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    “Bartoli, compre algumas roupas”, disse Abel, apontando para uma loja de roupas. Talvez ele mesmo também precisasse de roupas novas antes de visitar o Mestre Robbin. Suas roupas já não acompanhavam o tamanho do seu corpo.

    A descrição da Loja de Roupas Liffey dizia que havia alfaiataria para humanos, anões e elfos. Abel não esperava encontrar uma loja assim em território anão, então entrou com Bartoli enquanto Vento Negro ficou do lado de fora.

    Um sininho suave tocou quando entraram, e uma voz delicada disse:

    “Olá, eu sou Liffey. Bem-vindos à loja de roupas Liffey.”

    Abel mal podia acreditar no que estava vendo. A dona era uma jovem elfa. Como ela havia aberto uma loja de roupas numa cidade anã tão carregada de energia masculina?

    “Caro cliente, você não costuma vir a cidades anãs, não é?”, disse a jovem elfa chamada Liffey com um sorriso, ao notar a expressão surpresa no rosto de Abel.

    “É… como adivinhou?”, perguntou Abel, assentindo.

    “Porque os anões não são bons em negócios. A maioria das lojas aqui é aberta por elfos ou humanos”, explicou Liffey, ainda sorrindo.

    “Entendi. Por favor, ajude a mim e a ela a escolher algumas roupas formais adequadas. Se não tiver algo pronto, pode fazer sob medida!”, disse Abel, apontando para si e para Bartoli.

    Liffey olhou Abel de cima a baixo e, em seguida, fez o mesmo com Bartoli. De repente, seus olhos brilharam.

    “O vestido desta senhorita é belíssimo! Posso perguntar quem o fez?

    Tanto Bartoli quanto Abel não responderam. Apenas sorriram.

    Liffey entendeu a mensagem e rapidamente mudou de assunto:

    “Temos muitos vestidos prontos para damas. Sinta-se à vontade para experimentar. Já para você, receio que precisaremos costurar sob medida!”

    Desde que havia sido fortalecido pelo núcleo de dragão, o corpo de Abel se tornou ainda mais musculoso. Embora vestisse uma túnica longa e folgada, ainda assim era impossível esconder seus músculos do tamanho de rochas.

    “Muito obrigado. Quanto tempo isso leva?”, perguntou Abel.

    “Cinco dias!”, respondeu Liffey com um sorriso.

    “Se eu pagar o dobro, em quanto tempo você consegue fazer pra mim?”, disse Abel num tom de homem rico. Ele não queria esperar apenas por roupas.

    Liffey ficou surpresa, depois soltou uma risadinha:

    “Amanhã!”

    “Certo então. Por favor, ajude esta dama a escolher o vestido primeiro”, disse Abel, balançando a cabeça. Ao que parecia, o dinheiro ainda era capaz de facilitar tudo.

    “Não pense que sou gananciosa. É que não tenho escolha!”, explicou Liffey enquanto escolhia o vestido para Bartoli.

    “Hã?”, Abel olhou para Liffey, intrigado. Ela era muito bonita e claramente competente, já que viajou até ali para abrir uma loja. O que ela acabou de dizer o confundiu um pouco.

    “É uma pena que a Loção e o Condicionador do Mestre Bennett sejam tão caros. Como uma jovem elfa, não tenho muito dinheiro, então só quero juntar o máximo que puder antes de envelhecer, para ao menos conseguir uns frascos. Isso seria maravilhoso!”, disse Liffey com um olhar otimista. A transformação da Grã-Duquesa Edwina e da Mestra Mara para uma aparência jovial já havia se espalhado a partir da Cidade Angstrom.

    Abel jamais imaginou que se tornaria o motivo da cobiça dos elfos. Não conseguiu conter uma risada amarga. Embora tivesse deixado os elfos, não pretendia parar de fornecer poções para eles. Seu status só aumentaria, e os lucros também.

    Mesmo mulheres que viviam por dezenas de milhares de anos eram extremamente exigentes com suas roupas. Bartoli precisava de algo que combinasse com seu papel de governanta, mas que também refletisse seu estilo. E assim, as duas passaram meio dia discutindo vestidos.

