Índice de Capítulo

    “Você ouviu? Há rumores de um demônio de pele negra e cabelos prateados vagando pela escuridão.”

    “Ah! Assustador!”

    Jack se fingiu de surdo às fofocas dos NPCs. O que a elfa negra fazia nas horas vagas não era da conta dele.

    Não, naquele momento, ele tinha outro problema: sua aparência. Ou melhor, ele precisava parecer humano se quisesse continuar sua jornada.

    Ghoul escondido em uma Vila —> Dificil, mas dá certo.

    Ghoul escondido em uma Cidade —> Ótimo plano para acabar dissecado.

    Felizmente, os ghouls conheciam um método para reverter a transformação. Infelizmente, faltavam-lhes os ingredientes para o ritual.

    Isso significava que agora ele tinha uma tarefa insuportavelmente irritante para fazer.

    Passo 1. Convença MTC a lhe emprestar um guia.

    Passo 2. Vá para o Pântano Úmido.

    Passo 3. Reúna ingredientes raros.

    Passo 4. Tente não morrer.

    Fácil, né? Foi o que ele pensou inicialmente também, mas aí o primeiro passo já se mostrou problemático.

    “Definitivamente não. Estamos em reestruturação! Na última tragédia, perdemos muitos membros e estamos com uma equipe extremamente insuficiente.” O líder recusou-se terminantemente.

    “….” Ele só precisava de um cara! Quão difícil isso poderia ser?!

    Aparentemente, todos estavam ocupados instalando defesas mágicas no poço da mina. Apenas o líder deles ainda estava lá, preenchendo a papelada para todos os recursos de que precisariam.

    Jack só conseguiu suspirar. Defesas mágicas contra elfos negros? Seriam tão eficazes quanto tentar afogar um peixe!

    “Escute, tem uma coisa que pode me fazer transferir mão de obra…”, sugeriu o homem, de forma significativa.

    E assim, Jack foi enviado em uma missão de busca. O problema era que o que ele precisava buscar era, na verdade, o único mago da cidade, também conhecido como o exibicionista.

    Não seria tão difícil, certo?

    Toc! Toc!

    “Ei, mago, você está aí?!” Jack continuou batendo na porta como se o mago lhe devesse dinheiro. Respeito por um mago nobre? Nem fudendo!

    “Ouvi dizer que uma vez ele tentou te abraçar pelado. Achei que ele responderia rapidinho. Que pena.” Chiclete suspirou exageradamente de lado.

    “Seminu, nu!” corrigiu Jack.

    “Claro, claro.”

    Toc! Toc! Toc!

    “Não adianta, rapaz. Ele está em isolamento fazendo experimentos, e um sistema de cancelamento de ruído cerca o lugar dele.” Uma senhora gentil que passava por ali riu baixinho.

    ‘E agora?’ Jack ficou perplexo.

    “Que se dane esse cara, eu acho. Quem sabe a gente pode contratar vários jogadores para trabalharem juntos e substituí-lo?”

    Moon Moon pareceu estar em pensamentos profundos por alguns momentos, mas então atingiu a iluminação.

    “Woof?! Woof!” (Que se dane ele? Que se dane o quintal dele!)

    Pfftt— Não tem como fazer isso, Moon Moon!” Chiclete repreendeu.

    Sim, não havia nenhuma maneira de eles fazerem isso… na verdade…


    Uma tragédia havia começado na cidade de Sprigfield, uma tragédia que deixaria marcas para sempre em sua história.

    “Peguem um balde, rápido!!” Gritos de pânico ecoaram por toda a cidade.

    O lugar estava em chamas. Não era um incêndio especialmente grande ou destrutivo, mas estava em todo lugar.

    Uma fumaça espessa cobria absolutamente tudo, grudando em objetos e pessoas, fazendo com que elas engasgassem e vomitassem sem parar.

    O fogo não era o pior. O verdadeiro problema era o cheiro, tão forte que impregnava tudo e corrompia tudo o que havia de bom neste mundo.

    “Quem diabos literalmente colocou fogo em alguma coisa?!!! Puta merda!”

