Índice de Capítulo

    Meses depois de sua companhia tão preguiçosa, Kley, que já se destacava sozinho, ao lado de Purryn teve seu reconhecimento de verdade. Notas perfeitas, dupla imbatível, em breve aconteceria um grande festival entre todas as escolas da cidade de Calisto.

    Um evento anual para o reconhecimento dos alunos e professores. Mas era algo que a parceira do garoto repudiou. Logo após um dia de aula normal, Suedrom e Kley com seus uniformes escolhidos tempos atrás, se despediram brevemente no portão.

    Caminhada comum para o jovem vampiro e seu guarda-chuva, que veio parar em meio a uma encruzilhada normal para seu cotidiano.

    Do céu, o homem a dizer um lindo bom dia, dia que seria nada diferente. Um ciclo bonito, tudo indo, mas por trás dos panos, algo tão sujo. Após mais uma vez ouvi-lo, o garoto, sua casa, mais uma vez tudo indo normal.

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    Perto de casa, da casa do garoto, saiu um homem. Um dos ditos heróis daquela cidade. Ele guardou algo em meio a suas vestes e começou a vir da única direção possível, a do Vampiro.

    Ele passou pelo pequeno e seguiu, brilho nos olhos de uma criança inocente. Kley pensou: “Será que a minha mãe é uma heroína?! Como isso é possível?”, tão sorridente, ele correu para dentro, e lá estava ela. Deitada sobre seu sofá, ela falou:

    — Boa tarde, o almoço está pronto, eu não estou com muita fome.

    — Você é uma heroína?! — gritou o garoto com seu guarda-chuva ainda em mãos.

    — Hm? … Você viu ele lá fora, não, não, é apenas do trabalho da mamãe…

    O jovem ligou os pontos e sabia que estava sendo enganado.

    — Então, você é sim uma heroína, não é?

    — Não, não… também não sou aquilo que falam de mim, eu sou apenas eu.

    Ela podia estar mentindo, dizendo a verdade, fato era que, para o garoto, ela trabalhava com os heróis, independente de como.

    — Tudo bem, vou fingir que você não é uma heroína. — Ele foi arrumar seu almoço.

    Ciclo quebrado, algo novo aconteceu, uma nova coisa para o garoto descobrir futuramente. 

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    Tempo passa, o relógio gira e é dado o dia da incrível e grande reunião das escolas. Kley e Suedrom com seus uniformes tão esbeltos, foram motivações a sós, pela garota sair daquele lugar, pelo garoto não se preocupar com nada além de se divertir com sua parceira.

    Em um salão imenso, as escolas se reuniram pela noite para aproveitar, as crianças trouxeram seus responsáveis, pelo menos uma maioria.

    Na via das dúvidas, a companhia do vampiro era sua parceira, e a dela era a empregada chefe. 

    — Kley, qual é o seu sonho? 

    A pergunta surgiu como um sussurro repentino, cortando o murmúrio constante do grande salão. A garota se virou com elegância, os olhos fixos no parceiro à sua frente e disse com solenidade. Como se suas palavras carregassem um peso que o ambiente ainda não notara.

    A sala vasta, teto alto que se perdiam na penumbra suave dos lustres e janelas com vidros tão coloridos quanto a refração da luz. Mas em meio a tantas penduradas, perante o lustre central, todos os outros pareciam lâmpadas. Seus cristais cintilantes, reflexos dançantes pelo lugar e o mármore branco tão bem polido.

    — Sonho?

    Uma resposta com outra pergunta o garoto fez, algo que o fez perceber o espaço entre eles ser tão curto. Afinal, ao redor deles, dezenas de estudantes falavam, riam e brincavam entre as longas mesas cobertas por toalhas finas e repletas de pratos.

    — Sabe? Quero viver bem e ter uma família, tudo é tão caótico, isso parece ser tudo que preciso.

    — Entendi…

    — E o seu? Seu sonho.

    Mesmo com toda essa vida, os risos, talheres tiltando nos pratos e as histórias correndo para lá e para cá, por um só momento, tudo se acalmou, o silêncio da morte ao redor dos dois. Como se o salão respirasse com aquela pergunta.

    — Eu quero… ajudar minha mãe, me tornar rico e ajudá-la.

