O vento frio soprava suavemente pelos campos ao redor de Pyronia, agitando as longas ervas douradas que cobriam as vastas fazendas. Hiroshi Ignivor cavalgava em direção ao leste, seu manto escarlate tremulando ao vento. Sua expressão era séria, o olhar fixo no horizonte, onde se erguiam colinas e campos cultivados. Havia sido chamado às pressas para resolver um problema nas redondezas da cidade, um ataque de monstros que vinha aterrorizando os fazendeiros locais.

      Ao chegar às fazendas, Hiroshi foi recebido por um grupo de fazendeiros preocupados. As expressões nos rostos desgastados pelo sol revelavam o medo e o cansaço que vinham enfrentando nas últimas semanas.

    – Lorde Ignivor! – chamou um dos fazendeiros, um homem de meia-idade com barba grisalha e ombros largos. – Estamos sendo atacados por criaturas terríveis! Elas apareceram do nada, atacando nosso gado e destruindo nossas plantações.

    Hiroshi desmontou do cavalo e caminhou em direção ao grupo.

    – Que tipo de criaturas? – perguntou, observando as terras devastadas ao redor. A terra estava marcada por pegadas grandes e irregulares, e os restos de algumas ovelhas estavam espalhados, como se tivessem sido rasgadas por garras afiadas.

    – São grifos, senhor – respondeu o fazendeiro, com um olhar desolado. – Eles aparecem e são rápidos demais para que possamos enfrentá-los. Nossas flechas não os atingem, e nem as lâminas parecem feri-los.

      Os grifos eram criaturas lendárias, conhecidas por sua velocidade e embora não fossem impossíveis de derrotar, eram astutos e difíceis de caçar. Hiroshi já havia enfrentado esses monstros no passado, e sabia que precisaria de toda sua habilidade para resolver a situação.

    – Quantos grifos vocês viram? – perguntou, enquanto observava as marcas no chão. As garras dos monstros haviam rasgado a terra como se fosse papel, deixando sulcos profundos no solo.

    – Pelo menos três – respondeu o fazendeiro. – Eles atacam em grupo, como se fossem coordenados.

      Hiroshi concordou, já formulando um plano em sua mente.

    – Reúna todos os trabalhadores da fazenda e se mantenham em casa durante o resto do dia. Eu cuidarei dos grifos.

      O fazendeiro olhou para Hiroshi com gratidão, mas também com ceticismo. Havia muito a perder, e os homens já estavam cansados de lutar uma batalha que parecia impossível de vencer. No entanto, a presença do famoso héroi das chamas oferecia um raio de esperança.

    – Muito obrigado, Lorde Ignivor – disse o fazendeiro. – Não sabemos o que faríamos sem a sua ajuda.

      Com um aceno de cabeça, Hiroshi se afastou, dirigindo-se a uma colina próxima que oferecia uma boa visão dos arredores. Ele precisava entender o terreno e o comportamento dos grifos antes de agir. 

      Enquanto aguadardava, Hiroshi refletia sobre a situação. Os grifos eram monstros oportunistas, e parecia estranho que tivessem se aventurado tão perto da capital. Havia algo incomum nos últimos dias, e ele sentia que esses ataques poderiam ser parte de algo maior. No entanto, sua prioridade era proteger os fazendeiros e restaurar a segurança da região.

      Hiroshi se posicionou em meio aos campos, suas mãos já formigando com a magia de fogo que ele invocaria quando necessário. O silêncio era pesado, interrompido apenas pelo farfalhar distante das folhas.

      Então, ele os viu.

      Três sombras rápidas se moviam entre as árvores, seus olhos brilhando em um tom amarelado. As asas dos grifos cortavam o ar com agilidade, eles avançaram em direção aos currais, onde alguns animais sobreviventes estavam abrigados.

      Hiroshi agiu rápido. Com um movimento fluido das mãos, ele invocou uma série de lanças de fogo, as lanças voaram em direção ao primeiro grifo, que desviou habilmente no último momento, mas Hiroshi já estava preparado para um segundo ataque. Ele conjurou um círculo de fogo ao redor dos monstros, limitando sua mobilidade e os forçando a lutar em campo aberto.

      Os grifos rosnaram, suas garras arranhando o chão enquanto tentavam escapar das chamas. Hiroshi sabia que enfrentaria resistência, mas estava pronto para o confronto.  Ele se lançou contra os monstros, desembainhando sua espada e a envolvendo com suas chamas conjurando uma espada flamejante que cortava o ar com precisão mortal. Um dos grifos tentou atacá-lo pelas costas, mas Hiroshi bloqueou o golpe com sua espada e contra-atacou, acertando uma das asas da criatura.

      O grifo urrou de dor, e seus movimentos se tornaram mais descoordenados. Enquanto isso, os outros dois tentavam escapar das chamas, mas Hiroshi aumentou a intensidade do fogo ao redor deles, tornando a fuga impossível.

      Com uma série rápida de bolas de fogo, Hiroshi derrubou o primeiro grifo. O segundo tentou voar, mas foi atingido por outra lança de fogo, caindo ao solo. O terceiro, mais esperto, tentou se esconder nas sombras das árvores que estavam proximas, mas Hiroshi estava preparado. Com um gesto rápido, ele dispersou o círculo de fogo, deixando apenas uma linha estreita de chamas para guiar seu próximo ataque. Ele fechou os olhos por um momento, concentrando-se nas chamas ao seu redor e, em um único movimento, lançou uma rajada de fogo direto na direção do grifo restante.

