Capítulo 347: Falhas

O demônio imortal estava ali, cercado por todos aqueles fios de cristal, analisando a situação em que acabou de ser colocado com bastante atenção. Dtúschar notou que realmente estava cercado, tendo milhares daqueles fios até mesmo acima de sua cabeça. Percebendo-se encurralado, o miraijin apenas cruzou os braços, encarando o rapaz ruivo e falando:

— Uau… parabéns! Você realmente me encurralou. Deseja que eu te dê um prêmio?

Daiki escutou o tom de deboche que saía da boca do seu inimigo, não se abalando nem um pouco com aquilo, mantendo seus olhos fixos no rosto pálido daquele homem centenário. O homem-cristal, esticando seu braço e dedo indicador esquerdo, acaba por dar um grito cheio de determinação em sua voz, em resposta ao deboche:

— NÃO PRECISO QUE VOCÊ ME DÊ QUALQUER COISA, POIS JÁ SEI O PRÊMIO QUE VOU PEGAR!!

Ao afirmar isso, o jovem provindo do oriente, moveu seu braço direito na horizontal, saindo da esquerda para a direita novamente. Após isso, ele completou a sua ameaça:

— EU VOU VOLTAR PARA A MINHA CASA, COM A SUA CABEÇA!!

Assim que afirmou isso, o adolescente lançou milhares de raios de luz ultravioleta em direção ao Dtúschar, fazendo tais lasers virem de todas as direções. Enquanto os golpes vinham, o galego imortal apenas deu um pequeno sorriso confiante no canto direito de sua face pálida, afirmando em um tom de voz baixo, porém extremamente confiante:

— Certo… vou te mostrar a real diferença entre nós dois!

Após isso ser afirmado, o Mirajin expandiu seu grande peitoral, jogando ambos os seus ombros para trás em um sinal de poder. A aura do homem centenário começou a emanar, jogando seu brilho dourado para todas as direções, o banhando em um ar basicamente divino. Com isso feito, os pulmões do maligno Dtúschar se encheram de ar, para que por fim ele anunciasse em voz alta:

— KRONOS!!

Após isso ser dito, o galego simplesmente desapareceu, surgindo onde anteriormente estava o adolescente Daiki. Pers, que observava tudo em silêncio e de forma atenta, ficou sem entender o que tinha acabado de acontecer. No local anterior onde o miriajin estava, os raios de energia ultravioleta tinham derretido o topo do poste. Virando seus olhos com extremo cuidado e medo na direção da esquerda, o homem de idade mais avançada notou um som semelhante a água caindo, como se fosse uma cachoeira. Levou apenas dois segundos para que os olhos do aliado do Kura se fixassem na cena em questão, mas na mente do velho, tudo passou mais devagar.

— D-DAIKI?!

Exclamou o velho em um grito, após finalmente conseguir ver aquela cena aterradora. O jovem Yaponiyano, estava afundado em uma caixa d’água, com um imenso rombo em seu peito, bem onde o seu coração deveria se encontrar. A parte inferior do corpo do rapaz, estava se desfazendo em cristal, não se rejuntando, coisa que acabou partindo o ruivinho ao meio também. O amigo de infância do Tanoshī, estava silenciado em meio a água e o sangue, se afundando em seus pensamentos:

“M-merda… eu nem vi o que aconteceu… ele foi… rápido…?”

Os olhos do asiatico começaram a de pouco em pouco perder o brilho da vida, enquanto vários flashes de sua vida passavam por sua mente. Na maioria dessas visões de quase morte, a figura do seu melhor amigo, o Houer de Yaponiya, se encontrava nessas visões, o pondo para retletir:

“Me desculpe, Tanoshī… eu não vou voltar… tenho certeza, que se eu tivesse deixado você vir para essa missão, você teria conseguido solucionar esse mistério… esse cara… ele é muito rápido… o tempo nem passa!”

A pele do jovem, começou a ganhar um tom de roxo, evidenciando a perda de oxigênio em seu corpo, tudo isso enquanto ele estava tendo esses pensamentos.

“Ele é… realmente o titã Kronos…”

No momento em que esse pensamento entrou em sua cabeça, o jovem teve uma luz, entendendo do que se tratava a habilidade do miraijin imortal. Uma vez com isso entendido, a aura do rapaz começou a emanar novamente de seu corpo em uma cor azul claro, enquanto ele pensa:

“É isso! Acho que entendi! Tenho que avisar o Pers!”

