Capítulo 233 – Cristal
Enquanto Abel se aproximava da cova dos macacos, ficou maravilhado com a bela paisagem à sua frente. Havia um grande lago, tão claro que ele podia ver as pedras no fundo. Ao redor do lago, várias árvores grandes se curvavam de tal forma que seus galhos tocavam a água, parecendo fazer parte do próprio lago. Até o ar ali era diferente, refrescante. Abel não queria perturbar o ambiente, então instruiu o Vento Negro a andar com leveza.
Havia uma pedra gigante ao lado do lago. Com alguns pelos espalhados por ela, Abel tinha certeza de que ali era a morada dos macacos lume. Enquanto se aproximava, sentiu uma forte pressão, uma aura de imponência que emanava do local. Vento Negro caiu no chão ao sentir essa presença.
Mal conseguia se manter em pé diante de uma criatura superior, o que o irritou profundamente. Afinal, além de seu próprio mestre, ninguém faria uma besta divina como ele se curvar.
Abel tentou se acalmar. Por mais avassaladora que fosse aquela pressão, ele não conseguia sentir nenhuma má intenção nela. Qualquer que fosse a fonte daquela aura, provavelmente só queria afirmar sua autoridade. Abel saltou das costas do Vento Negro e avançou lentamente. O QI dourado de combate o cercava, formando uma armadura dourada que brilhava intensamente. Ele podia sentir um certo peso ao andar, mas isso o deixava confiante.
À medida que Abel se aproximava da fonte da pressão, o ar ao seu redor ficava mais tenso. Com a armadura dourada de QI de combate, ele conseguiu manter o equilíbrio. A cova dos macacos de fogo de gelo estava bem diante dele, e era de lá que vinha a pressão imponente. Como não sentia nada perigoso, Abel deduziu que não havia nada que pudesse ameaçar sua vida dentro da cova. Por isso, continuou em frente. Quando viu que a cova estava vazia, percebeu que a fonte daquela pressão imponente era algum tipo de tesouro valioso.
A entrada da toca estava bloqueada por alguns arbustos. Entre eles, Abel avistou um cristal brilhante do tamanho de um punho. Quando tentou agarrá-lo, gelo começou a se formar em suas mãos. Talvez fosse o núcleo de cristal de algum tipo de animal.
Sem perder muito tempo examinando o cristal, o envolveu com seu poder espiritual e o jogou em sua caixa de armazenamento. Depois de verificar a toca novamente, subiu nas costas do Vento Negro.
Na entrada do vale, o irmão mais velho de Borton estava cuidadosamente cortando o crânio do macaco lume, tentando extrair o núcleo de cristal sem danificá-lo. Após conseguir, ele pegou o cristal macio e foi até Bernie.
“Mestre, este é um núcleo de cristal intermediário! Sua vida pode ser salva com isso!”
Os olhos do irmão mais velho de Borton estavam vermelhos de emoção. Afinal, muito esforço foi feito para encontrar esse núcleo. O Mago Aitken tirou uma garrafa de cristal de sua bolsa espacial. Quando a entregou a Bernie, este inseriu lentamente o núcleo de cristal. Já havia algum remédio dentro, e com o núcleo de cristal de um macaco lume, Bernie poderia obter a cura que estava procurando há tanto tempo.
Após agitar a garrafa de cristal, Bernie começou a beber o líquido. Logo, vapor começou a sair de seu corpo. Isso durou um tempo, até que ele começou a espirrar, sentindo como se todos os fardos tivessem sido removidos de seu corpo.
“Funcionou?” perguntou Borton.
“Sim, funcionou! Funcionou!” Bernie riu. De repente, um rugido vindo do vale perturbou os anões. Mais macacos de lume de gelo estavam chegando, e eles precisavam sair o mais rápido possível.
“Leve o Mestre Bernie, Mago Aitken! Saia deste lugar!” Borton gritou enquanto levantava o escudo e a espada.
“Vamos juntos, Borton! Não há como você ganhar contra isso!” Bernie ordenou. Ninguém estava confiante em enfrentar os macacos. Todos estavam exaustos. Os irmãos Borton e a águia dourada já tinham usado suas técnicas secretas, e levaria um dia inteiro para reabastecerem suas energias.
O Mago Aitken quase não tinha mana sobrando. Mesmo se todos estivessem em suas melhores condições, ainda não teriam chance contra os macacos de fogo de gelo.
“Apresse-se, senhor! Apenas vá! Por favor!” Borton gritou ansiosamente.
“Você me conhece! Eu não vou sem todos vocês!” Bernie sorriu.
“Muito bem, então, Senhor Bernie. Vou tentar o meu melhor para prede-lo,” disse o Mago Aitken.
Todos ficaram ali, aguardando a chegada dos macaco lume de fogo. O Mago Aitken sentou-se no chão, pegou uma poção e bebeu uma garrafa inteira. Logo, seu rosto começou a ficar vermelho de uma forma muito bizarra. Metade da mana do Mago Aitken foi imediatamente recuperada, mas ele não estava feliz com isso. A poção que bebeu era uma droga especial. Quando a batalha terminasse, teria que esperar um mês inteiro antes de poder se mover novamente.
Os anões ficaram com muito medo quando viram o macaco lume. Este parecia mais forte do que o anterior. Era muito mais alto e musculoso. Seria extremamente difícil deter uma criatura como esta.
O macaco ficou furioso ao ver o corpo de seu parceiro. Quando gritou, foi como se um trovão atingisse a terra. Ao pisar no círculo da corrente de raios, o Mago Aitken ativou o círculo, prendendo-o no local. O macaco lutou para se libertar, e o rosto do mago Aitken ficou pálido.
Cada movimento do macaco afetava o mago, como se sua cabeça estivesse sendo atingida por um martelo gigante. Em apenas dois minutos, antes mesmo que os anões conseguissem quebrar a defesa do macaco, o Mago Aitken já havia perdido a consciência. Ele cuspiu um pouco de sangue e caiu no chão.
Sem a sustentação do mago, o círculo de relâmpagos não conseguiu mais prender o macaco. Agora livre, o macaco rugiu para os anões, uma grande bola de fogo nas mãos.
Os anões sentiram vontade de desistir, mas antes que o macaco pudesse balançar o braço, algo o impediu. Como se tivesse sentido algo, o macaco olhou em outra direção. Começou a gritar e correu de volta para o vale.
“Acho que não podemos pagar o que devemos a Mestre Abel”, disse Bernie com um sorriso amargo. Borton riu.
“Isso não é grande coisa, senhor! Se ele precisar de nós, lutaremos por ele com nossas vidas!”
“Senhor Bernie, vamos! Não é seguro aqui!”, avisou o Cavaleiro da Águia Dourada.
“Você está certo”, Bernie acenou com as mãos. “Vamos descansar um pouco no acampamento.”
Abel já estava sobre as costas de Nuvem Branca. Ainda podia ouvir o som ensurdecedor do macaco de fogo de gelo vindo de baixo, o que indicava a importância do núcleo de cristal. Isso só o deixou ainda mais curioso sobre o que aquele núcleo poderia fazer.
Logo, Nuvem Branca levou Abel de volta ao acampamento. Alguns dos anões ainda não haviam retornado, e embora estivesse preocupado com eles, sabia que não poderia fazer muito para ajudá-los. Curiosamente, ele já os ajudou novamente sem nem saber. Ao roubar o núcleo de cristal, impediu o macaco de matar os anões.