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    Eles estavam no quinto andar quando sentiram um forte tremor e, logo em seguida, a energia de Yujiro desapareceu. Kamito parou de correr no mesmo instante. Não conseguia acreditar naquilo. Primeiro Ryruka, e agora Yujiro. Camaleão e Akane também pararam assim que perceberam o que ocorrera e notaram o quanto ele estava abalado. Akane aproximou-se e tocou o rosto de Kamito, tentando trazê-lo de volta à realidade, mas ele ficou sem reação. 

    — Kamito… Kamito? Kamito! Olha para mim, eles vão ficar bem. Nós não podemos desistir agora ou os sacrifícios deles não terão valido nada. — Ela manteve a mão esquerda no rosto dele e, timidamente, apertou sua mão esquerda com a direita. As mãos tremiam; ela também estava assustada, mas sabia que, se o perdesse ali, tudo estaria perdido. 

    — E-Eu… Eu sei, Akane… Eu só estou com medo de não conseguirmos. Para chegarmos até aqui, dois de nós tiveram que ficar para trás. Eu não quero mais perder ninguém! Eu não sei se consigo mais fazer isso. — Kamito falou baixo, voz falhando.  

    A pressão sobre ele era demais; queria gritar, mas o corpo não respondeu. Lembrava-se das palavras de Ryruka e Yujiro antes de ficarem para trás, todos depositaram suas esperanças nele. 

    — Me desculpa por te desapontar, Akane. — ele murmurou, com a cabeça baixa — Eu devo ser mesmo um idiota. 

    — Você está errado! Poxa… Eu vou ter que fazer você acordar então. 

    Akane o encarou, olhos fundos, o rosto levemente corado. Aproximou o rosto cuidadosamente do dele, fechou os olhos e, sem aviso, deu-lhe um beijo. O gesto o trouxe de volta; Kamito abriu os olhos surpreso e imóvel. Akane interrompeu o beijo, corando, e o empurrou um pouco. 

    — P-Pronto… Espero que isso tenha feito você voltar ao normal. 

    — A-Akane… Obrigado. Você conseguiu me fazer voltar ao normal. Apesar de isso ter ocorrido de uma forma bem inesperada, obrigado. 

    Ele sorriu e tocou o rosto dela, ainda atordoado. Então percebeu que algo estava errado: a pequena Camaleão havia desaparecido e uma energia leve pairava no ar. Kamito tomou a frente de Akane com cuidado e olhou para o corredor à sua direita, cerrando os punhos. 

    — Vamos, apareça de uma vez, Coiote! — gritou ele, com voz firme, pronto para o que viesse. 

    — Que momento mais lindo! Uma pena ter sido no lugar errado e na hora errada! Há quanto tempo, Kamito… Veio tomar outra surra?!  

    Coiote apareceu rindo naquele corredor escuro, com a Camaleão desmaiada apoiada em seu ombro. Ele sorriu ao ver o espanto no rosto de Akane e, com um gesto despreocupado, lançou a garota na direção do grupo. Kamito foi rápido: agarrou Camaleão no ar e a pousou no chão com cuidado.  

    — Ooohhh, você está mais rápido que da última vez. Se preparou para mais uma surra?! Não importa, dessa vez eu vou te matar! — Coiote riu, caminhando lentamente em direção a Kamito, analisando cada movimento. 

    — Que coincidência te encontrar, Coiote. Eu estava mesmo indo atrás de você. Pretendo te dar o troco do nosso último encontro. — Kamito respondeu seco, aproximando-se e abaixando-se para ajeitar Camaleão no chão. 

    Akane também se ajoelhou e apressou-se a curá-la; não parecia óbvio se as feridas eram graves. Kamito virou o rosto para Akane e falou com firmeza, mantendo os olhos fixos em Coiote: 

    — Akane, crie um escudo e se proteja junto da Camaleão. Se algo acontecer comigo, pegue-a e fuja imediatamente, você me entendeu? 

    — E-Espera aí, Kamito! Esse foi o homem que te atacou? Se realmente foi ele, eu não posso deixar que você o enfrente de novo! Nós precisamos seguir em frente. Não lute contra ele, por favor! Eu não quero que você se machuque de novo! Eu não quero que você morra! Por favor, Kamito! 

    Akane apertou a mão dele, trêmula e assustada, puxando seu braço como se quisesse detê-lo. 

     — Akane… Por favor, faça o escudo. Eu prometo que não vou morrer. Eu vou vencê-lo, e também vencerei todos os membros restantes da Ordem. E quando tudo isso acabar, eu irei te pedir em namoro! 

    Ela parou de puxar o braço dele, assustada e incrédula. O escudo brilhou ao redor de Akane e Camaleão. Coiote arfou num riso curto e aproximou-se, com um passo felino, estudando Kamito com interesse. 

    — Uau! Que ar sério. Até parece que você realmente vai cumprir isso. Não importa o quanto você tenha treinado, você ainda é fraco! Eu sinto isso! 

    Ele riu enquanto caminhava lentamente em direção ao rapaz. Então fez uma pausa, inclinando a cabeça como quem observava um animal à caça, e avançou mais um passo, veloz. 

    — Então você consegue me acompanhar?! Interessante! Agora as coisas estão ficando muito mais interessantes! Finalmente terei uma luta digna de verdade! Vamos lá! Me surpreenda, Kamito! 

    — Nem precisa dizer, dessa vez é você que vai ficar em coma, Coiote! 

    Eles se encaram novamente e a ansiedade de Kamito explodiu. Queria sorrir, queria sentir o gosto da vingança, finalmente faria Coiote pagar pelo que fizera. Finalmente provaria do próprio esforço. Tudo o que queria era vencê-lo. 

    Enquanto isso, no estacionamento subterrâneo, alguém se aproximou do corpo de Yujiro e sentou-se ao seu lado. Ryruka o acariciou, apoiando cuidadosamente a cabeça dele sobre as próprias coxas. Raishi e Ruby observavam em silêncio; Raishi já começava a concentrar energia para curar o amigo. 

    — Raishi, você sente essa pressão no ar?! Provavelmente o Kamito se encontrou com o Coiote… Você acha mesmo que ele está pronto?! — Ruby perguntou, mordendo o lábio com preocupação enquanto tocava o ombro dele. 

    Raishi não desviou o olhar do tratamento que aplicava a Yujiro, mas ele respondeu com calma, firme. 

    — É claro que sim. Eu não apliquei um treinamento normal naqueles dois. Eu usei o treinamento usado pela Ordem dos Cavaleiros Brancos de duas gerações atrás. Não só o Kamito, mas a Akane, Yujiro e Ryruka também estão em níveis muito acima do comum. Todos eles evoluíram rapidamente. 

    Ryruka o observou, ainda confusa com a afirmação, enquanto Raishi prosseguia com os gestos precisos que revertiam os ferimentos. A inquietação dele permanecia, pois sabia que, se a luta começasse de verdade, ambos poderiam se machucar seriamente. 

    Lá fora, a batalha decisiva estava prestes a começar. De um lado, Coiote, sedento por recuperar a própria honra e por acabar com Kamito de uma vez; do outro, Kamito, decidido a retribuir a surra que recebera. O ar parecia pesa r; suas energias vibravam, pressionando o ambiente, um indício de que uma luta feroz eminente iria mudar tudo. Kamito respirou fundo, tentando transformar a ansiedade em determinação. Tudo poderia mudar ali. 

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