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    Abel havia passado três dias no Vale Lila; durante o dia, praticava sua técnica de combate de cavaleiro dentro do vale. À noite, voltava ao mundo sombrio para eliminar todas as criaturas infernais no Pântano Negro. Com a ajuda de Chama Voadora, não levava muito tempo para exterminar os monstros que encontrava.

    Chama Voadora estava tendo mais oportunidades de lutar, e queria muito se exibir. Abel ficava satisfeito com isso, já que quanto mais ele usava a mesma técnica, melhor controle teria sobre suas próprias habilidades.

    Havia cem monstros do tipo bestial à frente deles. Tinham o formato de gorilas gigantes, com músculos assustadoramente poderosos. Na verdade, eram uma das criaturas infernais mais musculosas e ágeis que existiam.

    Chama Voadora sabia disso. Por isso estava tão alto no céu. Sabia que o rugido de um dragão não surtiria muito efeito contra aquelas criaturas, mas, por hábito, ainda assim rugiu por bons dois segundos. Quando voou em direção a elas, os monstros apenas uivaram de volta, pois não podiam fazer mais nada.

    Ao invés de descer para um combate corpo a corpo, Chama Voadora fez algo bem mais simples: lançou uma bola de chama branca. Em questão de segundos, todas as criaturas num raio de dez metros foram incineradas até virar cinzas.

    Essa era a nova habilidade de Chama Voadora. Ao lançar uma bola de fogo comprimida contra seu alvo, ela conseguia desencadear um ataque em área com raio de dez metros. A bola de fogo explodia ao tocar o chão, e isso quase sempre garantia a morte instantânea do que quer que fosse atingido. Bom, pelo menos no caso de um grupo de criaturas infernais.

    Chama Voadora nasceu para cuspir fogo. Podia usar essa habilidade cerca de dez vezes antes de precisar descansar. Beber poções de alma não aumentava esse número, mas ampliava o alcance do ataque e sua durabilidade. Quanto mais tempo conseguisse continuar lançando chamas, mais dano poderia causar aos inimigos.

    Quando Abel avançou para o campo de batalha com suas criaturas, o número de monstros infernais foi dizimado. Chama Voadora cuidava da grande maioria deles, então tudo que ele precisava fazer era uma “limpeza” rápida. A partir de agora, seria assim. Ele economizaria muito tempo sem ter que eliminar todas as criaturas infernais sozinho.

    “O que é aquilo?”

    Quando Abel exterminou a última criatura infernal, viu uma construção abandonada na planície à sua frente. Ao caminhar até lá, descobriu que era uma construção quadrada feita inteiramente de pedras gigantes.

    Seja qual fosse o poder que destruiu aquele prédio, devia ter sido devastador. Tudo o que restava eram paredes e estruturas quebradas. Provavelmente era a Torre Esquecida, onde a Condessa costumava morar.

    Abel ordenou ao ver a entrada à sua frente:

    “Fique do lado de fora Chama Voadora!”

    Chama Voadora era grande o suficiente para passar pela entrada, mas não era muito bom em andar com suas duas patas, então não teve escolha a não ser voar até o topo da Torre Esquecida. Por mais decepcionada que estivesse consigo mesmo, conhecia bem suas obrigações e permaneceu como sentinela.

    Ao invés de entrar na torre imediatamente, Abel decidiu enviar seus cinco cavaleiros espirituais guardiões primeiro. Foi a decisão certa. Logo, começou a ouvir sons de batalha vindos do interior. Quando entrou com o restante de suas criaturas invocadas, viu que os cavaleiros espirituais estavam enfrentando cinco grandes feras.

    Cinco cavaleiros espirituais contra cinco grandes feras, todos lutando até a morte em um espaço bem apertado. Os cavaleiros empunhavam lanças com efeito de choque, então mesmo sem poder usar habilidades, conseguiam se proteger razoavelmente bem dos ataques das feras.

    Quando as feras eram arremessadas contra as paredes, os cavaleiros espirituais as prendiam no chão com suas lanças. Sempre que os monstros tentavam se mover, o efeito de choque das lanças os paralisava completamente. Depois disso, seus pontos de vida eram drenados pela energia da morte e pelos ataques subsequentes.

    Abel não precisou fazer muito. O resultado da luta já era previsível desde o início. Com um simples aceno de mão, ele tirou a vida das cinco feras com seu feitiço de raio.

    Agora, ele estava preocupado com a possibilidade de sua videira venenosa não conseguir se mover sob o piso de pedra, mas não precisava se preocupar. A videira era a criatura invocada de baixo nível mais forte dos druidas. Mesmo em um lugar como aquele, ele ainda conseguia vê-la surgindo do chão de vez em quando.

