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    Yujiro respirou fundo e deixou o chicote tocar o chão enquanto olhava fixamente para Rinoceronte. Num movimento súbito, ele investiu: cravou o chicote de espinhos no braço esquerdo do oponente. Rinoceronte riu alto e, sem ligar para os espinhos, puxou o chicote com força. Yujiro tentou resistir, mas foi arrastado, riscando o chão enquanto se aproximavam um do outro. Rinoceronte sorriu, confiante, porém Yujiro manteve a calma. 

    — Parece que acabou para você, garoto de terra dos Nomura. Seus esforços foram todos em vão. Depois que eu acabar com você, irei atrás da Camaleão. Ela pagará por ter nos traído. Adeus, Nomura!!! — declarou Rinoceronte, com sua voz encharcada com sarcasmo.  

    Ele desferiu um soco certeiro no rosto de Yujiro, lançando-o ao chão. Rinoceronte ainda ria enquanto forçava para soltar o braço preso ao chicote, sentindo que havia ainda alguma resistência.  

    — Você ainda está vivo?! — provocou — Quanta persistência! Você é uma barata! Será que terei que te esmagar para você parar de resistir?! 

    Com brutalidade, Rinoceronte pisou com força sobre o braço direito de Yujiro, quebrando-o quase instantaneamente. O grito de Yujiro cortou o ar; ele cuspiu sangue, mas não soltou o chicote. Furioso, Rinoceronte desferiu socos nas costas do rapaz com tal violência que o piso começou a ceder. O prédio tremeu sob as pancadas.  

    Rinoceronte o socou até criar uma garganta subterrânea, quando já estava a um metro e meio abaixo do nível do chão. Ele então solta o braço do chicote e ri ao perceber que não havia mais resistência na outra ponta, crente de que havia matado o mais novo. O homem sai da pequena cratera e começa a se afastar com um sorriso no rosto, certo de que tinha o matado.  

    — Hehehehehe! No final, o seu estilo se provou falho. Agora, é hora de matar seus amigos. Obrigado pelo aquecimento, Nomura. 

    Mas a terra voltou a tremer; Rinoceronte virou-se, surpreso, olhando para a cratera: 

    — Não é possível!!! Quantas vezes eu terei que te espancar até você morrer?! Como você resistiu aos meus golpes? — berrou, incrédulo. 

    — Você é insolente, Rinoceronte… — uma voz rouca respondeu do fundo da cratera — Tentar me ferir justo com algo que eu controlo foi um erro. Antes mesmo de eu te atacar, eu preparei a minha Manifestação para criar um escudo de rochas. Todos os seus golpes foram absorvidos pela terra enquanto eu apenas os conduzia pelo meu corpo. 

    Yujiro ergueu-se da cratera sobre uma plataforma de pedra que emergia do chão. Suas roupas estavam sujas e rasgadas; o rosto e os braços exibiam vários arranhões. Mesmo com todo o esforço, o seu braço direito permanecia realmente quebrado. Ele pressionou o ombro direito com a mão esquerda, fechando os dentes. 

    — Infelizmente, seu golpe direto conseguiu atravessar meu escudo. Agora que eu senti todos os seus golpes, a minha técnica está aprimorada! — declarou, com a voz rouca, olhando fixamente para Rinoceronte. 

    — Quer dizer que esse tempo todo você se deixou ser acertado de propósito?! Tudo para aperfeiçoar seu estilo?! Que bobagem, isso é impossível! — reagiu Rinoceronte, incrédulo, empunhando o machado enquanto se preparava para avançar. 

    Rinoceronte ergueu o machado com as duas mãos como se fosse uma guilhotina e investiu contra Yujiro. O golpe foi tão forte que destruiu a plataforma onde estava, reduzindo-a a pedaços, mas Yujiro recuou a tempo, saltando para trás. 

    — Acha que só porque perdi um braço eu ficaria mais fraco?! Eu não preciso dos dois braços para te vencer! Se você só entende de força, então prove um pouco dos meus punhos!!! — gritou Yujiro, recuperando o chicote com a mão esquerda. 

    Ele chicoteou o chão; Rinoceronte riu, esperando outra onda de estacas, mas foi surpreendido: uma mão de pedra surgiu das paredes e o acertou pelas costas, arremessando-o para frente. Antes que pudesse se recompor, outra mão o golpeou por baixo e o lançou contra o teto. Yujiro girou o chicote e, em seguida, várias mãos de pedra irromperam do teto, das paredes e do chão, desferindo golpes que reduziram Rinoceronte a ser atingido por todos os lados. 

    — O que acha disso?! — vociferou Yujiro, avançando com firmeza — Você achou mesmo que um usuário de terra não teria poder bruto? Acabou, Rinoceronte. Você morrerá aqui por tudo que causou à Camaleão e por todos que você desprezou! Esse é o seu fim! 

