Índice de Capítulo

    Na cidade de Sprigfield, o ar estava cheio de alegria enquanto NPCs e jogadores olhavam para os recém-chegados desfilando na praça.

    “A Santa Igreja finalmente chegou!”

    “Estamos salvos! Louvada seja a Deusa da Luz!”

    “Hehe, os mortos-vivos fedorentos serão todos feridos!”

    Os doze paladinos severos olharam inquisitivamente para a população. Todos tinham saído para recebê-los, a milícia já em posição de sentido.

    A força dos paladinos era evidente graças às suas imponentes armaduras pesadas de placas inscritas com glifos de proteção brancos e brilhantes.

    O líder deles era especialmente impressionante. Seu rosto estava cheio de cicatrizes. Sua cabeça era da cor da neve, mas ele mal parecia ter trinta anos, ainda parecendo cheio de vitalidade.

    “Não tema, viemos para esmagar o mal! Começaremos nossa investigação nesse exato momento.” O homem declarou heroicamente, irradiando orgulho.

    Então vieram os aplausos, aplausos tão altos que afogaram todas as apreensões. Misturaram-se ao som dos sinos sagrados, um instrumento específico da Igreja.

    Um homem de repente abriu caminho pela multidão na atmosfera alegre. Ele não estava apenas “feliz” por eles estarem ali. Ele estava em êxtase! — ou pelo menos parecia estar.

    “Senhores Inquisidores, bem-vindos! Que sua presença faça brilhar a luz sagrada sobre essa cidade! Ah, certo, Comandante, vim trazer notícias importantes!” Jack anunciou solenemente.

    Seu corpo estava cheio de ferimentos, seu rosto estava tão ensanguentado que ele mal podia ser reconhecido, e seu emblema de milícia estava visível para todos verem. Ele obviamente enfrentou a morte por essa notícia!

    Ah, ele também tinha uma cruz da Santa Luz mau feita em volta do pescoço. Era costume que ele esperasse para ser chamado, mas, com sorte, sua aparição atrairia o interesse dos paladinos!

    “Agora não é o—” O Comandante falou sem jeito.

    “Não, fale, jovem. A Deusa da Luz ouve todos os seus filhos.” O líder deles gentilmente os conduziu.

    “Obrigado, Lorde Inquisidor! Acho que encontrei a fonte do mal nessas terras. Infelizmente, sou fraco demais para desafiá-lo!” Jack lamentou, seu rosto demonstrando extremo arrependimento.

    “?!?”

    A conversa explodiu instantaneamente. No fundo, alguns jogadores o reconheceram. Fonte do mal? Na verdade era ele! Toda vez que algo ruim acontecia, ele estava na raiz dos rumores!

    O apelo de Jack teria caído em ouvidos moucos em circunstâncias normais, mas o homem gesticulou para que ele o seguisse. Ele teria permissão para uma reunião! Sucesso!

    Os inquisidores eram semelhantes a cães de caça, insaciáveis ​​em sua busca por justiça. Eles puniriam os inimigos da Deusa da Luz onde quer que estivessem.

    Por trás do sorriso de Jack, escondia-se um grande desconforto. Ele queria evitar que o atacassem a todo custo! Afinal, cada paladino era quase tão forte quanto a milícia inteira.

    Eles se encontraram no quarto mais suntuoso que o Viajante Cansado tinha.

    “Elfos Negros, eles devem ser os que usam necromancia vil!” Jack cuspiu com ódio estampado no rosto.

    Elfos Negros —> Melhores Bodes Expiatórios

    “Você viu elfos negros?!” O paladino mordeu a isca instantaneamente. Não havia como ignorar isso.

    Era a hora de Jack brilhar. Ele usou todo o conhecimento de sua vida anterior para descrever a pele escura dos elfos negros, cabelos prateados, olhos sádicos brilhantes e roxos, tudo.

    Ele garantiu que seu testemunho fosse o mais “preciso” possível, às vezes entrando em conflito com o que se sabia sobre eles nas lendas.

    Ele tinha acabado de terminar e de repente o homem irrompeu em uma aura sagrada, tão poderosa que até as pessoas que esperavam na porta sentiram sua opressão!

    “Como você sobreviveu?” O paladino enunciou lentamente, seu tom tão pesado quanto o mundo.

