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    Abel decidiu analisar o colar do Príncipe Adolf. Era uma peça de ouro violeta com uma pedra preciosa azul incrustada. Ao escaneá-la com seu poder espiritual, ele percebeu que se tratava de um item mágico extraordinário.

    Quem criou esse colar foi bastante meticuloso. Ao examiná-lo, Abel identificou várias informações gravadas, como o nome do criador, as instruções de uso e alguns avisos sobre precauções ao utilizá-lo.

    O nome da peça era Colar de Proteção do Dragão De Gelo. Sua habilidade era passiva, algo raro e valioso. Não era necessário ativá-lo manualmente; ele se ativava automaticamente ao cumprir certas condições. Em outras palavras, podia proteger a vida do portador mesmo que ele estivesse, por exemplo, dormindo.

    Para que o colar fosse ativado, duas condições poderiam ser atendidas: ou a “velocidade” ou a “pressão” experimentadas pelo portador se tornassem “prejudiciais” à sua segurança, ou houvesse uma queda nos pontos de vida do usuário. Além de criar uma barreira protetora poderosa, ele podia lançar um contra-ataque de gelo que congelava quem atacasse seu portador.

    Naturalmente, algo tão poderoso tinha um certo “limite”. O colar só podia ser usado três vezes ao dia. Ainda assim, isso era mais do que suficiente para lidar com a maioria das situações que Abel poderia enfrentar.

    Abel relembrou o momento em que matou o Príncipe Adolf. Quando cravou o Jade Tan Do no corpo de Adolf, ele se recordou da barreira protetora que bloqueava sua lâmina. Provavelmente, era esse colar que havia ativado a proteção. Se o Jade Tan Do não estivesse envenenado, talvez o Príncipe Adolf tivesse tido a chance de contra-atacar.

    Felizmente para Abel, o Jade Tan Do possuía o atributo de Imunidade ao Congelamento. Sem isso, ele provavelmente estaria morto agora. A barreira do colar, tecnicamente, poderia congelá-lo sem lhe dar qualquer chance de escapar.

    Após examinar o colar de proteção do dragão de gelo mais algumas vezes, Abel teve certeza de que era seguro usá-lo. Por precaução, decidiu coloca-lo por baixo de todas as roupas, diretamente em contato com sua pele. Afinal, era uma ferramenta para salvar sua vida, algo que ele não podia deixar seus inimigos descobrirem. Não havia muito com o que se preocupar após sua ativação; a maioria das pessoas sequer sabia o que era um colar de proteção do dragão de gelo.

    Quanto ao cinto, era uma item luxuosa, adornada com três gemas únicas incrustadas. Como Mestre Ferreiro, Abel tinha amplo conhecimento sobre gemas. Não precisou mais do que uma breve olhada para reconhecer o que elas eram.

    A primeira pedra era a gema antipoeira. Sua função era repelir qualquer poeira ou pó do corpo do portador, algo útil em combate, especialmente contra inimigos que usassem pós venenosos como arma.

    A segunda pedra era a gema da Luz Sagrada. Apesar do nome, ela não tinha relação direta com a Luz Sagrada religiosa, mas possuía propriedades similares: afastava fantasmas e ataques espirituais. Se algum fantasma tentasse possuir Abel, essa pedra causaria sérios danos assim que ele tentasse entrar em seu corpo.

    A terceira era a gema impermeável, cuja função, como o próprio nome sugeria, era proteger o portador contra qualquer forma de contato com a água.

    Essas três gemas eram valiosas e muito conhecidas no círculo dos ferreiros. Raras e altamente práticas, elas eram indispensáveis em combates de alto nível. Quanto ao cinto que as continha, apesar de sua aparência luxuosa e seu valor histórico, ele não tinha mana e, para Abel, não tinha utilidade.

    Após remover as gemas, Abel decidiu descartar o cinto, mas já planejava como aproveitar suas descobertas. Assim que seu corpo parasse de crescer, ele usaria todo o seu conhecimento e habilidade para forjar uma armadura personalizada, onde essas gemas seriam integradas.

    Na verdade, ele nem precisava esperar tanto. Se conseguisse dominar as técnicas de forja do mundo Sombrio, poderia criar uma armadura agora mesmo. Diferente das armaduras comuns, aquelas do mundo das trevas eram projetadas para se ajustar automaticamente ao tamanho do corpo do portador. Assim, independentemente de como seu corpo mudasse, a armadura sempre serviria perfeitamente.

    Quando Abel pegou as três gemas preciosas para si mesmo, ele viu que havia alguns cartões de sinal no cinto. Havia um cartão de identidade e um cartão de controle para um grande círculo defensivo do tamanho de uma cidade. Também tinha conhecimento de outras gemas similares, mas nenhuma tão útil quanto essas. Como todos esses cartões eram rotulados com a identidade de seu dono, ele poderia colocá-los em sua bolsa de portal.

    Abel não tinha utilidade para aqueles cartões de sinal. Se tentasse fazer algo com eles, qualquer pessoa atrás dele saberia onde estava.

    Por fim, havia uma bolsa de portal. Quando Abel examinou seu interior com seu poder espiritual, percebeu que ela era pelo menos cinco vezes maior do que uma bolsa de portal comum. Era algo impressionante, difícil de superar. Apenas o bracelete espiritual chegava perto de uma bolsa de portal desse nível.

