Capítulo 401 - Despojo Real
Durante o evento de encontro dos mestres ferreiros, Sua Majestade Liandre George se reunia com dois magos de manto vermelho em seu palácio no Ducado de Camelot. Esses dois magos vinham da União dos Magos de St. Ellis, e ambos eram magos intermediários.
Um dos magos disse com um tom rígido: “Vossa Majestade, sou Drayton, mago intermediário. Este é Manfred, também mago intermediário. Por decisão da nossa união, o senhor deve remover imediatamente todos os títulos de Abel. Além disso, deve recuperar todas as propriedades que lhe foram concedidas.”
Liandre George franziu o cenho, visivelmente desconfortável:
“Não quero desrespeitá-los, meus estimados convidados, mas um rei não pode simplesmente fazer isso com um nobre. Abel precisaria ser acusado de algo como traição, do contrário, todos começarão a fazer perguntas.”
Sua Majestade sabia o quão importante Abel era. Embora não tivesse poder suficiente para enfrentar aqueles dois magos intermediários da união, também sabia que não podia se dar ao luxo de irritar o Mago Morton, o mais poderoso mago do ducado que governava. Se tomasse qualquer atitude contra Abel, Morton poderia muito bem cortar sua cabeça ali mesmo, no trono.
O Mago Drayton respondeu com um sorriso sarcástico “Não se preocupe com aquele velho, Vossa Majestade. Para ser sincero, também estamos procurando uma forma de derrubar o Mago Morton. Se conseguirmos tirar seu status, a União dos Magos talvez consiga bani-lo deste ducado. Ele não terá escolha a não ser obedecer nossos membros de mais alto escalão. Se ordenarem que ele vá lutar contra os orcs, ele terá que ir.”
O Mago Manfred completou.“Faça o que pedimos, Vossa Majestade, ou teremos que considerar substituí-lo por um rei mais obediente. Talvez até por uma família mais obediente.”
Liandre George hesitou:“O quê… Por favor! Com que justificativa posso remover o Mestre Abel?”
O Mago Drayton sorriu: “Ah, isso não deve ser difícil para um rei, não é? Se precisa que Abel cometa traição, então que assim seja. Não acho que provas sejam tão importantes, mas, se precisar delas, a União dos Magos de St. Ellis cuidará disso.”
E foi assim que Abel perdeu seu título de barão no Ducado de Camelot. Aconteceu num piscar de olhos. Até seu castelo foi confiscado em menos de um dia. Todas as suas riquezas na Cidade de Bakong foram apreendidas. Sua mansão no Boulevard na avenida Triunfo, assim como seu pomar nos arredores da cidade, também foram tomados em nome do ducado.
Como Abel era um nobre, quase todas as instituições ligadas à nobreza precisavam ser notificadas. Não era apenas seu brasão familiar, o brasão de nobreza também precisava ser removido. Todos os registros pertinentes tinham que ser apagados do banco de dados público.
Talvez isso não tivesse acontecido se Hoover não tivesse ido para a Cidade Cina. Quanto ao Mago Morton, só se importava com suas pesquisas. Ele sequer saberia de qualquer decisão tomada pelo Ducado Camelot. Dito isso, ele não tinha controle sobre o que Liandre George decidia fazer com Abel.
…..
Na torre mágica de 16 andares no Reino de St. Ellis, o Mago Cliff, chefe da agência de inteligência, estava sentado no salão do último andar. Ouviu atentamente os relatos dos dois magos intermediários, recém-chegados do Ducado Camelot.
O Mago Drayton relatou: “Pode ficar tranquilo, Mestre Cliff. Abel agora é um ninguém no Ducado Camelot. Além de ter perdido seu título de nobreza, quase toda sua fortuna foi confiscada pelas autoridades locais. Quanto à família de seu pai adotivo, já instruímos todos na cidade da Colheita a encerrarem qualquer negócio com eles. Logo, não terão escolha a não ser pedir para Abel voltar. E é aí que finalmente teremos o homem que queremos.”
O Mago Cliff abriu a boca para dizer algo. Queria elogiar os dois magos, mas seu emblema de identificação começou a tocar.
“O QUÊ?” gritou o Mago Cliff ao ouvir seus subordinados, “Abel se tornou um Grão-Mestre Ferreiro Negro?”
Ele desligou imediatamente. Quando Drayton viu o semblante preocupado de Cliff, se aproximou um pouco mais.
