Índice de Capítulo

    Mestre Robbin morava em uma típica casa anã. Por fora, parecia feita para gigantes, mas tudo dentro era cuidadosamente adaptado ao tamanho dos anões. Esse contraste era bastante impressionante.

    “Soube que você se tornou Mestre Ferreiro há dois anos, Abel. Pensei em procurar Bentham naquela época para entender o que estava acontecendo, já que ele foi quem mais te incentivou, mas acabei ficando muito ocupado. Depois ouvi dizer que você também virou mago… mas acabou expulso do mundo humano!” disse Mestre Robbin, sentando-se com Abel e Mestre Thorin.

    Apesar das cadeiras serem um pouco baixas, eram largas o suficiente para que Abel se acomodasse confortavelmente. Bartoli não se sentou; ficou em silêncio, parada atrás dele.

    “Mestre Robbin, depois de ser expulso do mundo humano, fiquei um tempo na Cidade Guardiã da Lua. Depois vaguei por aí até finalmente te encontrar!” respondeu Abel com um sorriso. Sua identidade élfica, Mestre Bennett, era um segredo bem guardado graças à proteção da Grã-Duquesa Edwina.

    “Deve ter sido difícil para você, tão jovem, vagando sozinho. Se quiser, pode ficar aqui, ou em qualquer outra cidade anã. Tenho certeza de que ninguém recusaria você!” suspirou Mestre Robbin.

    “Principalmente por causa do seu talento com vinhos, Mestre Abel!” acrescentou Mestre Thorin.

    “Obrigado. Na verdade, acho que as coisas vão se resolver em breve. Não deve demorar para eu poder voltar.” Abel ainda esperava notícias de seu mestre, o Mago Morton. Segundo ele, grandes mudanças estavam para acontecer na União dos Magos.

    A essa altura, Mestre Thorin já sabia que convencer Abel a ficar era praticamente impossível, então mudou de assunto rapidamente:

    “Vamos falar de outra coisa, Mestre Abel. Mostre ao professor seu Cajado Mágico do Fogo Negro!”

    Antes que Abel respondesse, Bartoli já havia colocado o cajado no centro da mesa e voltado para ficar atrás dele.

    “Mestre Robbin, esse é o cajado da Chama Negra que eu forjei. Usei a alma de uma píton de rocha negra como base,” explicou Abel.

    Mestre Robbin pegou o cajado com cuidado, examinando-o de cima a baixo. Depois, usou sua força de vontade para analisar seus atributos. Em seguida, soltou uma risada.

    Abel ficou confuso. Olhou para o Mestre Robbin sorrindo e depois para Mestre Thorin.

    “Tem algo errado com esse cajado?”

    “Não, Mestre Abel. A qualidade é excelente. O professor está feliz por ter sido você quem o criou!” explicou Mestre Thorin, suavemente.

    “Thorin, você não contou ao Abel o significado desse cajado?” perguntou Mestre Robbin, ainda rindo.

    “Não. Só percebi ontem, então deixei para você explicar!” respondeu Thorin, sorrindo.

    “Abel, cajados mágicos são os equipamentos mais difíceis de fabricar. Ou seja, a habilidade necessária para criá-los já supera o conhecimento dos ferreiros comuns. Ninguém consegue fazer um sem ter um domínio profundo da base da forja. Além disso, como são armas extremamente valiosas e poderosas, é muito raro encontrar anões que saibam forjá-los. Por isso, todo cajado mágico foi feito por poucos ferreiros, sempre em parceria com magos,” explicou Mestre Robbin.

    “Esse cajado consegue aumentar o lançamento triplo de feitiços para dez vezes. Foi ideia sua?” perguntou.

    “Sim, modifiquei o padrão e adicionei uma gema mágica para alimentá-lo, o que aumentou um pouco seus atributos,” respondeu Abel.

