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    “O homem é produto do meio, eu sou produto da destruição, por tanto eu não sou nada, apenas restos que sobreviveram ao impacto, com marcas de dor, ódio e angústia’’

    Quando Kamikaze se encontrou pela primeira vez com o homem que mudaria toda sua concepção de quem é e para que existe, de imediato, o jovem garoto que na época tinha 14 anos, três anos antes de partir para sua cruzada, já via em sua frente aquele que hoje serve como um ser de luz. Tanta luz que doi os olhos.

    — Me falaram bem de você, não foi sorte termos te encontrado, foi destino, seja bem vindo! — diz o Iluminado estendendo a mão para o garoto.

    Apesar das frases direcionadas a aquele que se tornaria o Xogum, não eram favoráveis para sua imagem, pois desde de sua chegada, já carregava consigo mitos de desgraça.

    — Hanzo o achou senhor, no local revelado pela minha bola de cristal, e como previsto o local estava repleto de mortos — disse o devoto mais próximo do Iluminado, o responsável por achar Kamikaze, utilizando-se de sua bola de cristal.

    — Eu sonhei com este garoto, caso se encaminhe para o lado errado, poderá se tornar um arauto da morte — relatou outro dos devotos de alto escalão, este assustou o garoto sem querer por conta de suas patas de aranhas e corpo flácido.

    Não era possível agradar a todos, para ele naquela época era impossível agradar qualquer pessoa, ou não ser visto como um perigo, exceto pelo próprio Iluminado, e com o tempo quando foi o seguindo, outros foram o vendo de melhor maneira.

    — Eu não sinto medo de você, agora, eu não posso te aceitar como aluno, suas habilidades já são muito destrutivas e eu sou um ninja, não posso te ensinar a assassinar e nem se quer as usar de forma furtiva, se concentre em seu treinamento e aprender a usar o que tem como pode — indicou Hanzo, aquele que o resgatou, um ninja que cobre todo o seu corpo com seu traje preto. 

    No presente Kamikaze relembra desta breve indicação, e pensa sobre ela: “Eu sei que temia o que pudesse acontecer se eu fosse moldado para matar por você e desenvolvesse habilidades furtivas’’, logo se lembra de quando Hanzo o resgatou, o local coberto por fumaça, e escombros, não fora sozinha, levou junto consigo alguns ninjas, um deles não percebeu algo se aproximando, então foi perfurado pela Nagasaki de Kamikaze, erguido aos céus, e sofreu o martírio, se juntou as nuvens de fumaça e aos escombros quando se tornou pó. Hanzo temeu por sua vida, apesar de estar frente a frente com o que é praticamente uma criança.

    — Já chega, eu vou acabar com você — diz Kamikaze, ao empunhar novamente sua espada com as duas mãos, consegue erguer mesmo estando abalado pelos ferimentos e salta com toda a força, se afastando ao máximo de seu oponente. — Cruz de Nagasaki!

    A linha de têmpera da lâmina da Nagasaki brilha novamente, com  espada pronta para o ataque, Kamikaze executa dois cortes no ar, um na vertical e outro na horizontal em formato de cruz. Logo depois, quando a espada perde o brilho, ele a posiciona perto de sua cintura.

    — Este meu golpe invisível e invencível, eu passei a propriedade explosiva da minha espada para o ar, nem eu mesmo consigo ver, ou posso adivinhar quando ela chegará ao seu alvo, hahaha, eu apenas posso ativar com a palavra chave, aqui dentro o ar está estável, mas já deve estar chegando perto! — diz Kamikaze, ansioso observando o seu alvo, esperando a destruição iminente.

    — Ah é? Então é um teste de sorte, fez bem, nem meus olhos treinados podem enxergar qualquer tipo de energia no ar, é incrível, você está segurando através de sua mente a explosão, que se deriva de sua espada. Diferente dos ataques que usam sua pele, eu percebi que, as explosões de sua espada são menos destrutivas, pois o alvo que é carregado se destrói. — analisa Li Han sobre o cenário que se encontra mantendo a calma. — Aposto percebendo isso fica mais ansioso não é, não sabe o momento certo de ativar, pois sabe que se errar, não vai me matar, e ai, quando você vai falar a palavrinha mágica, boah, boah! — Li Han provoca seu oponente, apontando o dedo indicador para ele o desafiando. 

    Sem saber quando será a hora de ativar a detonação Kamikaze fica nervoso ao ponto de tremer e suar, sua ansiedade aumenta, as palavras de Li Han desestabilizaram sua mente, ao ponto que ele não consegue se segurar.

    — Bokaan! — grita Kamikaze.

    A explosão ocorre em formato de cruz, uma cruz de chamas misturadas com cinzas que vai até o teto da sala, destruindo ainda mais, e abre também um buraco no chão, o raio de alcance é o suficiente para acertar Li Han, apesar de estar a dois passos de distância do local ativado. O alcance não faz jus à potência da explosão, que faz todo o local estremecer, e ser coberto pelo brilho da cruz, que quando cessa, revela Li Han encostado na parede, sem sua capa.

