Capítulo 364 - Amuleto 

Provavelmente, o necrófago faminto encontrou Abel pelo cheiro. Com um rápido olhar, ele começou a avançar. Mas Abel não precisou fazer nada, suas criaturas invocadas já estavam rasgando o necrófago em pedaços.

Quando o cavaleiro guardião espiritual retirou sua lança do necrófago morto, ele golpeou o terceiro barril. Assim que o fez, Abel começou a ouvir o som de um item caindo no chão. Era um som nítido, o que indicava que o item devia ser bem pequeno.

Abel pulou rapidamente das costas do Vento Negro. Abaixou-se e começou a procurar o item. Quando o encontrou, viu que era um objeto redondo, quase da mesma cor do chão. Se não tivesse escutado o som da queda, teria levado muito mais tempo para localizá-lo.

Olhando mais de perto, ele percebeu que se tratava de um pequeno amuleto da sorte. Amuletos da sorte eram um tipo especial de item no mundo sombrio. Serviam para conceder bônus de atributos a quem o carregava. E o melhor: funcionavam independentemente de onde estivessem colocados. Ele podia deixá-los dentro da sua bolsa portal que ainda surtiriam efeito. Mais importante ainda, se sua bolsa tivesse espaço suficiente, poderia carregar quantos amuletos quisesse.

Havia uma capacidade de quinhentos metros cúbicos dentro da bolsa espiritual do rei orc. Abel também tinha a pulseira portal, uma bolsa portal de cinco metros cúbicos, além de duas bolsas menores. Espaço não era um problema. Contanto que conseguisse encontrar mais amuletos da sorte, poderia armazená-los facilmente por perto.

Mas não era fácil encontrar um desses amuletos. Abel sabia disso muito bem. Já haviam se passado dias desde que entrara no mundo sombrio.

Ao colocá-lo dentro do seu Cubo Horádrico, apareceu um texto:

Era um bom amuleto da sorte. Abel estava satisfeito com sua sorte naquele dia. Felizmente, não precisaria alterar os atributos do amuleto com seu Cubo Horádrico. Não dava para fazer isso toda vez que encontrasse um que não gostasse.

Por praticidade, decidiu guardar o pequeno amuleto da sorte na pulseira espiritual. Estava com receio de que não funcionasse se fosse armazenado em outra dimensão, mas assim que percebeu seu corpo ficando mais leve, entendeu que esse não era um problema.

A condição era que o amuleto “deveria estar em algum espaço próximo ao seu portador.” Após fazer mais alguns testes, Abel entendeu melhor o que isso significava. Contanto que não fosse algo como sua caixa de armazenamento pessoal ou o Cubo Horádrico, objetos poderosos o suficiente para criar dimensões completamente separadas da realidade, o amuleto funcionaria na maioria de seus itens de armazenamento portal.

Para testar o bônus de velocidade de +3%, ele correu um pouco pela área. +3% podia não parecer muito, mas em batalha isso fazia diferença. A velocidade era a fraqueza dos cavaleiros, afinal, então todo ganho de agilidade era bem-vindo. Quanto aos +5 pontos de mana, só precisaria encontrar mais amuletos como esse para o efeito se tornar realmente significativo.

Ainda restava um barril. O capitão cavaleiro guardião espiritual ergueu a lança para outro golpe. Infelizmente, o último barril era apenas uma armadilha, ao ser aberto, liberou chamas que queimariam qualquer um. Após cercar o capitão cavaleiro guardião espiritual por alguns segundos, o fogo logo se apagou, sem causar dano significativo.

Abel ficou decepcionado, claro. Esperava mais do que apenas um pequeno amuleto da sorte em quatro barris de madeira. Mais uma vez, o mundo sombrio mostrava-se um lugar perigoso.

Depois de montar novamente no Vento Negro, Abel retomou sua exploração. No entanto, Vento Negro estava se comportando de forma estranha. Abel decidiu se comunicar com ele pela corrente espiritual. Ao perguntar o que havia de errado, recebeu como resposta que ele estava mais rápido.

Será possível? Abel não esperava que o amuleto da sorte fosse tão eficaz a ponto de buffar até sua montaria. Ao colocar o pequeno amuleto dentro do Cubo Horádrico e perguntar de novo, Vento Negro disse que o aumento de velocidade havia sumido.