    — Você falou isso uma vez… mas você quer vingança?

    — Eu não preciso me vingar da minha família tão podre, deixe-a ser podre sozinha. Eu já tenho tudo que eu quero, me fortalecer é o suficiente, estar com você é o suficiente…

    Por um momento, Purryn corou e pegou um copo de doce em uma mesa que estava ao lado deles. “Não faça afirmações tão infantis, seu tolo”, ela levou a colher até sua boca, e falou com ela cheia:

    — Wocé é zugisiente… — engoliu e continuo — tudo bem por mim, mas saiba que não vou te bancar! 

    — Isso não é justo, mas aceito sua punição.

    — Kukuku… tudo que eu quero é me livrar dessa maldição. — Ela apontou para seus olhos e começou a caminhar com o doce em sua mão.

    — Maldição?

    — Essa… apologia… mas antes de te explicar, por que não come? — Ela oferece um pouco de seu doce.

    Depois de tanto tempo juntos, Kley aceita sem hesitar e então a garota continua:

    — Pense que é assim: assim como essa colherada que eu te dei, minha mãe um dia foi quem possuía essa apologia. Apolo… assim como aquele Deus grego que a gente aprendeu sobre, um Deus que tinha conhecimento do futuro, Deus da luz e do sol. Mas, gia, ou o… O gia, apolo gia, de guiar. 

    — Acho que entendi — respondeu o vampiro.

    — Agora sobre a minha apologia, eu sou apóstolo da Deusa da morte… após, tolo… minha mãe é uma tola, e eu, serei uma após ela.

    Leve arrepiar, fez Kley parar. Purryn percebeu, parou e olhou para ele.

    — Meu pai, ele tem a essência da vida, e por aí ele voa como o herói que você tanto venera, mas ele não é um apóstolo. Pelo meu sangue, minha apologia, todos deveriam morrer só de estarem em minha presença, mas isso não acontece porque meu pai tem a essência da vida.

    Kley arregalou seus olhos, como não poderia se surpreender? Ele tentou se acalmar e perguntou? — Herói?! Mas se você não tá perto dele…

    — Você… Kley… você tem a essência do Deus da vida.

    Como o dançar de uma lótus na água, um breve piano tocar, todos ouviram, mas ninguém sabia de onde vinha.

    Magia e mana, improvável contato de coisas tão parecidas, mas diferentes por uma única via… o coração e a alma…

    Olhos, porta da alma.

    Coração, do que há dentro.

    Vozes, que expressam o que vem de fora.

    Então, o tempo congelou. Suedrom se aproximou de seu amado e pegou suas mãos.

    Breve dança. ( Tic )

    ( Tac ) Arrastando-o consigo, Purryn levou Kley consigo para uma dança tão singela, um momento tão leve para dizer:

    — Minha flor de lótus, prometa que vai lembrar de ver comigo o sol nascer… mesmo que a luz te machuque, quero poder conversar mais sobre todo esse mundo caótico…

    ( Tic-Tac )

    — Eu não entendo nada do seu mundo… você disse tanta coisa assim do nada…

    ( Tic-Tac )

    — Sim, eu sei, mas eu precisava! 

    ( Tic-Tac )

    — O que tá acontecendo?! Todos estão parados? O que é esse silêncio?! 

    ( Tic-Tac )

    — Eu parei o tempo! 

    ( Tic )

    — O tempo?! Como eu estou me mexendo, então?! 

    ( Tac )

    Tudo parou, a dança parou. Em meio a toda valsa, Suedrom derrubou os pés de Kley e pegou-o em seus braços num final tão clichê.

    Ela o encarou com um sorriso e disse com todo o coração:

    — Porque se você é a escuridão e eu a luz… sempre poderemos estar juntos. Independente se a minha luz congele o tempo, independente se eu sou a lua, e você o sol… independente do que dizem e das leis universais, afinal… eu sou a morte, e você é a vida.

    Se entregar de coração. De propósito, Purryn seu rosto, aproximou-se e um beijo levou para que o eclipse houvesse perante a beleza da verdadeira emoção. O tempo voltou, para que todos vejam a beleza do clichê.

    Da beleza, do porquê. E da verdade sobre as quais se escondem entre todos eles.

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