Capítulo 8: Mudar de ideia

— Ei, esse cara parece que está te incomodando, precisa de ajuda? — pergunta Picon já pronto para se interferir, só que com tédio em sua cara, sem vontade de brigar.

— Aqui é só eu e ele! — Saikyo o responde, deixando claro que não quer que ninguém interfira.

— Entendi, eu vou embora, não quero ver briga no momento.

Picon vendo que sua amiga não quer interferências, e não querendo ver o que vai ocorrer no local. Diferente dele, a sua nova companhia permanece interessada em ver o que irá ocorrer. 

— Que situação interessante — Akuto sussurrou para si mesmo, enquanto observa entusiasmado, mas se mantém em seu canto sem chamar atenção.

Então vendo o desenrolar Akuto que apenas tem interesse, Meiko se sente envolvido com o confronto, é estonteante para si ver seu irmão mais velho em ação, este mesmo que segura Shinda com força para que não haja. Esta que tenta resistir e se soltar, pressionando os dentes e respirando fundo, de olhos umedecidos. 

Saikyo sem paciência se aproxima de Raikou irritada, o cobrando pela agressão feita a Shinda.

— Não tenho nada contra, mas foi logo bater na minha queridinha!

Sem ligar para Saikyo, assim quando ele sente a menção de ameaça de Saikyo em sua aproximação, ele ergue a mão esquerda aberta, Saikyo já está posicionada lançando seu punho direito em direção de Raikou, indo de frente para cima dele de forma impulsiva, confiando na sua força e velocidade.

No entanto Raikou a surpreende, enfiando sua mão aberta em seu rosto, impedindo o ataque, a empurrando para trás, e virando o seu braço, ele vai a jogando de cabeça para o chão.

— Patético, seu afeto é repulsivo! — diz Raikou, irritado a joga contra o chão.

Saikyo o impressiona, ao ser agarrada e jogada em direção ao chão, ela abraça o seu braço, colocando as pernas entre ele com as mãos puxa para si, e com o quadril empurra para frente, encaixando e aplicando uma chave de braço em Raikou, apesar de forçar, Raikou consegue resistir, e coloca a sua outra mão em seu próprio ombro enquanto faz força.

— O que está fazendo? Se esfregando em mim!? — debochando de sua oponente, Raikou permanece inabalável.

— Não quebra!? — o questionamento de sua mente acaba por sair de sua boca, em choque, vendo-si impotente.

— Você que vai ser quebrada — diz Raikou, que balançando o braço e o jogando para cima, adquire o impulso necessário, e depois abaixa o braço, lançando Saikyo no chão.

Mas ela já não está mais agarrada, ele olha para cima, e a vê no ar. Saikyo está preparada para o ataque, no entanto ela pensa “Ele vai resistir’’, no ar dá um pontapé no rosto de Raikou, se empurrando para trás, e logo depois pisando no chão, Raikou leva o golpe acertando seu nariz, ele olha para Saikyo.

— Você queria sujar meu rosto? — diz em tom irônico, menosprezando o ataque dela.

— É, queria sujar ele de sangue! — retruca, arregalando seus olhos, vendo que ela fez o nariz dele sangrar.

Raikou olha sem graça para ela, constrangido por ter sangrado, ele lambe o sangue com a língua, apesar de ter sangrado ele não demonstra raiva, e mantém o mesmo olhar cansado, enquanto caminha em direção dela, fazendo Saikyo ficar nervosa, esse sentimento aumenta a cada passo, onde ela vê a brecha da distância ao invés de arrancar, recua para trás, mas Raikou a segura pelo pulso com força.

— Não adianta mais correr, devia ter recuado quando pode.

— Cala a boca! — berra em desespero, no reflexo desfere um soco no nariz de Raikou, o qual ele segura.

— Shinda, é essa garota que você admira? Ela é pate . . . — sua fala é interrompida, antes que ele termine a frase, ela acerta uma cabeçada que faz ele a soltar, e faz com que seu nariz sangre ainda mais, ele se afasta colocando as mãos embaixo do nariz enquanto pinga sangue nelas. — Me fez mudar de opinião, na marra.

— Isso já deu o que tinha que dar, melhor parar! — diz Saikyo amedrontada fecha os punhos e cerra os dentes por precaução, enquanto pensa “Ele não sente dor? Pra falar a verdade, minha cabeça que doeu.’’