      O último grifo caiu, seus gritos ecoando pela floresta enquanto o fogo consumia seu corpo. Hiroshi respirou fundo, sentindo o cansaço após a batalha, mas satisfeito por ter cumprido seu dever.

      No início da tarde os fazendeiros voltaram às suas terras, encontrando Hiroshi em pé ao lado dos corpos carbonizados dos grifos. O fazendeiro grisalho que havia falado com ele se aproximou, seus olhos arregalados ao ver o estrago causado pelas criaturas.

    – Lorde Ignivor, nós… nós não sabemos como agradecer – disse ele, a voz embargada pela emoção.

      Hiroshi apenas acenou com a cabeça.

    – Os grifos não serão mais um problema. Fortifiquem as defesas ao redor de suas fazendas e avisem aos cavaleiros da capital se algo estranho voltar a acontecer.

      O fazendeiro concordou com vigor, e Hiroshi montou em seu cavalo, pronto para retornar a Pyronia. O sol estava alto, mas algo na mente de Hiroshi o incomodava. A presença daqueles monstros tão perto da capital não era um bom sinal, e ele sabia que isso poderia ser o prenúncio de uma ameaça maior.

      Assim que voltou à capital ele foi diretamente à Guilda de Aventureiros, ele foi recebido com grande entusiasmo. Os membros mais velhos acenavam respeitosamente, enquanto os mais jovens olhavam para ele com admiração.

    – É o Herói das Chamas! – exclamou um dos aventureiros mais novos, uma jovem de cabelos curtos e sorriso entusiasmado. – Hiroshi Ignivor está aqui!

    – É uma honra, senhor! – disse um aventureiro mais velho, um homem robusto de barba grisalha, apertando a mão de Hiroshi com firmeza.

      Hiroshi acenou em reconhecimento, mantendo uma postura humilde, apesar de sua reputação. Ele sabia que o respeito era conquistado não apenas por títulos, mas por ações. Dirigiu-se ao balcão, onde um atendente da guilda, um homem de meia-idade chamado Gael, o esperava.

    – Preciso de informações sobre os ninhos de grifos nas redondezas da capital – disse Hiroshi, direto ao ponto.

      Gael concorda, ciente da gravidade da situação.

    – Temos alguns mapas detalhados – respondeu ele, pegando um pergaminho do arquivo atrás do balcão. – Os ninhos mais próximos estão nas Montanhas Gallan. Mas é estranho… recentemente, recebemos menos relatos sobre grifos nesta região.

      Hiroshi pegou o mapa e, após um rápido agradecimento, decidiu que precisaria de uma equipe para investigar. Ele se aproximou dos aventureiros experientes na guilda.

    – Vou montar uma equipe para investigar os ninhos dos grifos nas montanhas – disse Hiroshi, com uma firmeza na voz que atraía a atenção. – Quem estiver disponível, venha falar comigo.

      Não demorou muito para que três aventureiros se voluntariassem. O primeiro era um homem chamado Darian, alto e de ombros largos, com uma cicatriz que cortava seu rosto de cima a baixo. Ele era conhecido por sua força física e habilidade com a espada.

    – Estou pronto para ir, senhor Ignivor – disse Darian, com uma reverência. – Já enfrentei grifos antes e sei como lidar com eles.

      O segundo voluntário era uma jovem chamada Seraphine, uma maga habilidosa com afinidade por magia de vento. Seus cabelos loiros esvoaçavam ligeiramente, como se estivessem sempre tocados por uma brisa invisível.

    – Vou garantir que tenhamos cobertura aérea e uma defesa mágica apropriada – disse Seraphine, com um sorriso confiante. – Os grifos não terão chance.

      O último a se apresentar foi um arqueiro de meia-idade chamado Roland, conhecido por sua pontaria impecável. Embora falasse pouco, sua habilidade em combate já havia sido testada várias vezes.

    – Atingirei qualquer alvo, mesmo nas sombras – disse ele, em um tom baixo e firme.

      Hiroshi avaliou a equipe com um aceno de aprovação. Cada um deles tinha habilidades complementares que seriam essenciais para a missão.

    – Muito bem, partiremos imediatamente– anunciou Hiroshi, antes de se dirigir à saída da guilda. 
    – preparem-se. Isso não será uma simples expedição de caça.

      Com isso, Hiroshi saiu da guilda e caminhou um pouco pelas ruas de Pyronia, sua mente ainda ocupada com os eventos das fazendas. Algo não estava certo. Os grifos eram perigosos, mas normalmente não atacavam áreas tão próximas da capital, a menos que fossem provocados ou estivessem fugindo de algo. A presença deles indicava uma possível desordem no ecossistema da região, e isso preocupava o duque.

      Retornado a guilda Hiroshi e sua equipe partiram, atravessando os portões da cidade em direção às montanhas distantes. O caminho não era longo, mas o grupo estava preparado para qualquer eventualidade. Conforme subiam as encostas rochosas das Montanhas Gallan, o clima esfriava, e a vegetação tornava-se escassa.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota