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    Ressuscitar os Caça-Fantasmas. Não, mais do que isso, tornar-se o soberano daquele espaço.

    — Isso até que me interessaria.

    Na verdade, a segunda parte pouco me importava. Só de pensar que a comunidade poderia ser restaurada, meu coração disparou sem que eu percebesse. E não é para menos: desde que Auril Gavis encerrou o servidor unilateralmente, quanta falta aquilo fez? Existe um tipo de estresse que só se desfaz com conversas modernas e constantes e, sem isso, me senti sufocado. Como se estivesse sendo forçado a parar de fumar. Claro, tenho o Sven Parav, antigo espírito maligno, na categoria de conhecidos reais, mas revelar minha identidade maligna por um motivo desses seria absurdo.

    “E ele está dizendo que pode trazê-la de volta…?”

    Isso eu preciso fazer a qualquer custo. Mais do que aliviar estresse, se eu restaurar aquilo, poderia me comunicar com os colegas que deveriam estar no Primeiro Subsolo, por meio do Sven Parav.

    Ba-dum!

    Só de imaginar isso, meu coração parecia quase saltar do peito, mas me esforcei para conter a empolgação e manter o rosto neutro. Afinal, poker face é o básico em qualquer negociação.

    — …Se realmente não tiver muito uso para você, eu poderia levar isso e estudar um pouco…

    — Nem pense nisso.

    — …?

    Qual é, ele achou que poderia pegar isso de graça? Não adiantava agir como se não fosse nada demais, seus olhos já transbordavam desespero. Sem rodeios, apenas enumerei minhas condições.

    — Entre no clã Anabada. Prometa me acompanhar ao primeiro subsolo. Autoridade total e compartilhamento integral dos resultados de pesquisa sobre o espaço espiritual.

    — …O quê?

    — Se aceitar essas condições, eu entrego.

    — Ah…

    — E já aviso: não existe outra opção.

    Mantive uma postura inflexível, encerrando qualquer margem para barganha. O restante dependia do GM.

    — …Eu aceito.

    Consegui recrutar um CEO laranja e mago.


    Após concluir a questão do recrutamento, seguimos para o próximo tópico. Na verdade, eu estava tão curioso sobre isso quanto sobre a joia.

    — Então aquela sirene… o que foi afinal?

    Logo depois que roubei a joia, o alarme soou por todo o lugar. Será que aquilo foi mesmo coincidência?

    — Ah, é verdade… Teve aquilo…

    Como se tivesse esquecido completamente, o GM se tocou e começou a explicar sobre o alarme de ontem.

    — Indo direto ao ponto… ao que parece, o alarme realmente disparou porque nós rou… digo, encontramos este item.

    Ao que parece?

    — Então não é uma conclusão, mas sim um palpite?

    Franzi a testa enquanto o interrompia, mas ele já parecia acostumado com esse tipo de coisa e continuou sem reagir.

    — Quando cheguei à Torre Mágica, só havia alguns Mestres das Escolas. Ah, e um Cavaleiro da Ordem da Rosa.

    — Só alguns?

    — Sim. Quando cheguei, já era tarde. As forças que se reuniram cedo já tinham partido, e nós ficamos ali esperando para decidir se iríamos prestar apoio ou não.

    Ao ouvir o restante, parecia que os Mestres estavam todos confusos, sem entender o que estava acontecendo, e o Cavaleiro da Ordem da Rosa que ficaram também não deram explicação nenhuma. Então ficaram lá, sem saber de nada, esperando por horas…

    — Pouco antes do amanhecer, o Mestre da Torre e o Cavaleiro da Ordem da Rosa voltaram. Todos com o rosto tenso, como se estivessem pisando em ovos diante da realeza. dava para ver que algo tinha dado errado.

    — E então?

    — A ordem de reunir tropas foi cancelada pouco depois. E, quando perguntei discretamente a um dos Mestres que conheço, ele disse que tinham ido aos esgotos.

    — O quê? Aos esgotos?

    A essa altura, já não era suposição, era praticamente fato. Não existe coincidência o bastante para juntar tudo isso.

    — Então por que falou daquele jeito?

    — Hábito de fala… digamos assim.

    — Livre-se disso. Esse jeito de falar não vai te ajudar em nada na vida.

    — …

    Era um conselho sincero, mas ele continuou sem mostrar qualquer reação. Assim, seguimos para o próximo assunto.

    — Mas… De onde exatamente você tirou essas coordenadas? Não importa como eu olhe, parece que a Torre Mágica e a família real estavam conspirando para escondê-las…

    Hmm… até onde eu devia contar? Depois de pensar por um instante, decidi rapidamente.

