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    A parte mais difícil de selar uma runa era lidar com a solução metálica. Se Abel fosse lento demais, a solução esfriaria e solidificaria, tornando impossível desenhar com ela. Além disso, qualquer erro durante o processo de desenho significaria que todo o material usado seria desperdiçado.

    Como Abel estava desenhando com a solução de tom dourado claro, ele precisou intensificar sua concentração, utilizando tanto sua mana quanto o poder espiritual. Para adicionar um novo atributo ao bastão mágico, era necessário transformar a haste de metal em algo que pudesse transferir mana. Esse era o segredo para criar um bastão mágico.

    Ao começar o primeiro traço, uma linha prateada surgiu exatamente onde o pincel tocava o bastão. Ele era ágil. Graças à sua experiência em desenhar runas, não hesitou em continuar movendo o pincel com firmeza. Aos poucos, mais e mais padrões rúnicos começaram a se formar, cobrindo o bastão de ponta a ponta.

    Quando Abel terminou o último traço, uma luz dourada brilhou intensamente no ponto onde o pincel parou. Felizmente, a luz não desapareceu imediatamente, o que seria um indicativo de falha no processo.

    Abel consumiu várias poções da alma para realizar isso. Ele não estava apenas focado em desenhar os padrões rúnicos com precisão. Ao entrar no estado de estimulação mental proporcionado pela poção, conseguiu combinar seus conhecimentos prévios com algumas das novas descobertas que havia feito.

    Um exemplo disso era o suporte na ponta de seu bastão mágico. Essa era sua mais recente invenção, projetada para aumentar a capacidade total de mana do bastão. Se seguisse as instruções originais do livro “Uma Introdução à Fabricação de Bastões Mágicos”, poderia usar o bastão apenas três vezes por dia. No entanto, com a adição de um espaço extra para encaixar uma pedra preciosa, ele poderia lançar o mesmo feitiço muitas e muitas vezes.

    Era hora de adicionar uma fonte de energia à runa mágica selada. Para isso, Abel decidiu usar uma fina pedra primorosa vermelha retirada de sua bolsa espiritual. Pedras vermelhas eram usadas principalmente para feitiços do elemento fogo. A píton de pedra negra pertencia tanto à classe do fogo quanto à do veneno, mas, como estava mais alinhada ao elemento fogo, ele optou pelo caminho mais seguro.

    Ao encaixar a pedra vermelha no suporte, Abel notou que o espaço não estava tão justo quanto deveria. Ele precisou aplicar um pouco de força para que a pedra se ajustasse, o que não era, exatamente, a melhor forma de lidar com uma gema tão valiosa. Claro, ele sabia disso. Existiam diversas outras maneiras de ajustar a pedra com mais cuidado, mas ele não queria correr o risco de que fragmentos de suas gemas sintetizadas fossem coletados por outra pessoa.

    Diferentemente da maioria dos bastões mágicos com armadilhas de alma, este parecia ser alimentado por um núcleo de cristal. Sim, com uma pedra tão grande e brilhante, qualquer um pensaria que o bastão era energizado por um núcleo de cristal.

    Agora restava apenas o passo final: colocar a alma de uma besta espiritual dentro do bastão. Abel retirou a garrafa de cristal que continha a alma da píton de pedra negra. Diferente das almas das criaturas infernais, ele não podia enxergar o espírito da píton com os olhos. Precisava sentir sua presença através do poder espiritual.

    Quando abriu a garrafa de cristal, Abel capturou o espírito da píton e o posicionou dentro do padrão rúnico desenhado. Assim que isso aconteceu, a runa mágica começou a brilhar intensamente, absorvendo a alma da píton até que as duas se fundiram em uma única entidade.

    Enquanto isso, Abel entoava antigos encantamentos anões. Com isso, conseguiu manter a alma da píton presa dentro do bastão. Era como um dispositivo de proteção, impedindo que o espírito escapasse, mesmo com os gritos de desespero que ecoavam em sua essência. O corpo físico da criatura estava morto, sim, mas sua alma lamentava profundamente com a ideia de ser escravizada por aquele que a havia derrotado.

