Capítulo 173: Enganado? (1)

Combo 03/50

Cale e o grupo retornaram à pousada onde haviam se hospedado anteriormente. Cale pareceu ter desligado assim que se sentou e se recostou na cadeira.

{Humano, isso foi muito divertido! Eu realmente sou grande e poderoso!}

Por outro lado, o invisível Raon era extremamente enérgico. Archie, a Baleia Assassina, murmurou para si mesmo, incrédulo.

— …Aqueles bastardos cruéis.

Os bastardos cruéis de quem ele estava falando eram os Elfos da Vila do Fim.

Cale olhou para o teto e se lembrou da cena dos Elfos se despedindo deles com lágrimas nos olhos.

— Você… Você vai embora depois de ficar tão pouco tempo? Estou muito triste.

— Foi como se tivéssemos visto o lindo sol sob este lago congelado pela primeira vez em muito tempo. Nunca esquecerei nosso tempo abençoado juntos pelo resto da minha vida.

Os elfos choravam enquanto diziam coisas assim para Raon.

— Não se preocupem! Voltarei com o Vovô Ourinho!

Os elfos comemoraram após ouvir o comentário animado de Raon.

Cale estava cansado depois de ter que passar por entre os Elfos e os Elementais para sair do Lago do Desespero. Cale então se lembrou do Chefe Elfo de meia-idade que continuava a acariciar sua mão.

— Não é como se nós fôssemos estranhos.

“Como acabei me tornando um coletivo, ‘nós’, com os Elfos?”

Cale não sabia como isso tinha acontecido, mas decidiu que não era algo ruim e deixou isso de lado em sua mente.

*Claque!*

Uma taça de vinho foi colocada na frente dele.

— Para que serve isto?

Esta era a pousada em que Cale havia se hospedado antes de entrarem no Lago do Desespero. Cale perguntou o significado daquela taça de vinho enquanto olhava para a dona da pousada.

A velha olhou para o grupo de Cale antes de resmungar para si mesma.

— …Parece que você voltou vivo.

Cale disse o seguinte à velha senhora que perdeu sua filha e seu genro no Lago do Desespero:

— Voltarei vivo e beberei todo o seu álcool.

Os cantos dos olhos da mulher tremiam, Cale perguntou brincando.

— É grátis, certo?

— Menino mau! Você parece rico!

A velha sorriu antes de espiar o lado da cabeça de Cale e acrescentar casualmente.

— …Bem, parece que você está aquecido e não precisa beber nada para se aquecer. Só um copo deve ser suficiente.

“Aquecido?”

Tanto Cale quanto Raon estremeceram.

{Humano! Essa vovó humana é estranha!}

No entanto, a velha voltou para a cadeira perto da lareira antes que Cale pudesse dizer qualquer coisa. O neto da velha, Sully, aproximou-se enquanto Cale continuava a observá-la.

— …A minha vó me pediu para te dar alguns lanches também.

Ele lentamente colocou os pratos na mesa. No entanto, sua expressão parecia complicada.

Ele estava muito curioso sobre o Lago do Desespero e como eles conseguiram retornar vivos, já que ele havia perdido seus pais no lago.

Ele também estava curioso sobre quem eles eram e feliz por eles terem retornado vivos.

Mas, o mais importante, havia algo que continuava chamando sua atenção.

— …Com licença…

Ele não pôde deixar de perguntar.

Ao contrário de Cale, cujo cabelo era castanho graças à magia, esse garoto tinha cabelos castanhos e sardas, o que o fazia parecer inocente.

Sully, que nunca havia saído daquela pequena vila perto do Lago do Desespero, esfregou os olhos enquanto começava a falar.

— Com licença, convidado-nim.

Cale começou a se sentir desconfiado.

O garoto não estava olhando para Cale, mas sim ligeiramente para o lado. Se você olhasse com atenção, perceberia que ele estava olhando para o espaço vazio ao lado da cabeça de Cale.

