Capítulo 53: O Discípulo
Espera…
Psyche não deveria derrotá-lo?
O que aconteceu nessa batalha?
Foi tudo por trás das cortinas, algo que impossibilitou de ver toda a luta. Esse local, por mais que estranho, mostrava o que meus olhos vissem.
Será que…
Memórias constrangedoras apareceram na minha mente. Por que tantas pessoas tem acessos aos meus momentos!?
Fiquei calada pelo constrangimento que estava sentindo.
— Já cansou? — disse Psyche, usando meu corpo. — Estou com vontade de brincar um pouco mais.
Cabelos longos e brancos, enquanto listras pretas se interligavam por todo o corpo.
Ela não era tão ruim, afinal.
De alguma forma, ela havia restaurado sua stamina para a batalha, aparecendo atrás do inimigo em uma velocidade surpreendente.
Tentou dar um soco, mas o inimigo desviou como se não fosse nada.
— Pensei ter batido o suficiente para a dona do corpo voltar — provocou, abrindo um sorriso.
— Eu só estava me segurando.
Psyche se preparou para outro ataque, desta vez, acumulando ferro em sua mão, criando uma arma que nunca havia visto na vida.
Algo que cobria os punhos, criando algumas garras neles. Mais parecido com uma manopla, porém, mais portátil…
Curioso.
Estava aprendendo com isso.
O discípulo tentou desviar do golpe, um golpe lento e de fácil esquiva, mas nada adiantava. Seu corpo tremia, como se não conseguisse se mexer naquele momento.
De alguma forma, Psyche havia parado o corpo dele. Mas como!? Isso é curioso… Muito curioso!
Eu quero entender.
Eu vou entender!
Meus olhos brilhavam diante das descobertas vindo de alguém mais experiente. Por mais que não pudesse entender visualmente o que havia acontecido, eu tive algumas ajudas.
Olhei para o lado, e algumas telas de sistema estavam aparecendo para mim.
[Ferromancia deve ser usado?]
[Ferromancia foi usado.]
[A Condessa alcançou seu ápice!]
[A junção temporária das duas habilidades criará uma grande força. O processo deve ser feito?]
[Ferromancia se funde a Condessa, criando um novo braço de poder. A Hemomancia foi desbloqueada!]
Hemomancia…?
Um novo ramo criado de forma temporária. Seria essa habilidade o que faltava para A Condessa permitir o controle do sangue?
Bem, pelo o que parece, estava certa.
O golpe lento logo acertou o discípulo em cheio. Mesmo que não fosse alta velocidade, a força colocada foi o suficiente para romper o controle do sangue de Psyche, jogando-o para longe.
— Ela é forte — comentou Damien. — Mas também é uma chata do ███████!
Agora quem estava sobrevoando entre as árvores era ele. Que ironia do destino, não?
O Discípulo conseguiu parar seu voo quase infinito, fincando seus pés ao chão. O rosto tremendo e o sangue escorrendo por seu nariz foi o suficiente para perceber em que situação estava.
Psyche andava lento. Não tinha pressa e sabia que iria vencer, pelo menos, era isso que pensava dela.
Estavam tão dentro da floresta que o sol mal entrava no local. As sombras das árvores foram o suficiente para simular uma noite em pleno meio dia.
As faixas do rosto dele foram caindo, e seus olhos estavam à mostra.
[Uma benção está sendo ativada. Deseja impedir?]
Seu poder é ocular!?
Antes que pudesse impedir a habilidade, a tela do sistema logo desapareceu. O tempo havia expirado, e eu não sabia qual era a sua habilidade.
Um segundo. Esse foi o tempo que a tela ficou ativa.
No primeiro momento, não notei nada de diferente em sua aparência, tão pouco em seu redor. Era o mesmo, nada mudou.
Mas uma péssima sensação embrulhava a minha barriga… Uma sensação de perigo constante.
Ele levantou sua mão esquerda, como se fosse estalar os dedos. Um gesto simples e… inútil?
Por que ele ia fazer isso?
Aquilo era familiar, bastante familiar.
— Não brinca… — murmurou Damien, chocado. — Como ele sabe disso?
Logo após, criou uma tela de sistema igual ao do complexo, e começou a clicar em alguns botões que haviam aparecido no ar.
Nunca vi nada igual, então, me aproximei.
— O que você está fazendo? — disse, segurando o seu braço.
Damien respondeu com agressividade, repelindo minha ação.
— Esse desgraçado está usando um feitiço que eu criei, Scarlett. Não sei como ele teve acesso a isso, mas é perigoso ficar por lá.
Feitiço?
Ah…
O que envolve a “Vida”.
Não.
Espera!?
[“É perigoso, Psyche. Saía daí imediatamente!”]
A tela apareceu para mim, resolvendo o mistério do surgimento dessas mensagens tão… informais.
Ela ignorou o aviso, seguindo em frente, sem pestanejar.
Daiane estava calada, tentando processar o que estava acontecendo diante aos seus olhos.
Tudo estava acontecendo como um vulto logo após. Psyche aumentou sua velocidade para tentar acerta-lo, mas, de alguma forma, sempre acabava falhando.
Era um teleporte.
Um teleporte movido por estalos.
Sua benção era essa? O poder de teleportar para onde quiser?
Queria acreditar nessa possibilidade, mas minha intuição falava o contrário disso. Se não era isso, o que era?
— Ele pode ler as memórias apenas com o olhar? — murmurou Damien, suando frio. — Não. Não! Isso é doideira! Eu não lembro de ter lhe ensinado esse feitiço!
— Você nem me ensinou nada — respondi, com os olhos vidrados na tela.
— É. Pois é!
De repente, senti leves puxões em minha camisa, me fazendo virar para trás.
— Aconteceu algo, Daiane?
— Eu acho que sei qual é sua benção… — sussurrou com seu jeito tímido, mas com um peso diferente das outras vezes.
— Você sabe mesmo, Annie?
“Annie”!?
Ele segurou nos ombros dela, como se implorasse por uma resposta.
— Lembro de ter ouvido uma conversa sobre a arma secreta da Igreja — começou, desviando os olhos. — O discípulo ganha esse nome por sua benção, que lhe permite aprender todas as habilidades possíveis de seu inimigo apenas com o olhar.
Finalizou a explicação.
Curta e rápida, mas assustadora.
Ele aprendeu… tudo?
Como iríamos derrotar alguém assim!? Se ele sabe de tudo, então, é impossível vencer.
Cerrei os punhos.
Meu ódio estava aumentando…
Como assim é impossível de vencer, Seven? Eu não deveria pensar assim. Não deveria mesmo!
De repente, Psyche sofreu um golpe que não pode desviar. Um imenso estrondo, e ossos foram quebrados.
Foi tão… brutal que senti na pele aquilo, mesmo que não pudesse sentir o que meu corpo sentia naquele estado.
Era como se todo meu torso tivesse partido em dois.
Eu tenho que pensar em algo.
Eu vou pensar em algo!
— Damien, você consegue enviar uma mensagem para Psyche? — disse, segurando em seu ombro.
— Ué… consigo, né. Você quer que eu mande o que?
— Peça para que eu possa voltar ao meu corpo. Vou lutar eu mesma.

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