Enquanto tudo aquilo acontecia com o adolescente, o Pers e o Dtúschar se encaravam como guerreiros do velho-oeste, prontos para sacarem suas armas e trocarem tiros. Os fios do adolescente estavam caindo como uma teia de aranha cortada, enquanto o imortal ameaçava:

— Bem, uma pena que o plano dele falhou! Mas, se servir de consolo, o plano de vocês teria realmente me matado, quatrocentos anos atrás!

O homem-fio ficou encarando seu inimigo, absorvendo as palavras dele e só então retrucando:

— É… mas não estamos quatrocentos anos atrás, e nessa época o meu ancestral já tinha te destruído cara a cara, mesmo!

Após escutar aquela informação, o loiro com centenas de anos de existência ficou visivelmente surpreso, respondendo com um toque de raiva em sua voz:

— Você é descendente daquele filho da puta?!

O velho, escutando aquilo, acabou por se surpreender um pouco, com o fato de o Dtúschar ainda não ter reparado nisso. Ao sentir a intenção assassina saindo do corpo do imortal, o homem velho começou a andar levemente para trás, enquanto fala:

— Eita… é… acho que sou, né?

O miraijin, enfurecido, inclinou seu corpo para frente, pronto para encurtar a distância e acabar com a vida daquele idoso. Porém, nesse exato momento, um pequeno dedo de cristal foi lançado na direção do velho, acertando precisamente o seu relógio e o destruindo. O som do equipamento medidor de tempo sendo quebrado, acabou assustando o imortal, que recuou por instinto para trás. Ao notar isso, o burajiano se aproveitou da distração, criando cem metros de fio e os grudando no teto de uma casa, começando a se balançar até o local marcado com o Kura. Durante todo esse trajeto, o idoso refletia:

“Merda, meu relógio novo! Isso foi caro… e o que diabos aquele moleque queria dizer, destruindo o meu relógio?!”

Enquanto aquele homem de grande estatura se balançava, o miraijin o perseguia pulando de prédio em prédio. Pers, em sua mente, comentava:

“Ele parou o meu relógio… parou… o tempo?!”

Foi no exato momento em que o idoso chegou em tal conclusão, que ele se jogou em cima do teto de uma casa. Porém, a distância anteriormente segura, acabou por sumir instantaneamente, com o homem dos cabelos dourados surgindo do seu lado igual a uma assombração. Neste momento, erguendo seu braço direito para cima, Dtúschar afirmou:

— QUEIME NO INFERNO, SEU VELHO IMUNDO!

O braço do imortal desceu a toda velocidade na direção do corpo do seu inimigo, apenas para que, quando a distância fosse de apenas alguns centímetros, o antebraço inteiro do miraijin loiro acabasse ficando queimado, o forçando a recuar graças a dor:

— MERDA!!

Pers, observando a cena, acaba dando um sorriso extremamente confiante, ao mesmo tempo em que criava mais fios em seu braço direito, respondendo:

— Eu espalhei fios com raios ultravioletas por todo meu corpo, seu otário!!

Após essa afirmação, o burajiano começou a balançar entre os prédios, fugindo a toda velocidade dali. Dtúschar, percebendo aquilo, acaba dando um pequeno grito de raiva, pisando no concreto daquele prédio e o destruindo, fazendo várias pedras se levantarem com o impacto.

— NÃO VOU DEIXAR!!

Gritou o homem com cabelos dourados, antes de socar uma das rochas e a fazer voar contra a fiação criada por aquele velho, partindo a mesma igual papel e fazendo o mesmo cair alguns metros a frente. Kura, no local marcado, apenas esperava pacientemente, enquanto pensava:

“Merda… eles estão demorando!”

É nesse exato momento, que dos céus, o corpo do idoso cai com tudo no chão, quebrando o mesmo e levantando muita poeira. Alguns civis olhavam chocados para aquilo, principalmente alguns policiais, que se aproximaram com suas armas apontadas para aquele senhor de idade, enquanto um deles dizia:

— Senhor, fique parado aí! Ou vamos atirar!

O burajiano idoso, ignorando o aviso dos policiais, se levantou agilmente, enquanto gritava:

— KURA, VOCÊ E O JEAN PRECISAM FUGIR E REAGRUPAR, ESSE CARA É MUITO PODEROSO! ELE ESTÁ MAIS FORTE, ELE CONSEGUE PARAR O TEMPO, IGUAL O TITÃ-

Antes da frase ser terminada, o miraijin maligno caia do topo de um prédio de maneira graciosa, ainda se regenerando da queimadura em seu braço. De maneira extremamente arrogante, o ser maligno enche seus pulmões de ar, gritando por cima da frase do velho:

— KRONOS!!

Uma vez com isso anunciado para os quatro ventos, o tempo ao redor de todos parou, anunciando a chegada daquele demônio imortal.