279 Resultados na categoria ‘A Eternidade de Ana’
— Caralho, tá realmente intacto. Não era exagero. Em volta, Leviathan exibia a ferrugem com orgulho e a miséria sem pudor, mas ali, a biblioteca parecia recém-saída de um sonho meticuloso. O bloco ocupava meia quadra, com base octogonal e três andares que subiam em degraus, cada platô coroado por janelas em arco e vitrais limpos demais para aquela vizinhança. A pedra — basalto escuro polido — ainda guardava brilho, e as junções, um rejunte de liga esverdeada, não mostravam a menor…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 220 - Caipiras
— O Canto da Sereia ainda tá aqui… Podem ser uns filhos da puta, mas pelo menos cuidam das tradições. A frase saiu baixa, quase perdida entre os ecos da sirene que, mesmo anos depois do colapso, ainda berrava pontualmente às dezoito horas como uma lembrança teimosa do que já foi rotina. Aquele som metálico, meio desafinado, agora era o único traço de civilização que insistia em sobreviver — uma serenata para fantasmas de um mundo muito menos caótico. E Sérgio, como um dos poucos que…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 240 - Versos Carmesins
— Agrupar! A ordem de Ana veio antes do primeiro verbo assentar. Alex deslizou à esquerda com o calor subindo cada vez mais. Miguel quebrou o pelotão em três blocos e encaixou cada um no lugar sem desperdiçar um segundo sequer. Os murmúrios do bibliotecário ficaram mais rápidos. Traços borrados da sua pele começaram a se iluminar e os dez livros nas correntes perderam o peso, subindo tecnicamente antes de orbitá-lo em elipses caprichosas com páginas virando como se…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 221 - Copo Nunca Vazio
— Era pra ser aqui… — Nem fodendo. — Você devia melhorar essa boca suja. — Ah sim, por que você nunca fala merda, né? Lúcia cruzou os braços com uma lentidão proposital, o tipo de movimento que serve tanto para refletir quanto para irritar quem está do lado. Pressionou a porta descascada com a bota, sentindo a madeira ceder com um gemido que sugeria melhores dias há muito passados. — Eu não vou entrar numa construção condenada. É burrice. Pedir pra morrer à…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 230 - Cinco Pontos
Música. Doce, afinada… inconveniente. Havia algo de errado ali, Jasmim jurava já estar boa em prever essas coisas. Agachada entre as copas deformadas de uma árvore caída, sentiu a melodia como se fosse uma lâmina correndo pela espinha, gentil demais para machucar, mas afiada o bastante para deixar um recado. “Recupere a Coleção.” A voz seca a liberou do torpor inicial, como se tivesse sido cuspida direto do centro do seu crânio. Parecia ser só mais uma entre tantas, mas aquela…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 241 - Spes
O povo da baleia parou. Olhos antes febris agora se voltavam, um a um, para a pilha de corpos. Ninguém falou ou sequer respirou alto. Apenas ouviram. Notas. Simples, espaçadas, mas definitivas como sentenças. Uma melodia que parecia antiga, mas sem lugar em memória alguma. Apesar do silêncio contemplativo, tudo vibrava — poeira, prédios, ossos. Era como se o mundo estivesse escutando também. Brayner reagiu primeiro. A coluna enrijeceu. Os dedos tremeram de leve. O monóculo rodou…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 223 - Cala a Boca
“Criatura Lumbricidae detectada. Abdômen vulnerável. Intensidade da força necessária: três vezes a média muscular registrada. Risco de dispersão ácida: moderado. Sugestão de ataque: perfuração diagonal de baixo para cima.” A voz do sistema ecoou como sempre: educada, precisa, irritantemente animada. — Cala a boca. Já disse que não vou lutar contra uma coisa dessas. “Cala a boca”. A frase já havia se tornado um mantra para Jasmim, mas o sistema tinha a mesma…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 231 - Transplante
— Será que nascem de novo se eu cortar? A pergunta ficou no ar, e Ana não esperou resposta. O incômodo não era filosófico, era logístico: a falta de uma mesa decente para alguém com braços nas costas. Resolveu do jeito que resolve quase tudo — com uma gambiarra competente. Empurrou duas mesas, encaixou duas tábuas, abriu um vão no meio e deitou Niala ali, os quatro braços pendendo pelo buraco. Feio, mas funcional. Ao lado, em outra mesa, o corpo de Calico Jack insistia em existir pelo…- 480,1 K • Ongoing
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Capítulo 242 - É só carne
O sangue cascateava. A cada batida do coração por pouco não destruído, um jato quente escapava pelo buraco aberto no peito. Ana pressionou a palma sobre a ferida novamente, mas a mão só afundou mais. A pele rasgada cedeu sob os dedos, mole e quente como uma fruta passada. “Fecha… fecha, porra, FECHA!” A manifestação veio trêmula, uma camada de mana negra instável que devia se solidificar — mas se dissolvia no ar, espirrando fagulhas inúteis. O fluxo se partia, tremia, se…- 480,1 K • Ongoing
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