico — uma onda de antecipação mental tentou imobilizá-lo, um instante onde o mundo parecia conspirar contra ele. Ryuji desviou no último segundo, o sangue pulsando forte nas veias, o suor escorrendo, a adrenalina queimando cada fibra do corpo.
Mas o golpe não o derrubou. Não ainda. Porque aquilo era mais do que uma luta de velocidade, era uma guerra de mente e adaptação.
Ryuji, com o rosto marcado pela tensão, sentiu a pressão de Kuroki forçando ele a sair da zona de conforto.
Ryuji (pensando, com gotas de suor escorrendo):
— Ele me força a usar mais do que velocidade… Preciso mudar o ritmo. Preciso pensar diferente.
A multidão começou a sentir a virada no ar. Os olhos de todos se voltaram para o embate, o sussurro do público se transformando numa corrente crescente de expectativa.
Kuroki estava dominando, controlando o fluxo da luta, dobrando o tempo, antecipando cada passo. O público quase podia sentir o peso daquele poder, um predador que lia o futuro e atacava antes mesmo da decisão.
Mas Ryuji… ele não era alguém que desistia. A chama dentro dele só crescia, iluminando um caminho novo, imprevisível. Ele estava pronto para virar o jogo, mostrar que velocidade sozinha não é tudo. Que inteligência, instinto e ousadia são armas do guerreiro que não aceita limites.
A arena estava em silêncio, tensa, esperando o próximo movimento que poderia virar tudo de cabeça para baixo.
O silêncio da arena parecia até respirar junto com o ritmo da luta, até que, do nada, Ryuji parou. Tipo, parou mesmo. Aquela sequência frenética que Kuroki tinha praticamente decorado, aquele ritmo quase matemático que ele conseguia prever, evaporou.
O corpo de Ryuji se mexeu diferente. Seus movimentos perderam toda a previsibilidade. Os golpes não vinham mais em sequência, não tinham mais aquela cadência óbvia. Era um caos calculado: ataques que mudavam de ângulo, força e até o momento de impacto. Cada soco, cada chute, uma aposta no imprevisível.
Kuroki, que antes parecia uma máquina fria e calculista, piscou. Por um segundo que pareceu durar uma eternidade, ele hesitou — o primeiro sinal de dúvida que Ryuji conseguia arrancar do adversário.
O jogo mental, que até então estava em equilíbrio tênue, começou a pender. Era uma batalha de adaptação brutal, onde a mente tentava superar a mente, e o corpo era apenas o campo de guerra.
No calor daquele instante, Ryuji rugiu, uma explosão de voz cortando a tensão:
Ryuji Arata:
— Você disse que só tenho velocidade… Então por que está hesitando agora!?
O rosto de Kuroki se contorceu, quase numa mistura de frustração e respeito. Ele rosnou baixinho, como um predador que percebe que sua presa está mudando de tática.
Kuroki Enra:
— Ele está tentando anular minha leitura… Tsc.
A luta não era só física. Era mental, era instinto puro. E Ryuji estava mostrando que sabia jogar com as regras dele — ou melhor, que sabia rasgar o livro de regras e escrever o seu próprio.
No meio dessa tempestade de imprevisibilidade, Ryuji soltou um golpe poderoso, certeiro, direto no abdômen de Kuroki. O impacto foi como um trovão que ecoou pela arena. Kuroki cambaleou, recuando um passo — surpreso, mesmo que tentasse esconder.
O público explodiu em gritos eufóricos. O ritmo do combate mudava, a batalha estava longe de terminar, mas Ryuji tinha feito seu ponto claro: imprevisibilidade era a sua arma secreta.
Kuroki parou por um instante, o ar ao redor parecia congelar. Ele respirou fundo, aquela inalação lenta, controlada, carregada de perigo — o tipo de respiração que só quem sabe que tá enfrentando uma ameaça real consegue fazer. Um sorriso gelado e afiado cortou seu rosto, aquele sorriso que não dizia “você venceu”, mas sim “isso só tá começando”.
Era hora do truque final.
De repente, Kuroki disparou para frente, a velocidade dele já não era a mesma de antes — era diferente, mais calculada, mais perigosa. Ele não veio só com força, veio com a intenção de mexer com a cabeça de Ryuji. No meio do avanço, parou. Tipo, travou no ar. Parou ali, no meio do caminho, e olhou fixo nos olhos do oponente, numa provocação silenciosa e cruel.
Kuroki Enra:
— Pensou que eu ia atacar agora? (sorriso torto) Eu leio sua mente.
Era um aviso — não só de força, mas de controle total da luta. Kuroki estava dizendo: “Você não é só velocidade. Eu sei o que você pensa antes mesmo de pensar.”
Mas Ryuji? Ah, Ryuji estava no jogo. Ele entendeu o movimento, sentiu a armadilha mental — e sorriu. Não um sorriso de medo, mas de quem saca o jogo e decide jogar ainda mais pesado.
Com o corpo que parecia uma tempestade prestes a explodir, Ryuji começou a se mover como nunca antes. Seus ataques ficaram ainda mais erráticos, ainda mais imprevisíveis, como se seu corpo fosse um código indecifrável. Cada passo, cada soco, cada esquiva era um enigma que Kuroki não conseguia decifrar.
Kuroki recuou, os olhos brilhando com uma mistura de frustração e admiração. A arrogância da antecipação estava sendo testada — e ameaçada.
Kuroki Enra:
— (gritando, voz cortante) Você não aguenta isso por muito tempo! Está se arriscando, Arata!
Mas o olhar de Ryuji não vacilou. Frio, focado, implacável. Ele respondeu na lata, com a força da certeza que só quem vive para isso tem.
Ryuji Arata:
— Isso sou eu. Não sou só velocidade. Sou imprevisível. É assim que eu chego ao topo.
Naquele momento, não era só uma luta de corpo. Era a essência da alma de cada um sendo jogada na arena — um duelo de quem manda na própria mente, quem controla o caos, quem domina o imprevisível.
O palco estava armado, e Ryuji deixava claro: o jogo só acabaria quando ele quisesse.
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