    Abel precisava ser cuidadoso ao ativar a runa. Se aplicasse força demais, acabaria enfraquecendo a alma da píton, o que reduziria o poder do bastão mágico. Por outro lado, se não domasse a píton, todo o processo de criação resultaria em fracasso. O equilíbrio precisava ser perfeito. Apesar de todos os desafios que enfrentou até ali, ainda restava mais um passo.

    Naquele momento, Abel teve uma ideia. Para verificar o estado da píton, decidiu ativar sua habilidade de orador de almas ao trocar para seu espírito druida. Quando o fez, começou a ter uma noção mais clara de como estava lidando com o aprisionamento da píton.

    Eventualmente, a píton começou a resistir menos. Aos poucos, cedeu. E, surpreendentemente, parecia até confortável em estar aprisionada. Era a primeira vez que Abel fazia algo assim. Na verdade, jamais imaginou que poderia usar sua habilidade de druida dessa maneira.

    Quando o último vestígio de ferocidade da píton desapareceu, Abel decidiu encerrar o processo de aprisionamento. A alma já estava completamente integrada ao bastão, e não havia mais necessidade de forçar nada. Como prova disso, o bastão mágico começou a emitir um brilho branco.

    Abel deveria estar feliz, mas, na verdade, essa era a parte em que ficava mais ansioso. Agora que a alma da píton estava vinculada ao bastão, não cabia mais a ele decidir o resultado final. Era como disparar uma flecha: você podia praticar e se preparar, mas, no fim, a flecha precisava voar por conta própria.

    Depois de se expandir por um instante, a luz branca começou a se retrair. Abel chegou até a ouvir o som alto de um silvo de cobra. Logo, a imagem da píton começou a se formar no bastão mágico.

    Foi um sucesso. O bastão mágico estava pronto. Agora, restava apenas uma última tarefa: gravar seu nome nele.

    Bastão de Chamas Negras (criado por Abel)

    Descrição: Pode ativar a habilidade Chama Infernal de nível 12 até 10 vezes por dia, concede um bônus de +50% de dano contra criaturas mortas-vivas.

    A descrição dos atributos do bastão era bem diferente das habilidades naturais da píton de pedra negra. Abel começou a entender melhor como funcionava a criação de bastões mágicos. Diferente da píton, este bastão mágico não possuía atributos relacionados a venenos. Além disso, se não fosse pela pedra preciosa de qualidade extra que ele utilizou, o bastão só poderia ser usado três vezes ao dia.

    O bastão era mais como uma arma secreta, algo reservado para situações em que as coisas ficassem realmente complicadas.

    Em outras palavras, este Bastão das Chamas Negras era quase inútil para Abel. Se ele fosse usá-lo no Mundo Sombrio, seria apenas em uma batalha contra um chefe. Afinal, era um item limitado a 10 usos por dia. Além disso, ele precisava consumir 14 pontos de mana por segundo para ativá-lo, o que era um gasto significativo, mesmo para ele. Hmmm… Talvez fosse mais útil no Continente Sagrado, que era muito mais pacífico do que o Mundo Sombrio.

    Abel nunca havia aprendido o feitiço Chama Infernais. Se tivesse, ele só precisaria gastar 7 pontos de mana por segundo para ativar o bastão, em vez de 14. O pior era que a Chama Infernal não era um feitiço de ativação única, ou seja, ele precisava continuar fornecendo mana constantemente enquanto o feitiço estivesse ativo.

    Isso significava um consumo de 14 pontos de mana por segundo. Abel tinha um total de 600 pontos de mana, o que era uma quantidade considerável, mas claramente insuficiente para sustentar o feitiço por muito tempo. Por outro lado, havia um ponto positivo: uma Chama Infernal de nível 12 podia causar entre 118 e 132 pontos de dano de fogo. Para comparação, uma Bola de Fogo de nível 13 causava apenas de 23 a 31 pontos de dano de fogo. Assim, dava para entender por que um feitiço tão caro ainda valia a pena ser usado em determinadas situações.

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