Capítulo 142: Quando o Amanhã de Repente Vale a Pena Esperar

Yu Sheng não perdeu tempo. Após receber a confirmação da Chapeuzinho Vermelho, ele abriu uma porta no meio do corredor, bem na frente de Rapunzel e Xiao Xiao (e, claro, aproveitou para fazer o alerta com um clique).

Uma porta etérea e brilhante surgiu do nada, revelando uma paisagem desconhecida do outro lado.

“Uau…”, os olhos de Rapunzel se arregalaram instantaneamente. Ela olhava para a cena, perplexa. “O que… é isso?”

Enquanto mantinha a porta aberta, Yu Sheng respondeu casualmente: “É a minha habilidade. A Chapeuzinho Vermelho não contou para vocês?”

“Bem, ela mencionou algo, mas eu não imaginei que fosse assim”, o espanto no rosto de Rapunzel ainda não havia desaparecido, e seu olhar para o outro lado da porta se encheu de curiosidade. “O que tem do outro lado?”

“Interessadas? Vocês podem vir junto”, Yu Sheng sorriu, fazendo o convite abertamente, e seu olhar pousou em Xiao Xiao. “Quer ir lá brincar? É difícil encontrar um lugar tão amplo na Cidade-Limite.”

Xiao Xiao ergueu a cabeça imediatamente, olhando para sua “mãe” com um olhar inquisitivo e cauteloso.

O coração da Chapeuzinho Vermelho estava cheio de dúvidas. Por alguma razão, ela sentia que a paisagem do outro lado da porta era vagamente familiar, mas o ângulo a impedia de ter certeza. No entanto, ao notar o sorriso enigmático no rosto de Yu Sheng, ela teve certeza de que era um lugar seguro. Assim, após uma breve hesitação, ela assentiu para Rapunzel. “Venha também. Se o Yu Sheng disse que vocês podem ir, não deve haver perigo.”

“Ah… tudo bem, então vou avisar os outros e já volto!”

Rapunzel disse e se virou, correndo rapidamente pelo corredor. Em poucos minutos, ela voltou apressada, trazendo uma pequena mochila na mão. “Voltei, voltei, podemos ir.”

Yu Sheng olhou para o que ela carregava, um tanto confuso. “Uh… o que é isso?”

“Garrafa de água, lenços de papel, lanchinhos e um curativo. Crianças precisam levar isso quando saem”, disse Rapunzel, enquanto colocava a mochila nas costas de Xiao Xiao. “Ah, e o chapéu, esqueci o chapéu amarelo. Esperem um pouco…”

“Não estamos indo a um piquenique”, disse Yu Sheng, sem saber se ria ou chorava. “E lá não tem carros nem cruzamentos. Além disso, se for realmente necessário, posso abrir uma porta e voltar a qualquer momento.”

“Ah? Oh, oh, tudo bem”, Rapunzel finalmente se deu conta, parecendo um pouco avoada. “Então, que lugar é esse do outro lado?”

“Nada demais, só uma horta”, disse Aileen, de lado.

Rapunzel ficou com uma expressão de interrogação, mas antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, Chapeuzinho Vermelho já havia atravessado a porta, seguida por Hu Li e Aileen. Yu Sheng, controlando a porta com uma mão, fez um gesto convidativo para ela e Xiao Xiao com a outra. “Vão na frente. Vocês terão uma grande surpresa.”

Uma sensação momentânea de leveza e vertigem, e a breve confusão sensorial causada pela mudança de ambiente — todo o processo levou menos de um segundo. Aqueles que cruzaram a porta já haviam deixado o orfanato e estavam em um vasto mundo aberto.

Rapunzel olhava, perplexa, para aquele lugar de céu azul, altas montanhas e um vasto vale. Então, notou que Xiao Xiao, que viera com ela, tinha os olhos arregalados. A menina, que sempre se mostrava um pouco tensa e retraída em ambientes estranhos e raramente falava por iniciativa própria, tinha um brilho singular no rosto. A paisagem inacreditável obviamente a havia impactado profundamente.

