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    Um golpe.

    Acerto em cheio.

    Outro golpe, outro acerto.

    Minha velocidade estava acima dos limites que poderia suportar, mas a dor que sentia me fazia lembrar de que ainda era humana.

    Uma humana com emoções… das quais não sabia se poderia sentir pela pessoa à minha frente.

    Era como uma presa, comparado ao mais burro dos ratos. Logo após perceber minha aproximação repentina, correu como nunca.

    Seus passos eram lentos em minha visão. A boca se movia no mesmo ritmo e escutava as coisas seguindo esse mesmo sentido.

    — Saia de perto de mim! — disse, após muitos segundos tentando pronunciar aquela frase. O problema estava nele…? Não…


    [Psyche diz para você fazer um contrato com ela!]


    [“Droga, Scarlett, apenas aceite isso!”]

    Scarlett…?


    [“Seu corpo não vai aguentar mais isso! Você vai matar a todos nós!”]

    Peguei a cabeça da presa com minhas mãos.

    O metal que antes estava voando, agora escorria por meu braço, quase como uma gosma que obedecia aos meus comandos.

    Não tinha nada em minha mente além de matar aquela pessoa. Queria esconder essa voz no fundo de minha consciência, mas acabei falhando.

    Queria viver feliz e longe dos problemas, mas por que eles correm para mim?

    Enquanto pensava em problemas que não poderiam ser resolvidos por mim, o metal líquido escorria para dentro de sua boca.


    [Sua força está aumentando!]

    O rato se debatia enquanto era afogado com tão pouco metal. Seu corpo logo teve uma mudança de cor brusca, e o ferro que enxergava foi-se desaparecendo.

    Sobrou apenas uma minúscula fagulha de vida.

    Uma vida manipulável, e eu sentia que poderia manipulá-la.

    Hmn? O que?

    — Todos sempre dizem o quão ruim é trabalhar com essa tal de Scarlett… — Um machado surgiu em minha frente, quase cortando todo o meu corpo. Por um triz não perdi minha vida. — Então, eu quero descobrir por mim mesmo.

    Era uma voz que nunca escutei na minha vida.

    Pude enxergar apenas a silhueta da arma. Era muito maior do que eu. Quem seria o louco de portar esse instrumento?

    Acompanhando-a, uma corrente se estendia para dentro da floresta. Não conseguia enxergar o fim dela, mas sentia onde parava. 

    Apenas pude soltar o corpo que estava segurando, já que o mesmo não portava nenhum resquício de alma.

    Minha barriga latejava, mas não se comparava à dor que já senti. Aguente, Seven.

    Aguente!

    Coloquei minha mão no machado. Uma superfície plana, mas uma mina de ferro para mim. 

    Em segundos, todo o metal havia sido moldado, desarmando-se da corrente. Como um vento, meu braço esquerdo foi formado.

    Não estava instável como das outras vezes, e nem mesmo me sentia desconfortável com isso. Apenas me faltava testar se tinha essa mobilidade toda depois de tanto tempo sem ele.


    [“SAIA DESSE CORPO AGORA!”]

    Eram telas de sistema que nem me dava o luxo de ler.

    E, de repente, uma memória apareceu em minha mente. Toda aquela situação era familiar para mim de alguma forma…

    Dentro da minha mente? Como?

    Mas… apenas um nome aparecia.

    Porém, antes que pudesse dizer o nome que tanto me incomodava, fui agarrada pelo inimigo. Levada para cima pelo pescoço, mas não sentia nenhuma dor.

    Era um capuz e bandagens que cobriam o rosto de meu inimigo. Porém, elas não me impediriam.

    — Esse é seu ataque? — perguntei. — Você é muito… fraco.

    Apertei seu braço com minha mão metálica.

    — Vim aqui aprender com você, mestra — respondeu, abrindo um sorriso macabro. — Logo após, a matarei da forma mais rápida possível.

    Não soltava.

    Sua força superava a minha naquele momento, mas como?

    — “Gigantomaqu–

    Antes que pudesse terminar minha frase, logo fui arremessada em direção à floresta com toda a sua força. 

    Enxergava as árvores passando por mim, mesmo que tivessem se tornado vultos naquele momento. Antes que pudesse parar em solo firme, a mesma criatura apareceu por cima de mim em um instante.

    Mas… não tive vontade de desviar de seu claro golpe.

    Logo, me chutou para o chão, abrindo uma cratera no local.

    A fumaça se espalhou pelo local… minha visão metálica havia sido desligada com aquele golpe.

    Tudo girava, e entendia o motivo disso. Esse inimigo é muito mais forte que eu, muito mais forte do que poderia suportar.

    — Você ainda não morreu…? Pensei ter usado força o suficiente em você — provocou, fazendo sua figura aparecer por cima de mim naquela névoa de terra.

    — Qual é o seu nome? — disse, falhando a voz. — Me diga seu nome.

    Não doeu.

    Não doeu nem um pouco.

    — Meu nome? Você é engraçada! — Por alguns segundos, suas bandagens descolaram de seu rosto, mostrando olhos tão amarelos quanto joias raras. — Me chamam de várias coisas… O Discípulo, O Gigante, Meia-Lua…

    Continuou por mais alguns segundos, mas nenhum deles era seu nome real. 

    — Você não tem nome?

    — Mas eu acabei de falar meus nomes… Ah! Você só está brincando comigo! 

    Não estava morta, mesmo perdendo todos os efeitos que o Complexo havia me dado. Pensei que seriam meus últimos momentos aqui… 

    Apenas sorri.

    Um sorriso sujo de sangue, poeira e ódio.

    Eu quero fazer o contrato agora.


    [Psyche aceita suas condições!]


    [Você está ciente do que irá acontecer?]

    Não. Não estou.

    Faz o que tem que fazer logo!


    [Psyche compreende sua necessidade.]


    [Iniciando processo de ressurreição.]


    [A Vigarista de Almas está presente nessa terra.]

    Um clarão surgiu do céu, vindo em direção ao meu corpo. Aquele tal de… Gigante? Saiu antes que eu fosse atingida, deixando o espaço livre pra mim.

    Tudo se escureceu após isso.

    — Acorda! — Sentia cutucadas em minha bochecha. — Vai ficar dormindo o tempo todo mesmo?

    Era uma voz familiar.

    Alguém de quem estava curioso há tão pouco tempo atrás.

    Meus olhos se abriram lentamente, tentando evitar qualquer luz que pudesse deixar-me cega por segundos.

    — Seven…? Por que você está aqui? — Mais uma vez, outra voz familiar fez minha mente trabalhar.

    Levantei-me num instante, tentando entender se tudo aquilo era um sonho ou não. 

    — Um espaço vazio…?

    Tudo estava escuro, e nenhuma fonte de luz se encontrava naquele local. Mas, de alguma forma, ainda era possível me enxergar.

    Quase como se as regras do mundo não se aplicassem naquele espaço… Algo curioso, até.

    Mas a minha maior surpresa não estava naquele curioso espaço, e sim nas pessoas que estavam junto comigo.

    Virei-me para o lado, tentando entender quem eram aquelas vozes familiares.

    — Ah… — Uma lágrima escorreu por meu rosto. Não por tristeza, mas por alívio. — Eu tô sonhando?

    Eram… Damien e Daiane.

    Por mais que não esteja usando meu rosto, ele era inconfundível naquele estilo mais agressivo…

    E o que falar sobre Daiane? Ela parecia muito bem! Muito bem…

    O que estava acontecendo? Por que eu estava com os dois nesse local?


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