Raikou pressiona seus pés contra o chão pegando impulso, dá um salto para cima de Saikyo, e de repente ela vê ele em cima dela, como se tivesse voado até ali. Com um golpe de mão aperta tão rápido que Saikyo nem consegue reconhecer qual das mãos dele foi que deu o golpe, a mão dele atinge o seu rosto, e ela já está no ar caindo para trás. Com habilidade ela consegue apoiar as mãos no chão e recolher seus pés, ficando encolhida de ponta cabeça, e logo depois rola para trás, ficando de joelhos no chão, vendo seu oponente em vários em meio ao ar, completamente zonza, é acertado por vários ao mesmo tempo, sem entender como e de onde sendo jogada para o chão. 

Ofegante enxergando mal, mais ainda consciente, no susto, se joga rolando à esquerda. Ato de sorte pois o pé de Raikou teria amassado sua cabeça, o pisão é forte o suficiente para quebrar pedaços do chão de concreto e quebrar sua sandália de pau.

— Droga, minha sandália!

Saikyo começa a repensar no que Barke tinha dito antes, em sua mente vem “Agora eu que começo a realmente suspeitar que aquele cara tinha razão”.

Enquanto a luta ocorre, Hiro espera sentado, o local já vazio, ele começa a bater o pé no chão repetidamente começando a ficar preocupado com Saikyo, até que ele escuta alguém pisar forte atrás dele, como se tivesse acabado de pousar, formando uma sombra sobre ele, apesar do sol bater forte em cima desta pessoa, ele vira para trás e não vê claramente quem é, mais vê um sorriso radiante, que reflete a luz do solo, fazendo o parecer que brilha.

— Você está sozinho garoto? Eu devia estar testando pessoas por aí, só que eu não quero entrar nessa competição boba de quem consegue os melhores, que tal ser meu aluno? — propõe o sujeito estranho, que se aproxima do garoto com uma proposta inesperada. — Você fica me devendo essa! Ah, mas tudo bem depois você me paga!

Hiro olha para o homem atrás dele, coberto completamente pela sua sombra, este é Li Han. Que usa uma jaqueta como capa naquele momento, de cor vermelha e com detalhes dourados quadriculada, só que ao invés de quadrados são losangos dourados, ele mantém abotoado a parte da gola, que é alta e cobre seu pescoço, possui pele escura, os traços de seu rosto são fortes e marcantes, nariz triangular, cheios, lábios grossos avantajados, seus olhos contrastam com o rosto, apesar de serem proporcionais, ele possui um olhar caído, as pontas de sua pálpebra puxada e íris de cor castanho claro, e sobrancelhas grandes, mais de pelos finos, a conjuntura de seu rosto, passa a impressão de alguém calmo e relaxado, seus cabelos são lisos, de mechas grandes, usa um corte curto, mas seu cabelo é volumoso, com a franja de seu cabelo cobrindo sua testa. Por baixo da jaqueta usa uma camisa branca, as calças são do mesmo tecido fino que a jaqueta, porém preto, e sem decoração, porém diferente do ideal, ele usa sandálias de pau. Alto e fisicamente definido, de 1,90 de altura.

E apesar de cogitar a proposta deste homem que se veste de maneira extravagante, para Hiro no momento, há um problema.

— Infelizmente não posso! Minha amiga Saikyo, eu estou esperando ela, mas até agora não voltou! — diz o garoto preocupado.

— Saikyo? Hein, não é sua namoradinha, hein? — insinua curioso para saber a resposta.

— Jamais! A tia Amai me mataria! — diz Hiro enojado com tal insinuação.

— Ah, então ela é sua prima? Eu realmente não esperava por isso, ok, que tal irmos atrás dela?

— É, pode ser, ei, você pode treinar ela também?

— Hã, deixa eu ver — ele pensa na condição, relutantemente sede. — Tá, mais só o Saikyo.— aceitando a condição se confunde brevemente, e logo se corrige rapidamente. — A Saikyo, perdão!

— Ah, é uma pena que o Picon não possa fazer parte! — se lamenta ao perceber que a equipe ficará desfalcada.

— Picon? Para de dizer esses nomes sem explicação moleque, chega de enrola, eu preciso de um aluno e parece que você precisa de um mestre, vamos buscar sua parceira de treino! — diz impaciente, tomando atitude.

— Certo! — concorda com o homem, e fica pronto para tomar uma atitude.