O amuleto devia ter identificado Abel como estando ligado a Vento Negro. Isso era ótimo, porque, com a velocidade que Vento Negro já possuía, era muito difícil conseguir qualquer melhoria real. Um bônus de 3% próximo ao limite máximo era extremamente valioso em futuras batalhas.

Como a área não era adequada para reconhecimento, os cinco corvos decidiram sair voando sozinhos. Quando um deles passou pela porta de pedra à frente, Abel começou a ouvir o som de flechas rasgando o ar.

Tinha algo errado. Ele rapidamente trocou para sua Jade de Tan Do e escudo pequeno crescente. Fortaleceu-se com a técnica de “armadura congelada” e a armadura de qi de combate dourado, e ordenou que Vento Negro avançasse.

A parede estava a cerca de trinta metros da porta de pedra, e havia cerca de cem arqueiros corruptos disparando contra os corvos. Era difícil acertá-los, afinal, eles voavam e tinham uma capacidade natural de esquiva.

Assim que Abel apareceu, os arqueiros corruptos trocaram de alvo. Todos atiraram ao mesmo tempo contra ele. Isso facilitou sua defesa com o escudo pequeno crescente. Uma luz dourada e escura começou a cobrir seu corpo inteiro, e o escudo aumentou de tamanho, protegendo ele e Vento Negro.

Ao mesmo tempo, os cavaleiros guardiões espirituais e os lobos espirituais desapareceram da cena e reapareceram no meio dos arqueiros corruptos. Como esses inimigos não sabiam lutar de perto com seus arcos, alguns precisaram continuar com adagas curtas. Os que estavam mais afastados tentaram recuar para ganhar tempo e recarregar.

Agora que a primeira onda de flechas havia sido bloqueada com sucesso, Abel se assegurou de que uma segunda não viria. Com um brilho de sua pulseira espiritual, empunhou a Espada da Vitória com a mão direita e um Cajado Mágico de Fogo Negro com a esquerda. Começou a lançar raios contra os arqueiros corruptos e, quando se aproximava o suficiente, finalizava-os com sua enorme lâmina.

Havia finos fios de qi de combate dourado escuro ao redor da Espada da Vitória. Por mais imperceptíveis que fossem, tornavam-se assustadores quando ele atacava. Sempre que tocavam os arqueiros corruptos, grandes feridas se abriam em seus corpos. Para acabar de vez, Abel passou a mirar nos pescoços.

Sem mais tropas de apoio, os arqueiros não ofereciam real ameaça a Abel e suas criaturas invocadas. Após defender a primeira onda de flechas, ele já tinha tomado a iniciativa da batalha. O resto foi apenas um massacre, não havia como chamar aquilo de luta.

Assim que terminou de eliminar os arqueiros corruptos, Abel sentiu um perigo se aproximando. Mas não havia nada visível por perto. Suas criaturas estavam à frente, e atrás de si havia apenas uma parede.

De repente, um fantasma atravessou a parede e pulou sobre ele. Metade de sua mana foi drenada instantaneamente. Ele tentou resistir varrendo o fantasma com os fios de qi de combate dourado escuro, e a criatura fugiu soltando um grito agudo e horrível.

Pelo que viu, o fantasma era envolto por uma luz azul opaca. Devia vir de um lugar especial do inferno. Não possuía forma física, sua existência não pertencia a lugar algum. Se não estivesse enganado, tratava-se de uma “aparição”, um tipo de espírito movido por uma fúria eterna.

Como não tinham forma física, as aparições podiam atravessar qualquer substância. Quando atravessavam um ser vivo, drenavam toda sua vida e mana. No entanto, isso não era necessário para sua sobrevivência, faziam isso apenas para satisfazer seus desejos doentios de ver outro ser vivo morrer.

Quando Abel ergueu a espada novamente, notou mais aparições surgindo das paredes. Conforme se reuniam, a luz azul opaca começou a substituir a luz emitida por sua pérola noturna.

Não teve escolha a não ser mandar Vento Negro para longe. Essas aparições eram perigosas demais. Um simples toque bastava para drenar toda a sua mana. Felizmente, elas não eram boas de combate. Como suas criaturas invocadas não tinham medo de perder mana, não demorou muito para que fossem eliminadas.

Quando Abel vasculhou novamente a sala, ficou decepcionado por não encontrar mecanismos ocultos. Também não havia itens para saquear, então partiu rapidamente para outra porta de pedra com suas criaturas invocadas.