“Uau!”

Xiao Xiao finalmente exclamou, com um sorriso enorme se abrindo em seu rosto. Ela levantou a mão, apontando para as vastas cordilheiras e para a planície coberta por um verde-claro ao longe, e começou a rir.

Ninguém sabia do que ela estava rindo, apenas que a criança estava muito feliz.

No entanto, Chapeuzinho Vermelho, que atravessou a porta primeiro, já estava parada, imóvel. Ela parecia não ouvir as risadas atrás de si, mas olhava fixamente para as montanhas de ambos os lados do vale, sua expressão passando gradualmente de confusão para espanto, e até mesmo um traço de tensão.

Ela finalmente reconheceu o lugar. Embora tivesse mudado drasticamente, ela ainda conseguia identificar o contorno do vale.

Mas, no segundo seguinte, ela viu coisas que a deixaram ainda mais chocada.

Ela notou a ampla plataforma no centro do vale (onde ela estava parada naquele momento), as vastas hortas claramente niveladas artificialmente ao redor da plataforma, o canal de irrigação inacabado de um lado, e… o banheiro improvisado e feio na beira da plataforma.

A mente da jovem ficou bloqueada por aquela mistura de cenários incongruentes, e ela não conseguiu chegar a nenhuma conclusão.

Ela só pôde erguer a cabeça e olhar para Yu Sheng, apenas para vê-lo também a observando com um sorriso enigmático.

“Lembra do que eu te disse? Que eu ia resolver o problema daquela Floresta Negra, e até mesmo o problema dos ‘Contos de Fadas’”, Yu Sheng se aproximou da Chapeuzinho Vermelho e disse lentamente. “Você me disse que os ‘Contos de Fadas’ não podem ser erradicados, porque os Domínios Anômalos são assim. Mas eu não concordo. Agora, olhe para este lugar. Esta é a minha ‘prova’.”

“Aqui é… o Vale do Crepúsculo?”, Chapeuzinho Vermelho finalmente quebrou o silêncio, mas não sabia como continuar. Ela já havia percebido que mudanças inimagináveis haviam ocorrido ali, mas sua razão a impedia de pensar no que aquilo realmente significava.

“Antes tinha esse nome, mas agora estou planejando mudar”, disse Yu Sheng, erguendo a cabeça e contemplando a paisagem distante. “Desde que aquele olho grande se foi, nunca mais houve crepúsculo aqui. Agora meu problema é como fazer para ter um ciclo normal de dia e noite. Se for sempre dia, muitas hortaliças não crescem bem, e eu não sei como construir uma estufa.”

Chapeuzinho Vermelho piscou. Seus ouvidos acompanharam, mas sua mente não.

Ela descobriu que o maior problema ao lidar com o grupo de Yu Sheng (cuja composição humana era questionável) era que sua mente nunca conseguia acompanhar.

Contudo, dois ou três segundos depois, ela finalmente reagiu: “Espere! E a Entidade – Fome que habitava aqui?”

“Acabou”, Yu Sheng abriu as mãos. “Aquele prato que você viu quando ficou para jantar da última vez foi a última porção.”

Ao lado, Aileen ergueu a cabeça e acrescentou: “A propósito, ele lamenta bastante por isso.”

Chapeuzinho Vermelho: “…?”

Sua mente travou de novo.

“A Entidade – Fome… acabou?”, apenas dois ou três segundos depois Chapeuzinho Vermelho finalmente processou a informação e, por lógica, uma tempestade de conclusões em cadeia se formou em sua mente. Ela finalmente percebeu o que significava a frase dita de forma tão casual por Yu Sheng. “Espere! Você quer dizer que a Entidade – Fome nunca mais será gerada aqui?”

Yu Sheng assentiu. “Isso mesmo. De agora em diante, não apenas a ‘Fome’ não será mais gerada, como também pretendo transformar este lugar na base de produção de carne, vegetais e grãos da Pousada. Embora ainda estejamos na fase inicial.”

