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    “A natureza é cruel, mas negar ela é muito pior!”

    O propósito de Hiro foi interrompido, pois ele se aprofundou no estado de introspecção ao qual se jogou sem ao menos ter controle. Em sua viagem interna visualiza quem o puxou para aquele local, uma dama de cabelos pretos, pele pálida e olhos azuis claros, usando um vestido azul escuro, a diferença de tamanhos entre eles é enorme, ela tem três vezes a sua altura, fazendo Hiro parecer ser uma pequena criança perto dela.

    — Quem é você? — pergunta Hiro, confuso mas comovido em descobrir por conta de sua curiosidade. — Eu morri? Se sim, estou curioso para saber o que há nesse lugar!

    — Não meu garoto, eu vim te salvar, mantenha seus pés no lago, não saia para comer as frutas do jardim, não ouça a cobra! — avisa a Dama, estendo seus braços até o garoto, mantendo suas mãos em volta dele, quase o cobrindo.

    — Cobras são um grupo seleto entre as serpentes! — Surge quem a Dama teme, a cobra escura que possui mil olhos dourados e tem o corpo coberto por chamas. — Com os meus olhos Hiro, eu posso ver todas as suas faces. 

    — Não a escute meu menino, você conhece tão pouco deste mundo cruel, não o entende, desta forma o que vai contemplar com os olhos dela só causara a mais pura dor, perversão e sofrimento! — implora a Dama, o trazendo para perto de si com as mãos.

    Enquanto as duas figuras se contrapõem, Hiro consegue ver melhor o local onde está, sente a água do seus pés, vê o lago, e assim começa a se formar em volta um campo com grama, flores e um pouco distante arvores, onde estão as arvores, até lá o corpo da cobra se estende, a cobra é gigante, muito maior do que a Dama, seu corpo queima em chamas alaranjadas, da mesma cor de seus olhos, onde se diferenciam as pupilas negras assim como sua pele. As chamas da cobra não se espalham, pelo local e nem queimam a Dama ao se aproximar.

    — Eu não vejo sentido para nada disso — responde Hiro, cabisbaixo ignorando a presença dos dois.

    — Você não sabe o que quer, nem o que é o universo, mau conhece a si, mau conhece o mundo, não pode contemplar a verdade, mas pode continuar pensando sobre isso — diz a Dama, consolando o garoto, se aproximando, envolve a ponta do dedão e o indicador de sua mão direita no queixo do garoto, o fazendo erguer a cabeça e com a outra acaricia seus cabelos.

    Hiro começa a mudar seus olhos, e ficam iguais o da cobra coberta por chamas. Hiro chora, pois a primeira coisa que vê com os olhos é a si mesmo, as lágrimas em seguida evaporam.

    — Quando você faz algo ruim, você deseja nunca ter existido, quando não faz nada, você pensa que não existe. Quando olha para os outros, se sente nada, porem entende que isso prova que existe, e por ver tantas coisas, se senti algo irrelevante, só que muitas coisas quer conhecer, a única forma de mudar isso, é ignorando tudo e fazendo alguma coisa, com vontade, aquilo que existe dentro do seu peito deve arder em chamas. Você deve mostrar que está vivo, e depois se importar no porque — discursa a cobra o se aproximando do garoto o abocanhando. — A natureza é cruel, mas negar ela é muito pior.

    As águas do lago viram nuvens, a imagem da Dama se desfaz, e só resta a da cobra em chamas brilhando em meio a neblina que ofusca a visão do garoto neste local paralelo. Já na casa do sol nascente, Kamikaze consegue enxergar os olhos de Hiro mudando para os da cobra, com o tom sendo alaranjado.

    — Então ele também é uma cobra! — observa Kamikaze, assustado. — Eu tenho que o eliminar agora! — Kamikaze recupera a convicção na batalha por conta do medo e ergue sua espada. — Cruz de Nagasaki!