    Kamikaze range seus dentes cheio de fúria, ao ver que sua ansiedade e precipitação, fizeram o seu inimigo não ser afetado pelo golpe mais poderoso que podia usar no momento.

    — Quer tentar de novo? — provoca Li Han, ele ri, risadas que ecoam por toda a sala.

    — Cansei desse jogo de gato e rato — afirma Kamikaze, que começa a rir também, suas risadas soam de forma estranha trêmulas, somadas ao seu olhar

    — Hã — observa Li Han, agora é ele que se sente incomodado.

    — Eu fui mudado pelo iluminado, mas sabe Li Han, eu não sou uma pessoa boa, e o que eu posso ver, lá no fundo do seu ser, é que você é uma pessoa empática. Minha essência, é o outro motivo de meu isolamento, tudo que eu toco, se despedaça!

    Li Han pela primeira vez em todo combate amedrontado, naquele momento ele volta a sentir a intenção de Kamikaze, que é assustadora.  larga sua espada no chão e caminha até perto de Li Han o deixando desconfortável, apenas parando quando fica perto da cratera que abrirá com seu ataque, e aponta as mãos para o céu. 

    Li Han pensa “Eu devo o matar agora, aproveitar para cortar seu pescoço, costurar e o fazer engasgar no próprio sangue, mas posso ver que sua energia é bem menor do que antes, estou curioso para ver seu próximo passo’’. 

    — Mantra dos ventos, vento divino! — diz Kamikaze.

    O Xogum abre as pernas as deixando paralelas, flexiona os joelhos e levanta os braços com as mãos apontadas para o céu, movimenta todo o seu corpo balançando do leste, onde seu oponente está, para o oeste. Assim os ventos do céu começaram a ficar mais fortes, e se concentraram ainda mais na direção do leste, da onde a ventania vinha com força, aumentando sua velocidade e se concentrando nas nuvens grandes massas de ar, lentamente os fortes ventos vão abaixando do céu até a terra em rumo a cidade.

    — Eu aprendi muito pouco lá em Fushigi, mas me aprimorei na prática, mesmo doente. Eu preciso mostrar o poder de uma autoridade divina em nome do iluminado, a melhor forma, uma catástrofe natural, ventos que destroem casas e esmagam pessoas! — afirma Kamikaze, após falar tosse sangue, mas mesmo assim sorri. — Isso é o máximo que tenho.

    — Está usando eles como refém, aposta que eu não os deixaria morrer, então espera que eu desfaça seu feitiço, para usar meus alunos como moeda de troca — observa Li Han, fica cabisbaixo ao ver a estratégia do Xogum, mas logo levanta a cabeça animado. — Um vicio que eu não tenho é apostas, mas gosto de testar a sorte, e nesse estado, meus alunos podem te derrotar, com o incentivo certo! Boah, boah, que situação hein, no fundo você tem um coração bom, e sua natureza vai te atrapalhar, bya, bya!

    Salta pela fresta do teto, e utilizando sua habilidade de pisar no ar, vai subindo até o céu enquanto larga a sua capa, para parar a catástrofe iminente que se aproxima da cidade. Enquanto Kamikaze salta para o andar debaixo. 

    Aflorados pela adrenalina, o grupo da andar debaixo ouve os passos de alguém se aproximando, Dembele está próximo a Minashi, pronto para capturar, Balu está preocupado em proteger Yasuke, ambos próximos. 

    — O mestre de vocês venceu! — grita Balu, com esperanças que tudo acabou.

    — Não, esses passos pesados não são dele! — observa Saikyo.

    — Se acalme Saikyo, veja! — objeta Hiro, apontando para a janela.

    Hiro olha para o céu, e vê nas nuvens a imagem de seis linhas em sequência, mais que se partem no meio, enquanto algo fala com ele, escutando uma voz melódica e aguda, feminina recitando um poema, o garoto começa a sentir sensações estranhas, indo até a janela sabendo que capa de seu mestre está vindo até lá. A capa do mestre passa pela janela e Hiro consegue ver tudo que foi escrito.

    — E o que isso quer dizer? — questiona Saikyo.

    — Eu consigo ver, ele escreveu algo na capa, uma mensagem, usando aquele tipo de magia especial, ele quer que a gente derrote o Xogum! — Hiro se aproxima da capa e a agarra. 

    — Mas como!? — Saikyo fica tentando entender e ler o que está escrito, com muito esforço consegue ver borrões.

    — Vamos pensar nisso depois! — afirma Hiro.

    Extras para quem se interessar, abaixo o que Li Han usou no casaco:



    (5.5)
    Atendendo à sua espera.

    Escrituras na areia, levadas pelo mar, mensagens nas nuvens, dispersas pelo céu, passam, mas cumprem seu papel.

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