Pelo menos aos olhos de Cale parecia vazio.

Sully começou a falar.

— Desculpe, não tenho certeza se há algo errado com meus olhos. Ah, isso é muito estranho.

Ele murmurou um pouco antes de apontar para o ponto entre a cabeça de Cale e Choi Han.

— Parece haver uma bolinha vermelha e redonda que parece uma bola de pelo vermelho? Será que estou tendo alucinações? Ah, o que há de errado comigo?

Sully esfregou os olhos.

No entanto, parecia haver uma bola de pelos vermelha flutuando ao lado de Cale, não importava quantas vezes ele esfregasse os olhos.

Cale começou a pensar naquele momento.

“Isso está me deixando louco.”

“Ele é um Elementalista?”

Cale não conseguia acreditar.

Raon começou a falar naquele momento.

{Humano, ele parece ser capaz de ver o Elemental!}

Cale, naturalmente, não conseguia ver aquela bola de pelos vermelha ao lado da cabeça. Raon e os outros também não conseguiam.

Isso ocorreu porque o Elemental estava economizando energia por causa do ar frio.

Entretanto, eles viram essa bola de pelos vermelha lá embaixo no Lago do Desespero quando a sacerdotisa Elfa sorriu sem jeito e a mostrou a eles.

— Com licença, Cale-nim.

A sacerdotisa elfa Adite tinha uma expressão preocupada no rosto enquanto mexia os dedos.

— Se não se importar, um dos nossos, hum, este bebê Elemental de fogo-nim que nasceu há menos de um ano gostaria de acompanhá-lo até a entrada da vila do lado de fora do lago. Tudo bem?

A bola de pelo vermelha, meio transparente, flutuou até o lado de Cale naquele momento. Cale olhou para Adite enquanto se perguntava que tipo de bagagem estava sendo colocada nele, enquanto ela rapidamente explicava.

— Este Elemental-nim ainda não escolheu sua forma, mas estará quentinho se você o tiver ao seu lado. Os elementais mudam de forma quando determinam seus próprios caminhos.

Esta bola de pelos vermelha que ainda não havia determinado seu caminho era um Elemental de fogo. Adite acrescentou rapidamente ao ver Cale começar a franzir a testa.

— O Elemental-nim disse que respeita Cale-nim e realmente quer escoltá-lo, a ponto de choramingar- não, pedir sinceridade.

— …Ele me respeita?

Adite respondeu como se fosse óbvio.

— Sim, senhor. Ele disse que nunca tinha visto um fogo tão destrutivo e louco antes! Ele quer ser como ele!

Cale respondeu imediatamente após ouvir por que esse bebê Elemental de fogo o respeitava.

— Cada um seguirá seu caminho quando chegar à vila. Entendeu?

— Sim, senhor!

Adite respondeu energicamente e a bola de pelos vermelha flutuou até a lateral da cabeça de Cale antes de se tornar transparente. Ela os seguiu até a pousada, permanecendo naquele estado transparente.

“Mas ele consegue ver esse Elemental transparente?”

Cale olhou além de Sully, que ainda esfregava os olhos como se tivesse visto um fantasma, e em direção à velha.

Ele se lembrou do que ela tinha acabado de dizer.

— …Bem, parece que você está aquecido e não precisa beber para se aquecer.

Cale estremeceu ao se lembrar daquela declaração. A palavra ‘Elementalista’ estava presa na mente de Cale. Ele voltou o olhar para Sully.

— Ahhhh!

Sully de repente cobriu o rosto com os braços em choque.

*Bam*

A bandeja caiu no chão.

— A bola de pelos de repente está flutuando em minha direção!

Sully tinha uma expressão chocada no rosto enquanto continuava a olhar ao redor enquanto a bola de pelos vermelha flutuava ao seu redor.

Cale imediatamente se virou para a velha. Ela estava sorrindo brilhantemente, com os dentes à mostra.

— Meu marido me contou quando eu disse que conseguia vê-los. Ele disse que eram Elementais.