    Abel, entediado, tirou o Legado do Cavaleiro e começou a lê-lo até ouvir a voz de Bartoli:

    “Mestre, terminei de escolher!”

    “Ótimo!”, disse Abel, guardando o livro e olhando para o rosto corado de Bartoli. Ela parecia animada demais depois de tanto tempo escolhendo roupas. Agora, usava um discreto conjunto branco.

    Depois que Abel pagou, Liffey o acompanhou alegremente até a porta, afinal, ele foi um cliente generoso. No entanto, ao abrir a porta, ficou chocada com o que viu.

    Do lado de fora havia uma fileira de cavaleiros anões em armaduras douradas e, atrás deles, uma carruagem luxuosa.

    Assim que Abel saiu, uma voz grave ecoou de dentro da carruagem:

    “Mestre Abel, seja bem-vindo à Cidade Miuah!”

    “Senhor Governante da Cidade!”, exclamou Liffey, levando a mão à boca. Olhou para Abel e depois para o anão de terno refinado que descia da carruagem.

    “Sou só um lobo solitário, Governante Poford. Essa recepção é mais do que mereço!”, disse Abel, fazendo uma reverência. Ele não usava um traje formal, mas ninguém se atrevia a subestimá-lo.

    Embora a estrada bloqueada estivesse causando transtornos a muitas pessoas, todas ficaram animadas ao ouvir as palavras do Governante da Cidade.

    “Mestre Abel! Ele escapou!”, foi o primeiro pensamento de um humano na multidão.

    “O Mestre do Vinho está aqui!”, esse, o pensamento imediato de um anão.

    A reação da multidão deixava claro que a reputação de Abel seguia intacta — mesmo sendo um foragido. Na verdade, sua fama só cresceu. Desde que partiu, o valor de suas armas mágicas disparou. Nenhuma outra era tão bem equilibrada quanto as dele, e todo cavaleiro sonhava em ter uma.

    Isso o tornava ainda mais popular. Agora, seu nome superava o de muitos mestres antigos.

    “Mestre Abel, não percebe? Nós, anões, amamos o seu vinho!”, disse o Governante Poford.

    “Lamento que minhas habilidades sejam limitadas. Não consigo produzir muito vinho”, respondeu Abel. Não queria dar falsas esperanças, e não planejava ficar para fabricar mais.

    “Tive a sorte de provar seu vinho uma vez. Sem dúvida, é o melhor do mundo! Assim que soube da sua chegada, preparei um banquete em sua homenagem. Embora não seja tão bom quanto o seu vinho, os pratos foram preparados pelo melhor chef da cidade!”, disse o Governante Poford, apontando para a carruagem luxuosa ao lado.

    Enquanto Abel hesitava, ouviu uma voz familiar:

    “Mestre Abel, quanto tempo! Vim assim que soube que estava na cidade!”

    “Mestre Thorin, o que está fazendo aqui?”, disse Abel, sentindo o coração se encher de alegria. Mestre Thorin era colega de seu mestre, Bentham, e era ótimo ver um rosto conhecido.

    “Estou aqui para participar do Encontro dos Mestres da União dos Ferreiros na cidade Chiner. Você não recebeu o convite enviado pela Cordilheira Divisória da Terra?”, perguntou Mestre Thorin, confuso.

    “Não recebi nada. Só queria visitar o Mestre Robbin”, respondeu Abel, balançando a cabeça.

    “Mestre Abel, em nome da União dos Magos, eu o convido agora formalmente para o Encontro dos Mestres na cidade Chiner!”, disse Mestre Thorin com uma reverência cerimoniosa.

    “Mestre Thorin, aceito com prazer o convite!”, respondeu Abel, retribuindo a reverência.

    “Que tal irmos à minha casa para um bate-papo acompanhado de comida? Mestre Thorin, somos amigos de longa data. Não pode me negar esse pedido!”, falou o Governante Poford, com um sorriso, batendo no ombro de Thorin.

    Mestre Thorin também colocou o braço no ombro de Poford e olhou para Abel:

    “Mestre Abel, vamos. Poford também é um grande amigo de Bentham. Somos praticamente uma família!”

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