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    A posição de agente era boa demais para que o Mago Arche a perdesse. De qualquer forma, tudo aquilo era para o bem do Reino de St. Pierrt, e tudo o que ele queria agora era salvar a própria vida.

    “Você sabe quem é o dono do Recanto Esquecido?”, perguntou o Mago Lorenzo.

    “Senhor Lorenzo, ouvi dizer que pertence a um mago intermediário. Esse mago é muito poderoso?”, respondeu Arche, começando a entender melhor a situação.

    “A Recanto Esquecido pertence a intendete do Grão-Mestre Abel, então também faz parte dos bens do próprio Grão-Mestre. A sua Aliança de Alimentos e Bebidas foi louca o bastante para se meter com um Grão-Mestre, é claro que mereciam morrer!”, disse Lorenzo com uma risada fria.

    O Mago Lorenzo não se importava nem um pouco com aquela aliança. Até mesmo os quatro Magos de Elite não ousariam provocar Abel, então aquela pequena Aliança de Alimentos e Bebidas certamente mereceu o que teve.

    “Bens do Grão-Mestre Abel…”, murmurou Arche, incrédulo.

    Agora ele finalmente entendia como a mansão e os vinte e sete restaurantes haviam sido destruídos. Seria impossível para um grupo de quatro aventureiros fazer algo assim, mas o Grão-Mestre Abel poderia reunir incontáveis comandantes e magos intermediários, se desejasse.

    “Senhor Lorenzo, por favor, ajude-me a explicar a situação ao Grão-Mestre Abel. Tudo foi culpa de Welfare e do Reino de St. Pierrt. Eu realmente não sabia de nada!”, implorou Arche, fazendo uma reverência.

    “Certo, mas o tempo é curto. Vamos ver que tipo de compensação seu reino pode oferecer, e eu o ajudarei a resolver isso. “Quanto antes, melhor”, respondeu Lorenzo, acenando com a mão.

    “Senhor Lorenzo, que tal entregarmos os vinte e sete restaurantes ao Grão-Mestre Abel? Posso tomar essa decisão. Eles estão destruídos, mas posso mandar reconstruí-los em dez dias.”

    Arche sabia que aqueles vinte e sete restaurantes ficavam nas melhores áreas da cidade. Eram propriedades da Aliança de Alimentos e Bebidas mantidas pelo Reino de St. Pierrt, o que tornava a proposta de compensação bastante razoável.

    “Vamos dar também uma mansão ao Grão-Mestre Abel, para demonstrar a sinceridade do Reino de St. Pierrt. Eu mesmo transmitirei a mensagem a ele”, disse Lorenzo, acenando outra vez e tomando a decisão por Arche.

    “Certo. Procurarei imediatamente a melhor mansão e informarei meu reino!”, respondeu Arche, assentindo.

    Como representante do Reino de St. Pierrt no Reino de St. Ellis, Arche possuía um status nada comum. Era um mago de origem nobre, embora não fosse da linhagem direta da realeza, sua posição, combinada ao talento notável na magia, lhe garantira o cargo de agente real.

    Na prática, aquela compensação para o Grão-Mestre Abel era um presente. Era uma oportunidade rara de estreitar laços com ele e, se pudessem se tornar amigos, o Reino de St. Pierrt ficaria mais do que feliz em abrir mão desses bens.

    “Ande logo, as pessoas lá fora estão prestes a perder a paciência”, disse Lorenzo, massageando a têmpora ao ver o tumulto do lado de fora.

    O Mago Arche rapidamente entrou em contato com o lorde principal do Reino de St. Pierrt. Para tratar de algo assim, ele precisava apenas da confirmação dele, o rei apenas revisava os relatórios diários e normalmente não interferia nas decisões do lorde.

    O lorde principal aprovou de imediato a proposta de Arche. Ele também queria resolver o conflito com o Grão-Mestre Abel o quanto antes. Além disso, era essencial causar uma boa impressão, então ordenou que Arche fizesse de tudo para satisfazer Abel.