“Com licença, senhor… Abel virou mesmo um Grão-Mestre ferreiro Negro?”
“Brilhante! Simplesmente brilhante!” o Mago Cliff gritou, furioso com Drayton. “Olha o que vocês fizeram! Agora somos oficialmente inimigos da União dos Ferreiros!”
Drayton baixou a cabeça, ouvindo o desabafo sem interromper. Para falar a verdade, ele também queria reclamar de Cliff naquele momento. Se o superior não tivesse ficado obcecado com o fato da União dos Ferreiros se recusar a forjar um bastão mágico para ele, Drayton nunca teria sugerido acusar Abel de traição. Ele segurou tudo para si, mas sentia que tinha passado por todo aquele trabalho… à toa.
Abel havia acabado de se tornar um Grão-Mestre Ferreiro Negro. Como os círculos de teleporte eram amplamente utilizados naquele mundo, não demorou muito para que a notícia se espalhasse por todas as sociedades existentes.
Liandre George, por outro lado, não fazia ideia do que havia acontecido. Aterrorizado só de imaginar a reação do Mago Morton, apressou-se em arrumar as malas para uma estadia no palácio do sul, oficialmente, para “cuidar da saúde”.
A Grã-Duquesa Edwina soube da novidade enquanto ainda estava na cidade Angstorm. Ficou completamente chocada com o progresso de Abel. Ele já era um mestre alquimista. Seria necessário ao menos alguns séculos para chegar ao topo de outra área. Mas, ao que tudo indicava, aquela estimativa estava completamente errada.
Apesar de ainda estar irritada por Abel ter partido sem se despedir, a Grã-Duquesa Edwina agora compreendia. Um gênio como Abel jamais poderia ficar preso a um só lugar.
Era o segundo dia do evento de encontro dos mestres ferreiros na Cidade Cina. Diferente do dia anterior, o salão estava cheio de conversas descontraídas.
Abel nunca recolheu o bastão mágico de fogo negro. Simplesmente o deixou sobre a mesa central. Estava ali, disponível para todos verem. Não havia grandes medidas de segurança em torno dele, então qualquer um podia observar como ele havia conectado uma fonte de energia externa à arma.
De tempos em tempos, os mestres ferreiros trocavam ideias com Abel. Três deles não apareciam em público havia muito tempo, então aquela era uma oportunidade rara para ele. Discutiam ideias ainda imaturas, mas que despertavam criatividade e inspiração em todos que as ouviam.
Um dos funcionários entrou apressado:
“Mestre Morry! Mestre Morry! Grandes notícias! O Grão-Mestre Abel acaba de perder todos os seus títulos e terras no Ducado Camelot! Até suas propriedades na Cidade Bakong foram confiscadas pelas autoridades!”
A voz ecoou pelo prédio inteiro, alta o suficiente para todos ouvirem com clareza. Em poucos segundos, todos os presentes se viraram ao mesmo tempo na direção de Hoover. Sabiam o quanto ele era influente no Ducado Camelot. Se havia alguém a quem recorrer naquela situação, era ele.
O rosto de Hoover estava completamente vermelho. No dia anterior, havia jurado a Abel que “protegeria todos os seus interesses no Ducado Camelot”. O que o ducado havia feito era, sob todos os aspectos, um tapa na sua cara.
Hoover se aproximou de Abel e lhe entregou um livro de pergaminho:
“Tome isto, Grão-Mestre Abel. Escrevi aqui minhas reflexões sobre como me tornei comandante-chefe dos cavaleiros. Quanto às suas propriedades no Ducado, irei resolver tudo imediatamente, e juro que logo darei uma explicação adequada.”
Abel o agradeceu com sinceridade:“Muito obrigado, Mestre Hoover. Vá com calma para resolver isso, tudo bem? Você nunca teve obrigação de cuidar disso, então não se cobre tanto. Na verdade, fique aqui mais um pouco. Assim que esse evento acabar, vamos conversar com calma sobre tudo isso.”
Até os olhos de Hoover começavam a marejar:
“Não… Receio que não posso ficar, Grão-Mestre Abel. Estou realmente envergonhado. Me desculpe, mas preciso ir agora. Tenho que resolver isso pra você o quanto antes. Cuide-se, nos vemos em breve. Leia o livro com calma, e se tiver alguma dúvida, pode me perguntar quando eu voltar. Estou indo.”
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