A velha olhou para Cale e continuou a falar.

— Fiquei aliviada por minha filha não conseguir ver eles. Preocupava-me que ela fosse como eu e conseguisse vê-los.

Eles. Ela definitivamente estava falando dos Elementais.

Cale podia ver o arrependimento nos olhos dela.

— Porque fui seduzida por eles. Estabeleci-me nesta Terra do Desespero para poder vê-los quando aparecessem. Mas este maldito lago seduzia as pessoas mesmo que elas não pudessem ver os Elementais.

A velha voltou seu olhar para o neto.

Ela ficou aliviada por não vê-los há décadas.

Era doloroso ver vislumbres desses belos Elementais que se recusavam a se aproximar dela.

No entanto, seu neto podia vê-los.

— …Acho que também são eles que abordam as pessoas primeiro.

Ela nunca tinha visto um tomando a iniciativa de se aproximar de um humano.

A velha olhou para Sully, o Elemental, e Cale, com quem o Elemental veio originalmente, enquanto começava a sorrir.

— Você mostrou algo inútil para o meu neto, então pague pelo álcool.

Cale balançou a cabeça.

— Vou aproveitar, já que você disse que a bebida era por sua conta.

Choi Han e Archie olharam para Cale após o comentário. No entanto, Cale não se importou e continuou a falar com a senhora, que ainda sorria.

— No entanto, pagarei bem pelos lanches.

— Hehe, que criança engraçada. Você claramente parece um nobre.

O grupo estremeceu diante da capacidade de observação da velha, mas Cale não se importou e olhou para Sully.

“Eu não esperava que ele fosse um Elementalista.”

Cale se envolveu com uma existência inesperada. A voz de Raon podia ser ouvida na mente de Cale.

{Humano! Ele também irá conosco?}

“Não. Por que ele faria isso?”

Cale não queria se envolver com outras pessoas sem motivo.

Não havia razão para alguém como ele, que tinha poderes ancestrais de todos os elementos, ter um Elementalista ao seu lado.

“…Embora eu não tenha realmente todos os elementos.”

Cale tocou o colar com a Água Dominadora dentro. Então, lembrou-se da conversa que tivera com a sacerdotisa Adite.

— Você sabe quem é a juiza?

— A juiza?

— Sim. Aparentemente, há uma juiza que foi para o continente oriental.

A juiza que a Árvore do Mundo lhe disse para encontrar. Cale hesitou em perguntar a Gashan e Ron, que eram originalmente do continente oriental, mas perguntou a Adite por precaução.

Adite passou a mão pelos cabelos antes de balançar a cabeça.

— Não. Nunca ouvi esse nome antes.

— É assim mesmo?

Cale não esperava muito.

— Sim senhor. Mas já ouvi falar da Água do Julgamento.

— …O que?

Ele acabou ouvindo algo inesperado.

Adite parecia preocupada enquanto continuava a falar.

— A Água do Julgamento é um poder ancestral.

Adite trouxe uma velha placa de madeira da biblioteca da vila em vez de explicar.

— Eu me lembro porque a informação na placa era bem chocante.

— …Posso pegar emprestado?

— …A placa?

Adite olhou para Cale como se perguntasse se ele estava falando sério antes de finalmente concordar com a cabeça.

— Sim senhor. Por favor, faça como quiser.

Cale entendeu por que Adite ficou chocada ao ler isso.

Havia três linhas de texto na placa. Esta era a primeira linha.

< Carta de Demissão. >

E então a segunda linha.

< Árvore do Mundo, sua idiota estúpida! Agora estou livre! >

Parecia intenso.

Cale teve um pressentimento naquele momento.

“A Água do Julgamento. Este também parece uma lunática.”

Ele teve certeza depois de ler a última linha.

< A Água do Julgamento? Agora sou um espírito livre! >

“Talvez eu tenha que pegar outra coisa estranha.”