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    Dentro da bolsa, havia cem cartões semelhantes ao cartão de ouro mágico. Todos estavam organizados de maneira ordenada, cada um com um número. Quando Abel pegou um deles, percebeu que havia um milhão de moedas de ouro em seu interior. Algo chamou sua atenção: o cartão era feito do mesmo material que o cartão de ouro mágico que ele já possuía.

    Embora Abel não soubesse como funcionava o sistema financeiro no Continente Sagrado, o valor naquele cartão era grande demais para ser ignorado. Decidiu então correr o risco e transferir o montante para o seu próprio cartão.

    Ele possuía dois cartões de ouro mágico, um para sua forma humana e outro para a élfica. Após transferir a maior parte do dinheiro para o cartão élfico, restaram apenas dez mil moedas de ouro no cartão humano. Ao conectar o cartão humano ao que acabou de pegar, sua conta agora somava um milhão e dez mil moedas de ouro.

    O cartão do Príncipe Adolf era como um cartão bancário anônimo, sem senha. Era fácil perceber isso, já que não havia nada impedindo Abel de retirar todo o valor do cartão. Ao contrário dos verdadeiros cartões de ouro mágico, este não exigia verificação de identidade ou qualquer tipo de segurança. Abel poderia retirar o dinheiro sem nenhum bloqueio.

    Era a primeira vez que Abel via algo tão (preocupantemente) conveniente. Na verdade, aqueles cartões eram usados para lidar com transações ilegítimas feitas na Cidade de Jochberg. Eles eram destinados aos clientes super VIP da União Continental de Comércio, algo do qual Abel não deveria ter conhecimento.

    Se havia um milhão de moedas de ouro em um único cartão, e havia cerca de cem cartões dentro daquela bolsa de portal… isso significava cem milhões! Abel não era exatamente obcecado por dinheiro, mas ao calcular esse número, ele sentiu um arrepio. Quando ele escaneou a bolsa de portal novamente, percebeu que todos os cartões tinham o mesmo valor. O total era mesmo de cem milhões. Não havia dúvidas quanto a isso.

    Talvez fosse por isso que o Grão-Duque Francisco estava tão certo de que foi Arvid quem matou seu filho. Talvez, em algum momento, o Príncipe Adolf tenha revelado essa riqueza para Arvid. Se fosse esse o caso, o velho assassino teria todos os motivos necessários para cometer o assassinato. Abel sabia que isso não era verdade, mas a história agora parecia muito convincente.

    Ao invés de transferir mais moedas de ouro para sua própria conta, Abel transferiu o milhão de moedas de volta para o cartão do Príncipe Adolf. Depois disso, ele colocou todos os cartões anônimos de ouro mágico em sua bolsa espiritual do rei orc. Esse era o único lugar seguro que ele conseguia pensar naquele momento. Se quisesse usar todo esse dinheiro no futuro, agora não era a hora de fazer nada além de guardá-lo.

    Além dos cartões anônimos de ouro mágico, havia também um traje de corte verde escuro. Só de olhar para ele, Abel soube que não poderia usá-lo. Esse traje de corte era chamado de Traje Encantado do Vento, algo muito icônico entre os elfos. Não só aumentava os efeitos de feitiços do elemento vento, mas também podia lançar o feitiço Proteção Ciclônica para proteger quem o usasse de danos.

    Os feitiços druidicos eram bons à sua maneira, mas eram muito menos práticos e poderosos do que os feitiços de mago. Dito isso, se Abel fosse se fortalecer com equipamentos do tipo druida, preferiria ser seletivo e escolher algo bom que não pudesse ser substituído. O traje encantado do vento não era o que ele queria, nesse caso. Além disso, era um item lendário élfico, algo tão famoso que não poderia ser usado em público.

    Itens mágicos lendários não eram lendários apenas pela qualidade. Eles também precisavam ter uma longa história. Talvez estivessem associados a figuras históricas, guerreiros que foram bons o suficiente para serem lembrados por várias gerações. Esse traje de corte era um desses casos. Sua reputação oferecia mais do que sua praticidade.

    Abel balançou a cabeça. Novamente, havia apenas um lugar para esse traje de corte, e esse lugar era a sua bolsa espiritual do rei orc. O mesmo valia para os arcos antigos e a espada longa élfica que ele encontrou. Não eram armas ruins, mas não eram boas o suficiente para seus futuros adversários. Era melhor que todos fossem para sua coleção pessoal.

    Nem todos os itens eram uma decepção, no entanto. Os pergaminhos eram, na verdade, bastante úteis. Havia cinco pergaminhos de feitiço vulcão, dois de teleporte e quinze outros pergaminhos de feitiços intermediários.

    A Cidade de Jochberg era, de fato, um lugar abençoado com riqueza. Quanto mais Abel examinava os pergaminhos, mais ficava assustado com o que poderia acontecer se ele não tivesse matado Adolf logo. Felizmente, ele havia mirado na vértebra de Adolf naquele momento. Decidiu imobilizá-lo logo no começo, o que o salvou de ter que lutar uma batalha devastadora.

    1. Na vdd o nome é bracelete de portal, mas como eu acho estranho, eu deixo espiritual, assim como a bolsa de portal, só q as vezes eu acabo variando haha[]

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