    Ao observar melhor o lugar, percebeu que tudo ali havia sido queimado antes: o chão, as paredes e o teto estavam todos enegrecidos pelo carvão. Todos os móveis e decorações tinham sido destruídos pelo fogo. Só restavam pedaços de carvão grudados nas paredes.

    Por conta do que aconteceu ali, a entrada secreta escondida no canto acabou ficando mais visível. Era uma passagem para a masmorra subterrânea. A luz era fraca, o que tornava o poço escuro ainda mais assustador.

    Para enxergar melhor, Abel pegou uma pérola noturna de sua bolsa espiritual. Depois de colocá-la no ombro, começou a procurar uma escada pela qual pudesse descer.

    Mais uma vez, enviou seus cinco cavaleiros espirituais primeiro. Como não precisavam de escadas, eles desapareceram e reapareceram na masmorra. Quando Abel tentou sentir a presença deles, percebeu que não ouvia nenhum som de batalha. Foi assim que soube que era seguro descer.

    Abel ainda estava montado em Vento Negro. Com suas grandes patas pisando nas escadas rangentes, eles desceram lentamente rumo à masmorra. No caminho, viu uma pequena sala iluminada pela pérola noturna. Ele imaginou que devia ser onde os guardas da masmorra costumavam viver, e teve certeza disso ao espiar o interior.

    Não havia muito para se ver. Havia alguns cadáveres apodrecidos no chão e algumas ferramentas de madeira quebradas cujo propósito ele não conseguia identificar. O ar estava relativamente limpo. Quem projetou aquele lugar claramente se preocupou com a ventilação.

    No canto da sala dos guardas da masmorra, havia uma passagem que levava ainda mais fundo. Havia uma porta de ferro no caminho, mas tudo, exceto suas bordas, já havia sido corroído. Com um simples comando, Abel ordenou que seus cinco cavaleiros espirituais avançassem.

    E assim eles fizeram. Depois, ele e o restante de suas criaturas invocadas seguiram pela passagem também. Não era um corredor longo. Na verdade, parecia mais uma escadaria de pedra que descia. Depois de descer cerca de cinquenta degraus, ele começou a ver uma fileira de lanternas à sua frente.

    Eram lanternas de longa duração. Essas lanternas eram feitas com um óleo especial que só podia ser produzido com alquimia. Embora sua luz não fosse muito forte, podiam durar muitos e muitos anos sem se apagar. Como as que Abel via naquele momento, algumas acendiam automaticamente quando alguém se aproximava.

    Lanternas de longa duração eram usadas em túmulos de grandes famílias. Saber disso só tornava tudo ainda mais sinistro para Abel. Ele podia tornar o ambiente mais visível com sua pérola noturna, mas como o lugar era muito grande, ainda havia áreas que ele não conseguia enxergar completamente.

    Quando seus olhos se acostumaram melhor com a escuridão, começou a notar quatro barris de madeira à sua frente, pareciam novos. Claramente estavam ali há muito tempo, mas não apresentavam nenhum sinal de dano.

    Que tipo de coisa haveria dentro deles? Abel não queria descobrir por conta própria. Ainda se lembrava das vezes em que encontrou barris explosivos no mundo sombrio. Se aqueles fossem realmente explosivos, ele e suas criaturas invocadas sofreriam bastante.

    Como Chama Voadora não estava presente, os cavaleiros espirituais guardiões seriam os que possuíam a defesa mais alta. Além disso, Abel podia aumentar sua resistência ao fogo ativando o modo de aprimoramento elemental. Sendo assim, aqueles esqueletos eram sua opção mais segura para testar o conteúdo dos barris.

    Quando o capitão dos cavaleiros espirituais se aproximou dos quatro barris, não hesitou em abrir um deles com sua lança. Mas não havia nada dentro. Abel ficou aliviado. Se houvesse algo de valor, teria sido destruído naquele instante.

    Depois de receber a ordem para conter sua força, o capitão dos cavaleiros espirituais prosseguiu e abriu o segundo barril com outro golpe. Um rugido furioso ecoou lá de dentro. Era uma criatura infernal, despertada de seu sono.

    Um necrófago faminto se levantou do barril destruído. Após afastar os pedaços de madeira quebrados, suas vestes rasgadas e pele negra como carvão começaram a aparecer. Ele rugiu como se procurasse quem o havia incomodado. Parecia faminto também. Após despertar de um longo sono, estava desesperado para se alimentar.

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