— CAPÍTULO TRINTA E TRÊS —

    Coragem e desfecho

    A pedra acertou a cabeça do dragão sem causar dano, mas chamou toda a sua atenção. Ele se virou abruptamente na direção de Luca e, com seus olhos predatórios, avançou na direção dele, amassando o solo cinzento com as patas pesadas.

    Não consigo… me mover…

    O dragão se aproximava, enquanto Luca permanecia paralisado, vendo a criatura correr em sua direção. No último instante, ele foi atingido furiosamente no pescoço e empurrado um pouco para o lado, interrompendo o ataque em plena corrida. De longe, Luca viu seus dois irmãos — ambos ainda no ar após o golpe em conjunto — pousando no chão.

    A criatura, ainda no chão, bateu sua cauda nos dois, jogando-os para o alto. Ambos sentiram seus ossos rangerem e a dor foi instantânea. Eles capotaram no chão e saíram rolando. Estabilizaram o corpo e se levantaram, cada um segurando suas lâminas de forma agressiva. Uma gota de sangue desceu sobre o rosto de Karl. Ele encarou o réptil gigante e olhou para Luca, fazendo um sinal de positivo com a mão.

    — Vamos fazer o que combinamos então, Karl? — indagou Lótus, segurando firmemente as adagas como se fossem espadas. 

    — Certo… 

    — Como está seu punho? 

    — Ele vai aguentar, não se preocupe.

    Ambos se encararam por um momento. Ao perceberem que o dragão começava a se mover, concentraram-se e correram em sua direção. Eles mantiveram a mesma velocidade até que o dragão se preparou para soltar uma baforada de fogo. Ele inclinou seu corpo, sua boca começou a brilhar com energia e, no momento em que ia soltar o fogo, Lótus gritou: 

    — Agora!

    Os dois se dividiram e a baforada foi jogada no meio deles. O dragão cessou o ataque. Sem que a criatura percebesse, Lótus tentou cravar suas adagas em seu pescoço, mas o ataque não atravessou a casca dura. Antes que o dragão pudesse reagir, Karl o acertou no lado direito — o ponto cego da criatura. 

    Ele socou sua cabeça, fazendo-a ser empurrada um pouco para o lado, mas, curiosamente, o Dragão sabia que Karl estava lá. Então, a criatura o atingiu violentamente com a cabeça, jogando-o no chão, onde ele afundou na argila. 

    Do outro lado, Lótus saltou por cima do dragão para tentar ir até Karl. O Dragão, porém, virou a cabeça, empurrando Lótus para longe. Em seguida, a criatura colocou suas enormes patas e garras em cima de Karl, pressionando-o contra a argila. Enquanto Karl afundava, Lótus tentava chegar a tempo, antes que ele ficasse sufocado.

    — Karl!!! — gritou Lótus, desesperado, correndo na direção do dragão. 

    Lótus continuou correndo, mas paralisou quando o Dragão começou a sugar o ar novamente.

    Como eu vou salvar o Karl??? Como eu posso salvar o Karl agora? O que? O que eu tenho que fazer???

    Luca aparece em cima da pata do dragão, com sua lâmina apontada defendendo o irmão. Lótus arregala os olhos preocupado, ele não consegue pensar em nada e nem se mover.

    — O que você está fazendo, Luca??? — perguntou Karl sendo empurrado para baixo se prendendo nas garras da fera.

    — Eu vou te proteger!

    O Dragão abriu a boca e, dessa vez, ela brilhou em vermelho. No momento em que a criatura foi soltar o fogo, Kael apareceu na frente deles, com sua espada relativamente mais grossa sendo usada como um escudo na direção da boca do dragão.

    — Eu admiro vocês — disse Kael sorrindo, em meio ao som estridente da baforada de lava.

    Surpreendentemente, a espada rebateu toda aquela energia quente, e a matéria incandescente foi empurrada para longe. O olhar dos irmãos era de encanto; ambos estavam impressionados com o que o Pai podia fazer. Quando a baforada cessou, Kael lançou um ataque de energia com um movimento de arco com a espada, que jogou o dragão para cima. Depois disso, sem piedade, ele fez outro corte, dessa vez na horizontal, no pescoço da criatura, fazendo-a sangrar e cuspir sangue, enquanto caía lentamente, sua força se esvaindo.

    Quando o Dragão morreu, tudo naquele lugar passou a se deteriorar, como se estivesse se apagando. Kael fez um corte no vento para limpar sua espada e a colocou na bainha, já encolhida.

    — Acabou.

    Enquanto aquele lugar se desfazia, o corpo dos quatro começava a ficar no mesmo estado de antes. Dessa vez, Kael estava atento e pôde notar a transição mágica que ocorria em seu próprio corpo.

    Os corpos brilhavam em fragmentos verdes e vermelhos. Era uma sensação mágica forte e constante, forte a ponto de fazer os meninos se ajoelharem. E, à medida que o lugar se desfazia, o corpo deles ficava ainda mais instável.

    Então quer dizer que a energia concentrada para construir essa dimensão é usada para teleportar a gente de volta, mas… e quando a gente está lá fora?

    Ele colocou a mão no queixo e voltou a prestar atenção nos filhos.

    — Meu Deus! Esqueci completamente de ajudar vocês.

    Kael pegou Karl e Luca e começou a andar até Lótus. À medida que se aproximava, seu próprio corpo também começou a pesar, e a visão de todos os quatro ficou branca.

    E novamente eles estavam em Dib, a ilha vazia. Kael se encontrava exatamente onde esteve antes de ser teleportado. Assim que sentiu o aspecto áspero da madeira do telhado da casa em que estava, ele suspirou e abriu os olhos. Levantou-se, olhou para trás e viu Luca abraçar Lótus, aliviado, em comemoração. Foi quando Kael começou a contagem…

    Um… dois… um… dois. Ué? Dois? Luca… Lótus?? Karl?!

    Ele fechou os olhos novamente e, ainda com calma, começou a se concentrar para sentir a energia de Karl por toda a ilha. Tentou uma, duas, três vezes. Ele escutou Luca falar:

    — Pai?! Onde está Karl? Não era para ele estar aqui?!

    Lótus continuou:

    — Pai? Cadê Karl?

    Kael respirou bem fundo, levantou-se, ajeitou sua roupa, que estava um pouco rasgada, passou a mão limpando a poeira e respondeu:

    — Ele não está em Dib. Ele não retornou com a gente.

    Em choque, Luca ajoelhou-se e colocou as mãos no rosto. Ele tremulava e suas lágrimas começavam a cair. Lótus, mais forte diante da situação, perguntou:

    — O que vamos fazer, Pai?

    — Vamos prolongar a viagem. Teremos que… procurá-lo. Não vamos voltar para casa, não antes de pelo menos descobrirmos se ele está vivo.

    — E como vamos descobrir?

    — Vamos achá-la. Vamos procurar a Aurora.

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