Histórias 1
Capítulos 25
Palavras 41,7 K
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Tempo de Leitura 2 horas, 18 minutos2 hrs, 18 m

por Luiz Fernando Teodosio — Sara entrou no quarto da irmã para pegar um absorvente, já que no seu sobrou apenas uma embalagem vazia. Sabendo que Alana não estava em casa, girou a maçaneta e entrou no cômodo sem demora. A poucos passos do banheiro acoplado ao quarto, deteve-se ao reparar em um pôster na parede, próximo à porta de vidro. Era o Juan “Mostarda”, de camiseta amarela e encharcada de suor, correndo sobre um gramado. — Esse é novo — murmurou, lançando um olhar de relance para os outros pôsteres do… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Ondas de gritos e aplausos irrompiam das arquibancadas do Coliseu. Sara acompanhava o entusiasmo da torcida, embora preferisse aplaudir mais e gritar menos. Ao seu lado, Alana mantinha-se mais contida, soltando comentários ocasionais sobre as lutas e batendo palmas somente quando o desafiante entrava e saía da arena. As gêmeas estavam acomodadas na ala branca, reservada aos fidalgos, que, comportando apenas 10% da capacidade do estádio, encontrava-se tão cheia quanto as alas cinzentas,… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — — O quê?! — Sara não conseguia processar o que acabara de ouvir. Sua própria espécie havia matado um parente de sangue. — Mas por quê? Como isso aconteceu? Camilo desviou o olhar para o horizonte, seus lábios se movendo como se revirassem as palavras antes de soltá-las. — O meu irmão… estava apaixonado por uma humana. A revelação deixou Sara boquiaberta. Dentre os relacionamentos proibidos na espécie neriquiana, esse era o mais grave. Humanos não tinham aura, não eram dignos… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Antes de levar a xícara aos lábios, Sara ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha. Seus fios estavam tão escuros quanto o café que bebia. Era impossível que seu pai, sentado do outro lado da mesa, suspeitasse que ela havia cometido uma infração besta na noite anterior. Ainda recordava-se das batidas de seu coração ao subir as escadas de volta ao térreo. Foi como estar na cena furtiva de um filme de espionagem, com direito a uma subida de tensão quando a dona Helena percorreu a casa… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — O gemido de angústia do aurano ao arrancar a adaga cravada em seu ombro era quase perturbador de tão convincente. Talvez ele, de fato, estivesse com a lâmina fincada em sua carne e todo aquele sangue empapando o uniforme fosse real. Sendo o próprio ator um aurano, bastaria um comprimido de curamida para sarar a ferida e apagar qualquer vestígio do corte em segundos. Duas batidas na porta, seguidas de uma voz familiar, fizeram Sara baixar o volume da TV. Logo o murmúrio de vozes e o som da… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Ao pousar suas mãos na bola de cristal que chamavam de arauto, Alana Buarque fez com que o objeto irradiasse um brilho azul da mesma cor de seus cabelos. Sendo ela uma neriquiana de dezoito anos, pertencente à casta fidalga, o resultado não poderia ser outro. Na sala escura e sem janelas, a luz azulada destacava tanto a expressão séria de Alana quanto o sorriso de satisfação do aurano Durval Montenegro. Sentado a uma mesa ao fundo, o homem de cinquenta anos de idade avaliava atentamente o… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Sara fechou a porta do quarto com um cuidado que contrastava com a urgência dos minutos anteriores, quando havia arrancado a irmã das garras de uns fidalgos bem-apessoados. Alegara ser um assunto particular, meio urgente, e agora, naquele cômodo, poderiam conversar sem o inconveniente de serem interrompidas por algum convidado. Sentadas na cama, Sara resumiu rapidamente a conversa com Thales Montenegro, revelando a proposta tentadora que ele lhe fizera. — Tem caroço nesse angu —… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Sara Buarque costumava se refugiar na última carteira da fileira próxima à janela, porém, naquele dia, a professora do Jardim pediu que todos se reunissem em grupos de quatro integrantes para uma brincadeira. A mulher fidalga também anunciou os nomes das crianças que seriam as líderes de cada grupo, aquelas que possuíam a maior proporção de cor no cabelo — e que ganhariam balinhas auradas como premiação, com exceção do líder que figurasse na última colocação. E é… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Aos dez anos de idade, as crianças neriquianas deixavam o Jardim de Infância e eram transferidas ou para a escola fidalga ou para a escola vulgar, conforme a casta à qual pertenciam. Sara Buarque foi matriculada em uma escola vulgar. No primeiro dia de aula, quase não saiu da cama. A ideia de estudar entre as crianças da casta inferior lhe parecia insuportável. Foi dona Helena, com palavras acalentadoras, quem a convenceu a se levantar e enfrentar aquela nova realidade. Sara pegou seu uniforme —… 41,7 K Palavras • Hiatus

por Luiz Fernando Teodosio — Num cair da tarde, Sara descia a longa escadaria que conduzia ao subterrâneo de sua casa, equilibrando com cuidado uma bandeja com duas xícaras, um bule de café e um potinho de açúcar. Lá embaixo, percorreu um corredor estreito de paredes brancas até se deparar com uma porta dupla de ferro entreaberta. Usando o ombro e as costas, empurrou uma das faces pesadas, somente o bastante para conseguir passar. Adentrou um salão espaçoso e de teto alto, construído com blocos de pedra e colunas quadradas… 41,7 K Palavras • Hiatus