    Novamente executa dois cortes no ar em forma de cruz, a assinatura de seu golpe mortal indefensável e invisivel. Hiro logo o encara percebendo se tratar de um ataque, agora com seus olhos alaranjados similares ao da cobra, ele amedronta o oponente, ainda mais quando estes olhos começam a pegar fogo. Li Han volta ao local, observando do andar de cima pelo buraco e decide por não intervir curioso com o desfecho do combate.

    — Eu não me importo com você. O império se expandiu até além do horizonte, eu quero ter a chance de ver o que está além de nosso alcance também! Está é a minha aventura, se tem sentido não importa, me disseram apenas para viver isso, que se dane os meus desejos ou o meu dever, este é o caminho do incerto! NEM VOCÊ PODE DETERMINAR O QUE VAI ACONTECER AGORA! — discursa Hiro abrindo ainda mais o seu sorriso, revelando em sua boca presas afiadas.

    — Por que? Por que você está aqui? Maldição, sobre a casualidade do destino não se pode lutar contra, maldito seja que tenhamos nos conhecido, garoto rechonchudo maldito! GAGAAAN! — grita Kamikaze, dando a ordem de ativação de sua habilidade.

    — Hiro! — grita Saikyo desesperada, temendo pela vida de seu amigo, ergue a sua mão apontando para onde ocorre a colisão entre os ataques.

    A boca de Hiro se abre completamente, surge atrás dele a silhueta da cobra negra coberta de chamas que detém mil olhos dourados, e junto dela cospe fogo ardente contra a explosão em forma de cruz, os dois golpes se chocam, a onda do impacto se reverbera derrubando as paredes, que não caiem em cima dos presentes pois são arremessadas para longe, Li Han salta para se proteger e utiliza de sua capa para planar. 

    As chamas que Hiro expeliu se misturam com a explosão gerado pela cruz de Nagasaki, a consumindo completamente, gerando chamas ainda maiores que vão em direção a Kamikaze, que enxergava turvo, agora é completamente cegado pela luz formada pela onda de chamas que passam pelo seu corpo.

    A luz ofuscante é última coisa que todos presentes no local vêm, pois logo em seguida desmaiam por algum tempo, depois se deparam um cenário totalmente estranho, o quarto de Kamikaze havia sido quase que completamente destruído, restando apenas o piso, que foi infestado por gramas, e flores, além do dono do local esta dormindo após a derrota em cima do topo de uma árvore, um pinheiro como ele tanto sonhava, ainda com os ferimentos de antes, mais sem novos machucados e acordado, enquanto Hiro dorme em cima de Chisana Otokonoko. Sendo Li Han o único que permaneceu acordado, também estava longe de todos.

    O local não tem mais teto, então todos tem a visão incomodada pela luz do sol, o dia começa a clarear, e sol a nascer, como sempre vindo do leste, junto do amanhecer vem ventos calmos. Toda a cidade é acordada por fogos de artifício, que estouram feito as explosões do Xogum que o povo tanto teme, as encomendas que ficaram na casa de Balu, foram acendidas por seu irmão, o sinal para que o Xogum foi derrotado, então soldados do império adentram a cidade. Finalmente as encomendas foram entregues.

    — Tudo nosso! — grita Yasuke comemorando erguendo seus braços, dando gargalhadas.

    — Eu que prometi nunca mais fugir, veja no que deu! — reflete Balu, olhando para o sol.

    — Valeu a pena sermos pegos não é? — diz Dembele, abraçando Balu e Yasuke. — Valeu a pena voltarmos para cá, valeu a pena cada momento de aflição, valeu a pena acreditar nesta loucura de vocês! — Dembele agradece, direcionando a última parte de sua fala a Saikyo. — Então, se aventurar, fazer o que der vontade, estes foram os melhores dias da minha vida!

    — E pensar que tudo isso era apenas uma lição! — observa Saikyo, rindo juntamente dos outros.

    Enquanto isso, acima do pinheiro Kamikaze descansa, se encontra confortável mesmo estando em uma posição esquisita, Minashi o olha tranquila por ele ter acabado vivo na batalha, sem sentir ameaçada com a presença de Li Han se aproximando de Kamikaze.

