Eloisa S. Reis

    Histórias 1
    Capítulos 33
    Palavras 93,9 K
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    Tempo de Leitura 5 horas, 13 minutos5 hrs, 13 m
    • capitulo 7

      capitulo 7 Capa
      por Eloisa S. Reis  O primeiro raio de sol da manhã mal se insinuava pela janela do sótão, pintando as tábuas do chão com um dourado tímido. Nix já estava acordada, sentada no futon, com os óculos que Zander lhe dera repousados no nariz. Com um toque leve, ela ativou a runa de gravação nas hastes, e o ar à sua frente tremeluziu, projetando imagens.A primeira era de Zander, seu rosto calmo e o sorriso gentil. Ele estava inclinado sobre uma bancada, concentrado em pequenos mecanismos, os dedos habilidosos…
    • Capitulo 10

      Capitulo 10 Capa
      por Eloisa S. Reis     A taverna "O Porco e o Apito" era menos enfumaçada que a Espinha do Kraken, mas não menos barulhenta. Luzes bruxuleantes de lamparinas a óleo de baleia lançavam sombras dançantes nas paredes de madeira enegrecida. O cheiro predominante era de cerveja azeda, suor rançoso e uma pitada de óleo de máquina – uma combinação que, após algumas canecas, se tornava estranhamente reconfortante. Nix e Madoc se espremeram em um canto próximo ao balcão, longe dos grupos mais ruidosos de marinheiros…
    • Capítulo 22 – Onde a Névoa Respira

      Capítulo 22 – Onde a Névoa Respira Capa
      por Eloisa S. Reis A luz da manhã chegou preguiçosa, como se também tivesse dançado até tarde. No convés superior, a vida despertava aos poucos, embalada por risos sonolentos e passos arrastados. Vênus fora a primeira a aparecer, descabelada e com uma caneca de chá que cheirava a limão e hortelã. Trazia o cobertor ainda enrolado nos ombros e as marcas de travesseiro vincadas na bochecha. Espreguiçou-se como um gato preguiçoso e olhou para o céu com desconfiança. — Se eu morrer hoje, que seja com outro…
    • CAPÍTULO 24 — O VALE DAS CINZAS

      CAPÍTULO 24 — O VALE DAS CINZAS Capa
      por Eloisa S. Reis O calor não vinha apenas do solo — ele se infiltrava pelas roupas, subia pelos ossos, repousava sob as pálpebras. A aldeia dos Escaldados parecia esculpida da própria terra, erguida entre colinas fumegantes e rochas vivas que exalavam vapor. As casas, se é que podiam ser chamadas assim, eram cavadas em placas de basalto e cobertas por teias de vidro vulcânico, refletindo o céu rubro do entardecer como olhos imóveis. A entrada foi silenciosa. Não havia crianças correndo, nem idosos nas portas.…
    • capitulo 23

      capitulo 23 Capa
      por Eloisa S. Reis O calor era outro tipo de mar. Um que não podia ser navegado, apenas suportado. Vapores densos subiam das rochas negras ao redor, transformando o ar em algo viscoso, pesado. A cada passo, a madeira da Semente do Caos rangia como se estivesse sendo cozida por dentro. Os Escaldados os guiaram por uma trilha estreita entre colinas fumegantes. As pedras pareciam pulsar sob os pés. Havia poucas palavras — e todas ditas em uma língua gutural, que se dobrava como o estalo de lenha em brasa. Eles…
    • Capítulo 21 – Cinzas do Silênco

      Capítulo 21 – Cinzas do Silênco Capa
      por Eloisa S. Reis No convés inferior, o cheiro doce de canela se misturava ao sal do mar e ao óleo da madeira viva. Vênus girava uma colher dentro de uma panela rústica, os olhos semicerrados pelo vapor. Ao lado, Panacéia moldava um pedaço de arame com os dentes, encaixando pedrinhas coloridas como se criasse uma coroa para alguma fada desastrada — e não para Elena, que naquele dia completava seus dezesseis anos. A jovem dançava entre os enfeites improvisados com os outros adolescentes Jïa, suas saias…
    • Capítulo 20 – Peso e Pólvora

      Capítulo 20 – Peso e Pólvora Capa
      por Eloisa S. Reis O tempo já não se media em horas no Semente do Caos, mas em tarefas mal-acabadas, passos apressados e suspiros abafados nos cantos. Era como se o próprio navio, pulsando com vida sutil e orgânica, tivesse decidido respirar através do caos. No convés inferior, a luz das lamparinas oscilava em tons de dourado-enferrujado, lançando sombras trêmulas pelas paredes de madeira viva. As vigas estalavam como se guardassem segredos. O ar, espesso como um tecido encharcado, grudava na pele e entrava…
    • Capítulo 19 – Panela de Pressão

      Capítulo 19 – Panela de Pressão Capa
      por Eloisa S. Reis O caos não cedia, apenas mudava de forma. No convés, entre redes improvisadas e mantas coloridas estendidas como bandeiras, as culturas colidiam — e dançavam. Matthew estava encostado em um barril, braços cruzados, a expressão torta como quem mordera limão. — Se eles tocarem esse bendito tambor mais uma vez, eu juro que pulo no mar. — murmurou, olhando com desespero para o grupo de jovens Jïa que testavam ritmos em instrumentos que pareciam construídos com ossos e conchas. Ao lado…
    • Capítulo 18 — Promessa Ardente

      Capítulo 18 — Promessa Ardente Capa
      por Eloisa S. Reis O tempo estava diferente. Lá fora, as águas do porto pareciam se remexer sob um vento inquieto, como se o próprio mar sentisse que algo estava prestes a mudar. Mas ali dentro, na cabine da capitã, o mundo era outro — aquecido pelo cheiro de papel antigo, resina, e um toque de canela vinda de algum incenso esquecido. Nix empurrou a porta com o ombro e gesticulou para que Echo entrasse. O ambiente era uma mistura viva de mapas dobrados, estandartes velhos, bússolas quebradas e memórias…
    • Capítulo 17

      Capítulo 17 Capa
      por Eloisa S. Reis O céu cinzento parecia esmagado contra o horizonte quando o Semente do Caos deslizou pelas águas fundas como um presságio silencioso. O som ritmado das ondas foi engolido por uma massa colossal de pedra: Hearts. A cidade não fora construída — fora entalhada na rocha viva como uma oferenda esquecida aos deuses antigos. O paredão se erguia da água como um túmulo colossal, as cavernas abertas em sua base funcionando como portos naturais. Fendas estreitas e túneis escuros guiavam os barcos por…
    Nota