    “Agora estamos no mesmo barco…”

    Então revelei praticamente tudo o que havia acontecido no Labirinto. Para ser sincero, eu também queria desabafar e pedir opinião a alguém.

    — Vá até as coordenadas que estou passando agora. Vou esconder algo que poderá lhe ser útil.

    E o objeto realmente existe. E isso tornava tudo ainda mais confuso. O Arta que conheci não era um NPC? Talvez fosse realmente esse o caso. Afinal, nenhuma peça oculta do Labirinto jamais foi capaz de afetar o mundo exterior, apenas o mundo dentro do Labirinto.

    — Então… vamos ver se entendi direito…

    Depois de ouvir toda a história, o GM ficou com uma expressão estranha.

    — Você está dizendo que alguém chamado ‘Arta’, que encontrou dentro do Labirinto, lhe deu aquelas coordenadas? E que escondeu algo lá para ajudá-lo?

    — Isso. E, como já disse antes, ele afirmou ter vindo do passado.

    — Huh…

    O GM parecia tentar decidir se eu estava falando sério ou não. Compreensível, era uma história difícil de engolir. Mas talvez ele tenha sentido que eu não estava brincando.

    — Se o que você está dizendo for verdade, Lorde Visconde, seria um de dois casos.

    Depois de refletir um pouco, ele finalmente falou.

    — Dois?

    — Sim. O primeiro: Arta realmente teria usado um antigo artefato mágico para atravessar do passado até além da dimensão do Labirinto.

    Esse eu já tinha considerado. Se existem espíritos malignos vindos de outras dimensões, também não seria impossível alguém vir direto para o Labirinto de outra linha temporal. Embora parecesse improvável.

    — E o segundo?

    — Um fenômeno causado pela consequência da própria natureza do Labirinto.

    — Explica de forma simples.

    — Você já foi além dos muros da cidade pessoalmente. Lá fora, o mundo é quase idêntico ao Labirinto, repleto de monstros e paisagens semelhantes.

    Ah, agora eu sabia onde ele queria chegar.

    — O Labirinto foi claramente criado para imitar a realidade. E isso inclui o ‘Arta’ que o senhor encontrou.

    Ele estava falando do ‘Arta original’.

    — Talvez isso soe complicado, então vou detalhar melhor. Na história real, Arta conseguiu viajar no tempo e encontrou o futuro A. Para ajudá-lo, enterrou um tesouro profundamente na terra, antes mesmo da Torre Mágica existir. Mas A, por algum motivo, nunca conseguiu encontrá-lo.

    — …

    — O Labirinto recriou esse evento com base na história original, e você reviveu essa história no papel de A.

    A explicação foi gentil, mas não trouxe a novidade que eu esperava. Eu também tinha pensado nisso e, na verdade, considerava a hipótese mais provável. Os segredos ocultos do Labirinto sempre tinham uma inspiração original. Só havia um ponto que não se encaixava…

    — Então e a realeza? E a Torre Mágica? Eles já sabiam que havia algo enterrado ali, não?

    — Bem… isso eu não sei. Mas certamente existe algum segredo ou conspiração que nós desconhecemos. Talvez simplesmente não soubessem a localização exata…

    Que piada. Uma hora ele falava que o tesouro podia ser algo secretamente guardado por eles, e agora vem com isso. Abri tudo e pedi uma opinião e não ganhei nada em troca.

    — Tsc.

    No fim das contas, parecia que eu teria que descobrir sozinho.


    No fundo, eu já esperava, mas reviver a comunidade usando a joia estava levando bem mais tempo do que imaginávamos. Mesmo tendo entregue a joia para que ele pudesse estudá-la à vontade, ainda não havia qualquer progresso significativo. Porém, não foi totalmente infrutífero.

    — De agora em diante, chamarei esta joia de Fragmento da Origem.

    Ele lhe deu um nome. E não um nome qualquer: Fragmento da Origem.

    “…Tem relação com o Poder da Origem?”

    Depois de explorar a base secreta de Arta, era difícil acreditar que fosse apenas um nome chamativo. Insisti para que ele explicasse o motivo daquele nome e, após hesitar um pouco, acabou abrindo o jogo.

    — Uma pessoa que conheço usou esse nome para se referir a algo muito similar.

    — Quem?

    — Auril Gavis… Um grande mago, pouco conhecido pelo público geral.

    Certo, aquele velho. Bem, o dono original da comunidade era aquele velho, afinal. O GM a estava gerenciando com autoridade concedida por aquele velho e, por alguma razão, aquele velho havia desativado unilateralmente o servidor da comunidade.