    — D-Desgraçado… Você ajustou a potência dos seus golpes para se igualarem aos meus! Como ousa… Como ousa! Como ousa!!!! 

    Uma onda de energia poderosa irrompeu do corpo de Rinoceronte, varrendo a poeira do ar. A pele dele adquirira um tom cinza-azulado e surgiam marcas negras que se espalhavam pelas bochechas e pelo pescoço; ele parecia tomado por algo mais violento. 

    — Você pagará por ter copiado a minha força! Eu sou o mais forte!!!! — gritou, a insanidade crescendo em sua voz. 

    — Isso é ruim! A Manifestação dele já o possuiu por completo. Eu preciso matá-lo antes que ele perca o controle de vez. Eu preciso de tempo! 

    Ao tocar o chão, Yujiro concentrou energia nos pés e a terra o impulsionou em direção ao oponente. Rinoceronte investiu, colidindo com ele no ar; por um instante, pareceu que o impacto o lançaria ao chão, mas Yujiro ativou no último segundo uma armadura de pedra que o protegeu do choque. 

    — Rinoceronte! Desista de uma vez! — gritou o rapaz, batendo o pé no chão — Não me obrigue a ter que usar isso em você! Você não é mais forte, sua Manifestação tomou o controle de você! 

    — Poder! Força! — o mais velho gritou descontrolado, erguendo seu machado com ambas as mãos — EU SOU O MAIS FORTE! EU SOU O MAIS FORTE!!!!! 

    Ele investiu de novo, golpeando repetidamente a armadura de pedra que envolvia Yujiro até conseguir rachá-la. Em seguida desferiu um soco com a mão esquerda; Yujiro enrolou o chicote no braço do oponente para desviar o impacto, o que apenas alimentou a fúria do Rinoceronte. Num corte brusco, o agressor acabou mutilando o próprio braço, sem sequer notar ou se importar, e em seguida chutou o peito de Yujiro com toda a força, arremessando-o contra a parede. 

    — Isso já estava me irritando! — o homem grunhiu ofegante — Eu não preciso de dois braços para te vencer! 

    — Não tem jeito! Terei que te matar usando a minha técnica mais poderosa! Isso será pela Camaleão, e pela Ryruka! — o garoto disse, firmando a voz entre dentes — Desculpe-me Kamito, eu não fui um bom amigo… Eu não pude te vingar, mas… Eu acabarei com esse monstro de uma vez por todas! 

    Yujiro avançou em rajadas de chicotadas que cortaram o ar ao redor de Rinoceronte. Rinoceronte tentou contra-atacar com o machado, mas Yujiro se esquivava com agilidade surpreendente. 

    — Se você tivesse os dois braços, isso não estaria acontecendo! — berrou Rinoceronte, com as veias saltando. 

    — Cale-se!!! Eu vou te matar! Eu vou mostrar o quanto eu sou forte! 

    Yujiro ergueu uma barreira de pedra para se proteger; o machado se chocou contra o escudo, fazendo faíscas. A fúria do Rinoceronte só aumentou, e Yujiro percebeu que precisava encerrar aquilo rápido. 

    — Você realmente é um demônio. Não se preocupe, eu irei pôr um fim no seu sofrimento! 

    Ajoelhou-se então, tocou a mão direita no solo com esforço e começou a concentrar toda a sua energia. A terra ao redor tremeu, linhas de energia surgiram onde o chicote tivera marcado o chão. Ele reuniu o poder e, com voz firme, pronunciou o nome da técnica: 

    — Afunde em desespero! Divine Gorge of the World!!! 

    O solo vibrou como se o próprio terreno respirasse. Yujiro arremessou uma pedra contra Rinoceronte, irritando-o ainda mais. Assim que o gigantesco homem tentou se mover, braços de pedra irromperam do chão e o seguraram pelos pés, pelo corpo e por um dos braços. Um buraco começou a se abrir sob ele; Rinoceronte quebrou alguns membros de pedra, mas outros surgiam sem cessar, puxando-o cada vez mais para dentro. 

    Yujiro observou com o rosto pálido enquanto seu próprio braço direito começava a petrificar, ele estava drenando uma quantidade enorme de energia para manter a técnica. Forçou os músculos e comandou o buraco a criar estacas que comprimiam e soterravam Rinoceronte. Quando tudo cessou, o homem jazia enterrado; a terra se fechara sobre ele. 

    Cansado, Yujiro tombou para trás, sem forças para ficar de pé. Mal conseguia manter os olhos abertos. Um sorriso frágil surgiu em seu rosto ao pensar que, ao menos, tinha vingado a Camaleão; ao mesmo tempo, pesava-lhe não ter salvado completamente a Ryruka. Com esse pensamento misto de alívio e culpa, ele fechou os olhos e entregou-se ao cansaço. 

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