    “Eu juro que se eu pegar essas crianças, eu vou matá-las!”

    À distância, uma dupla observava sua obra com expectativa. Mesmo aqueles acostumados ao cheiro da morte tiveram que admitir que esta era particularmente pesada.

    “3…”

    “2…”

    Clang!

    “O que diabos está acontecendo aqui?! Quem está atrapalhando meu experimento? Mostre seu… Blerhg!” O pobre mago pareceu furioso, apenas para vomitar com o cheiro.

    Essa foi a deixa para eles se mudarem.

    “Olá, senhor mago. Precisamos da sua ajuda com—”

    “Tenho coisas melhores para fazer da minha vida do que ajudar você e seu lobo! Tenho que recomeçar do zero depois daquele último fracasso. Que cheiro horrível isso—”

    “É um trabalho fora da cidade, com ar fresco e tudo…” Jack tentou.

    O mago aguçou as orelhas para o ar fresco, o rosto revelando um anseio instintivo. Afinal, ficar ali era a morte! (Ou era assim que parecia.)

    Jack saiu alegremente, com o NPC e o lobo o seguindo. Ele era como um conquistador partindo com seu prêmio. Muitos jogadores se aglomeraram perto deles, tentando ter aulas de magia.

    “Por favor, me ensine só um feitiço!”

    “Como posso me inscrever nas Torres?!”

    “Por favor, deixe-me ser seu aprendiz!”

    Todos continuaram chegando com pedidos, e o NPC franziu a testa. Era exatamente por isso que ele não saía muito. Bem, isso e o boato sobre sua propensão a se despir.

    Hora de escoltar o NPC até a mina!

    Jack tinha a sensação de ser um segurança de uma ídolo. Que descaramento os jogadores podiam ter?! Não podiam incomodá-lo depois que Jack terminasse de usá-lo? Nossa!

    Quando chegaram às minas, o pessoal do MTC olhou para ele como se ele fosse um deus.

    “Você conseguiu convencê-lo! Como?!” A pergunta deles era obviamente um assunto delicado.

    Mago trocado por Guia com sucesso!

    Se fosse um RPG antigo, haveria uma musiquinha: “Brehart se juntou à festa!” O minerador de explosivos também serviria como escolta.

    “Woof!” (Conseguimos!)

    Depois, todos seguiram em direção ao Pântano. Assim que se aproximaram, sentiram o cheiro de decomposição e estagnação.

    Era como se tivessem deixado água parada no balcão com um cadáver apodrecendo. O cheiro era um terço pior do que o desastre que haviam causado na cidade.

    Havia terra à vista, mas era difícil diferenciá-la da água marrom e lamacenta. Encontrar um lugar para se firmar ali seria extremamente desafiador.

    “Faça o que fizer, certifique-se de seguir meus passos à risca. Esse lugar é uma armadilha mortal. Entendeu?”, instruiu o guia.

    Ele entoou um cântico por um segundo, e seus olhos começaram a brilhar. Era o resultado de um feitiço de reconhecimento exclusivo da facção. Fora criado especificamente para aquele lugar.

    O Pântano não permitia deixar nenhum marcador físico, pois eles seriam rapidamente engolidos. MTC tinha uma magia única para isso.

    “Woof?!” (O que é isso?!)

    O pequeno lobo apontou para uma luz flutuante um pouco afastada do caminho.

    “Uma esperança tola. É um fio que atrai exploradores. Parece lindo, mas você com certeza será engolido pelo Pântano se chegar perto”, explicou Jack.

    A área 1 do Pântano era perigosa para quem não estivesse preparado. Aliás, já havia inúmeras postagens no fórum pedindo para as pessoas ficarem longe daquele lugar maldito.

    Talvez o pior para um jogador não fosse ficar preso num pântano, mas o tempo que levava para morrer. Podia-se cair lentamente por horas antes de finalmente sufocar. Era uma perda de tempo!

    “Senhor, o que exatamente estamos procurando aqui? O senhor disse que tinha algo para reunir”, perguntou o guia.