Chapeuzinho Vermelho, no entanto, não prestou atenção na segunda parte da frase de Yu Sheng. Ela deu dois passos rápidos para a frente, seus olhos, naquele instante, afiados como os de um lobo. “Então, as regras deste Domínio Anômalo foram permanentemente alteradas? Não… as regras de um Domínio Anômalo são sua essência. Mudar as regras significa que… o ‘Domínio Anômalo’ original daqui já desapareceu? Não, isso também não está certo, este vale obviamente ainda existe…”

“Baili Qing tem uma expressão que se encaixa perfeitamente”, disse Yu Sheng, vendo que Chapeuzinho Vermelho estava um pouco confusa em sua agitação. Ele sorriu e gesticulou na frente dela, indicando que se acalmasse. “Este vale, hoje, é como uma casca vazia que foi devorada. As regras que preenchiam esta casca e a entidade nascida delas foram consumidas naquele banquete. O vale que restou é apenas uma concha inofensiva.”

Ele fez uma pausa e acrescentou: “Além disso, parece que esta ‘casca’ agora está ‘conectada’ à Rua Wutong, 66. Embora eu ainda não tenha entendido a estrutura espaço-temporal entre os dois, você pode considerar que agora está no ‘pátio’ da Rua Wutong, 66.”

Chapeuzinho Vermelho não disse nada.

Ela parecia não ter ouvido a segunda parte da fala de Yu Sheng.

Ela apenas ficou ali, parada, por um longo tempo, imóvel, seus olhos como se estivessem congelados nas órbitas, fixos em um ponto distante, no céu claro e na terra que havia se curado, na vegetação rala da encosta, neste “Domínio Anômalo” que não era mais preenchido por fome e desespero.

Passos leves vieram de perto. Era Xiao Xiao. A criança que sempre andava de cabeça baixa e em silêncio no orfanato agora tinha um sorriso radiante. Ela correu até o lado da Chapeuzinho Vermelho, ergueu a mão e lhe entregou um punhado de mato. “Irmã Chapeuzinho! Tem flores!”

No segundo seguinte, a menina congelou. Ela manteve a mão erguida, olhando para cima com inquietação. “Por que você está chorando? Está doendo? Seu corpo vai se partir também?”

Ao dizer a última frase, a criança já estava claramente assustada.

Mas Chapeuzinho Vermelho abaixou a cabeça de repente, enxugou o rosto rapidamente e, quando ergueu o olhar novamente, seus olhos estavam cheios de sorrisos. Ela pegou o maço de mato da mão de Xiao Xiao e afagou sua cabeça. “Não, foi o vento frio que atingiu meus olhos… Isso é só um punhado de mato, não tem flores, tem?”

“Caiu no caminho”, Xiao Xiao sorriu de novo. “E o vento levou embora. Você tem que fingir que ainda está na sua mão…”

“…Tudo bem, ainda está aqui”, disse Chapeuzinho Vermelho, afagando o cabelo da menina com mais força. “Obrigada pelas flores.”

Em seguida, ela se endireitou, procurando por Rapunzel.

Ela viu que Rapunzel, em algum momento, havia subido naquela plataforma estranha e estava examinando algo curiosamente ao lado daquela “casa” esquisita e feia. Um momento depois, a outra garota ergueu a cabeça e acenou animadamente para cá.

“Ei! Chapeuzinho Vermelho! Tem galinhas sendo criadas ao lado deste banheiro! Um monte!”

Chapeuzinho Vermelho semicerrou os olhos contra a luz brilhante.

‘Que bom’, pensou ela. ‘De repente, ter coisas pelas quais esperar na vida… que bom.’

Apenas Yu Sheng não ficou muito feliz.

“Isso não é um banheiro!”, ele gritou, pulando, para a jovem na plataforma. “É a primeira fase da construção da sede da nossa organização!”