    Confessar? —> Morte Dolorosa

    Dê uma desculpa? —> Morte Dolorosa

    Diga a “verdade”? —> Único caminho para a sobrevivência

    Jack tinha que ser convincente o suficiente sem dizer nem um pingo da verdade.

    “Eles queriam que eu entregasse uma mensagem: a Roda do Destino conquistará tudo. Eles também disseram algo em sua língua. Soou um pouco assim…” Jack começou a falar besteira como um chefe. 

    Como ele não conhecia a língua élfica, ele simplesmente retransmitiu os sons que eles haviam feito da melhor maneira que pôde — ou assim dizia a história.

    O líder estremeceu em choque. Ele tinha ouvido uma história élfica uma vez, e parecia um pouco similar! Poderia ser verdade?

    “Tudo bem, faremos um teste simples. Acredito que você saiba o que é isso, certo?” O paladino pegou uma bola de gude transparente do tamanho de um tomate enquanto mostrava um sorriso.

    Esse cristal tinha sido a ruína de tantos pecadores! Era um detector de mentiras! O paladino alegremente conduziu o Comandante e Derek para atuarem como testemunhas.

    Os três olharam para ele com expectativa.

    O Comandante demonstrou confiança, o paladino desconfiança, e Derek parecia tão tranquilo quanto água, mas estava surtando internamente. Eles estavam ferrados pra caralho!

    Mas Jack não tinha como escapar disso…

    Ele tocou a bola no silêncio pesado enquanto repetia lentamente seu testemunho. Como ele tinha visto os elfos e como ele os tinha ouvido.

    Verdade —> Luz suave e quente

    Mentira —> Brilho vermelho intenso

    Nesse momento decisivo, Derek de repente teve que reconsiderar sua vida. Seguir seu mestre e se tornar um herege caçado pela Igreja? Abandoná-lo e evitar problemas?

    Ele só conseguiu suspirar enquanto se preparava para lutar para sair. Sua mão já estava pairando perto do punho da espada. Assim que a luz ficasse vermelha, ele iria—

    O quarto estava banhado por uma suave luz branca.

    “?!?” Branco?! Derek não conseguia acreditar no que via.

    “Parece que você falou a verdade. Eu, Gerald Hope, juro que trarei esses elfos negros à justiça! Agora me deixe, pois tenho trabalho!” O paladino declarou severamente.

    Vitória! Derek ficou estupefato de espanto.

    “Claro, Lorde Gerald!” Jack sussurrou gentilmente enquanto saía.

    Eles mal tinham dado alguns passos para longe da porta quando ouviram uma comoção.

    “Deixe-me passar! Preciso me encontrar com a Igreja Sagrada. Tenho informações!” Um homem berrou enquanto tentava passar pelos paladinos que guardavam o corredor.

    Era o lenhador Joe, e ele não estava sozinho. Ao seu lado estava um jogador: isso imediatamente lhe deu um mau pressentimento. Ele tinha uma missão para expô-lo?!

    O Bravo vestia uma longa túnica cinza de mago e um colar de pedra em forma de lágrima brilhando com um poder calmante. Ele parecia um clérigo, mas não parecia santo nem profano…

    Quando o lenhador Joe notou Jack, ele gritou. Havia inquietação, raiva, desespero, tristeza e confusão nos olhos do homem. Quanto ao mago (?) ao seu lado, ele estava sorrindo.

    “Joe, certo? Vamos conversar em algum lugar privado.” Jack propôs.

    “Tudo bem, vamos —” Joe estava prestes a concordar.

    “Falar aqui já basta. Os paladinos são homens justos, não são? E daí se eles ouvirem nossa discussão. Você talvez discorde?” O babaca de túnica cinza sorriu.

    “Por que você está se intrometendo? Não me lembro de ter falado com você. Você é tão solitário que sequestra conversas à força?” Jack lançou um olhar desdenhoso.

    “Isso é…” Joe disse.

    “Sequestrar conversas? É melhor do que sequestrar investigações em andamento, não é? Mas, novamente, não foi só isso que você fez, foi?” O mago acusou.

    “Oh, eu faço muitas coisas. Às vezes ajudo as pessoas, às vezes luto contra monstros e às vezes como waffles.” Jack tratou o homem como um palhaço. “De qualquer forma, Joe, o que houve?”