    “Fungo virulento.”

    “O quê?!” O NPC de repente perdeu o equilíbrio, em choque. “Não tem como a gente conseguir pegar isso só nós dois!!”

    “Uhuu!” (Três!)

    Infelizmente, a figura heroica do pequeno lobo pouco fez para apaziguar as preocupações do homem. A princípio, ele até quis voltar.

    “Eu trouxe o Senhor Mago para você. Você vai voltar atrás na sua palavra?”

    “I-isso…”

    E assim eles retomaram a jornada e logo chegaram ao seu destino.

    Estavam em um pequeno trecho de terra, quase cercado por água. Havia uma pequena ilha a certa distância, formando um círculo perfeito, como se fosse artificial.

    “É o único lugar onde ela cresce, mas não conseguimos alcançar.”

    “Woof!” (Só precisamos de um barco!)

    O lobinho era um lobo esperto. Mas, desta vez, estava errado, pois seu dono apenas balançou a cabeça.

    “Um barco não funciona. A água aqui é especial e barcos não flutuam. Nem eu sei bem por quê. É como se o próprio mundo quisesse impedir isso.”

    “Woof!” (Então nadamos!)

    “Não. Eu nado. Você morreria na hora.” Jack acariciou a cabeça do parceiro uma última vez antes de mergulhar na água.

    “Você está louco?!!!” O NPC gritou, aterrorizado.

    Foi então que a armadura externa de abóbora de Jack derreteu como chocolate em um bolso quente. Como se não bastasse, ele foi subitamente arrastado para as profundezas.

    Não houve luta. Assim, de repente, ele se foi, uma vida perdida.

    “Woof!” (Não se preocupe!)

    O NPC olhou para o pequeno lobo com pena. O animal tolo ainda acreditava em seu dono, abanando o rabo alegremente. Infelizmente, ele sabia o que o esperava lá embaixo…


    Jack olhou fixamente para a videira que o havia agarrado. Parecia o braço enrugado de um cadáver, aparentemente alongado com o passar dos anos.

    Ao lado, fios azuis brilhantes flutuavam por toda parte, semelhantes a águas-vivas. Muitos correram em sua direção, entrando em seu peito avidamente.

    [Espírito maligno tentou possuir você! Falhou!]

    “Não há necessidade de resistir!”

    “Brinque com a gente!”

    “Para sempre!”

    Eram como crianças pequenas que só queriam se divertir. Bem, nesse caso, a diversão teria sido mortal para praticamente qualquer um.

    Por um instante, ele parou completamente de se mover, apreciando a vista. Havia uma beleza surpreendente escondida na morte. Era tão maravilhoso!

    “Eu pego vocês!” Ele agarrou alguns dos fios de brincadeira, e as criaturas congelaram. Havia algo errado com a situação…

    Pela primeira vez na História do Infinite, um ser estava realmente brincando com eles?! Até as videiras pararam de se mexer, igualmente confusas com o acontecimento.

    Dessa vez eles encontraram alguém à altura.

    Ghoul vs. Mortos-vivos de pequeno porte?

    Não era uma competição! Quanto mais ele “jogava”, mais desapareciam em nuvens de fumaça mágica, toda a energia drenada. Por fim, o grupo inteiro fugiu.

    […]

    [Título adquirido: Quem é o monstro aqui?!]

    “Vamos. Vamos embora. Seu dono não vai voltar.” O homem suspirou, arrependido. Aquele idiota suicida não merecia uma companhia tão leal.

    “Woof!” (Olha, ele voltou!)

    O lobo apontava com a pata. O NPC se virou para verificar, confuso… Foi então que viu o monstro.

    “Meu Deus?!!!” G-ghoul?!” Ele quase teve um ataque cardíaco ali mesmo.

    Pfft— Relaxa, sem problemas. Não se lembra de mim da arena quando os elfos negros te capturaram?”

    “Era você?!!!”

    “É, é, tanto faz. Enfim, hora de ir. Já consegui o que vim buscar.” Jack sorriu alegremente.

    O NPC tinha inúmeras perguntas…

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