    Com a confirmação em mãos, Arche ofereceu de bom grado uma luxuosa mansão próxima ao círculo interno da cidade e contratou os melhores ferreiros para reconstruir os vinte e sete restaurantes. Com o apoio do lorde e do próprio reino, poderiam concluir tudo em menos de dez dias.

    Em seguida, entregou um pergaminho de pele de cordeiro e vinte e oito escrituras de propriedade ao Mago Lorenzo. Depois, fez uma reverência e disse:

    “Senhor Lorenzo, deixo o resto em suas mãos. O Reino de St. Pierrt e eu lhe somos profundamente gratos.”

    “Não se preocupe. Já tive algumas interações com o Grão-Mestre Abel. Tenho certeza de que ele ficará satisfeito com isso”, respondeu Lorenzo com um leve sorriso.

    O Mago Lorenzo voltou à residência de Abel levando uma generosa compensação: vinte e sete escrituras de restaurantes, uma escritura de mansão e uma carta oficial do Reino de St. Pierrt.

    Aquela compensação pegou Abel completamente de surpresa. Ele só esperava um pedido de desculpas, depois que descobriu, por meio da família Goff, que o verdadeiro dono da Aliança de Alimentos e Bebidas era do Reino de St. Pierrt.

    Abel acreditava que destruir todos os restaurantes e eliminar o líder da aliança já era punição mais do que suficiente, mas parecia que sua forma de pensar era bem diferente da do reino.

    Para o Reino de St. Pierrt, aqueles bens não significavam nada diante do prestígio de um Grão-Mestre. Para eles, aquilo não passava de um presente.

    Depois que o Mago Lorenzo partiu, Abel disse a Bartoli:

    “Avise a todos que reabriremos amanhã. E dê um bônus ao pessoal, eles se assustaram ontem, e, como agora recebemos a compensação, faz sentido que também recebam uma parte.”

    “Sim, mestre!”, respondeu Bartoli.

    “E contrate mais gente. Daqui a dez dias teremos mais vinte e sete restaurantes. As localizações são excelentes, então podemos adicioná-los ao patrimônio da família”, disse Abel com um sorriso, ciente de onde cada um delas ficava.

    Os bens da família de Abel ainda eram modestos. Apesar de possuírem dois domínios de cavaleiros, as terras não eram extensas. Ele soube que suas propriedades na cidade de Bakong haviam sido tomadas pela realeza do Ducado de Camelot, mas não pretendia se preocupar com isso. Afinal, aquele era apenas um pequeno ducado, e Abel sabia que tudo lhe seria devolvido assim que pedisse ao comandante Hoover.

    Mesmo assim, ele não planejava resolver o problema apenas pedindo que Hoover intercedesse por ele. Seu título nobre foi conquistado com sangue, ao derrotar os orcs. Seria um enorme insulto à nobreza se seu prestigiado título de barão fosse anulado tão facilmente, nem mesmo um ducado poderoso teria autoridade para fazer isso.

    Mas, na verdade, o título de Abel já havia sido restaurado sem que ele soubesse. Além disso, o Ducado de Camelot lhe pagou uma compensação e solicitou elevar seu título de barão, só aguardavam a confirmação do Reino de St. Ellis.

    Como ducado, a realeza só podia controlar títulos abaixo de barão. Qualquer título acima disso precisava ser aprovado pelo reino central. Embora essa confirmação quase nunca fosse negada, ainda assim era um gesto de respeito.

    A realeza do Ducado de Camelot era conhecida por sua avareza. Normalmente, jamais concederiam um domínio, mas abriram uma exceção para Abel, simplesmente não tinham escolha. Ele havia salvado o Castelo do Marechal e cumprido todos os critérios para receber um domínio.

    O domínio concedido a ele como barão, no entanto, era de aparência deplorável, um verdadeiro insulto, considerando que ele já era um Mestre Ferreiro na época. A realeza do Ducado de Camelot era tão obcecada por terras quanto outros eram por talentos.

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