    “Fragmento da Origem…”

    Aquilo me deixou pensativo. Pelo nome ‘fragmento’, provavelmente não estava completo… Se reuníssemos todos os fragmentos, formaríamos o Poder da Origem e talvez fosse possível criar um novo Labirinto, ou algo assim? Impossível saber ainda. Mas se continuarmos estudando, talvez descubramos algo. Por ora, deixei essa questão de lado.

    Swish.

    Ergui lentamente a cabeça para cima. Mais precisamente, para a torre negra que se erguia tão alto que parecia tocar o céu.

    — Uau…! Está realmente inclinando!

    — Se dá para ver tão claramente mesmo de perto assim… será que isso não é perigoso, nyah?

    A Torre Mágica, que sempre se mantivera imóvel no mesmo lugar, agora estava levemente inclinada, como aquela torre europeia famosa. Provavelmente consequência do colapso do túnel subterrâneo.

    Claro, como as pessoas estavam completamente alheias a esse fato, o incidente da torre mágica inclinada se tornou um grande tópico e, graças a isso, dizem que o número de turistas aumentou, revitalizando os negócios circundantes…

    — Uau, a propósito, há muita gente mesmo… Você não pode ficar um pouco maior, nyah? Assim eu posso montar no seu ombro.

    — Tá achando que dá?

    Ri e baguncei o cabelo da Missha. A Praça da Torre Mágica estava completamente lotada. Mas não estavam ali só para ver a torre inclinada, havia outro evento acontecendo hoje.

    — Olha, estão vindo…!

    Com murmúrios crescentes, uma longa procissão se aproximou ao longe. Uma fila de condenados, amarrados como prisioneiros.

    — São os cães nojentos de Noark!

    — Malditos!

    — Morram! Morram!

    A multidão os amaldiçoava, enquanto os noarkianos eram escoltados por soldados através da avenida principal. Esse era o método de ‘entrada’ final decidido entre a família real de Rafdonia e Noark.

    — Por culpa de vocês eu perdi minha casa e toda a minha família!

    — Morre!

    Oficialmente, Noark perdeu a guerra. Renderam-se e se entregaram completamente, e agora estavam a caminho da capital para receber julgamento. E então…

    “Vão receber sentença de trabalho forçado a serviço do país.”

    Os cidadãos vibravam ao ver aqueles condenados sendo arrastados como criminosos, mas eu sabia que tudo aquilo era parte de um roteiro muito bem planejado. Talvez por isso…

    — Moooooorreee!

    Não pareceu coincidência quando um homem surgiu da multidão e invadiu a procissão.

    Puuk…!

    A adaga se enterrou no abdômen de um noarkiano de braços amarrados. Mas talvez fosse a primeira vez que o agressor realmente esfaqueava alguém.

    — A… ah…

    O ferido permaneceu imóvel. Já o que esfaqueou ficou paralisado, largou a arma e recuou em choque, como se pensasse ‘o que eu fiz?’. O noarkiano ferido caminhou lentamente até ele.

    — Hh…!

    — Kyaaah!

    Mesmo algemado, seu porte físico era tão imponente que parecia capaz de matar vários homens com facilidade. O público recuou, imaginando o pior… mas nada do tipo aconteceu.

    Thud.

    O noarkiano, de rosto severo, não mostrou ira contra o homem que o feriu. Não protestou sobre injustiça. Apenas colocou os joelhos no chão e deixou as lágrimas caírem sem parar.

    — Me desculpe… me desculpe…

    — …

    — Eu só queria viver… eu nasci naquele buraco imundo… me disseram para lutar…

    Ele chorava como uma criança, e o agressor, atordoado, só conseguiu perguntar a idade dele.

    — Dezessete… tenho dezessete anos…

    Dezessete? Com aquele tamanho? Difícil acreditar, mas olhando de perto, ainda havia traços juvenis.

    — A mesma idade do meu filho…

    — M-Me desculpe…

    — Como alguém tão jovem assim…

    O homem não conseguiu continuar ao ver as inúmeras cicatrizes marcadas naquele corpo enorme. Em Rafdonia, alguém dessa idade não poderia nem entrar no Labirinto. Mas em Noark, aquilo era rotina. Em uma cidade que abandonou totalmente leis e instituições e só reconhece força, quem ligaria para idade?

    — Me desculpe… eu só queria viver… desculpe pelo que causei…

    O noarkiano encostou a testa no chão imundo enquanto chorava e pedia perdão, e o homem simplesmente não conseguiu fazer mais nada. Logo, os soldados que observavam imobilizaram seus braços e confiscaram a arma. E então…

    Clack, clack!

    Os repórteres registraram o momento com seus instrumentos mágicos.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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