Capítulo 383 - Saída do Vale
“Bartoli, essa herança é incrível. Vai me beneficiar muito!” disse Abel com um sorriso.
“É uma honra ajudá-lo, mestre!” respondeu Bartoli, feliz por ser útil. Ainda havia muitas lembranças em sua mente, mas como eram antigas demais, talvez levasse algum tempo até recuperá-las. Quem sabe ainda houvesse mais tesouros escondidos naquela herança, pensou..
“Bartoli, vamos desmontar o círculo mágico. Estamos partindo!” comandou Abel.
“Sim, mestre!” Bartoli desligou rapidamente o Círculo de Proteção do Vale Sombrio e começou a desmontá-lo.
Abel estava satisfeito com a forma como ela executava sua tarefa. Ser útil como maga era muito prático, e ele podia confiar plenamente em Bartoli.
Após desmontar o círculo, Abel viu a imensa sombra de Johnson emergir. Num dos braços, ele sustentava cuidadosamente o portal; no outro, ainda apoiado no chão. A bolsa espiritual parecia um pontinho na sua mão, mas Abel conseguia ver incontáveis gemas voando de dentro da terra, recolhidas por Johnson.
“Johnson, volte!” gritou Abel.
Johnson ergueu a mão e voltou com passos largos ao lado de seu mestre. Então, entregou com cuidado a bolsa diante de Abel.
Ele examinou com seu poder de vontade. A bolsa estava repleta de gemas de todos os tipos, o suficiente para cobrir suas necessidades por um bom tempo. Abel assentiu satisfeito. Não precisaria mais comprar gemas; bastava posicionar Johnson perto de uma mina, e ele recolheria o quanto fosse necessário. E tudo isso sem chamar atenção.
“Nuvem Branca!” Abel ergueu a voz direcionada ao céu.
Logo, Nuvem Branca apareceu e começou a aterrissar ao lado de Abel, soltando sons de “ghoo ghoo”. Parecia muito empolgado por voar novamente com Abel.
“Johnson, volte para o anel de armazenamento!” Enquanto olhava para o corpo gigantesco de Johnson, Abel pensou que o processo seria conturbado.
Mas Johnson não resistiu. Entrou na passagem do anel como um bom garoto.
Nesse momento, Abel, Vento Negro, Bartoli e Flying já estavam em cima de Nuvem Branca. Era a primeira vez que Bartoli e Flying voavam juntos sobre Nuvem Branca.
“Mestre, a habilidade da Nuvem Branca é muito poderosa. Existem muitas dessas no mundo humano?” Perguntou Bartoli, uma nobre de destaque, impressionada com o voo e a vantagem estratégica, especialmente com a besta cruzadeira. A altura fazia qualquer ataque inimigo impossível.
“Nem pense nisso. Só os Orcs, inimigos dos humanos, têm essas aves celestes poderosas. Mas a Nuvem Branca é única. Não teme a batalha como as outras, que se assustam com facilidade!” explicou Abel entre risadas. Depois de inúmeras evoluções, Nuvem Branca estava no auge entre todas as aves celestes.
“Mestre, para onde estamos indo?” Apesar de Abel ter prometido à Lady Carrie manter o mapa élfico em sigilo, ele deu a Bartoli o mapa, já que ela era sua contratada. Bartoli estudou muito o Continente Sagrado e aprendeu bastante sobre o Foreste de Duas Luas com esse mapa.
“Vamos para a cidade de Miuah. É território dos anões, e quero visitar meu mestre ferreiro, Mestre Robbin!” disse Abel em seguida, pegando o Guia de Forja Armas Mágicas dado por seu professor, a fonte de todas as suas habilidades como ferreiro. Como Miuah era a cidade anã mais próxima, era ali que queria ir.
Após dois dias de voo, Abel não aguentava mais de ansiedade, olhando para a herança de cavaleiro nas suas mãos. Era possível dominar aquelas artes com algumas poções da alma, mas como acabou de evoluir e ainda não tinha total controle corporal, não podia usar nenhuma Poção da Alma.
“Mestre, já estamos sobre a cidade de Miuah!” interrompeu Bartoli os pensamentos de Abel.
Ele olhou para onde ela apontava, e uma cidade imensa surgiu no terreno plano. Raramente havia cidades anãs fora de montanhas, mas a Planície Divisora da Terra tinha recursos abundantes: pedra por toda parte. Era o lugar com mais rochas do Continente Sagrado.
Contam as lendas que os anões cavaram inúmeros túneis e até cidades subterrâneas. Mas a cidade que viam agora estava em superfície, o que indicava ser um centro comercial, atendia clientes de todo o mundo.
“Flying, fique aqui. Não apronte!” disse Abel, acariciando o pescoço da criatura. Em seguida, colocou algumas garrafas de poção nutritiva na garra de Flying.
Abel não queria expor Nuvem Branca e Flying, então deixou apenas comida suficiente para eles e seguiu até o portão da cidade Miuah com Vento Negro e Bartoli.
A cidade tinha o estilo anão: muralhas altas feitas de pedra. Por entre o portão, muitos comerciantes humanos passavam constantemente. Era um local movimentado.
“Humano, mostre sua identificação. Qual é o motivo da visita?” perguntou, de repente, um anão guardião com armadura negra. Ele observava Abel com atenção, examinando Vento Negro e Bartoli montados nele.
Embora soubesse que Vento Negro era um lobo de montaria, seu tamanho era incomum. O perfume dele também era muito intenso comparado aos outros lobos.
Quanto aos dois humanos, o guardião suspeitava que a jovem era maga, mesmo sem crachá, ela segurava um cajado mágico, e os anões tinham paixão por armas mágicas, mesmo os que não forjavam.
O homem também percebeu a postura do outro humano: estava montado no mesmo lobo e exibia uma postura confiante. Sua identificação humana seria inútil, pois Abel era procurado. Apesar de ainda ocupar um título nobiliárquico no Ducado de Camelot, os anões poderiam se impressionar mais com seu status de ferreiro.
Então, tirou sua medalha de Mestre Ferreiro, colocou-a diante do peito e disse: “Posso usar isto?”
O guardião olhou para a medalha de Abel, reverenciou rapidamente e disse: “Meu estimado mestre, seja bem-vindo a cidade Miuah!”
Essas medalhas eram muito especiais e difíceis de imitar. Eram concedidas pelos anões como símbolo de honra. Ninguém ousaria falsificar uma medalha dessas, isso seria uma afronta direta.
O guardião refletiu sobre qual mestre poderia ser aquele. Muitos nomes surgiram em sua mente, mas não faziam sentido. Até que lembrou de um nome glorioso que se encaixava perfeitamente com esse jovem mestre que acabara de chegar na cidade.
Logo, informou ao seu superior que o Mestre Abel havia chegado.
A partir dos olhos dos anões, Abel tinha duas reputações: Mestre Ferreiro e Mestre de Vinhos. Seu status de ferreiro era reconhecido pela União dos Ferreiros; o de vinhos, aprovado por unanimidade por aqueles que haviam provado seu vinho mestre.
Miuah ficava ao norte-sul da floresta de Duas Luas, portanto a maioria dos produtos élficos de madeira e outros materiais chegava ali. Como Miuah já tinha alto volume de exportação de armas, isso só aumentava seus lucros.
Assim, Abel via muitas mercadorias élficas e humanas sendo vendidas ali. Aquela rua era um verdadeiro encontro de três mundos.
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