    — O seu aluno me destruiu, para que eu pudesse ser novamente quem já fui um dia. Um garoto com esperança na luz do próximo dia, ele enxergou essa luz e eu pensei que ele era uma cobra! — diz Kamikaze, sendo sincero sobre seus próprios sentimentos.

    — Talvez uma parte dele seja —  afirma Li Han. — Entre o bem e o mau, ele escolheu o bem.

    — É, ele me salvou, eu não sei, você nunca me conheceu, mas parece que tudo que eu precisava era me encontrar com ele, era o que eu ansiava nas noites de terror no laboratório — revela Kamikaze. — Ele me deu de volta, a minha vontade de viver por amor e não arrependimento, ele me fez mudar de ideia. Cuidado, ele tem uma habilidade interessante, a de reerguer. Eu me pergunto: e se ele tivesse escolhido o mau?

    — Eu precisava fazer este tipo de teste, mesmo que outros estivessem em perigo — explica Li Han. — Além do mais, se eu te derrotasse, eu teria que te matar, eu precisava de alguém para fazer isso por mim, dois coelhos numa cajadada só!

    — Desgraçado, por que não me matou ainda? — questiona Kamikaze, bem humorado. 

    — Não vou te matar, apesar de ter cometido vários crimes. Mais não é do seu perfil matar alguém de forma fria e planejada, o mais puro e simples assassinato, mesmo assim este crime vem caindo em sua conta. Minha missão com você era uma, te executar, na verdade nem era para eu estar aqui, mas o general me mandou, isso me livrou de minhas responsabilidades familiares, e ele também compartilhava da mesma suspeita que eu. Você foi incriminado de matar dois heróis guardiões celestes! — diz Li Han.

    — Nunca mataria guerreiros honrados de forma tão covarde! Quando eu cheguei, já estavam mortos. — explica Kamikaze, lamentando. — Eu só executei quem me interessava.

    — O secretário geral da saúde, esperavam que você fosse atrás dele, e mandaram o general mandar dois dos melhores homens para o proteger, mesmo assim foi falho. Por que foi atrás dele?

    — Eu jurei me vingar dos responsáveis pelo que me fizeram comigo, pena nunca ter achado o chefe, aquela risada maldita estridente que dói os ouvidos! Uff, mas eu me lembrei  do nosso pediatra, na época era apenas um rapaz jovem que gostava de maltratar as crianças, ele devia sofrer nas mãos dos outros cientistas, e pensar que o desgraçado se tornou secretário de saúde mais importante deste império miserável! Eu estava pronto para lutar, mas se eu nem te derrotei, acha mesmo que eu derrotaria dois heróis guardiões celestes?

    — Não. Eu não te derrotei, foi Hiro, e ele quis te dar paz, aproveite, parece que alguém está te esperando lá embaixo, boah, boah! — diz Li Han.

    — Mais uma coisa, as cobras passaram por aqui, elas tentaram me ludibriar, queriam me convocar, disseram que podiam limpar meu nome, achando o verdadeiro culpado, acho que podem ter sido elas, estão por todo lugar, até perto do Iluminado — diz Kamikaze.

    — Não, eu sei quem fez isto — afirma Li Han. — Agora que um novo você está ai

    — Não, novo não, um velho eu, que eu não via mais dentro de mim, o novo eu surgira quando eu me acostumar com a nova vida que vislumbro a partir de agora! — vislumbra Kamikaze, olhando para o sol que o ilumina.

    — Então vai logo viver, porque ela está te esperando — aconselha Li Han, em despedida.

    O mestre salta de cima da arvore, assim que pousa se direciona ao seu grupo, para assim darem fim a está aventura. Em contrapartida, Minashi se aproxima daquele que prometeu seguir até o fim, para o começo de uma nova vida.

    Fim do combate! Realmente fico me perguntando se Hiro parece ser consistente, de qualquer forma, agora ele ficou confuso, misterioso, próximo arco essa parte essa será aprofundada, a história do Xogum já está no fim.

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