Capítulo 59: Jeitos Diferentes, Pensamentos Iguais
— Que droga! Dá pra parar de ser estranha assim!? — chutei sua cabeça, fazendo-a sair de seu portal na terra. — Sua idiota!
Estrela caiu de bunda no chão, coçando sua cabeça logo após. Aahh! Me senti realizada após fazer isso!
Era muito gratificante, sabe? Parecia que tinha sido recompensada após anos de tortura.
— Isso doeu pra cacete! Como pode fazer isso comigo, irmã? Eu não te criei assim! — respondeu, olhando para sua camisa manchada de sangue. — Isso é de verdade?
Para ser sincera, queria que não fosse de verdade, mas não podia responder isso.
— Tá com medo, é? — disse, provocando-a. — Pelo menos eu não fico com medinho de sangue! Hehe.
Ela logo se irritou, chegando mais perto de mim.
— Pra começo de conversa, você ainda não passa da caçula aqui, viu!? É você quem deve ficar com medo! Não quebre o ciclo, Vulto.
Blá, blá, blá.
— Meu nome é Karina agora. Me chame assim — respondi, olhando em seus olhos. — Tch! Isso me irrita! Humpf!
Virei o rosto.
— Ownt… Você fica tão fofinha quanto tá emburrada, Vul– Karina! — Ficou falando coisas como essa por um tempo, apontando para meu rosto um pouco corado. Ela me irritava muito! — Mas você adotou um nome. Isso é bem… inesperado.
Havia aceitado rápido a minha decisão… Bem, eu esperava isso mesmo.
— Que foi, está com inveja?
— Um pouco. — Colocou a mão abaixo do queixo, como se estivesse se aprofundando em seus pensamentos. — Posso me chamar com algo parecido com isso… Minha irmã não pode ficar sozinha…
— Ei… ei… O que você está pensando?
Não tava cheirando bem!
Ela tava séria com isso? Realmente, era inveja que sentia? Eu não acredito! Hahaha! É a primeira vez que ela sente inveja de mim!
— Que tal eu me chamar Karline? — disse, seco. Algo que não gostei nem um pouco. — Não… Sim? Não! Não… Sim?
— Assim você vai estar roubando meu nome, sua burra! — gritei, batendo em sua cabeça. — Seja mais original, por favor.
— Hmmmm…
— Karina… — disse minha aliada, ainda perplexa. — Esse é o seu nome?
Me virei, olhando para o chão. A mesma estava com seu filho no colo, acariciando seus cabelos vermelhos que haviam voltado à cor original.
Agachei-me, igualando as alturas.
— Sim, é — respondi, abrindo um sorriso. — Gostou? Ah… É mesmo. Melhor dizer antes que eu esqueça. Não diga a ninguém que você viu seu filho ficar daquele jeito, viu? Esconda esse segredo com sua vida!
Não posso deixar de forma alguma que isso chegue à mamãe. Nem mesmo por uma desconhecida.
Desconhecida…
Tinha um pressentimento ruim sobre isso.
Ela acenou com a cabeça.
— Muito bem! — Levantei-me do chão, virando para Estrela, Karline ou sei lá quem fosse. — Pode enviar ela pra lá.
Pisquei para ela, indicando para que usasse seus poderes divinos. Que, vamos ser sinceros, não tem nada de divino! É tão irritante quanto a usuária.
— Acho que já sei! Eu vou me chamar Koralina! — gritou, ecoando sua voz pelas árvores queimadas.
Ela piscou de volta, e logo percebi que fizemos o sinal com propósitos diferentes.
— Você é burra…?
Apontei para eles, não dizendo nada após minha pergunta retórica.
E, logo, Estrelinha percebeu o recado.
— Ahh! Por que não disse antes? — disse, batendo uma palma. Logo, um grande portal surgiu abaixo dos dois. — Bem, espero que façam uma boa viagem!
Os dois caíram no portal, e apenas os gritos de minha aliada foram escutados por mim. Bem, eles estavam a salvo agora, isso que importa.
— Por que você é assim?
— Assim como?
— Nada não.
Ficamos encarando uma a outra por bastante tempo, antes que eu caísse na real.
— Vamos logo para o trabalho, que diacho! Sua burrice passa pra mim quando me encara assim. Tch! — disse, virando para trás. — Me siga, eu tenho uma ideia de onde mamãe está.
Comecei a caminhar para o outro lado que havia chamado a minha atenção. Um campo de batalha perigoso, mas seria muito fácil se eu estivesse lutando com essa… boboca.
— Ela é a progenitora do sangue? — perguntou Karoline, colocando as mãos para trás da cabeça. — Teve sorte. Conseguiu o que queria.
Eu sabia que era sortuda.
Me senti acolhida, é só isso que importava.
Senti a verdadeira família.
Porém… não sabia se era certo esconder algumas coisas deles. Muito menos se daria certo contar nesta altura do campeonato.
Minha vida virou de cabeça para baixo. Não sou mais a Karina de antes…
— Sei.
Andamos por bastante tempo lado a lado. E foi a pior coisa que já me ocorreu naquele dia. Imagina ter que andar ao lado dela? É insuportável com suas piadas!
Chegamos a um pequeno morro, grande o suficiente para me dar uma boa visão do acampamento que se estendia por uma grande área.
Queria entender o motivo de estarem fazendo isso, mas tudo bem. Vou matar todos de qualquer forma.
— Eles estão se escondendo nessas cabanas frágeis? Isso é tão antiquado! — disse Karolina, apontando com desgosto. — Ew! Ninguém faz mais isso hoje em dia.
— São funcionais, isso que importa. Porém, não vão ser tão funcionais agora — respondi, abrindo um sorriso. — Mamãe pode estar lá…
Os guardas se mobilizavam a cada segundo, mas não pareciam perceber a presença de duas desconhecidas. Então, para que toda essa comoção? Como se seu exército fosse derrotado a cada segundo.
Quem era esse oponente?
Bufei, sentando-me no chão. Lutar quando eles não prestam atenção em você é frustrante! Muito chato.
— Está passando mal? — perguntou Karolina. — Posso derrotar eles todos sozinha, então. — O sorriso afiado logo apareceu em seu rosto.
Coloquei a mão em seu ombro.
— Não se todos eles sumirem antes mesmo de você poder fazer qualquer coisa.
Dei língua, em provocação.
Antes que pudesse reagir, fiz uma cambalhota, me jogando do morro até o acampamento inimigo.
O vento passou pelo meu corpo, e o euforismo dominava minha mente. Hehe!
Cai no chão, criando uma pequena cratera no solo. Os soldados logo perceberam o grande barulho, e um sino foi tocado em todo o acampamento.
— Ué… eles são rápidos em perceber inimigos.
E, antes mesmo que pudesse fazer algo, um grande portal surgiu em uma das tendas. Como uma força opressora, sugando tudo ao seu redor para dentro dela.
Karolina estava ao meu lado de forma imperceptível. Quando havia usado seu poder? Não sabia.
Mais e mais portais do mesmo tipo apareceram, sugando equipamentos e tendas para dentro do objeto massivo. Não sabia como havia conseguido esse conhecimento.
Quero dizer, eu só não acreditava que ela tinha recebido isso em seus sonhos!
— Buracos negros! Hehehe! Buracos negros apareceram em nossa realidade! — gritava Karolina, feliz da vida.
A festa só estava começando!
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