    “Ele está morto, ele se foi, e ele nunca mais vai voltar! Diga-me que ele está errado! Diga-me que você não é responsável por isso!” A primeira frase completa de Joe foi um grito sincero do coração.

    Jack fingiu-se de bobo enquanto o homem contava, em meio a lamentos raivosos, como seu amigo havia desaparecido logo após receber sua carta.

    Ninguém viu o homem sair.

    Ninguém viu o que aconteceu com ele.

    Talvez tenha sido tudo uma coincidência, mas e se não fosse?

    Joe agora estava considerando a possibilidade de que Jack pudesse estar por trás disso. O jogador ao seu lado era estranhamente persuasivo e tinha conseguido passar por sua mente inocente.

    Ele disse que Jack era o Necromante, que havia matado a única testemunha e que havia enganado Joe, assim como havia feito com a milícia.

    Depois de ouvir tudo isso, até mesmo o tranquilo Jack de repente demonstrou traços de raiva, e seu tom se tornou mais severo a cada frase que ele pronunciava.

    “Entendo, então ele fala muita merda? Então, você ouviu um palhaço, e agora está aqui… por que exatamente?

    “Porque mantive a investigação discreta, como disse que faria?”

    “Porque um homem desapareceu enquanto eu estava ocupado?”

    “Porque eu não te contei sobre meu progresso?”

    “Ou será que você está simplesmente procurando alguém para culpar para lidar com sua perda? Qual deles é?”

    Jack martelou cada frase ritmicamente até que Joe se encolheu de vergonha. Como ele poderia ter culpado uma alma tão gentil por tudo isso?! Mas o homem cinza interrompeu novamente.

    “Não deixe que ele te engane! Não tem como ele simplesmente falar a verdade e admitir sua culpa! Controle-se!”

    Seu tom era beligerante, como se estivesse convencido da culpabilidade de Jack. Os paladinos olharam para os dois cuidadosamente, segurando seus martelos com mais força. Um deles então sugeriu:

    “Que tal testar a veracidade das palavras dele aos olhos da Deusa da Luz? Se ele for realmente um criminoso, ele será preso. Caso contrário, você será acusado de calúnia.”

    “SIM! Isso é perfeito!” O mago de túnica cinza imediatamente aproveitou a oportunidade. “Ou talvez você esteja com medo?” Ele provocou sua “presa”.

    Jack agora estava em uma posição onde não podia recusar… mas por que ele faria isso?! Ao concordar, o jogador mostrou um sorriso vitorioso. Assim começou outra rodada de questionamentos.

    Investigou o Necromante —> Verdadeiro

    Não aliado ao dito mal —> Verdadeiro

    Encontrou uma possível pista —> Verdadeiro

    Não matou o homem —> Verdadeiro

    Foi clarão branco após clarão branco! Durante o interrogatório, Jack pareceu extremamente relaxado. Ele era um homem que claramente não tinha nada a esconder.

    Joe demonstrou um alívio incrível enquanto encarava o jogador, Derek observava tudo com muita atenção, e o mago estava ficando louco.

    “IMPOSSÍVEL! Tenho certeza que ele fez isso! Tenho 100% de certeza disso! Essa é a única explicação. Você trapaceou. Tenho certeza que você trapaceou!!” Ele gritou.

    Na verdade, ele continuou gritando mesmo quando a inquisição o arrastou para longe. Os paladinos lhe deram a garantia de que puniriam prontamente esse personagem desprezível.

    Jack alegremente acenou adeus para eles, Joe se desculpou profusamente por duvidar dele. Assim terminou a parte do interrogatório.

    Mas ainda restava uma coisa sem resposta. Assim que ficaram sozinhos, Derek não conseguiu evitar perguntar timidamente…

    “Mestre…”

    “Você quer saber como enganei a ferramenta?”

    “Sim!!”

    “Eu disse a verdade. Palavras podem significar tantas coisas, sabia?” Jack sorriu.

    “Eu realmente vi e ouvi os elfos… na minha mente, pelo menos. A mesma coisa para a investigação e tudo. Quanto àquela testemunha, eu não o matei, ênfase em eu.” Jack explicou.

    Espere, isso era possível?! Derek não conseguia acreditar no que ouvia. Que tipo de brecha maluca era essa?! Mas ele não tinha muito tempo para refletir sobre isso.

    Um mímico, ou melhor, um ghoul, estava se aproximando deles…

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