    “Não sei o poder de fogo dessa píton de rocha negra, mas como besta espiritual intermediária, ela não deve passar do nível 15. É impressionante que você tenha conseguido preservar tanto do poder dela. Normalmente, já seria ótimo se o ferreiro mantivesse metade disso,” disse admirado.

    Abel lembrou que a píton havia sido gravemente ferida pelo pergaminho da condessa Carrie antes de conseguir soltar muito fogo. Depois, ele coletou a alma dela com apenas uma estocada de seu Jade Tan Do.

    Se Mestre Robbin não tivesse comentado, Abel nem teria percebido que preservou tão bem o poder de fogo. Ainda assim, não sabia exatamente como conseguiu. Talvez porque a píton não teve chance de cuspir muito fogo, ou porque as armas de ouro negro do Mundo Sombrio fossem realmente boas para preservar almas.

    “Que pena que o fogo desse cajado seja de nível baixo. Se fosse mais alto, ele certamente seria um cajado eterno!” disse Mestre Robbin, colocando o cajado sobre a mesa e suspirando. Depois acrescentou:

    “Mas, de qualquer forma, esse Cajado do fogo negro representa algo muito importante!”

    Mestre Robbin fez uma pausa e olhou para o jovem humano à sua frente, seu sucessor. Então falou com voz firme, mas gentil:

    “Abel, você alcançou o nível de Grande Mestre!”

    O coração de Abel disparou. Ele não esperava por aquilo. Ser um Grande Mestre Ferreiro era a maior honra para um ferreiro no Continente Sagrado. Pouquíssimos estavam vivos, e todos eram anões. Nenhum humano jamais havia conquistado esse título.

    Além disso, Abel sempre achou que suas habilidades de forja ficavam muito atrás das do Mundo Sombrio. Não importava se fosse o equipamento, atributos ou feitiços, os ferreiros do Mundo Sombrio estavam muito à frente. Só de olhar os detalhes dos encaixes já dava para ver o abismo entre os dois mundos.

    “Mestre Robbin, não mereço esse título. Esse foi só meu primeiro cajado mágico. Ainda sou iniciante na forja de cajados!” disse Abel, balançando a cabeça.

    “Mestre Abel, você é modesto demais. Eu examinei o cajado ontem. Se o fogo fosse uma Bola de Fogo, ele se tornaria uma arma eterna, talvez até lendária com o tempo!” comentou Mestre Thorin, sorrindo.

    “Abel, você ainda é jovem. Com seu talento, poderá facilmente forjar uma arma eterna se conseguir a alma de uma besta espiritual de elite no futuro. O objetivo de vida de um ferreiro será um passeio para você!” disse Mestre Robbin, com satisfação no rosto.

    O grande sonho de Mestre Robbin sempre foi criar equipamentos eternos. Embora houvesse alguns no Continente Sagrado, pessoas comuns jamais os veriam, pois estavam guardados por famílias poderosas ou usados por super elites.

    Todos esses equipamentos eternos foram acumulados ao longo do tempo por muitos Mestres Ferreiros e Grandes Mestres Ferreiros. Cada um com sua história, e quando essas histórias somam, as pessoas chamam essas armas de Lendárias.

    Mestre Thorin era jovem perto de Mestre Robbin, então não compreendia completamente a felicidade do mestre. Mas sentia inveja das habilidades de Abel. Muitos equipamentos eternos eram mágicos, e a maioria deles, cajados mágicos.

    Como os magos eram a profissão mais prestigiada no Continente Sagrado, os cajados mágicos se tornaram as armas mais nobres. E por serem os mais difíceis de fazer, um bom cajado mágico facilmente vira uma arma eterna.

    Abel entregou o Cajado de Fogo Negro de volta a Bartoli com naturalidade. Mestre Robbin e Mestre Thorin trocaram olhares, percebendo que Abel não dava muita importância ao cajado. Eles sabiam que Abel era mago. Aquele cajado era perfeito para ele, mas ao entregá-lo tão despreocupadamente à sua serva, era claro que ele tinha algo melhor, algo que não queria que ninguém visse.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (5 votos)

    Nota