Hiro então vai na frente guiando Li Han, que vai logo atrás com um sorriso desleixado, olhando para o garoto correndo. No momento de chegada deles dois, a luta de Saikyo e Raikou continua, onde a garota se levanta do chão, com a visão turva e zonza. Meiko olha para a briga de olhos arregalados, entusiasmado para saber o próximo passo de seu irmão, já Shinda sem aguentar se pronuncia implorando ao seu irmão.

— Raikou já chega! Por favor!

Se levantando do chão, e vendo Shinda implorar, Saikyo se sente tocada, e decidi jogar a toalha.

— Eu desi. . . — Antes que Saikyo termine sua fala, Raikou tapa sua boca.

— Não se atreva — reage a tentativa de desistência, friamente olho para o fundo dos olhos dela, seus olhos permanecem com o aspecto de caído, ainda no estado de tédio.

Raikou dá um soco em seu estômago a fazendo perder o fôlego, botões de sua camisa branca caem no chão, fazendo com que a parte de baixo dela se abra, enquanto ela cai de joelhos no chão. Ele levanta a mão aberta preparando para acertar a nuca de Saikyo, que está totalmente entregue e desprotegida contra ele. Nesse momento que Meiko dá gargalhadas, onde Shinda fica impotente, sem poder agir, só olhando prevendo o pior, no entanto o pulso de Raikou é segurado por um aperto, que o estrala, impedindo com que se mova.

— Para trás moleque, só se bate em mulher em três situações, e essa não é uma delas! — crítica o rapaz, com um sorriso malicioso de canto, enquanto com a outra mão puxando uma parte de seu capuz, e mostrando a bainha com sua espada na cintura em forma de ameaça, ele corrige novamente sua fala para não gerar polêmica. — Na verdade, não se bate em mulheres, é isso que eu quis dizer!

— Vou respeitar você, pois parece ser uma autoridade, apenas por isso! — declama puxando seu pulso para se soltar.

— Podemos até deixar vocês brigarem entre si e darem uns morrinhos, mas matar? Você não é um Xá para matar alguém e ficar impune, é bom você se colocar no seu lugar.

— Isso é interessante, vamos Meiko e Shinda! — convoca seus irmãos para irem embora, e vira de costas, escondendo sua fúria, opta por não reagir naquele momento, não por medo do homem, mas das consequências.

Raikou vai andando puxando sua irmã pelo braço, enquanto Meiko o segue.

— Até mais, babacas! — Meiko deixou suas últimas ofensas de forma sarcástica para Hiro e Saikyo, e junto de seus irmãos parte.

Akuto, que já não vê mais o que olhar ali, se retira, acompanhando os passos dos irmãos para saber onde vão. Saikyo ainda de joelhos no chão, curiosa, antes mesmo de agradecer não exite em perguntar

— Hiro? Quem é esse? — Aponta para Li Han.
 
— Esse? É nosso novo sensei! — anuncia animado.

— Show de bola né!? É um prazer te conhecer! Eu sou Li Han! — apresenta a si próprio, igualmente a Hiro de forma animada para Saikyo, abrindo os braços e as mãos, se mostrando aberto, demonstrando que

— A onde você conheceu esse cara? — diz Saikyo desconfiada, que aponta para Hiro.

— Aqui, agora pouco quando eu estava esperando você, ele disse que queria ter apenas um aluno, mas eu insisti pra aceitar você, agora somos um trio! — descrevendo a situação, tentando dar um toque a mais e

— COMO VOCÊ ACEITOU ALGO DE ALGUÉM QUE NEM CONHECE HIRO!? — o grito de Saikyo ecoa por todo o local.

— Hã, Saikyo, calma aí, ele deve ser qualificado! E lembre bem, ele acabou de te salvar!

— É, isso é verdade, a que mal educada eu fui! — Saikyo se repreendeu, dando um tapa em sua própria testa, fazendo suas franjas voarem para os lados. — Obrigada, Li Han, seria uma honra ser sua aluna! — agradece, abaixando a cabeça, e colocando as mãos no joelho, aproveitando para puxar a saia, e ajustá-la novamente.

— É, eu sou bem qualificada, mais a demais, vamos ter que nos encontrar aqui outro dia, me encontrem aqui, deixa eu ver? Sábado que vem, eu acho.

— Eu acho? — indagou, Saikyo sem conseguir compreender a confusão daquele homem.

— Qualquer coisa eu aviso vocês, tchau! — Li Han se despedindo, acena para eles, e sai correndo indo embora, para não se complicar mais.

Hiro e Saikyo agora tem o seu mestre, um sujeito o qual a garota definiu em sua mente como ”o esquisito inconveniente”.