Foi isso que passou pela cabeça de Cale depois de ler as declarações na prancha.

Ele tomou um grande gole de álcool para aliviar a frustração. Então, observou calmamente a bagunça que Sully e o Elemental de fogo invisível estavam criando.

“Eu os encontrarei novamente?”

Havia um bebê Elemental de fogo que tinha uma boa chance de crescer de uma forma um pouco destrutiva, o extremamente inocente, a ponto de parecer um pouco estúpido, Sully, e a avó esperta.

Cale previu que não os encontraria novamente no futuro.

Entretanto, ele não conseguia ouvir o que o Elemental de fogo estava dizendo no ombro do chocado e confuso Sully.

• …Raio de fogo. Respeito. Mar de fogo. Forte.

A forma do Elemental de fogo que murmurava essas palavras sem parar começou a mudar lentamente. No entanto, ainda era apenas um feixe de fogo, impossibilitando que todos pudessem prever sua forma futura.

Entretanto, o Elemental de fogo não escapou de Sully.

Cale não tinha como saber, pois não conseguia ver nem ouvir o Elemental.

***

— Finalmente chegamos.

Choi Han observou a cidade de dentro dos portões do castelo.

Os telhados pontiagudos estavam cobertos de neve branca. Os telhados brancos faziam com que parecesse um reino de neve.

Choi Han, que estava vestindo uma túnica branca de sacerdote, virou a cabeça para o lado.

Um homem de cabelos brancos.

Cale estava ajeitando sua túnica sacerdotal e sorrindo gentilmente.

— Nosso destino não está longe. Vamos todos juntos.

Cale entrou na capital do Reino Paerun, Bago.

Ele não teve problemas em entrar com o cartão de identidade que o príncipe herdeiro Alberu havia criado para ele, pois entrou vestindo a túnica sacerdotal.

Raon começou a falar em sua mente.

{Humano, tem algum festival aqui?}

Telhados brancos e neve branca. O castelo branco ao longe. Havia muitas decorações no castelo.

Rosalyn se aproximou de Cale e começou a falar.

— Sacerdote-nim, a cidade de Bago está tão enfeitada. É um festival?

Ela olhou ao redor enquanto fazia a pergunta. Parecia haver muita gente passando pelos portões. As ruas da capital estavam lotadas, mesmo com o frio congelante.

Choi Han também viu isso e olhou para Cale em busca de respostas. O mestiço Baleia Paseton começou a falar naquele momento.

— …Vocês todos vieram aqui sem saber?

— Sobre o quê?

Rosalyn havia sido uma princesa herdeira no passado, mas não tinha motivo para memorizar os festivais do reino mais ao norte.

Paseton olhou para Cale depois de ouvir sua pergunta.

Cale começou a falar com uma expressão calma.

— O Reino Paerun tem um festival único em janeiro.

— Miauuu.

O gatinho ruivo Hong deu um tapinha no braço de Cale e o incentivou a contar. Cale acariciou o pelo de Hong enquanto ele continuava a falar.

— Eles trazem oferendas ao lago que supostamente contém as lágrimas do deus para rezar para que ele afaste antecipadamente um ano de tristeza. Há celebrações por toda a cidade de Bago também.

Choi Han estremeceu.

Parecia um momento importante.

Mas eles estavam prestes a iniciar uma fogueira no lago com as lágrimas do deus.

Ele tinha a sensação de que isso aconteceria junto com este festival.

Choi Han olhou para Cale. Cale sussurrou baixinho para evitar que os outros ouvissem.

— Não queremos machucar ninguém, então não faremos isso no dia da oferenda. Aparentemente, todos se reúnem na praça para dançar na última noite.

A última noite. As pessoas se reunirão na praça para o final, para dançar e cantar a noite toda.

Não havia ninguém no lago, exceto os guardas. Era fácil se mover sem machucar alguns guardas.

Cale sorriu enquanto fazia uma pergunta ao grupo.

— O festival não deveria terminar com fogos de artifício?